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Marcelo Gross fala sobre volta aos palcos, disco novo e… Beatles

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Marcelo Gross fala sobre volta aos palcos, disco novo e... Beatles

Marcelo Gross, ex-guitarrista da banda gaúcha Cachorro Grande, mal pode acreditar que o momento de fazer shows de seu terceiro disco solo, Tempo louco, já chegou. O disco saiu no meio do ano e, por causa da pandemia e do fechamento de espaços, foi divulgado apenas em lives. Dessa vez, Juiz de Fora (MG) (nesta sexta, no Cafe Muzik) e Rio de Janeiro (sábado, no Circo Voador, abrindo para o Barão Vermelho) vão conhecer o novo som do músico, além das canções dos discos anteriores, Use o assento para flutuar (2013) e Chumbo & pluma (2017). Gross vem acompanhado de Eduardo Barretto (baixo, backing vocals) e Lucas Leão (ex-Beach Combers, bateria).

Batemos um papo com Gross sobre disco novo, show no Circo Voador (ok, puxamos um pouco a brasa aqui para o Rio), sobre o retorno rápido da Cachorro Grande para um único show comemorativo em março de 2022, e sobre como foi para ele, beatlemaníaco desde cedo, assistir à série Get back, dos Beatles, no canal Disney +.

Como está sua expectativa para esse show no Rio, que vai ser abrindo para o Barão Vermelho?

Tá sendo uma honra ser convidado pelo Barão, uma das maiores bandas do rock nacional, para tocar na casa deles que é o Circo Voador. Toquei várias vezes no Circo com minha antiga banda, que é a Cachorro Grande, mas com meu trabalho solo é a primeira vez que eu toco lá. A Cachorro Grande inclusive gravou um DVD no Circo Voador uma vez. A expectativa é muito grande porque tocar na casa do Barão, com o Circo lotado, apresentar meu repertório solo pra galera, músicas do disco novo… Além de ser uma imensa honra é muito importante pra minha carreira nessa fase de retomada e de recomeço da minha carreira também.

Ainda mais nesse período dos shows voltando…

Pois é. Apesar de eu ter três discos já, o Tempo louco foi o primeiro que eu lancei após o fim da minha antiga banda. Então vai ser uma coisa muito legal.

Como tá sendo essa volta aos shows?

É um momento que a gente esperou durante muito tempo. Agora com os leitos nos hospitais diminuindo, a maior parte da população sendo vacinada, a gente se sente mais seguro e tranquilo para ir lá e exercer nosso trabalho. Estou passando um período no Rio Grande do Sul, então os shows retomaram faz algum tempinho.

Quando foi decretada a pandemia, como você se sentiu?

Eu tava com um disco em andamento, eu estava gravando o Tempo louco. Vim aqui pro Rio Grande do Sul fazer alguns shows e como a gente não sabia direito o que estava acontecendo acabei ficando por aqui. Eu estava vivendo em São Paulo, depois passou um ano e não tinha vacina ainda, a coisa estava meio indefinida. Acabei juntando minhas coisas e vim para cá ficar perto da família. Passou mais um ano e nesse período, no tempo em que eu podia, fui finalizando o álbum novo e lançando alguns singles virtuais, e trabalhando virtualmente. Fui fazendo algumas lives de casa, tinha uma live diária que se chamava Love live. Era uma época em que todo mundo estava em casa, então era o canal que eu tinha para me comunicar com quem aprecia meu trabalho.

Foi bacana tanto para mim quanto para quem estava assistindo, porque a gente meio que se fazia companhia. Era uma desculpa para abrir uma cerveja em casa e dar umas risadas. Isso manteve a sanidade mental, já que não tinha trabalho, não dava para sair para tocar. Isso faz parte da nossa vida, a gente precisa daquela endorfina que os shows nos proporcionam. Com certeza isso tudo demorou mais tempo do que a gente gostaria. Enfim, chegou esse momento que a gente esperava, com as pessoas sendo vacinadas e as restrições sendo mais brandas.

Como você foi percebendo que queria ter um trabalho solo e como foi amadurecendo essa ideia?

