Connect with us

Crítica

Ouvimos: Sleigh Bells, “Bunky Becky Birthday Boy”

Published

on

Ouvimos: Sleigh Bells, “Bunky Becky Birthday Boy”

Se você tem idade para ter curtido em tempo real grupos como No Doubt e Republica (banda punk-technopop que se destacou nos anos 1990, liderada pela vocalista Saffron), talvez se sinta meio entediado/entediada com o som do Sleigh Bells, dupla de indie pop punk ruidoso que lançou um disco excelente em 2010 – a estreia Treats – e depois foi seguindo.

O Paramore, que já tinha alguns anos de carreira discográfica na frente do Sleigh Bells, também tem lá suas parecências com o som de Alexis Krauss (voz) e Derek Miller (voz e instrumentos), os dois do SB. Conforme o tempo foi passando, a dupla foi aderindo a um flow musical entre o hip hop e o emo, com o eletrônico lá do lado. Fizeram bastante barulho em Bitter rivals (2013), assumiram o pop de vez em Jessica Rabbit (2016) e vai por aí. Já Bunky Becky Birthday Boy, o sexto álbum, soa como um relato das fases diferentes da dupla formada por Alexis Krauss (voz) e Derek Miller (voz e instrumentos).

  • Apoie a gente e mantenha nosso trabalho (site, podcast e futuros projetos) funcionando diariamente.

Lado ruim primeiro: Bunky Becky tem algumas (poucas, felizmente) características meio ultrapassadas ou irritantes. Uma delas: é um disco que parece ter sido feito para bombar numa Alexa, ou numa caixa acústica daquelas que as pessoas levam para a praia, com canções que brigam com o botão de volume. Outra coisa meio aborrecida são os vocais em estilo “grito de torcida” que surgem justamente no primeiro single, Bunky pop, feito em homenagem ao falecido cãozinho de Alexis.

Passado o susto inicial, as boas impressões chegam junto: o Sleigh Bells faz variações na melodia e adota tons dissonantes que lembram bandas como The Cardigans – isso aparece na própria Bunky pop e também em faixas como o emo pop rock Roxette Ric e no pop com perspectiva lounge Hi someday. Badly é um hard rock oitentão com estileira indie pop – parece uma mistura de Republica com AC/DC.

Wanna start a band e Blasted shadow trazem o SB incorrendo pelo hyperpop que tem marcado várias músicas deles. É o lado em que o Sleigh Bells se dá melhor, assim como no power pop Real special cool thing, que evoca Bangles. Uma questão a ser resolvida pela dupla em próximos discos é como equilibrar todos esses lados – algo que rolou em alguns discos anteriores e especialmente, na estreia.

Nota: 7
Gravadora: Mom + Pop
Lançamento: 4 de abril de 2018.

Crítica

Ouvimos: Home Is Where – “Hunting season”

Published

on

Ouvimos: Home Is Where - "Hunting season"

RESENHA: No segundo disco, Hunting season, o Home Is Where troca o emo por um alt-country estranho e criativo, misturando Dylan, screamo e folk-punk em faixas imprevisíveis.

  • Apoie a gente e mantenha nosso trabalho (site, podcast e futuros projetos) funcionando diariamente.

O Home Is Where é uma banda emo – mas no segundo disco, Hunting season, eles decidiram que estava na hora de mudar tudo, ou quase tudo. O grupo volta fazendo um alt-country pra lá de esquisito, com referências que vão de Bob Dylan a Flying Burrito Brothers. Sendo que a ideia de Bea McDonald (voz, guitarra) parece inusitada demais para ser explicada em poucas palavras (“um disco que dá para ouvir num churrasco, mas que também dá para chorar”, disse).

Com essa migração sonora pouco usual, o Home Is Where se tornou algo entre Pixies, Sonic Youth, Neil Young e Cameron Winter, com vocal empostado lembrando um som entre Black Francis e Redson (Cólera). Reptile house é pós-punk folk, Migration patterns é blues-noise-rock, Artificial grass tem vibe ligeiramente funkeada e é o tipo de música que uma banda como Arctic Monkeys transformaria num hit – mas é mais esparsa, mais indie, e os vocais chegam perto do screamo.

