Cultura Pop
“Me dê seu p (*)”: a disco music pornô de Barbara Markay

Barbara Markay, cantora e musicista de Nova York, não é muito conhecida no Brasil. Ela começou sua carreira estudando música clássica, mas logo partiu para o pop e, digamos, também encarou a mistura de som e encrenca. Nos anos 1970, fez parte de um grupo pop teatral chamado Little Lulu & the Humpers, que teve sucessos x-rated como The vibrator blues.
Antes, também passou por um grupo chamado The Girl Scouts que não era menos polêmico: as meninas se apresentaram na prisão feminina de Ryker’s Island e provocaram um tumulto lá cantando Women in jail com as meninas. Não, não existe esse material no YouTube.
Apesar do começo nos clássicos, Barbara Markay já havia começado a escutar música pop desde cedo e, assim que a onda disco começou a fazer sucesso, ela caiu de vez na música pop. Tanto que aos 19 anos, ainda na faculdade, já havia composto seu primeiro sucesso solo. Cujo nome é It’s all rite to fuck all nite (!). Olha a música aí. Sim, é brega-disco-pornô de qualidade estranha. Saiu em 1979.
Essa é a capa da edição americana do single.

A capacidade de Barbara para compor músicas bizarras com letras e títulos apelativos chamou a atenção de muita gente – o disco foi bastante executado em clubes, virou hit da noite para o dia, mas recebeu narizes torcidos de críticos musicais. Os singles dela foram até citados no livro The world’s worst records: An arcade of audio atrocity, de Darryl W. Bullock (enfim: “Os piores discos do mundo: uma arcada de atrocidades de áudio”).

Antes do single, Barbara tinha investido numa espécie de música de comédia e lançou um disco independente chamado Hot box – também não tem no YouTube. Já trazia uma versão inicial de It’s all rite to fuck all nite, além de atrocidades como Give your flesh to me e Glass ass. Para disfarçar, as músicas eram listadas na contracapa com nomes aleatórios como A soulful song for downtown commmunity e A children’s song (for adults only). Na capa, havia uma frase do NY Daily News explicando que a cantora era “um cruzamento entre Carly Simon e Lenny Bruce”.
E ano que vem, tem uma pérola de Barbara que vai completar quarenta anos. Olha aí Give your dick to me, clássico da cantora lançado em 1980.
Give your dick to me, claro, é a velhusca Give your flesh to me, só que numa versão mais sacana. Barbara cantava versos como “você pode dar suas roupas para a lavanderia/você pode dar seu amor à sua mãe (…)/eu sou melhor que uma máquina/me dê seu pau”. Outra canção que virou hit nas pistas.
No tal livro de Darryl Bullock, Barbara diz que nunca encarou suas músicas (especialmente It’s all rite) como pornográficas. “A única coisa arriscada é que eu usei a palavra ‘fuck’ de maneira bem humorada ao longo da música, e é isso. Foi escrita como música de comédia, não como pornografia. O ponto principal disso era a própria linguagem. Foi isso que foi tão engraçado”, conta. “Já Give your dick to me e o álbum Hot box eram uma comédia arriscada, que nunca teve a intenção de ser algo de sexo-pornô-obscuro-desagradável. O ponto principal é a liberdade de expressão”.
Essa é a capa da edição japonesa do disco.

Depois disso, Barbara resgataria as Girl Scouts para o single funk-disco de 1983 I don’t wanna be a zombie. Ouve que é bem legal.
Depois desses singles todos, Barbara Markay trabalhou com Michael Jackson, Eric Clapton, Carly Simon e até Bruce Willis (!), fazendo de produção a backing vocals. E de 1994 para cá, ela anda investindo numa área que não era, digamos, muito comum em seu trabalho durante os anos 1970 e o começo dos 1980. Em 1985, ela descobriu a meditação e passou a trabalhar com música new age. O som de Barbara passou a ficar desse jeito, como nos discos Shambhala dance (2004) e The great invocation (2005). Ela ainda está compondo e lançando trabalhos novos, e tem até um site bem completinho, com todos os contatos.
Veja também no POP FANTASMA:
– Disco music e hard rock: Boney M leva Iron Butterfly para as pistas
– Exercícios aeróbicos em disco: isso era a dance music na União Soviética
– Interstellar overdrive, do Pink Floyd, em versão disco
Cultura Pop
No nosso podcast, Alanis Morissette da pré-história a “Jagged little pill”