Ela veio de uma necessidade artística, já que na minha banda eu não tinha mais autonomia para escolher as canções que iam no disco nem as minhas canções que iam entrar no disco da banda. A graça de participar de uma banda é participar de tudo: da capa, do repertório, de todo o processo artístico. Daí como eu tinha muitas canções que estavam meio que sobrando não podia deixá-las na gaveta.

Então em 2013 resolvi gravar o Use o assento para flutuar. Eram canções que não iriam ser aproveitadas pela minha banda, então como eu escrevo bastante e como eu não queria deixar essas canções na gaveta foi o motivo pelo qual precisei, por necessidade artística, botá-las para fora de alguma forma.

Você ainda estava na banda. Como foi planejar essa carreira, já que acabam sendo duas carreiras, uma na banda e uma solo?

Basicamente enquanto eu estava na banda, minha carreira solo era uma carreira paralela. Mas também não foi uma coisa muito planejada. Como eu tinha as canções eu montei um power trio, gravei um disco, tinha canções que se acumulavam mais ainda que não entravam no disco da Cachorro, dai gravei um disco duplo, Chumbo & pluma, em 2017. E nos intervalos dos shows da banda eu fazia os meus shows e tocava esse repertório sempre num clima bem diferente do que a banda vinha fazendo.

O Chumbo & pluma tem um disco que é só acústico, numa época em que a Cachorro Grande tava fazendo uma mistura de rock eletrônico com rock’n roll. Meu primeiro disco é rock´n roll puro numa época em que a Cachorro Grande estava fazendo uma outra coisa. Eu estava conseguindo conciliar bem as duas coisas.

Mas com o fim da banda eu pisei no acelerador. Só que bem quando eu ia me dedicar totalmente à carreira solo, rolou essa pandemia! E meu disco Tempo louco eu tinha começado a gravar pouco antes da pandemia, daí eu fui finalizando as canções e fui lançando singles, até que esse ano eu consegui finalizar o álbum completo e lancei ele em julho.

Te soou meio premonitório quando você estava finalizando um disco chamado Tempo louco e realmente veio um tempo louco, com a pandemia?

O nome já era de antes porque tem uma canção que se chama Tempo louco. Ele refletia uma fase meio difícil que eu vivi na minha vida pessoal, eu perdi parentes e amigos muito próximos: meu pai, minha ex-namorada. Eu estava vivendo um tempo difícil e teve minha saídas conturbada da Cachorro Grande. As letras falam disso e de superar esse tempo difícil.

Mas eu sabia que o tempo ia ficar mais louco ainda. As pessoas acabaram se identificando com o que eu tava falando ali porque todo mundo estava vivendo um tempo louco, de perder entes queridos, perder emprego, igual o que eu passei quando estava escrevendo essas canções. Se foi premeditado foi sem querer (rindo).

Você falou de ter muitas músicas acumuladas. Ouvindo seu trabalho, me lembrei muito do George Harrison. É uma influência pra você? Você também se identificou com isso de ele ter muita coisa acumulada nos Beatles, a ponto de lançar um disco triplo?

Eu era um dos principais compositores da Cachorro Grande. Teve um momento em que eu senti que para botar uma canção no repertório era uma confusão tão grande que eu resolvi fazer por conta própria. O Harrison é uma influência não apenas nos Beatles como fora deles também, assim como os trabalhos solo do John Lennon e do Paul McCartney. E até do Ringo, tenho a coleção inteira dos discos do Ringo.

O George teve esse problema também… até no documentário Get back tem uma conversa dele com John Lennon, em que ele diz: “Não sei o que fazer, tenho vinte músicas, se for botar sempre duas músicas por disco vou demorar dez anos até usar essas canções que eu tenho hoje em dia, então é melhor eu fazer um disco”. John Lennon até fala: “Ah, também acho legal tu fazer um disco, e a gente continua com essa coisa dos Beatles”. Então foi mais ou menos o que eu fiz. Eu tive aquela necessidade artística de botar aquilo tudo para fora e continuei com a banda, e tendo minha carreira como trabalho paralelo, e estava funcionando.

Ia mesmo perguntar se você viu o Get back e o que achou.

