Cultura Pop
Haruomi Hosono: pop histórico do Japão relançado

Um site que eu (infelizmente) não conhecia, Vinyl Me Please, pôs no ar uma entrevista com Haruomi Hosono. Se você nunca ouviu falar de uma das figuras mais bacanas da música pop japonesa, tá aqui o papo no original.
Na ativa desde 1969, ele tem fama de Brian Wilson nipônico. Foi comparado por Van Dyke Parks a Harry Nilsson e Ry Cooder. Atuou em bandas de folk psicodélico como Happy End e também foi criador do grupo de música eletrônica Yellow Magic Orchestra – onde está até hoje. Era uma das figuras presentes na coletânea Even a tree can shed tears: Japanese folk & rock 1969-1973, lançada pela gravadora Light In The Attic, da qual já falamos aqui.
O mesmo selo Light In The Attic está, pela primeira vez, publicando um punhado de discos de Haruomi fora do Japão pela primeira vez. Hosono house (1973), Paraiso (1978, creditado a ele e à Yellow Magic Band, já iniciando a YMO no mercado com Ryuichi Sakamoto e Yukihiro Takahashi na formação), Cochin moon (também de 1978), Philarmony (1982) e Omni sight seeing (1989).
Os discos ainda não estão nas plataformas de streaming. Quem tiver curiosidade de ouvir, pode achar alguns arquivos no YouTube.
A série cobre as metamorfoses na carreira de Haruomi, do folk psicodélico à música eletrônica. E joga para o mundo o trabalho de um artista que sempre preferiu o estúdio ao palco. Haruomi fez poucos shows solo, atuou mais como produtor do que como artista por vários anos e vem fazendo algumas apresentações para divulgar os trabalhos. No tal papo com o Vinyl Me Please, diz sonhar baixo: pensa em fazer shows em menor escala e em lugares pequenos.
“No passado eu realmente não gostava de tocar ao vivo. Há uns dez anos, achei por alguma razão, que era bom fazer shows e passei a fazê-lo de forma consistente. Mas há o conflito que eu chamo de ‘esquizofrenia musical’, pelo qual os baby boomers no Japão são sempre atormentados. Mesmo que minha música seja compreendida no Japão, eu sinto que não será o caso do público ocidental. Daí, acho difícil me animar em tocar no exterior”, contou no papo.
O período no YMO deixou Haruomi ciente de que seu papel é mais de “ouvir música” e “distinguir todos os seus aspectos”. O produtor recorda que passou por vários estresses quando fez parte de uma banda. Hoje, não tem muita vontade de voltar a essa época. “Consegui lidar com esse tipo de estresse no passado, mas não quero mais. Quando percebi que não era tão proeficiente quando pensava, vi que não queria me sobrecarregar e tentar fazer algo só por causa disso”, explicou.
O Happy End, primeira banda de Haruomi, fez seus primeiros contatos com o pop dos EUA em 1973, quando gravou lá o terceiro disco, epônimo. O álbum foi produzido por Van Dyke Parks, no mitológico estúdio Sunset Sound.
Haruomi não economiza em elogios a Parks, colaborador de Brian Wilson e dos Beach Boys durante Smile (1967), e autor de discos como o belo Discover America (1972) na bagagem. “O que aprendi com o maestro foi o método de sobreposição de cores diferentes de sons, um por um, fazendo música como se fosse um pintor”, conta, lembrando que a banda viu um pouco das gravações de Dixie chicken (1973), disco da banda de folk rock Little Feat. Haruomi, por sinal, nasceu dois anos após o fim da Segunda Guerra Mundial e, no período de reconstrução de seu país, pegou muitas influências ocidentais. Sua música deve muito a filmes clássicos feitos em Hollywood.
“Viver dentro da sociedade é a realidade para nós, seres humanos. E essa sociedade pode nos inibir. Mas relativamente falando, temos alguma liberdade em nosso tempo pessoal. Ao dirigir um carro, por exemplo, gosto de pensar que ainda temos liberdade para ir a qualquer lugar. Mas os carros não podem atravessar os tempos. Nossos corações, porém, têm a capacidade de voar para a borda do universo. Esse é o mundo da inspiração”, conta.
