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Marcelo Gross fala sobre volta aos palcos, disco novo e… Beatles

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Marcelo Gross fala sobre volta aos palcos, disco novo e... Beatles

Marcelo Gross, ex-guitarrista da banda gaúcha Cachorro Grande, mal pode acreditar que o momento de fazer shows de seu terceiro disco solo, Tempo louco, já chegou. O disco saiu no meio do ano e, por causa da pandemia e do fechamento de espaços, foi divulgado apenas em lives. Dessa vez, Juiz de Fora (MG) (nesta sexta, no Cafe Muzik) e Rio de Janeiro (sábado, no Circo Voador, abrindo para o Barão Vermelho) vão conhecer o novo som do músico, além das canções dos discos anteriores, Use o assento para flutuar (2013) e Chumbo & pluma (2017). Gross vem acompanhado de Eduardo Barretto (baixo, backing vocals) e Lucas Leão (ex-Beach Combers, bateria).

Batemos um papo com Gross sobre disco novo, show no Circo Voador (ok, puxamos um pouco a brasa aqui para o Rio), sobre o retorno rápido da Cachorro Grande para um único show comemorativo em março de 2022, e sobre como foi para ele, beatlemaníaco desde cedo, assistir à série Get back, dos Beatles, no canal Disney +.

Como está sua expectativa para esse show no Rio, que vai ser abrindo para o Barão Vermelho?

Tá sendo uma honra ser convidado pelo Barão, uma das maiores bandas do rock nacional, para tocar na casa deles que é o Circo Voador. Toquei várias vezes no Circo com minha antiga banda, que é a Cachorro Grande, mas com meu trabalho solo é a primeira vez que eu toco lá. A Cachorro Grande inclusive gravou um DVD no Circo Voador uma vez. A expectativa é muito grande porque tocar na casa do Barão, com o Circo lotado, apresentar meu repertório solo pra galera, músicas do disco novo… Além de ser uma imensa honra é muito importante pra minha carreira nessa fase de retomada e de recomeço da minha carreira também.

Ainda mais nesse período dos shows voltando…

Pois é. Apesar de eu ter três discos já, o Tempo louco foi o primeiro que eu lancei após o fim da minha antiga banda. Então vai ser uma coisa muito legal.

Como tá sendo essa volta aos shows?

É um momento que a gente esperou durante muito tempo. Agora com os leitos nos hospitais diminuindo, a maior parte da população sendo vacinada, a gente se sente mais seguro e tranquilo para ir lá e exercer nosso trabalho. Estou passando um período no Rio Grande do Sul, então os shows retomaram faz algum tempinho.

Quando foi decretada a pandemia, como você se sentiu?

Eu tava com um disco em andamento, eu estava gravando o Tempo louco. Vim aqui pro Rio Grande do Sul fazer alguns shows e como a gente não sabia direito o que estava acontecendo acabei ficando por aqui. Eu estava vivendo em São Paulo, depois passou um ano e não tinha vacina ainda, a coisa estava meio indefinida. Acabei juntando minhas coisas e vim para cá ficar perto da família. Passou mais um ano e nesse período, no tempo em que eu podia, fui finalizando o álbum novo e lançando alguns singles virtuais, e trabalhando virtualmente. Fui fazendo algumas lives de casa, tinha uma live diária que se chamava Love live. Era uma época em que todo mundo estava em casa, então era o canal que eu tinha para me comunicar com quem aprecia meu trabalho.

Foi bacana tanto para mim quanto para quem estava assistindo, porque a gente meio que se fazia companhia. Era uma desculpa para abrir uma cerveja em casa e dar umas risadas. Isso manteve a sanidade mental, já que não tinha trabalho, não dava para sair para tocar. Isso faz parte da nossa vida, a gente precisa daquela endorfina que os shows nos proporcionam. Com certeza isso tudo demorou mais tempo do que a gente gostaria. Enfim, chegou esse momento que a gente esperava, com as pessoas sendo vacinadas e as restrições sendo mais brandas.

Como você foi percebendo que queria ter um trabalho solo e como foi amadurecendo essa ideia?

Ela veio de uma necessidade artística, já que na minha banda eu não tinha mais autonomia para escolher as canções que iam no disco nem as minhas canções que iam entrar no disco da banda. A graça de participar de uma banda é participar de tudo: da capa, do repertório, de todo o processo artístico. Daí como eu tinha muitas canções que estavam meio que sobrando não podia deixá-las na gaveta.