Então, Ricardo, eu espero por este filme desde os meus 13 anos de idade. Como tu deve desconfiar eu sou um beatlemaníaco, e então aqui em Porto Alegre eu assistia, passava na TV o Let it be. Eu tinha dez anos de idade, já tinha todos os discos dos Beatles. Eu e meus amigos gravávamos aquilo num gravador de fita K7 para ter umas versões diferentes das canções. Eu sempre soube que tinha um tesouro escondido ali, que se pegasse todas aquelas imagens das câmeras… Eu tinha vários discos bootleg, piratas, com aquelas gravações. Tem uma coleção bem interessante com tudo que foi gravado em janeiro de 1969.

Resumindo: eu espero esse documentário há muito tempo e eu estou extasiado com o documentário, com o que o Peter Jackson fez com o material. Achei muito bom não ter sido só cem minutos no cinema como tinha sido planejado. Foi uma série de três capítulos… e por mim teria mais oito horas daquilo tudo porque tem muita coisa. Achei fantástico. Era o que eu já esperava desse material.

Teve alguma cena que te emocionou mais?

Eu chorei em vários momentos, tanto que eu procurei assistir sozinho. Ficava às cinco da manhã esperando saírem capítulos novos, eram coisas que eu estava esperando desde os 13 anos. A hora em que o Paul do nada aparece com Get back é muito emocionante, a hora em que eles se abraçam no fim do episódio 1 depois que o Harrison sai é muito tocante também. No episódio 2 quando o Harrison volta. Quando eles vão pro estúdio da Apple também… Eu esperava que tivessem mais sessões das canções inteiras dentro do estúdio da Apple, já que elas estão gravadas ali com os gravadores de rolo e tudo. Tem todas as gravações desse período em áudio. Mas não dá para reclamar também! E com certeza aquela hora do show do telhado, que eles quase não vão, no dia do show eles ainda estavam indecisos sobre subir ali ou não…

Aquela coisa da multicâmera é uma coisa que eu sempre sonhei,. sabe? Em ver todos os ângulos dos show deles. A única crítica que eu tenho é que os dois dias mais importantes foram o show no telhado e o dia posterior que eles foram lá embaixo para concluir as canções acústicas. E no documentário do Peter Jackson o dia 31 ficou relegado aos créditos finais. Apesar de ter muita música ali que tá inteira no filme Let it be, esse dia merecia uma atenção um pouco mais especial, porque eles estavam ali já preparados para fazer a filmagem e tocar as músicas direitinho. Mas acredito que num eventual lançamento em DVD e Blu-Ray vá ter mais coisas, especialmente desse último dia que não foi muito bem coberto pelo documentário que está na Disney +.

Ano que vem vai haver aquele único show da Cachorro Grande. Como tá sua expectativa?

Vai ser bacana. Vai ser só um show, acho que vai ser legal porque vai ser o aniversário de 250 anos de Porto Alegre e para mim é como voltar para casa, porque eu fundei a banda junto com o Beto Bruno. A gente tá muito feliz com essa expectativa, vai ser um lugar muito clássico de Porto Alegre, no dia do aniversario da cidade. Tô muito feliz de sentir aquela velha sensação de novo ao lado dos meus velhos companheiros de guerra (rindo).

Me parece que quando você saiu o clima ficou bom de qualquer jeito entre vocês… Vocês continuaram amigos?

Eu acho que logo depois da saída… Lógico, foi uma saída conturbada, teve um período de não se falar muito, quebrou uma coisa especial que a gente tinha com minha saída. A gente continuou se falando sim, tanto que logo em seguida a banda resolveu encerrar atividades e eu voltei pra fazer os shows de despedida em 2019. A gente ficou vinte anos grudados, precisava desse detox uns dos outros para se orientar na vida.

Mas a gente tem o grupo de WhatsApp da Cachorro, se fala todo dia, se liga de madrugada para falar de Beatles, falar besteira, contar piada. Quando rolou esse convite para fazer esse show tava todo mundo de boa. Foi o momento em que depois da pandemia a gente precisava disso, de sentir aquela velha sensação. Tem tanta gente que gosta da banda, acho que vai ser bonito trazer alegria para as pessoas que gostam da gente.

Livros

Radar: Marta Del Grandi, Blondshell, Bitter Branches, Lemon.,The Radical Deft, Earth Tongue

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Marta del Grandi

O Radar internacional de hoje tá cheio de mistérios. Já começa com o imagético single da italiana Marta Del Grandi, mas tem o ruído de Bitter Branches, a introspecção de Blondshell, o terror de Earth Tongue… Todos aqui esperando por sua audição. Ouça e repasse!