Cultura Pop
No nosso podcast, Alanis Morissette da pré-história a “Jagged little pill”

Você pensava que o Pop Fantasma Documento, nosso podcast, não ia mais voltar? Olha ele aqui de novo, por três edições especiais no fim de 2025 – e ano que vem estamos de volta de vez. No segundo e penúltimo episódio desse ano, o papo é um dos maiores sucessos dos anos 1990. Sucesso, aliás, é pouco: há uns 30 anos, pra onde quer que você fosse, jamais escaparia de Alanis Morissette e do seu extremamente popular terceiro disco, Jagged little pill (1995).
Peraí, “terceiro” disco? Sim, porque Jagged era só o segundo ato da carreira de Alanis Morissette. E ainda havia uma pré-história dela, em seu país de origem, o Canadá – em que ela fazia um som beeeem diferente do que a consagrou. Bora conferir essa história?
Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch (foto: Capa de Jagged little pill). Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Vinheta de abertura: Renato Vilarouca. Estamos aqui de quinze em quinze dias, às sextas! Apoie a gente em apoia.se/popfantasma.
Ouça a gente preferencialmente no Castbox. Mas estamos também no Mixcloud, no Deezer e no Spotify.
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Cultura Pop
No nosso podcast, Radiohead do começo até “OK computer”

Você pensava que o Pop Fantasma Documento, nosso podcast, não ia mais voltar? Olha ele aqui de novo, por três edições especiais no fim de 2025 – e ano que vem estamos de volta de vez. Para abrir essa pequena série, escolhemos falar de uma banda que definiu muita coisa nos anos 1990 – aliás, pra uma turma enorme, uma banda que definiu tudo na década. Enfim, de técnicas de gravação a relacionamento com o mercado, nada foi o mesmo depois que o Radiohead apareceu.
E hoje a gente recorda tudo que andava rolando pelo caminho de Thom Yorke, Jonny Greenwood, Colin Greenwood, Ed O’Brien e Phil Selway, do comecinho do Radiohead até a era do definidor terceiro disco do quinteto, OK computer (1997).
Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch (foto: reprodução internet). Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Vinheta de abertura: Renato Vilarouca. Estamos aqui de quinze em quinze dias, às sextas! Apoie a gente em apoia.se/popfantasma.
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4 discos
4 discos: Ace Frehley

Dizem por aí que muita gente só vai recordar de Gene Simmons e Paul Stanley, os chefões do Kiss, quando o assunto for negócios e empreendedorismo no rock – ao contrário das recordações musicais trazidas pelo nome de Ace Frehley, primeiro guitarrista do grupo, morto no dia 16 de outubro, aos 74 anos.
Maldade com os criadores de uma das maiores bandas de rock de todos os tempos, claro – mas quando Frehley deixou o grupo em 1982, muita coisa morreu no quarteto mascarado. Paul Daniel Frehley, nome verdadeiro do cara, podia não ser o melhor guitarrista do mundo – mas conseguia ser um dos campeões no mesmo jogo de nomes como Bill Nelson (Be Bop De Luxe), Brian May (Queen) e Mick Ronson (David Bowie). Ou seja: guitarra agressiva e melódica, solos mágicos e sonoridade quase voadora, tão própria do rock pesado quanto da era do glam rock.
Ace não foi apenas o melhor guitarrista da história do Kiss: levando em conta que o grupo de Gene e Paul sempre foi uma empresa muito bem sucedida, o “spaceman” (figura pela qual se tornou conhecido no grupo) sempre foi um funcionário bastante útil, que lutou para se sentir prestigiado em seu trabalho, e que abandonou a banda quando viu suas funções sendo cada vez mais congeladas lá dentro. Deixou pra trás um contrato milionário e levou adiante uma carreira ligada ao hard rock e a uma “onda metaleira” voltada para o começo do heavy metal, com peso obedecendo à melodia, e não o contrário.
Como fazia tempo que não rolava um 4 Discos aqui no Pop Fantasma, agora vai rolar: se for começar por quatro álbuns de Ace, comece por esses quatro.