Então em 2013 resolvi gravar o Use o assento para flutuar. Eram canções que não iriam ser aproveitadas pela minha banda, então como eu escrevo bastante e como eu não queria deixar essas canções na gaveta foi o motivo pelo qual precisei, por necessidade artística, botá-las para fora de alguma forma.

Você ainda estava na banda. Como foi planejar essa carreira, já que acabam sendo duas carreiras, uma na banda e uma solo?

Basicamente enquanto eu estava na banda, minha carreira solo era uma carreira paralela. Mas também não foi uma coisa muito planejada. Como eu tinha as canções eu montei um power trio, gravei um disco, tinha canções que se acumulavam mais ainda que não entravam no disco da Cachorro, dai gravei um disco duplo, Chumbo & pluma, em 2017. E nos intervalos dos shows da banda eu fazia os meus shows e tocava esse repertório sempre num clima bem diferente do que a banda vinha fazendo.

O Chumbo & pluma tem um disco que é só acústico, numa época em que a Cachorro Grande tava fazendo uma mistura de rock eletrônico com rock’n roll. Meu primeiro disco é rock´n roll puro numa época em que a Cachorro Grande estava fazendo uma outra coisa. Eu estava conseguindo conciliar bem as duas coisas.

Mas com o fim da banda eu pisei no acelerador. Só que bem quando eu ia me dedicar totalmente à carreira solo, rolou essa pandemia! E meu disco Tempo louco eu tinha começado a gravar pouco antes da pandemia, daí eu fui finalizando as canções e fui lançando singles, até que esse ano eu consegui finalizar o álbum completo e lancei ele em julho.

Te soou meio premonitório quando você estava finalizando um disco chamado Tempo louco e realmente veio um tempo louco, com a pandemia?

O nome já era de antes porque tem uma canção que se chama Tempo louco. Ele refletia uma fase meio difícil que eu vivi na minha vida pessoal, eu perdi parentes e amigos muito próximos: meu pai, minha ex-namorada. Eu estava vivendo um tempo difícil e teve minha saídas conturbada da Cachorro Grande. As letras falam disso e de superar esse tempo difícil.

Mas eu sabia que o tempo ia ficar mais louco ainda. As pessoas acabaram se identificando com o que eu tava falando ali porque todo mundo estava vivendo um tempo louco, de perder entes queridos, perder emprego, igual o que eu passei quando estava escrevendo essas canções. Se foi premeditado foi sem querer (rindo).

Você falou de ter muitas músicas acumuladas. Ouvindo seu trabalho, me lembrei muito do George Harrison. É uma influência pra você? Você também se identificou com isso de ele ter muita coisa acumulada nos Beatles, a ponto de lançar um disco triplo?

Eu era um dos principais compositores da Cachorro Grande. Teve um momento em que eu senti que para botar uma canção no repertório era uma confusão tão grande que eu resolvi fazer por conta própria. O Harrison é uma influência não apenas nos Beatles como fora deles também, assim como os trabalhos solo do John Lennon e do Paul McCartney. E até do Ringo, tenho a coleção inteira dos discos do Ringo.

O George teve esse problema também… até no documentário Get back tem uma conversa dele com John Lennon, em que ele diz: “Não sei o que fazer, tenho vinte músicas, se for botar sempre duas músicas por disco vou demorar dez anos até usar essas canções que eu tenho hoje em dia, então é melhor eu fazer um disco”. John Lennon até fala: “Ah, também acho legal tu fazer um disco, e a gente continua com essa coisa dos Beatles”. Então foi mais ou menos o que eu fiz. Eu tive aquela necessidade artística de botar aquilo tudo para fora e continuei com a banda, e tendo minha carreira como trabalho paralelo, e estava funcionando.

Ia mesmo perguntar se você viu o Get back e o que achou.

Então, Ricardo, eu espero por este filme desde os meus 13 anos de idade. Como tu deve desconfiar eu sou um beatlemaníaco, e então aqui em Porto Alegre eu assistia, passava na TV o Let it be. Eu tinha dez anos de idade, já tinha todos os discos dos Beatles. Eu e meus amigos gravávamos aquilo num gravador de fita K7 para ter umas versões diferentes das canções. Eu sempre soube que tinha um tesouro escondido ali, que se pegasse todas aquelas imagens das câmeras… Eu tinha vários discos bootleg, piratas, com aquelas gravações. Tem uma coleção bem interessante com tudo que foi gravado em janeiro de 1969.