Texto: Ricardo Schott – Foto (Marta Del Grandi): Claudia Ferri / Divulgação

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MARTA DEL GRANDI, “ALPHA CENTAURI”. Cantora e compositora italiana, Marta Del Grandi prepara Dream life, seu próximo álbum, para sair em 30 de janeiro pelo selo Fire Records. Alpha centauri, o primeiro single, segue a mesma onda folk, imagética e introspetiva de seu disco anterior, Selva (2023), mas com alguns diferenciais, expostos pela própria Marta no texto de lançamento do disco.

“Enquanto Selva tinha uma natureza poética e bucólica – na minha cabeça, consigo imaginar cada música como uma pintura a óleo – Dream life tem uma abordagem mais contemporânea, com letras que tocam em questões políticas e sociais, uma narrativa pessoal mais explícita e um som pop mais definido. É mais como um fotolivro, mais nítido e detalhado”, conta ela, que se inspirou num livro que leu, e que a fez voltar aos tempos de escola. “De repente, memórias que eu achava que não tinha mais voltaram muito vívidas. Adorei escrever sobre elas e encontrar uma conexão com as estrelas. Também gostei de escrever uma seção de metais ao estilo antigo e grupos vocais que dão um clima de anos 1970”. Fãs de Judee Sill e Joni Mitchell vão curtir.

BLONDSHELL, “BERLIN TV TOWER”. “Essa é a música mais rápida que já escrevi. Ela fala um pouco sobre a cidade, mas principalmente sobre estar sozinho e, pela primeira vez, estar bem com isso… você pode começar, parar e recomeçar quando quiser”, explica a cantora e compositora estadunidense Sabrina Teitelbaum, mais conhecida como Blondshell, sobre seu novo single Berlin TV tower. Ela lançou recentemente Another picture, versão expandida de seu álbum mais recente, If you asked for a picture (resenhado pela gente aqui).

A nova versão tem material inédito, faixas ao vivo, participações especiais de Gigi Perez e John Glacier, e covers de Conor Oberst, Samia e Folk Bitch Trio – e uma das atrações é este single, escrito durante uma estadia em Berlim para alguns shows. Uma balada perdida e tristonha, com ar noventista, e letra irônica, desencantada e (ao mesmo tempo) esperançosa; “Um homem disse que eu fico melhor de lado do que de frente / e é sempre de um duende para um cisne / uma pérola agarrada / e é bom estar sozinho / testemunhando uma chamada cair e o som do tom de discagem”, canta ela.

BITTER BRANCHES, “BASIC KARATE”. Barulho bom daqueles; o Bitter Branches vem da Filadélfia e reúne músicos veteranos da cena hardcore dos anos 1990 – integrantes de bandas como Calvary, Deadguy, Lifetime, Lighten Up, Kiss It Goodbye, No Escape, Paint It Black e Walleye estão na formação. Basic karate, o novo single, é ótima pedida para fãs de todas essas bandas (e ainda rola um aceninho básico ao Nirvana de In utero, disco final do grupo, de 1993).

A letra é lasqueira purinha: “às vezes, só quero chutar um homem quando ele está caído / às vezes, queria que ele tivesse uma mira melhor / às vezes, queria ser um homem violento / às vezes, queria ser um homem mesquinho / às vezes, queria ter o dedo no gatilho / parece tão fácil para eles”.

LEMON., “CEMETERY SHOPPING”. O Lemon. (lemon “ponto”) é um projeto musical canadense criado pelo músico brasileiro Luca Multari – um daqueles sujeitos que gosta de fazer de tudo um pouco: compor, cantar, tocar, gravar, mixar, masterizar, arranjar etc. Cemetery shopping, o single de estreia do Lemon., tem referências que vão de Clairo a Slowdive e My Bloody Valentine – é um dreampop ruidoso, em que ondas sonoras vão se somando para criar a estrutura da canção.

A música foi gravada, segundo Luca, em seu estúdio montado num porão, com um set up bem minimalista. E o objetivo do Lemon. é criar “música emotiva e envolvente que deixa um impacto duradouro”, como ele próprio afirma.

