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Crítica

Ouvimos: Manco Capac – “Bom jantar” (EP)

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Ouvimos: Manco Capac - "Bom jantar" (EP)

RESENHA: Manco Capac mistura Beach Boys, psicodelia, climas progressivos e até doo wop em EP cheio de camadas.

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Essa banda carioca tem algo de Beach Boys, de Beatles, de psicodelia, de krautrock, e até de antigas trilhas de filmes – tudo ali junto e misturado, e dando a eles uma sonoridade bem diferente, o tipo da coisa que você escuta e já imagina a trabalheira para criar em estúdio.

Bom jantar, EP do Manco Capac – formado por Ricardo Lannes (vocais, guitarra, efeitos), Carlos Renan (vocais, mixagem ao vivo, efeitos, percussões de mão) e João Diégues (vocais, sampler, guitarra) – apresenta ainda inusitadas referências de doo wop na faixa-título, que encerra o disco. E surgem também por toda parte elementos do começo do rock progressivo – que parecem vir de uma época em que o estilo era mais zoeiro e livre (Moody Blues, Gilles, Gilles & Fripp, o início do Pink Floyd).

Curto (apenas três faixas, onze minutos), Bom jantar abre com a meditativa Entranhas, que soa como música de cinema, com musicalidade marítima e visual, repleta de efeitos especiais. Já Montanhas pt.2 é música atmosférica, feita para soar como se viesse do alto. Confira em disco e ao vivo – neste sábado (14), às 19h eles vão se apresentar ao lado da banda Pic-Nic e fazer um set acústico na Livaria Baratos da Ribeiro, em Botafogo (Rio).

Texto: Ricardo Schott

Nota: 10
Gravadora: Independente
Lançamento: 23 de dezembro de 2024.

Crítica

Ouvimos: Amy Millan – “I went to find you”

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Ouvimos: Amy Millan - "I went to find you"

RESENHA: Após 16 anos, Amy Millan retorna com I went to find you, um disco de etéreo, introspectivo e com ecos de americana, soft rock e pop progressivo.

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I went to find you, terceiro álbum da canadense Amy Millan, sai 16 anos após seu último disco, Masters of burial (2009 – um disco que mesclava country, clima indie e uma certa melancolia sinistra. O novo disco, por sua vez, une o conforto do estilo musical conhecido como americana (a união de várias sonoridades e vibrações em torno do country) com a elevação da música espacial, dos teclados que cintilam em meio a melodias pop.

Em I went to find you, Amy retorna com um novo parceiro, Jay McCarrol, e explora temas como confiança, amizade, autoaceitação e memórias do passado (o “você”, do título, segundo ela, são pessoas que passam pela vida da gente e criam laços, modificam nossa vida). Em vários momentos, deixa a impressão de estar construindo um soft rock texturizado, como se o Fleetwood Mac fosse contratado pela 4AD.

É o que surge na abertura, com Untethered – uma canção tranquila sobre relacionamentos duradouros, erros, acertos e continuidades. E também no clima introspectivo e melancólico de The overpass, canção com tom contemplativo de rádio AM antiga, modernizada pelos teclados. Ou no neo soul angelical de Wire walks, um chamamento à voz interior (“em volta dessa ferida teimosa / o futuro pode ser o passado também / você pode precisar se inclinar / para o que você sempre foi”). Don valley, por sua vez, é um folk beatle – cujos vocais relacionam-se com Let it be, dos Beatles, enfim. Uma canção bonita, mas que parece deslocada num disco tão focado em encontrar sua própria identidade sonora.

Em alguns momentos, Amy Millan chega perto do rock progressivo – ou de uma noção progressiva de música pop. Como no tom quase post rock de Borderline, no pop elegante de Kiss that summer e Make way for waves, e na vibração épica de Murmurations, que fecha o álbum trazendo um pouco de clima lo-fi.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 8,5
Gravadora: Last Gang Records Inc
Lançamento: 30 de maio de 2025.