Resumindo: eu espero esse documentário há muito tempo e eu estou extasiado com o documentário, com o que o Peter Jackson fez com o material. Achei muito bom não ter sido só cem minutos no cinema como tinha sido planejado. Foi uma série de três capítulos… e por mim teria mais oito horas daquilo tudo porque tem muita coisa. Achei fantástico. Era o que eu já esperava desse material.

Teve alguma cena que te emocionou mais?

Eu chorei em vários momentos, tanto que eu procurei assistir sozinho. Ficava às cinco da manhã esperando saírem capítulos novos, eram coisas que eu estava esperando desde os 13 anos. A hora em que o Paul do nada aparece com Get back é muito emocionante, a hora em que eles se abraçam no fim do episódio 1 depois que o Harrison sai é muito tocante também. No episódio 2 quando o Harrison volta. Quando eles vão pro estúdio da Apple também… Eu esperava que tivessem mais sessões das canções inteiras dentro do estúdio da Apple, já que elas estão gravadas ali com os gravadores de rolo e tudo. Tem todas as gravações desse período em áudio. Mas não dá para reclamar também! E com certeza aquela hora do show do telhado, que eles quase não vão, no dia do show eles ainda estavam indecisos sobre subir ali ou não…

Aquela coisa da multicâmera é uma coisa que eu sempre sonhei,. sabe? Em ver todos os ângulos dos show deles. A única crítica que eu tenho é que os dois dias mais importantes foram o show no telhado e o dia posterior que eles foram lá embaixo para concluir as canções acústicas. E no documentário do Peter Jackson o dia 31 ficou relegado aos créditos finais. Apesar de ter muita música ali que tá inteira no filme Let it be, esse dia merecia uma atenção um pouco mais especial, porque eles estavam ali já preparados para fazer a filmagem e tocar as músicas direitinho. Mas acredito que num eventual lançamento em DVD e Blu-Ray vá ter mais coisas, especialmente desse último dia que não foi muito bem coberto pelo documentário que está na Disney +.

Ano que vem vai haver aquele único show da Cachorro Grande. Como tá sua expectativa?

Vai ser bacana. Vai ser só um show, acho que vai ser legal porque vai ser o aniversário de 250 anos de Porto Alegre e para mim é como voltar para casa, porque eu fundei a banda junto com o Beto Bruno. A gente tá muito feliz com essa expectativa, vai ser um lugar muito clássico de Porto Alegre, no dia do aniversario da cidade. Tô muito feliz de sentir aquela velha sensação de novo ao lado dos meus velhos companheiros de guerra (rindo).

Me parece que quando você saiu o clima ficou bom de qualquer jeito entre vocês… Vocês continuaram amigos?

Eu acho que logo depois da saída… Lógico, foi uma saída conturbada, teve um período de não se falar muito, quebrou uma coisa especial que a gente tinha com minha saída. A gente continuou se falando sim, tanto que logo em seguida a banda resolveu encerrar atividades e eu voltei pra fazer os shows de despedida em 2019. A gente ficou vinte anos grudados, precisava desse detox uns dos outros para se orientar na vida.

Mas a gente tem o grupo de WhatsApp da Cachorro, se fala todo dia, se liga de madrugada para falar de Beatles, falar besteira, contar piada. Quando rolou esse convite para fazer esse show tava todo mundo de boa. Foi o momento em que depois da pandemia a gente precisava disso, de sentir aquela velha sensação. Tem tanta gente que gosta da banda, acho que vai ser bonito trazer alegria para as pessoas que gostam da gente.

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Urgente!: E a volta do Sugar, hein?

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Na foto, o Sugar

Os anos 1990 foram uma época de redescoberta para Bob Mould. O ex-vocalista do Hüsker Dü já vinha tendo o som de sua ex-banda redescoberto por causa de grupos como Pixies e Nirvana – até que em 1992, após dois discos solo, decidiu apostar na criação de uma banda nova. O Sugar – que, você deve ter visto, voltou com uma música nova, House of dead memories, após 30 anos de separação – foi criado ao lado de dois músicos que ele inicialmente havia convidado para trabalhar em futuros projetos solo: David Barbe (baixo, ex-Mercyland) e Malcolm Travis (bateria, ex-Human Sexual Response).