THE RADICAL DEFT, “I WOKE UP HAPPY”. Noel Craig, produtor de rock e de música eletrônica de Los Angeles, é o responsável pelo The Radical Deft – e foi um projeto de pandemia que virou projeto musical de verdade. I woke up happy, um dos singles já lançados pelo TRD, combina elementos de indie dance e dreampop, além de ruídos mais achegados do som de Sonic Youth, My Bloody Valentine e outras bandas.

A gente pretende incutir uma sensação de conforto nostálgico, com uma apreciação de uma era musical passada, ao mesmo tempo que convida os ouvintes a embarcarem numa viagem para um futuro desconhecido e precário”, conceitua Noel.

EARTH TONGUE, “DUNGEON VISION”. Essa dupla de som pesado e lascado é formada por Gussie Larkin (voz e guitarra) e Ezra Simons (bateria), e prepara o terceiro álbum, Dungeon vision, para lançamento pelo selo In The Red em 13 de fevereiro de 2026. A dupla compôs e aprimorou as doze faixas em seu estúdio de ensaio, descrito por eles como uma “caverna sem janelas” – mas a farra rolou mesmo foi em Los Angeles, onde gravaram e mixaram o álbum em apenas dez dias, tendo como produtor ninguém menos que Ty Segall.

Dungeon vision, a faixa-título, já ganhou um clipe de terror, criado pela animadora Neirin Best em 16 mm, e que usa um cenário de masmorra em miniatura de verdade. A dupla só avisa a quem for assistir, para tomar cuidado com o excesso de luzes no vídeo. O som é lasqueira rocker influenciada pelo garage rock, pelo stoner e pela psicodelia, tudo junto e (bem) misturado.

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Lançamentos

Radar: Manger Cadavre?, Luana Fernandes, Punho de Mahin, Zeca Baleiro e Claudio Nucci, Marinas Found, Drama

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Manger Cadavre? lança o clipe de "Efêmero"

O Radar agora está mais fácil de ser encontrado no site (já viu o menu superior do Pop Fantasma?). E volta hoje com mais seis sons e clipes nacionais novos – ponha em sua playlist e ouça no último volume. Abrindo com o som pesado do Manger Cadavre?, para ouvir MESMO no volume máximo.

Texto: Ricardo Schott – Foto (Manger Cadavre?): @antimanifesto / Divulgação

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MANGER CADAVRE?, “EFÊMERO”. Como nascem os monstros, o quarto álbum dessa banda pesadíssima de São José dos Campos (SP), já saiu tem alguns meses, mas vai ganhar resenha em breve por aqui. Por enquanto, a gente comenta que Efêmero, uma excelente música do álbum, acaba de virar clipe. O clipe coloca em imagens a “experiência brutal e inesperada de uma crise de pânico, um episódio súbito de medo ou desconforto intenso, que surge mesmo sem a presença de um perigo real”.

A situação do clipe é bem comum, e já aconteceu com muita gente, inclusive com este que vos fala: um trabalhador sai de casa e esbarra com seu pânico pessoal no elevador. Os integrantes do Manger Cadavre? interpretam os demônios internos, que só existem na mente da pessoa.

LUANA FERNANDES, “FERA FERIDA”. No início de 2026, sai Fêmea fera, próximo EP de Luana, que aposta numa sonoridade que ela e sua banda chama de afrogaze – música eletrônica etérea e o encontro com a ancestralidade do tambor. Fera ferida, que puxa o EP fala sobre as (muitas) fragilidades do masculino: “castrou a emoção por medo / trocou o ser feliz pela razão / pobre macho, se perdeu / traiu, mentiu, fugiu, fodido”.

Fera ferida surgiu quando precisei encarar minhas próprias sombras de frente, sem disfarce, sem medo, transformando o caos em catarse e o sofrimento em força criativa”, conta Luana. O visualizer da música, dirigido por Roberta Odara (ânimaLAB), com direção de arte de Audrey Tigre e figurino de Mauricio Mesquita, tem três atos. No primeiro, predomina o vermelho (cor do sangue e da força primordial), no segundo, o verde (simboliza a cura e a reconexão) e no terceiro, surge a mulher que integra suas forças e assume sua potência, com Luana posando ao lado de uma pantera negra criada por inteligência artificial (e, pode acreditar, bem real).

