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Loreta fala sobre objetificação e assédio em “Não me chama pra trampar”

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Loreta fala sobre objetificação e assédio em "Não me chama pra trampar"

A objetificação e desvalorização no ambiente de trabalho (especialmente no caso da mulher) é o tema do novo single da cantora Loreta, Não me chama pra trampar, uma canção na qual ela retrata a situação em que uma proposta é feita apenas por interesse sexual.

“Essa é uma tentativa de acolhimento a quem já foi vítima de objetificação, esvaziamento profissional, assédio ou abuso sexual no ambiente de trabalho. Mais especificamente, tenta acolher validando a raiva e exaustão em ter que passar por esse tipo de situação”, diz. “É comum nos sentirmos culpadas, nos sentirmos envergonhadas e guardarmos o que aconteceu conosco. Então, vi esse som justamente como uma oportunidade para falar tudo o que gostaria e com a potência que me contemplava, sem a companhia do medo e da vergonha. Espero que sirva de desabafo e catarse para outras pessoas também, principalmente mulheres”, ressalta.

A música traz um pouco da linguagem do samba nos arranjos e na melodia. A música foi feita em colaboração com a cantora e compositora Maria Beraldo, que produziu a faixa. “A ideia principal foi trazer para o arranjo de cordas uma atmosfera que dialogasse com a letra da música e com a interpretação vocal intensificando a fricção entre raiva e deboche da composição. Desse modo faz presente a linguagem do samba, rítmica e melodicamente, em diálogo com frases melódicas com muitas notas e rapidez que se repetem e se entrelaçam”, diz Maria.

“A forma de captar também foi crucial para o resultado final, todos os microfones posicionados bem perto dos instrumentos dando bastante a sensação de ‘close’, captando também a aspereza dos timbres, sem receio de soar sujo ou agressivo, assim como acontece com a interpretação, que manda uma mensagem bastante nítida e inteligível ao mesmo tempo sem se preocupar em soar polida e amável”, explica a produtora.

“Para você que nos objetifica, desrespeita e subestima nossa inteligência a mensagem é: estamos de olho e não estamos sós”, completa Loreta. Ouça a faixa abaixo (foto: Sofia Colucci/Divulgação)

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Urgente!: psicodelia e poesia em single novo do 43duo (exclusivo!)

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Urgente!: psicodelia e poesia em single novo do 43duo (exclusivo!)

Uma letra poética e “voadora”, e uma melodia entre o dream pop e a psicodelia marcam a sonhadora Guabiruba pt. II, single do grupo paranaense de indie psicodélico 43duo. A música anuncia o disco Sã verdade, previsto para sair ainda este ano.

Hugo Ubaldo (guitarra e voz) e Luana Santana (bateria, teclas e voz), que são de Paranavaí (PR), falam, na faixa e no clipe que acompanha o lançamento, de um mundo que está em constante mutação. Nem sempre essa mutação acontece para o bem do próprio mundo, já que a natureza cede espaço para o acúmulo de bens – por outro lado, a própria natureza tem força para continuar existindo e se impondo num universo de concreto frágil.

O clipe foi dirigido por Ana Carolina Iglesias Fidalski e foi filmado na casa onde Hugo cresceu, que hoje é um depósito de decorações infantis. Para o clipe, o cenário serviu como um símbolo da acumulação material, e em cada cômodo, os dois tocam cercados por objetos. O fato do 43duo ser, como o próprio nome do projeto já diz, um duo, também é explorado no vídeo: dá para ver Luana tocando bateria e synth bass simultaneamente (com uma das mãos em cada instrumento!), como acontece na criação musical deles. Enquanto isso, Hugo cria texturas na guitarra e toma conta da pedaleira de seu instrumento.

Sã verdade vai ser o terceiro álbum do 43duo – As pessoas e as cidades (2022) e Se7e sonhos (2024) são os anteriores, além do EP 43 (2020). Hugo e Luana se definem como uma dupla que aborda “as relações entre a vida em sociedade e a natureza com letras imagéticas”. E o Pop Fantasma adianta o clipe de Guabiruba pt II com exclusividade. Clipe e música saem nesta quinta (24).

Foto: Kemmy Fukita/Divulgação

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Crítica

Ouvimos: Will Smith, “Based on a true story”

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Ouvimos: Will Smith, “Based on a true story”

“Ué, mas como assim o Will Smith gravou um disco? Ele é cantor? Achava que ele fosse só ator!”. Com o tempo, muita gente esqueceu que Will gravava discos (inicialmente como The Fresh Prince, ao lado do DJ Jazzy Jeff) desde os anos 1980 – e as novas gerações passaram a vê-lo apenas como o cara da série Um maluco no pedaço, e o astro de filmes como Homens de preto, Rei Ricardo e À procura da felicidade.