Na época, os ensaios deram liga, o Sugar começou a fazer shows e logo gravou o primeiro álbum, Copper blue (1992) – aquele mesmo, de hits como Helpless e If I can’t change your mind. Sempre tinha havido bastante interesse pelos passos de Bob, que é o herói de muitos músicos norte-americanos e britânicos, mas agora o Sugar estava na MTV, no New Musical Express (que considerou Copper blue o álbum do ano) e os fãs de vários grupos novos podiam comprovar na prática as referências que, por exemplo, os Pixies tinham do som de Mould (muito embora ele próprio tenha citado inconscientemente um padrão tipicamente pixie de composição em A good idea).

Mesmo com o sucesso, foi uma época complicada para Bob. Em 1993, o músico foi processado por seus ex-colegas de Hüsker Dü, Grant Hart e Greg Norton, que se sentiam passados para trás nos royalties do grupo – foi por causa disso que, no ano seguinte, saiu o disco ao vivo The living end, que traz inclusive Doug Myren, então o advogado de Hart, como “coordenador de projeto” na ficha técnica.

Antes disso, Hart, com quem Mould tinha uma relação difícil, já havia tentado diversas vezes se reaproximar dele, ou até mesmo de sua banda nova. Segundo Mould, Hart, que já havia dado uma de mosca de padaria com um ex-namorado seu, estava fazendo o mesmo com o baixista do Sugar, David Barbe (“não tenho nenhum problema com isso, mas disse ‘não’ pra ele, e ele não parava!”, disse Barbe a Mould, puto da vida).

No geral, o Sugar acabou encerrando atividades justamente por causa desse período complicado. A banda gravou ainda um EP (o ótimo Beaster) e um álbum (o bacaninha File under: Easy listening, de 1994), mas Mould frustrava-se com as expectativas altas das gravadoras envolvidas – Rykodisc nos EUA, Creation na Inglaterra. File under, o tal segundo álbum, só saiu depois de algumas tentativas em que a banda não engrenava e não conseguia gravar nada.

O Sugar retorna hoje com o mesmo trio, e em clima de quentinho no coração tanto para os músicos quanto para os fãs. A nova música é o punk rock House of dead memories, uma canção de desamor tão fria quanto Love will tear us apart, do Joy Division, um tema típico de Mould como compositor – e ela veio acompanhado de um clipe com várias imagens de shows antigos do grupo. Mais: a banda já tem shows marcados para maio em Nova York (dois, no Webster Hall) e Londres (mais dois, no 02 Arena). Sei lá se ainda há ingressos, mas começaram a ser vendidos hoje.

E se você não viu, tá aí House of dead memories.

***
Vale encerrar esse texto com uma agenda muito especial para o fim de semana: no sábado (18) vai rolar na Casa de Cultura Marielle Franco (Rua Dona Amália Sestini, 85, Franco da Rocha, São Paulo), em SP, o festival Queers & Queens, dedicado a visibilizar estilos e artistas que costumam ser marginalizados, inclusive dentro do próprio universo LGBTQIAPN+ (dica: existe um documentário sobre o festival – assista para saber mais).

O evento rola desde 2012, já deu espaço a nomes como nomes como Linn da Quebrada, Jup do Bairro, Dominatrix, Mercenárias e Adriano Cintra. Dessa vez, a atração principal e o Dance Of Days, histórica banda punk liderada pela artista trans Nene Altro, mas também rolam o queercore do Disforia, o metal do Neural Wreck (com Renata Petrelli), o power trio punk Submersa e outras atrações. O Queers & Queens começa às 14h e a entrada é gratuita.

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Radar: Ain’t, Phantom Wave, Haim, Magdalena Bay, Sonora

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O Ain’t acaba de unir noise rock e climas herdados tanto do rock novaiorquino quanto do Midwest emo em seu novo single, Long short round. São seis minutos de vocais entre o blasé e o dramático, guitarras ruidosas, desacelerações rítmicas

Atrasamos um pouco com o Radar internacional de hoje, mas chegou a tempo de avisar que o Magdalena Bay não para e já lançou outro single duplo. Que o Ain’t acaba de lançar um single de seis minutos de ruído. Que saiu versão deluxe de I quit, do Haim. E também apresentamos o som do Phantom Wave e do Sonora. Ouça e passe adiante!