PUNHO DE MAHIN, “GRITO QUILOMBO”. “Não é mais um grito de dor, é um grito de luta e vitória, que vai além do front de combate ao racismo estrutural para expressar a ampla possibilidade de organização e embate” completa Camila Araújo, guitarrista da banda punk Punho de Mahin, que prepara um álbum para 2026, com lançamento pela Deck e produção de Clemente Nascimento (Inocentes / Plebe Rude). Ela se refere a Grito quilombo, novo single da banda, afro-metal com peso nas alturas, cuja letra fala de luta coletiva, racismo, violência estrutural e a arte como forma de enfrentamento. Hardcore e metal unem-se na batida da música, som para escutar no volume máximo.

ZECA BALEIRO E CLAUDIO NUCCI, “MÃE CANÇÃO”. “Imagina um mundo sem música, sem mágica ou ilusão? / que destino cruel, que agonia sem céu, só sofrer / ainda bem que um deus musical deu ao seus tal poder”. Aumentando cada vez mais o círculo de parceiros musicais – e depois de ter feito um disco ao lado de Lô Borges, Céu de giz, resenhado pela gente aqui – Zeca Baleiro lança agora um single, Mãe canção, feito ao lado do veterano Claudio Nucci, ex-Boca Livre. Detalhe: a dupla já tem mais sete canções em parceria, e devem sair novos singles, e quem sabe, um álbum.

Na faixa, Claudio se encarregou dos violões, Zeca do baixo e percussão, e Adriano Magoo tocou acordeom – e Claudio e Zeca dividem os vocais. A referência musical foi a sonoridade das trilhas feitas pelo italiano Ennio Morricone para os clássicos western-spaghetti.

MARINAS FOUND feat RODRIGO LIMA, “CIDADES VIZINHAS”. Saudade, disco novo da banda de hardcore gaúcha Marinas Found, está previsto para janeiro de 2026. É puxado por Cidades vizinhas, um punk rock inspirado na cidade de onde vem a banda, Pelotas (RS), e uma música “sobre amar e odiar onde se vive — sobre viver entre o céu e o inferno no mesmo lugar. É o desejo de sonhar e buscar outros ares, mas sempre querer voltar para o conforto de casa”, contam no texto de lançamento. Rodrigo Lima, cantor do Dead Fish, solta a voz na música.

A luz amarela da capa do single, observa a banda, é uma raridade que está cada vez mais sendo substituída pela modernidade das luzes de led – quase transformando as cidades em shopping centers ao ar livre. “É uma pena assistir à extinção das luzes amarelas que iluminavam nossa relação afetiva com as cidades, e esta música é uma carta sobre o urbano que abriga cada um de nós”, diz o cantor Pedro Soler.

DRAMA, “SURFANDO NO CLONAZEPAN”. Banda carioca que existe desde 2006 – e que voltou em 2023 após uma pausa de sete anos – o Drama integra influências de Rammstein, Nine Inch Nails e Depeche Mode, unindo pós-punk, gótico, industrial e som pesado. Surfando no Clonazepan, nova música do grupo, é pesada não apenas na melodia como na letra, falando de estados de espírito que pedem atenção especial.

“Quando o mundo parece querer te destruir de várias formas, às vezes dropar um comprimido (ou umas gotas) te ajuda a sobreviver ao caos, e pensar que existe um lugar em que não há julgamentos, explica o vocalista e fundador da banda, Eddie Torres, que usou o sedativo como uma maneira de falar dos atropelos da vida real.

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Lançamentos

Radar: Lifeguard, Kate Moth, Fin Key, David Byrne, Raging Lines, Ca7riel e Paco Amoroso

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LIFEGUARD, “ULTRAVIOLENCE”. Como vai ficar isso, não temos a menor ideia, mas a ruidosa banda norte-americana Lifeguard anuncia para o ano que vem um maxi-single com 11 faixas e 13 minutos de duração

E lá vem o Radar internacional, o primeiro da semana – é sempre terça e quinta. Hoje a gente abre com barulho, já que o Lifeguard, banda bastante ruidosa, tá com lançamento novo. Mas a música pop e o pós-punk também marcam presença. Ouça e repasse.