Texto: Ricardo Schott – Foto: Reprodução
“KISS: ACE FREHLEY” (Casablanca, 1978). Brigas dentro do Kiss fizeram com que Gene, Paul, Ace e o baterista Peter Criss lançassem discos solo padronizados em 1978 – adaptando uma ideia que o trio folk Peter, Paul and Mary havia tido em 1971, quando saíram álbuns solo dos três cujas capas e logotipos faziam referência ao grupo. Ace lembra de ter ouvido uma oferta disfarçada de provocação numa reunião do Kiss, quando ficou definido que cada integrante lançaria um disco solo: “Eles disseram: ‘Ah, Ace, a propósito, se precisar de ajuda com o seu disco, não hesite em nos ligar ‘. No fundo, eu dizia: ‘Não preciso da ajuda deles’”, contou.
Além de dizer um “que se foda” para os patrões, Ace conseguiu fazer o melhor disco da série – um total encontro entre hard rock e glam rock, destacando a mágica de sua guitarra em ótimas faixas autorais como Ozone e What’s on your mind? (essa, uma espécie de versão punk do som do próprio Kiss) além do instrumental Fractured mirror. Foi também o único disco dos quatro a estourar um hit: a regravação de New York Groove, composta por Russ Ballard e gravada originalmente em 1971 pela banda glam britânica Hello. Acompanhando Frehley, entre outros, o futuro batera da banda do programa de David Letterman, Anton Fig, que se tornaria seu parceiro também em…
“FREHLEY’S COMET” (Atlantic/Megaforce, 1987). Seguindo a onda de bandas-com-dono-guitarrista (como Richie Blackmore’s Rainbow e Yngwie Malmsteen’s Rising Force), lá vinha Frehley com seu próprio projeto, co-produzido por ele, pelo lendário técnico de som Eddie Kramer (Jimi Hendrix, Beatles, Led Zeppelin) e Jon Zazula (saudoso fundador da Megaforce). Frehley vinha acompanhado por Fig (bateria), John Regan (baixo, backing vocal) e Tod Howarth (guitarras, backing vocal e voz solo em três faixas).
O resultado se localizou entre o metal, o hard rock e o rock das antigas: Frehley escreveu músicas com o experiente Chip Taylor (Rock soldiers), com o ex-colega de Kiss Eric Carr (Breakout) e com John Regan (o instrumental Fractured too). Howarth contribuiu com Something moved (uma das faixas cantadas pelo guitarrista). Russ Ballard, autor de New York groove, reaparece com Into the night, gravada originalmente pelo autor em 1984 em um disco solo. Típico disco pesado dos anos 1980 feito para escutar no volume máximo.
“TROUBLE WALKING” (Atlantic/Megaforce, 1989). Na prática, Trouble walking foi o segundo disco solo de Ace, já que os dois anteriores saíram com a nomenclatura Frehley’s Comet. A formação era quase a mesma do primeiro álbum da banda de Frehley – a diferença era a presença de Richie Scarlet na guitarra. O som era bem mais repleto de recordações sonoras ligadas ao Kiss do que os álbuns do Comet, em músicas como Shot full of rock, 2 young 2 die e a faixa-título – além da versão de Do ya, do The Move. Peter Criss, baterista da primeira formação do Kiss, participava fazendo backing vocals. Três integrantes do então iniciante Skid Row (Sebastian Bach, Dave Sabo, Rachel Bolan), também.
“10.000 VOLTS” (MNRK, 2024). Acabou sendo o último álbum da vida de Frehley: 10.000 volts trouxe o ex-guitarrista do Kiss atuando até como “diretor criativo” e designer da capa. Ace compôs e produziu tudo ao lado de Steve Brown (Trixter), tocou guitarra em todas as faixas – ao lado de músicos como David Julian e o próprio Brown – e convocou o velho brother Anton Fig para tocar bateria em três faixas. A tradicional faixa instrumental do final era a bela Stratosphere, e o spaceman posou ao lado de extraterrestres no clipe da ótima Walkin’ on the moon. Discão.
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