Lançamentos
Ouvimos antes: Velvet Penny, “Hot air balloon”

Lembra quando Los Angeles era considerada a meca da psicodelia? Continua sendo. A cidade ainda pulsa com sons lisérgicos e misturas musicais que lembram Mutantes e Beach Boys – em pleno 2025. É de lá que vem Velvet Penny, cantora e compositora que aposta numa combinação de lisergia, rock progressivo, teatralidade na onda de Frank Zappa e trilhas de cinema no estilo Danny Elfman, com uma certa pegada circense.
Nesta sexta-feira (6), Velvet lança Hot air balloon, faixa inédita que sai num split single com a banda Sol Societe, também da região. A faixa do Sol Societe, Sambido, já circula desde 2024 em formato digital – uma rumba psicodélica que remete aos Mutantes e à Santana Band – mas agora chega ao vinil. O lançamento físico sai pelo selo psicodélico Psylk Rd, em parceria com a gravadora After Hours Records.
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Velvet faz questão de dizer que esse é o início de uma nova fase. Seu primeiro álbum, All the flowers (2023), tinha um clima mais sombrio e foi gravado com músicos contratados. Já Hot air balloon nasce da colaboração com sua atual banda – sete músicos que a acompanham desde o último compacto. A letra fala sobre liberdade artística e sobre um novo universo, onde tudo é possível e ela se sente flutuando, e leve como o ar. Sim, uma música que poderia estar em algum disco da fase inicial de Rita Lee (como Hoje é o primeiro dia do resto da sua vida, de 1972).
A faixa-título de All the flowers, aliás, ganhou um clipe bastante soturno, que deu origem a uma exposição realizada entre o fim de 2022 e o começo de 2023 em Ontario, Califórnia. A mostra incluiu a exibição do vídeo e de figurinos e acessórios interativos usados na produção. Velvet aproveitou para apresentar ao vivo o repertório completo de seu primeiro álbum, e ainda participaram oficinas de criação de zines, meditação e defesa pessoal para meninas e mulheres a partir de 12 anos.
Hot air balloon estará disponível nas plataformas nesta sexta (6). A música – junto com Sambido, do Sol Societe, colada na sequência– pode ser conferida no vídeo abaixo. Você ouve com exclusividade aqui.
Ficou curiosa (o) pelo clipe de All the flowers? Tá aqui.
Uma live dela com outro single do primeiro álbum, All mine.
Texto: Ricardo Schott – Foto: Domenica Contreas/Divulgação
Lançamentos
Urgente!: Mercyland, antiga banda do baixista do Sugar, David Barbe, ganha compilação

O Sugar, banda que Bob Mould (ex-Hüsker Dü) teve nos anos 1990, voltou com single novo e shows novos – você leu sobre isso no Pop Fantasma na semana passada. Mas não é só isso: David Barbe, baixista do grupo, decidiu voltar ainda mais no passado e anuncia para 5 de dezembro uma compilação do Mercyland, trio punk/pós-punk que manteve em Athens, Georgia, mais ou menos no mesmo período em que o Hüsker Dü se tornava uma locomotiva do punk norte-americano.
Mercyland, o disco, traz onze faixas gravadas num periodo de dois anos – outubro de 1985 e outubro de 1987. A sonoridade do grupo (cujo nome, literalmente “misericórdia” em português, veio de “uma conversa inútil e etílica numa madrugada”, segundo Barbe) tinha lá seus cruzamentos com a do Hüsker, e também com a da cena roqueira de Athens – lugar que, você deve saber, deu ao mundo o R.E.M. O som era “punk”, mas era um punk apaixonado pelos anos 1960, tanto que músicas do Who e dos Beatles rolaram no primeiro ensaio de Barbe (voz, baixo), Mark Kreig (guitarra) e Harry Joiner (bateria).
Enquanto ia fazendo shows, o Mercyland ia usando a grana dos cachês gravar demos – todas registradas no estúdio da lenda local John Keane, que existe até hoje. O som da banda passava pelo punk ágil (Amerigod), pelo pós-punk guerreiro (Black on black on black), por hinos guitarrísticos com emanações do Hüsker Dü (Ciderhead), hardcores (Can’t slow down to think) e estilos afins.
Lançamentos em tempo real do grupo foram poucos: dois singles (um deles com Black on black on black) e o álbum No feet on the cowling (1989). Bem antes do término, o Mercyland teve um hiato forçado quando, no fim de 1986, Mark foi estudar na Alemanha e Harry foi trabalhar em Porto Rico. Nessa época, Barbe decidiu montar um selo, cujo primeiro lançamento foi uma compilação em K7 de bandas de Athens – uma fita tão obscura que “hoje em dia nem está no Discogs!”, diz o músico. Mas pouco depois, ele retomou o grupo com Harry e o guitarrista Andrew Donaldson. Essa formação durou até Harry decidir que ia sair de vez do grupo, em 1991.
Com o fim do Mercyland, Barbe tocou em bandas como Sugar e Drive-By Truckers, montou um estúdio e tornou-se diretor do programa de music business da Universidade da Georgia – está no cargo até hoje. “Esta reedição não apenas resgata o trabalho pouco conhecido do Mercyland, mas o recoloca em destaque; ouvir essas músicas hoje revela o quanto Barbe e sua banda anteciparam o rock alternativo e o pós-punk que viriam depois”, diz o release.
Texto: Ricardo Schott – Foto: Divulgação
Crítica
Ouvimos: Why Bother? – “Case studies”