Texto: Ricardo Schott – Foto (Lifeguard): Reprodução Bandcamp

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LIFEGUARD, “ULTRAVIOLENCE”. Como vai ficar isso, não temos a menor ideia, mas a ruidosa banda norte-americana Lifeguard anuncia para o ano que vem um maxi-single com 11 faixas e 13 minutos de duração (!). Se a Ethel Cain lançou um EP com mais de uma hora, por que não o Lifeguard? Ultra violence / Appetite teve a faixa Ultra violence já revelada: três minutos de ruído herdado do pós-punk e do dub. Segundo a banda, é “música rápida e automática, livre de imersão, processamentos, excesso de reflexão ou qualquer outra hesitação” (e nós resenhamos o álbum Ripped and torn aqui).

KATE MOTH, “OVERNIGHT SENSATION”. Tá aí uma banda novíssima. O Kate Moth vem da Austrália (a definição deles no Spotify é impagável: “Kate Moss com um problema de dicção”), acaba de lançar seu primeiro single – este Overnight sensation – e faz pós-punk com um algo mais. O tal “algo mais” é um cuidado quase bossanovístico com a melodia, cheia de surpresas, além de um riff ágil de baixo que é quase darkwave. A música já tem clipe.

FIN KEY, “DAYS”. Mais uma banda novíssima da Austrália, que surge unindo pós-punk e estileira indie rock dos anos 2000 – além de guitarras e beats que lembram The Cure. “Fazemos indie rock quando não estamos surfando, acanpando ou perdendo equipamento de turnê na carroceria da caminhonete de alguém”, brincam. Days é a primeira música lançada deles.

DAVID BYRNE feat BRIAN ENO, “T-SHIRT”. A participação de Eno no novo single de Byrne é inegável – ele é co-autor da faixa, e dá para perceber sua assinatura em vários momentos da música. É o primeiro lançamento de Byrne desde o disco Who is the sky?, lançado há alguns meses (e devidamente resenhado pela gente aqui). T-shirt também é uma música que David vem apresentando em sua turnê e que permanecia inédita em disco. O release define a canção como um “electro-pop”, mas musicalmente ela é um rock ligadíssimo ao pós-punk e à estileira dos próprios Talking Heads, banda de Byrne. O clipe traz uma camiseta na qual vão surgindo vários slogans diferentes, dos mais positivos aos mais sarcásticos (eu quero a do “diga talvez às drogas”).

Tom Breiham, no site Stereogum, deu a localização da música no show de Byrne, e fez uma interpretação bem particular de T-shirt. “Durante seus shows ao vivo, Byrne e sua banda tocam em frente a uma montagem de slogans de camisetas”, contou. “A plateia vibra quando vê um verso de que gosta, mas a intenção de Byrne parece ser mostrar que essa é uma forma ridícula de os seres humanos se conectarem uns com os outros. Pelo menos, foi essa a minha interpretação”, continou.

RAGING LINES, “LET ME HAVE THIS MOMENT”. O norueguês Sondre Thomassen Thorvik, 23 anos, é o criador desse projeto musical que vai lançar seu primeiro álbum em fevereiro de 2026, e que combina guitarra, teclados e voz sombria – numa onda tão próxima da darkwave quanto do pós-punk. Na romântica Let me have this moment, a voz de Sondre lembra a de um sujeito bem mais velho – parece uma mescla de Leonard Cohen, Bryan Ferry e Nick Cave.

CA7RIEL E PACO AMOROSO, “GIMME MORE”. O duo argentino teve cinco indicações e papou cinco prêmios no Grammy Latino desse ano. E não foi só isso: os dois apresentaram na premiação um medley em que apareciam em duas montanhas gigantes – cenário inspirado no icônico chapéu azul de Paco e no colete de corações de Ca7riel de sua sessão no Tiny Desk.  Gimme more, música nova dos dois, fala de ambição pelo sucesso, festas de arrepiar, gastança de grana e ostentação desmedida, na base do “ah, isso que a gente conquistou não é nada, você vai ver”. No clipe, isso tudo aí se junta à destruição (serinho) do cenário do tal show no Grammy Latino. Irresistivelmente dançante, Gimme more anuncia a chegada do próximo álbum do grupo, Top of the hills.

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