Hunting season tem poucas coisas que são confusas demais para serem consideradas apenas inovadoras ou experimentais – Bike week, por exemplo, parece uma demo dos Smashing Pumpkins da época de Siamese dream (1993). Funcionando em perfeta união, tem o slacker rock country de Black metal mormon, o folk punk de Stand up special e uma balada country nostálgica com vibe ruidosa, a ótima Mechanical bull. Os melhores vocais do álbum estão na balada desolada Everyone won the lotto, enquanto Roll tide, mesmo assustando pela duração enorme (dez minutos!), vale bastante a ouvida.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 7
Gravadora: Wax Bodega
Lançamento: 23 de maio de 2025.

Continue Reading

Crítica

Ouvimos: Satanique Samba Trio – “Cursed brazilian beats Vol. 1” (EP)

Published

on

Ouvimos: Satanique Samba Trio - "Cursed brazilian beats Vol. 1" (EP)

RESENHA: Satanique Samba Trio mistura guitarrada, lambada, carimbó e jazz experimental em Cursed brazilian beats Vol. 1

  • Apoie a gente e mantenha nosso trabalho (site, podcast e futuros projetos) funcionando diariamente.

Como o Brasil insiste em não ouvir o Satanique Samba Trio, vale dizer que a banda brasiliense não é um trio e o som vai bem além do samba – é puramente jazz unido a ritmos brasileiros variados, com ambientação experimental e (só às vezes) sombria. O novo disco é Cursed brazilian beats vol. 1 – que apesar do nome, é o segundo lançamento de uma trilogia (em português: Batidas brasileiras amaldiçoadas).

Dessa vez, a banda caiu para cima de ritmos do Norte, como guitarrada, lambada e carimbó, transformando tudo em música instrumental brasileira ruidosa. O grupo faz lambada de videogame em Lambaphomet, faz som regional punk em Brazilian modulok e Sacrificial lambada, e um carimbó que parece ter sido feito pelos Residents em Azucrins. Já Tainted tropicana, ágil como um tema de telejornal, responde pelo lado “normal” do disco.

A surpresa é a presença, pela primeira vez, de uma música cantada num disco do SST: Aracnotobias tem letra e voz de Negro Leo – talvez por isso, é que mais soa próxima dos experimentalismos do selo carioca QTV.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 8
Gravadora: Rebel Up Records
Lançamento: 21 de março de 2025.

Leia também:

Continue Reading

Crítica

Ouvimos: Mugune – “Lua menor” (EP)

Published

on

Ouvimos: Mugune - "Lua menor" (EP)

RESENHA: O Mugune faz psicodelia experimental e introspectiva no EP Lua menor, entre Mutantes e King Gizzard.

  • Apoie a gente e mantenha nosso trabalho (site, podcast e futuros projetos) funcionando diariamente.

Trio introspectivo musicalmente vindo da cidade de Torres (RS), o Mugune é uma banda experimental, psicodélica, com design musical esparso e “derretido”. O EP Lua menor abre com a balada psicodélica Capim limão, faixa de silêncios e sons, como se a música viesse lá de longe – teclados vão surgindo quase como um efeito, circulando sobre a música. Duna maior é uma espécie de valsa chill out, com clima fluido sobre o qual aparecem guitarras, baixo e bateria.

A segunda metade do EP surge em clima sessentista, lembrando Mutantes em Lua, e partindo para uma MPB experimental, com algo de dissonante na melodia, em Coração martelo – música em que guitarras e efeitos parecem surgir para confundir o ouvinte, com emanações também de bandas retrô-modernas como King Gizzard & The Lizard Wizard.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 7,5
Gravadora: Independente
Lançamento: 17 de abril de 2025.

Continue Reading
Advertisement

Trending