Texto: Ricardo Schott – Foto (Ain’t): Marieke Macklon/Divulgação

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AIN’T, “LONG SHORT ROUND”. Banda indie vinda do Sul de Londres, o Ain’t acaba de unir noise rock e climas herdados tanto do rock novaiorquino quanto do Midwest emo em seu novo single, Long short round. São seis minutos de vocais entre o blasé e o dramático, guitarras ruidosas, desacelerações rítmicas, e de uma letra sobre “fazer pequenos rituais que parecem fazer algo bom, mas são completamente inúteis quando se trata de conseguir o que você espera. Apertar um hematoma, por exemplo, é uma sensação maravilhosa, mas não acelera a recuperação”, como diz a banda. Ali Chant (Dry Cleaning, Yard Act, Sorry) cuidou da produção e da engenharia de som. Tem clipe – veja abaixo.

PHANTOM WAVE, “ECHOES UNKNOWN”. Banda guitar rock do Brooklyn, Nova York, o Phantom Wave acaba de lançar seu terceiro álbum pelo selo Shore Dive, Echoes unknown. O som deles é bastante demarcado por referências britânicas dos anos 1980 e 1990, incluindo vocais mais melódicos e em tom mais alto, sobressaindo no meio das guitarras – o que torna o som deles bem mais próximo do pré-britpop e da música de Manchester e arredores. É uma banda que “vive na diferença entre impulso propulsivo e fluidez radiante”, como eles próprios afirmam.

HAIM, “TIE YOU DOWN” / “THE STORY OF US” / “EVEN THE BAD TIMES”. E aí, já viu que as Haim lançaram uma versão deluxe do seu aguardadíssimo álbum I quit (resenhado pela gente aqui)? Saiu hoje, com mais três faixas. Uma delas, Tie you down, uma balada soft-rock anos 80 gravada ao lado de Bon Iver, já estava rolando há alguns dias. Dessa vez saem The story of us (nada a ver com a música de Taylor Swift) e Even the bad times. A primeira tem um ar inegavelmente Strokes, a segunda é indie rock gostosinho ultratexturizado.

MAGDALENA BAY, “HUMAN HAPPENS” / “PAINT ME A PICTURE”. Lançando uma série de singles novos enquanto o disco novo não chega, essa banda de artpop volta com o duplão Human happens / Paint me a picture, duas músicas de beleza ímpar, e clima celestial. “Aqui está mais uma dupla de músicas que se complementam — diferente da anterior, diferente da próxima”, contam os dois, dando a entender que vem mais por aí. Imaginal disk, o álbum mais recente deles, foi resenhado pela gente aqui.

SONORA feat OM, “SOL OSCURO”. Sonora é um projeto musical experimental, eletrônico e provocador vindo do Brooklyn (Nova York), cujas bases ideológicas merecem toda a sua atenção: “Meu trabalho parte de uma visão enraizada na libertação queer, no pensamento anticolonial e na justiça climática”, afirma. Sol oscuro, single novo, trabalha com o passado e o futuro do projeto, que já usou o nome artístico de OM, e é a anunciação sonora de um a partir do eco deixado pelo outro.

A nova faixa dura sete minutos e inicia com uma concepção sonora meditativa, para em seguida ganhar teclados hi-NRG e clima de pista. “A música é o ponto onde a semente do começo cede e inicia seu caminho para a forma, onde o estranho se reconhece ao sentir a pele passada como outra”, filosofa.

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Lançamentos

Radar: Parque da São, The Us, Antonio da Rosa, Dennehy, Não Ao Futebol Moderno

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Na foto, o Parque da São

Escolher as músicas do Radar de hoje foi uma tarefa bem complexa, porque tinha muita coisa, e essa semana foram só dois radares nacionais – mas optamos por fazer uma mescla de novidades com gente que estávamos para apresentar há umas semanas. O experimentalismo místico do Parque da São abre a seleção de hoje, que tem desde o emo + nu-metal do Dennehy até o cruzamento indie-pop do Não Ao Futebol Moderno. Ouça e passe adiante!