RESENHA: Em Case studies, o Why Bother? mistura punk, garage e psicodelia suja em faixas que soam como pesadelos gravados numa garagem assombrada.
Texto: Ricardo Schott
Nota: 8
Gravadora: Feel It Records
Lançamento: 3 de outubro de 2025
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Quarteto de Mason City, Iowa, o Why Bother? não faz jus ao nome: ouvir o som deles lá pela madrugada pode cortar o sono de qualquer ser humano. Isso porque basicamente Terry (voz, synth, mellotron), Speck (guitarra, vocais), Pamela (baixo) e Paul (bateria) fazem punk e garage rock de terror, com inspirações mais do que evidentes em The Damned, Ramones e na primeiríssima fase de Alice Cooper – o disco de estreia de Alice, Pretties for you (1969), é bastante citado ao longo da audição desse Case studies, novo álbum do grupo.
- Ouvimos: Intercourse – How I fell in love with the void
Se o papo é meter medo, o Why Bother? vai em frente: o disco novo, segundo a própria banda, foi inspirado em experiências fora do corpo e projeção astral. “Você encontrará essas pistas inseridas nas gravações? Talvez…”, confundem os quatro. Seja como for, o grupo se comporta como uma banda de garagem dos anos 1960 que teve seu som enfiado numa garrafa e jogado no mar, logo na faixa de abertura, Helen’s father (Has no heart) e na vira-lata There she was.
Na sequência, eles invadem a área do punk setentista + garage rock em In between the distance, I take back e na parede de ecos e ruídos de Destruction by design. Já Feeding the birds parece gravada perto de uma ribanceira, com direito a ruídos aterradores de pássaros no final. O Why Bother? também cai dentro da psicodelia suja, entre Alice Cooper e Pink Floyd, na tribal e hipnótica Still remain/Back in sleep paralysis, que tem seis minutos. E faz praticamente só barulho em The past makes me sasd / Behold! The great war of 12 realms.
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Crítica
Ouvimos: Sunn O))) – “Eternity’s pillars b/w Raise the chalice & Reverential” (EP)

RESENHA: O Sunn O))) estreia na Sub Pop com o EP Eternity’s pillars b/w Raise the chalice & Reverential, três faixas longas e cerimoniais de drone e noise-rock espiritualizado.
Texto: Ricardo Schott
Nota: 8
Gravadora: Sub Pop
Lançamento: 14 de outubro de 2025
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Poderia ser só um single, mas o Sunn O))), trevoso como ele só, decidiu iniciar sua estadia na Sub Pop com um EP de três longas faixas. O grupo-dupla de Seattle, que faz som barulhento por vocação (metal, drone e noise-rock são nomeclaturas comuns quando se fala de seu som), abre Eternity’s pillars b/w Raise the chalice & Reverential com uma sinfonia de distorções e microfonias, orquestrada quase como se fossem vários violoncelos, na tal faixa Eternity’s pillars, de quase 14 minutos e poucas notas, ocupando todo o lado A. Ainda no “poderia”: poderia ser até um tema regido por um maestro e executado numa sala de concerto sombria, mas é noise-rock cerimonial e esfumaçado.
- Ouvimos: Snooper – Worldwide
Tem um lado jazz e espiritualista na primeira faixa do EP: Eternity’s pillar era o nome de um programa apresentado pela guru jazzística Alice Coltrane nos anos 1980, e que falava sobre viagens astrais, vida fora da matéria e outros assuntos afins – e o Sunn O))) conta que usou o nome (no plural) por causa da abordagem transcendental de Alice na música. Pouca coisa mais curtinhas (7 e 8 minutos, respectivamente), Raise the chalice e Reverential vão na mesma; homenageiam, respectivamente, o falecido vocalista de hardcore Ron Guardipee e “aqueles que vieram antes de nós com os fardos mais pesados”. Basicamente é a mesma sinfonia distorcida, com poucas variações, especial para quem gosta de ruído mântrico.
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