Você pensava que o Pop Fantasma Documento, nosso podcast, não ia mais voltar? Olha ele aqui de novo, por três edições especiais no fim de 2025 – e ano que vem estamos de volta de vez. No segundo e penúltimo episódio desse ano, o papo é um dos maiores sucessos dos anos 1990. Sucesso, aliás, é pouco: há uns 30 anos, pra onde quer que você fosse, jamais escaparia de Alanis Morissette e do seu extremamente popular terceiro disco, Jagged little pill (1995).
Peraí, “terceiro” disco? Sim, porque Jagged era só o segundo ato da carreira de Alanis Morissette. E ainda havia uma pré-história dela, em seu país de origem, o Canadá – em que ela fazia um som beeeem diferente do que a consagrou. Bora conferir essa história?
Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch (foto: Capa de Jagged little pill). Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Vinheta de abertura: Renato Vilarouca. Estamos aqui de quinze em quinze dias, às sextas! Apoie a gente em apoia.se/popfantasma.
Ouça a gente preferencialmente no Castbox. Mas estamos também no Mixcloud, no Deezer e no Spotify.
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Cultura Pop
No nosso podcast, Radiohead do começo até “OK computer”

Você pensava que o Pop Fantasma Documento, nosso podcast, não ia mais voltar? Olha ele aqui de novo, por três edições especiais no fim de 2025 – e ano que vem estamos de volta de vez. Para abrir essa pequena série, escolhemos falar de uma banda que definiu muita coisa nos anos 1990 – aliás, pra uma turma enorme, uma banda que definiu tudo na década. Enfim, de técnicas de gravação a relacionamento com o mercado, nada foi o mesmo depois que o Radiohead apareceu.
E hoje a gente recorda tudo que andava rolando pelo caminho de Thom Yorke, Jonny Greenwood, Colin Greenwood, Ed O’Brien e Phil Selway, do comecinho do Radiohead até a era do definidor terceiro disco do quinteto, OK computer (1997).
Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch (foto: reprodução internet). Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Vinheta de abertura: Renato Vilarouca. Estamos aqui de quinze em quinze dias, às sextas! Apoie a gente em apoia.se/popfantasma.
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4 discos
4 discos: Ace Frehley