Não apenas Will foi/é cantor: sua perspectiva pop do rap ajudou a fazer com o que o estilo fosse mais ouvido durante os anos 1990, num espelho do que rolou com Gabriel O Pensador aqui no Brasil. Tem quem diga que isso fez com que o rap se infantilizasse mais, se tornasse mais comercial, mas faixas como Gettin’ jiggy wit it (1997) fizeram muita gente curtir o gênero diluído no pop, em plena era de ouro do gangsta rap, e prepararam os ouvidos de uma turma enorme. Como resultado, seus talentos de ator foram (bem) mais requisitados que os de cantor – tanto que seu último disco, Lost and found, saiu há vinte anos.

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Agora corta para 2025 e para Based on a true story. Will era tido, há duas décadas, como um rapper comportado, que não falava palavrão e que traduzia o idioma do hip hop para os fãs de música pop – era um rapper popstar, que estava mais interessado, de verdade, no mundo do cinema e das séries. Se ele decidiu gravar um disco novo, supõe-se, é porque ele tem muita coisa para contar. E em tese, tem mesmo: imprensa se metendo em sua vida, brigas na cerimônia do Oscar, seu casamento com arranjo pouco convencional, a vida em família, as armadilhas da fama, racismo no showbiz.

Dá para ver reflexos disso tudo no novo disco – um álbum que, por sinal, ele gravou sem se despir da capa de bom moço. Based on a true story é um compêndio dos conselhos que Will andou recebendo, e também traz o ator-cantor como coach e pastor protestante, em vinhetas que são estranhas pregações, e servem de introdução para algumas faixas. The reverend (Rave sermon) fala sobre resiliência, depressões e buracos ao longo do caminho (“quando eu falo em rave, quero dizer para olhar no fundo dos olhos do dragão e dizer: ‘hoje, não!’”). Essa vinheta abre Rave in the wasteland, gospel-rock-afro sobre jogar fora tudo que há dentro de você, e que não serve mais.

Based on a true story usa peso e agilidade para mandar recados, como no blues-rock-rap de Bulletproof e na cavalar Tantrum (“pego meus traumas e faço deles um hino”), e cai numa estileira mais pop no soul lento de Beautiful scars, cujo ritmo lembra Milli Vanilli. A vinheta Int. Barbershop – Day, com o antigo chapa DJ Jazzy Jeff e B Simone, fala sobre tudo que se seguiu após o tapa em Chris Rock no Oscar: cancelamento, gelo da imprensa, problemas em casa, exposição negativa, racismo velado ou nada velado. Hard times, simultaneamente um boogie oitentista e um tema no estilo da Disney (com Teyana Taylor) fala da superação de fossas pessoais. Essa, vale citar, é a melhor do disco.

Como criador de frases e de slogans certeiros, vale dizer, Smith está longe de ser um prodígio – aliás a própria escolha de um pastor como personagem do álbum parece querer dizer que não há problemas se Will decidir incorrer na auto-ajuda barata. É o que rola em vários momentos, especialmente em Work of art, gravada com o filho Jaden, e You can make it. Based on a true story serve bem como disco pop, mas há algo de mal resolvido como disco de rap em vários momentos.

Nota: 7
Gravadora: Slang
Lançamento: 28 de março de 2025

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Crítica

Ouvimos: Sarah Mary Chadwick, “Take me out to a bar / What am I, Gatsby?”

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Ouvimos: Sarah Mary Chadwick, “Take me out to a bar / What am I, Gatsby?”

Dá para temer por Sarah Mary Chadwick ouvindo seu novo disco, Take me out to a bar / What am I, Gatsby?. Por sinal, um álbum cuja gravação encerrou-se com a australiana parando de beber – inclusive desde o lançamento do disco, já saiu um single novo dela chamado I’ll die sober (“eu morrerei sóbria”). O novo álbum de Sarah é quase um disco conceitual sobre dor, envolvendo temas delicados como “o desejo desolado de mudança, as despedidas, o romance que se esvai, as memórias”, e outras feridas expostas.

A frase “balada triste de piano” serve para definir todas as faixas do disco, que apresenta só a cantora e seu instrumento, além da ambiência do estúdio – uma microfonação que capta respirações, suspiros e o barulho do banquinho de Sarah. Como cantora, ela tem voz rouca e um grave considerável, mesmo quando alcança as notas mais altas – mas o principal é que escutando a voz de Sarah no álbum, dá para sentir a dor, num tom quase despedaçado. Faixas como What am I, Gatsby?, Take me out to a bar e She never learnt upon a bar variam da perdição rock-cabaré à tristeza sonora que faz as teclas do piano soarem como gotas (lágrimas?).

Soundtrack fala sobre “a criação de um filme melancólico” na telona. O vocal de Not cool like NY / Not cool like LA vai ficando mais tenso à medida que a melodia segue – com notas apenas dando o andamento da melodia, num clima minimalista e tristonho. Big business é uma balada amarga sobre o contraste entre sonhos e realidade, entre delírios pessoais e grandes negócios. Já The show musn’t go on é tanta tristeza e resignação que chega a fazer mal: “o show não pode continuar / às vezes você tem que ir pra casa / porque ninguém quer ver alguém / se debatendo inutilmente”. Um disco de beleza angustiada, que não é para ouvir a qualquer hora.

Nota: 7,5
Gravadora: Kill Rock Stars
Lançamento: 4 de abril de 2025.

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