Lançamentos
Olivia Rodrigo: perigo à vista em “Vampire”

“Para mim, esse álbum é sobre dores de crescimento e tentar descobrir quem sou eu neste momento da vida. Sinto que cresci 10 anos entre os 18 e os 20 anos – foi um período intenso”, diz Olivia Rodrigo sobre Guts, segundo álbum de estúdio, que sai em 8 de setembro. Vampire, o primeiro single do disco, ganhou clipe dirigido por Petra Collins, e o vídeo faz jus ao nome do futuro álbum (algo como “convicção”, “entranhas”), mostrando a cantora envolvida em diversas situações de perigo, com sangue e acidentes. Além de elementos que colocam o clipe na mesma trilha dos clipes de aventura dos anos 1980 – só que sob outra estética e outra ótica.
Olivia retorna no mesmo clima meio roqueiro, meio sentimental do primeiro álbum – a produção da faixa lembra um pouco o rock de rádio da virada 1990/2000, de bandas como os The Cardigans do hit My favourite game. O álbum novo é produzido por Dan Nigro, o mesmo de Sour, o primeiro disco, e também responsável por trabalhos com Carly Rae Jepsen e Kylie Minogue.
Em entrevista à Apple Music, Olivia contou como foi compor a música. “Escrevi a música no piano, foi super tranquilo, em dezembro de ano passado. Em janeiro terminamos a canção, eu e meu produtor Dan. Sempre fui obcecada por músicas que são muito dinâmicas. Minhas músicas favoritas têm altos e baixos, e puxam você para dentro e cospem para fora. E então queríamos fazer uma música que crescesse o tempo todo e refletisse a raiva reprimida que você tem por uma situação”, contou, reproduzindo uma dinâmica típica do rock alternativo (Pixies, Jesus & Mary Chain, shoegaze em geral).
O site Stylecaster, que reproduziu a declaração de Olivia, diz que fãs acreditam que a faixa tenha sido composta para o produtor de cinema Adam Faze ou para o DJ Zack Bia, com os quais ela manteve relacionamentos. E que eles seriam os sugadores de sangue e “famefuckers” da letra. Mas aí é só especulação. Olha o clipe aí.
Foto: reprodução YouTube
Lançamentos
Urgente!: Sex Noise relança demo que saiu com “defeito especial”

O selo Caravela Records continua focado em lançar nas plataformas todo o material da histórica banda indie carioca Sex Noise. Já saiu a demo Pultanovinzona (da qual falamos há algumas semanas) e dessa vez sai a última demo oficial do grupo, Psychedelic gongolo, gravada em 1995. A demo foi lançada em formato K7 só um ano depois – isso porque a banda quase decidiu engavetar o trabalho para sempre.
Enquanto a banda (com a mesma formação da demo anterior: Larry Antha nos vocais, Alex Dusky na guitarra, Mario Júnior no baixo e Henrique Santos na bateria) gravava a fita no estúdio Quadrante, em Vaz Lobo, os músicos não tinham percebido que havia um problema técnico na guitarra, que punha um som de apito dissonante ressoando em todas as músicas. Sem grana para regravar, o Sex Noise deixou a demo de lado e passou a fazer inúmeros shows.
“Começamos a desbravar novos lugares, que na época foi batizado pelo Tom Leão no Rio Fanzine (caderno indie do jornal O Globo), como circuito-off. Lugares resenhados em matéria de destaque como o Bar do Fusca em São Gonçalo, e o Farol em Piratininga”, relembra Larry.
O Sex Noise só lançou a demo quando decidiram encarar o tal “defeito” na guitarra como um efeito especial – quase como se fosse um pedal usado por uma banda barulhenta tipo My Bloody Valentine. Aliás, em termos de som, o grupo estava bastante influenciado por bandas como Smashing Pumpkins, em faixas como Quero siri e Caixacão dentro. Pixies, Sonic Youth, Hole, Mudhoney, Nirvana e Dinosaur Jr também estavam na lista de bandas ouvidas pelo Sex Noise na época. “Cequiépeixe eu sou bagre é total Sonic Youth, mesmo com a guitarra do Alex emitindo aqueles ruídos, o que acabou encaixando como uma luva”, conta o vocalista.
Um detalhe que chamou a atenção na demo foi a capa, toda colorida – cor em capa de fita demo era algo que, nos anos 1990, parecia privativo das bandas indie da Zona Sul carioca. A galinha sangrenta da capinha foi (pode acreditar!) inspirada por leituras de Perto do coração selvagem, livro de Clarice Lispector.

“Num momento específico do livro a autora falava da inocência das galinhas que mal sabiam de sua curta vida antes de virar um assado. Tudo isso misturado no nosso liquidificador mental, culminou na descoberta de que a banda paulista Vzyadoq Moe, que idolatrávamos, também era influenciada por Clarice Lispector. Então foi só juntar tudo e pedir a um amigo desenhista da Sociedade HQ, o Alexandre Master, que fizesse um desenho com uma galinha, com sua vida sendo transpassada como estrada”, conta Larry.
Uma outra curiosidade relativa a Psychedelic gongolo, é que aquela fitinha que quase foi engavetada acabou dando espaço ao Sex Noise no mainstream: o então adolescente Rafael Ramos, hoje produtor, comprou uma fitinha e sugeriu ao pai, o então executivo da EMI João Augusto (e hoje chefe da gravadora Deck), a entrada do Sex Noise numa coletânea de bandas novas da gravadora, Paredão, que sairia em 1996. A frase “o resto é história”, enfim, cabe como uma luva nisso aí.
Texto: Ricardo Schott – Foto: André Mansur / Divulgação
Crítica
Ouvimos: Zaynara – “Amor perene”