Dizem por aí que muita gente só vai recordar de Gene Simmons e Paul Stanley, os chefões do Kiss, quando o assunto for negócios e empreendedorismo no rock – ao contrário das recordações musicais trazidas pelo nome de Ace Frehley, primeiro guitarrista do grupo, morto no dia 16 de outubro, aos 74 anos.
Maldade com os criadores de uma das maiores bandas de rock de todos os tempos, claro – mas quando Frehley deixou o grupo em 1982, muita coisa morreu no quarteto mascarado. Paul Daniel Frehley, nome verdadeiro do cara, podia não ser o melhor guitarrista do mundo – mas conseguia ser um dos campeões no mesmo jogo de nomes como Bill Nelson (Be Bop De Luxe), Brian May (Queen) e Mick Ronson (David Bowie). Ou seja: guitarra agressiva e melódica, solos mágicos e sonoridade quase voadora, tão própria do rock pesado quanto da era do glam rock.
Ace não foi apenas o melhor guitarrista da história do Kiss: levando em conta que o grupo de Gene e Paul sempre foi uma empresa muito bem sucedida, o “spaceman” (figura pela qual se tornou conhecido no grupo) sempre foi um funcionário bastante útil, que lutou para se sentir prestigiado em seu trabalho, e que abandonou a banda quando viu suas funções sendo cada vez mais congeladas lá dentro. Deixou pra trás um contrato milionário e levou adiante uma carreira ligada ao hard rock e a uma “onda metaleira” voltada para o começo do heavy metal, com peso obedecendo à melodia, e não o contrário.
Como fazia tempo que não rolava um 4 Discos aqui no Pop Fantasma, agora vai rolar: se for começar por quatro álbuns de Ace, comece por esses quatro.
Texto: Ricardo Schott – Foto: Reprodução
“KISS: ACE FREHLEY” (Casablanca, 1978). Brigas dentro do Kiss fizeram com que Gene, Paul, Ace e o baterista Peter Criss lançassem discos solo padronizados em 1978 – adaptando uma ideia que o trio folk Peter, Paul and Mary havia tido em 1971, quando saíram álbuns solo dos três cujas capas e logotipos faziam referência ao grupo. Ace lembra de ter ouvido uma oferta disfarçada de provocação numa reunião do Kiss, quando ficou definido que cada integrante lançaria um disco solo: “Eles disseram: ‘Ah, Ace, a propósito, se precisar de ajuda com o seu disco, não hesite em nos ligar ‘. No fundo, eu dizia: ‘Não preciso da ajuda deles’”, contou.
Além de dizer um “que se foda” para os patrões, Ace conseguiu fazer o melhor disco da série – um total encontro entre hard rock e glam rock, destacando a mágica de sua guitarra em ótimas faixas autorais como Ozone e What’s on your mind? (essa, uma espécie de versão punk do som do próprio Kiss) além do instrumental Fractured mirror. Foi também o único disco dos quatro a estourar um hit: a regravação de New York Groove, composta por Russ Ballard e gravada originalmente em 1971 pela banda glam britânica Hello. Acompanhando Frehley, entre outros, o futuro batera da banda do programa de David Letterman, Anton Fig, que se tornaria seu parceiro também em…
“FREHLEY’S COMET” (Atlantic/Megaforce, 1987). Seguindo a onda de bandas-com-dono-guitarrista (como Richie Blackmore’s Rainbow e Yngwie Malmsteen’s Rising Force), lá vinha Frehley com seu próprio projeto, co-produzido por ele, pelo lendário técnico de som Eddie Kramer (Jimi Hendrix, Beatles, Led Zeppelin) e Jon Zazula (saudoso fundador da Megaforce). Frehley vinha acompanhado por Fig (bateria), John Regan (baixo, backing vocal) e Tod Howarth (guitarras, backing vocal e voz solo em três faixas).
O resultado se localizou entre o metal, o hard rock e o rock das antigas: Frehley escreveu músicas com o experiente Chip Taylor (Rock soldiers), com o ex-colega de Kiss Eric Carr (Breakout) e com John Regan (o instrumental Fractured too). Howarth contribuiu com Something moved (uma das faixas cantadas pelo guitarrista). Russ Ballard, autor de New York groove, reaparece com Into the night, gravada originalmente pelo autor em 1984 em um disco solo. Típico disco pesado dos anos 1980 feito para escutar no volume máximo.
“TROUBLE WALKING” (Atlantic/Megaforce, 1989). Na prática, Trouble walking foi o segundo disco solo de Ace, já que os dois anteriores saíram com a nomenclatura Frehley’s Comet. A formação era quase a mesma do primeiro álbum da banda de Frehley – a diferença era a presença de Richie Scarlet na guitarra. O som era bem mais repleto de recordações sonoras ligadas ao Kiss do que os álbuns do Comet, em músicas como Shot full of rock, 2 young 2 die e a faixa-título – além da versão de Do ya, do The Move. Peter Criss, baterista da primeira formação do Kiss, participava fazendo backing vocals. Três integrantes do então iniciante Skid Row (Sebastian Bach, Dave Sabo, Rachel Bolan), também.
“10.000 VOLTS” (MNRK, 2024). Acabou sendo o último álbum da vida de Frehley: 10.000 volts trouxe o ex-guitarrista do Kiss atuando até como “diretor criativo” e designer da capa. Ace compôs e produziu tudo ao lado de Steve Brown (Trixter), tocou guitarra em todas as faixas – ao lado de músicos como David Julian e o próprio Brown – e convocou o velho brother Anton Fig para tocar bateria em três faixas. A tradicional faixa instrumental do final era a bela Stratosphere, e o spaceman posou ao lado de extraterrestres no clipe da ótima Walkin’ on the moon. Discão.
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