Texto: Ricardo Schott – Foto (Parque da São): Antonia Muricy Leite/Divulgação

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PARQUE DA SÃO, “CERIMÔNIA”. Talvez você nunca tenha ouvido falar do cineasta tailandês Apichatpong Weerasethakul – filmes dele como Tropical malady, eleito pela crítica o melhor concorrente da 28ª Mostra de Cinema de São Paulo em 2004, são um pouco mais populares. Arthur Bittencourt (violão) e Júlio Santa Cecília (synth, programação, criador também do projeto DJ Guaraná Jesus), os dois integrantes do projeto Parque Da São, conhecem bem o trabalho dele – até se inspiraram no cinema de Apichatpong para criar seu primeiro single, Cerimônia. Um tema instrumental curto, que realmente lembra uma cerimônia, e tem um lugar central no conceito do álbum de estreia da dupla, que está vindo aí.

“Ela representa o clímax da narrativa – o despertar da meditação transcendental – e aparece como a penúltima faixa antes do encerramento”, contam. Illan Becker colaborou no arranjo orquestral, e o coral da faixa foi feito apenas por vozes femininas. Já o misterioso clipe da faixa, dirigido por Theo Andrada, traz o ator Luis Melo de Souza dedicando-se a um esporte realmente radical: corrida de carrinho de supermercado.

THE US, “I’M NOT HERE”. Essa banda mineira faz dream pop com muitas lembranças de Cocteau Twins em composições e vocais – Slowdive, Placebo, The Cure e Sonic Youth também são citados como referências. Preparando um EP novo, solta o single No,I’m not here, uma canção equilibrada entre beats eletrônicos e guitarras, e que fala sobre isolamento, repressão e questões existenciais. Daysi Pacheco, além de cantar a letra, faz vocais líricos que dão um clima bastante fantasmagórico para a música.

ANTONIO DA ROSA, “PARA AMAR”. Preparando o álbum Emocionado, esse artista alagoano lança o último single antes do disco inteiro sair – é Para amar, uma música que ressalta que o amor também é resultado de ação e construção. Feita em parceria com a cantora LoreB, também de Alagoas, a música surgiu de uma frase ouvida por Antonio, “a realidade é um emaranhado de versões” – ele gostou tanto da frase que decidiu desdobrá-la numa letra inteira.

“São várias coisas que você precisa fazer para amar. Você precisa estar atuando, se colocando ali para que o amor aconteça, ao mesmo tempo sabendo lidar com o tempo próprio do sentimento”, conta ele sobre a faixa, esclarecendo também que se trata do momento indie rock do disco, “com riffzinho de guitarra, uma bateria bastante enérgica e talvez algo ainda de momentos anteriores, mas que eu acho que cabe muito na minha fase atual”, explica.

DENNEHY, “ZER0”. Vindo de Brasília, o Dennehy diz explorar uma sonoridade que fica entre o shoegaze e o nu-metal – bandas como Deftones e Linkin Park estão entre as influências, e o quarteto de Luna (vocais), Cookie (baixo), Gus (bateria) e Felipe (guitarra) não tem nenhum grilo em se assumir como “banda emo”. A ideia é justamente que essas origens no emocore não sejam perdidas, ainda que o grupo tenha referências eletrônicas e bem pesadas. O single Zer0, por exemplo, conta com a mescla de calma e desespero dos vocais de Luna (que também faz raps), lado a lado com guitarras distorcidas e beats eletrônicos.

O grupo está preparando um álbum, mas avisa que o som não será apenas o de Zer0, porque muitas janelas foram abertas na criatividade deles nos últimos anos. “Até esta nova era, nós tínhamos muita certeza do que a banda era. Desta vez, apagamos toda essa certeza. Esvaziamos nossa xícara e, com ela vazia, pudemos enxergar novas possibilidades”, diz Luna.

NÃO AO FUTEBOL MODERNO, “FERNET”. Essa banda indie de Florianópolis gravou um excelente álbum em 2026, Vida que segue, e acabou dando uma boa sumida dos estúdios – sumida essa que durou quase uma década. Pequenos prazeres, o novo álbum, saiu discretamente nas plataformas no mês passado, e destaca faixas como Fernet, que une shoegaze, pop jazzístico oitentista e beat eletrônico – soa quase como um “Bryan Ferry esbarra com o Idlewild”, ganhando ares drum’n bass no fim. As guitarras da música têm emanações de Tears For Fears.

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