RESENHA: Nomão do beat melody, a paraense Zaynara mistura brega, calipso, pop e eletrônica em Amor perene, disco vibrante que une sofrência, festa e invenção sonora.
Texto: Ricardo Schott
Nota: 8,5
Gravadora: Sony Music Brasil
Lançamento: 9 de outubro de 2025
- Quer receber nossas descobertas musicais direto no e-mail? Assine a newsletter do Pop Fantasma e não perca nada.
O beat melody, estilo defendido pela paraense Zaynara, é um primo do tecnobrega, só que mais chegado ainda às raízes do brega paraense: ele tem influências mais demarcadas de calipso, ao mesmo tempo que junta tudo com música eletrônica (ela própria explicou a receita num papo com o Gshow ano passado), e não dispensa a sofrência como assunto de letras e músicas.
Isso tudo junto em doses às vezes iguais, às vezes desiguais, faz com que o som de Amor perene, segundo disco de Zaynara – e sua estreia pela Sony Music Brasil – tenha lá um certo lado pop que se assemelha ao sertanejo. Ou pelo menos à apropriação de gêneros feita pelo estilo, que volta e meia se avizinha do som dela em alguns refrãos – como o de Eu me enganei, uma sofrência bacana que surge na metade do álbum.
- Entrevista: Les Rita Pavone fala sobre disco de estreia, cena musical paraense, viver ou não de música
Pra dizer a verdade, tudo isso aí só torna a audição de Amor perene uma experiência mais instigante. Do começo ao fim, ele é um disco de festa e uma investigação particular do encontro entre brega, latinidades, guitarras e até referências do rock e do pop gringo. A faixa-título mistura folk-pop, sons grandiloquentes na onda do Coldplay, e o refrão parece versão de hit estrangeiro. Aceita meu tchau, gravada com Raphaela Santos, tem vocal saturado, ecos na bateria e na guitarra, e clima de quem cresceu ouvindo ABBA.
5 estrelas, música criativa que narra uma conversa romântica entre uma passageira e um motorista de aplicativo, tem participação do baiano Tierry, e é um tema esperando por uma trilha de novela – e quem sabe, por uma personagem. Se vira aí abre com um piano simples e elaborado, e embica numa balada brega. Aceita meu tchau, gravada com Raphaela Santos, tem vocal saturado, ecos na bateria e na guitarra, e clima de quem cresceu ouvindo ABBA. O fim do disco é com a dance music paraense de Perfume da bôta. Essa onda vai pegar.
- Gostou do texto? Seu apoio mantém o Pop Fantasma funcionando todo dia. Apoie aqui.
- E se ainda não assinou, dá tempo: assine a newsletter e receba nossos posts direto no e-mail.
Crítica
Ouvimos: Janine Mathias – “O rap do meu samba”

RESENHA: Janine Mathias une samba, soul e rap em O rap do meu samba, disco moderno que celebra resistência, ancestralidade e groove.
Texto: Ricardo Schott
Nota: 8,5
Gravadora: YB Music
Lançamento: 7 de outubro de 2025
- Quer receber nossas descobertas musicais direto no e-mail? Assine a newsletter do Pop Fantasma e não perca nada.
Cantora brasiliense produzida pelo paulistano Rodrigo Campos, Janine Mathias faz os anos 1960 e 1970 se encontrarem com 2025 em O rap do meu samba. É basicamente um álbum de samba com clima soul, e que em vários momentos, soa como um disco arranjado por João Donato, com participação do Som Imaginário, como acontece no piano Rhodes sinuoso do single Um minuto, na guitarra distorcida de Enredo de Angola e Me enfeita, e na bateria forte, abafada, que surge em introduções e viradas de várias canções.
- Ouvimos: Pero Manzé – Ave, êxodo!
O ar moderno do disco surge nos vocais com fraseado de rap, nas texturas que parecem quase sólidas, e na vibe de empoderamento pessoal, existencial e político de músicas como Deixa pra lá (hino de resistência que lembra as canções gravadas por Sonia Santos), o soul-funk-samba Me ilumina, e na onda vintage, marcada por uso de órgão, de Quando o couro bate na mão – esta, um canto de reação e de briga, que fala em “silenciar o senhor / a verdadeira abolição”.
Devoção, com melodia belíssima, une samba, reggae, soul e umbanda, e A Bahia virá rende um clima de afrobeat jazzístico. Na releitura de Barracão é seu, de João da Gente, imortalizada por Clementina de Jesus, prato, faca e samba de roda combinam-se com raps feito por Janine e pelo convidado Criolo.
- Gostou do texto? Seu apoio mantém o Pop Fantasma funcionando todo dia. Apoie aqui.
- E se ainda não assinou, dá tempo: assine a newsletter e receba nossos posts direto no e-mail.
Cultura Pop5 anos agoLendas urbanas históricas 8: Setealém
Cultura Pop5 anos agoLendas urbanas históricas 2: Teletubbies
Notícias8 anos agoSaiba como foi a Feira da Foda, em Portugal
Cinema8 anos agoWill Reeve: o filho de Christopher Reeve é o super-herói de muita gente
Videos8 anos agoUm médico tá ensinando como rejuvenescer dez anos
Cultura Pop7 anos agoAquela vez em que Wagner Montes sofreu um acidente de triciclo e ganhou homenagem
Cultura Pop9 anos agoBarra pesada: treze fatos sobre Sid Vicious
Cultura Pop8 anos agoFórum da Ele Ela: afinal aquilo era verdade ou mentira?







