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Crítica

Ouvimos: Morcheeba – “Escape the chaos”

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Ouvimos: Morcheeba - "Escape the chaos"

RESENHA: Morcheeba retorna com Escape the chaos, disco que traz de volta a mistura de trip hop, soul, psicodelia e climas escapistas – sempre de olho no relaxamento do/da ouvinte.

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O Morcheeba já foi sinônimo de trip hop numa época em que o estilo ainda era novidade e não era usado como recurso por um número considerável de artistas do universo pop. Também foi uma das maiores responsáveis pela presença na imprensa musical brasileira do termo chill out, aquela coisa da música escapista, feita com valores bem diferentes do pop normal – com referências de hip hop, blues, psicodelia e coisas mais ou menos análogas.

Dá para dizer, sendo assim, que Escape the chaos, seu décimo-primeiro álbum – e terceiro disco depois que a banda virou uma dupla formada pela cantora Skye Edwards e o multi-instrumentista Ross Godfrey – é auto-explicativo. E é verdade: basicamente o Morcheeba volta fazendo altos investimentos na fórmula que consagrou a banda, em faixas como Call for love, a balada Far we come, o quase blues rock Elephant clouds, e a sexy Bleeding out. Além de Peace of me (com rap de Oscar Worldpeace e clima próximo do ambient) e do eletrorock We live and die, que chega a lembrar um pouco as guinadas pop do U2 nos anos 1990.

O Morcheeba chega a lembrar um pouco o soul brasleiro setentista na psicodélica Pareidolia, surge com uma balada em vibe britânica e sixties (Molten) e mostra uma faceta meio Joni Mitchell/meio bossa nova em Dead to me e na faixa-título. A ideia de Skye – cuja voz continua no mesmo tom tranquilo e aveludado – e Ross provavelmente foi fazer de Escape the chaos um momento de tranquilidade para antigos fãs. Conseguiram.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 8,5
Gravadora: 100%
Lançamento: 23 de maio de 2025.

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Crítica

Ouvimos: Lido Pimienta – “La belleza”

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Ouvimos: Lido Pimienta - "La belleza"

RESENHA: Em La belleza, Lido Pimienta troca o pop por um réquiem visual e orquestral, com ares de cinema, teatro e paisagens sonoras latinas.

Ouvido hoje, Miss Colombia, disco de 2020 da cantora colombiana Lido Pimienta, já parecia revelar discretamente a sonoridade de La belleza, seu quarto álbum. As relações com o synthpop e o pop latino foram deixadas de lado em prol de uma sonoridade que é praticamente música clássica, cinema, teatro, elegia. Ao lado do produtor Owen Pallett, ela criou uma obra que soa como um réquiem sombrio e montanhês, com participações da Orquestra Filarmônica de Medellín e diversas intervenções percussivas e vocais.

Entre corais gregorianos e vibes cerimoniais, o disco se equilibra como uma espécie de obra “visual” – mas um visual que dispensa até mesmo um complemento de filme, ou de vídeo, porque são passagens musicais que ativam a imaginação do ouvinte. Como acontece no instrumental lírico e latino de Overturn, na cerimônia narrada de Ahora e no clima de topo de montanha de Quero que me beses, onde cordas e oboé sobrevoam como se sonorizassem uma paisagem coberta de poeira. Ares desérticos, com percussão arábica, tomam conta de El denbow del tiempo, e climas orientais surgem em Mango.

La belleza ganha ares de despedida conforme vai chegando perto do fim – destacando o clima cigano de Aun te quiero, a tristeza contida de Tengo que ir e a canção de guerra Busca la luz (“qué viva el Caribe / qué viva el Caribe /libre!”). Um disco curto, belo e que soa como uma só faixa, repleta de progressões.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 9
Gravadora: Anti
Lançamento: 16 de maio de 2025.

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