Cultura Pop
A mulher que devorou “Roberto Carlos”, o livro

Em 1959, o escritor, jornalista, roteirista e psiquiatra Roberto Freire (1927-2008) lançou uma peça chamada Gente como a gente, na qual uma personagem chamada Gina era fanática pelo ator Marlon Brando. Ela consegue três companhias masculinas, mas sonha com o astro durante todo o tempo. A história de Gina, no entanto, acabou sendo alterada por causa de um compromisso profissional do autor da peça. Em 1968, na qualidade de repórter, Roberto foi cobrir o dia a dia da maior estrela pop nacional: Roberto Carlos.
https://www.youtube.com/watch?v=KWUTJK_RAfM
O futuro autor de livros como Cléo e Daniel, Coiote e Ame e dê vexame fez uma reportagem chamada Este homem procura um caminho, que foi publicada na mitológica revista Realidade em fevereiro daquele ano. Flagrava Roberto Carlos em busca de uma identidade pós-Jovem Guarda, apresentando um programa chamado Todos os jovens do mundo (uma das atrações de curta duração que ele comandou na Record nos anos 1960). O cantor parecia contrariado, inclusive com a própria reportagem (“ele aceitou, mas notei que o fazia contra a vontade”, anotou o escritor).
Freire acompanhou o cantor numa visita à gravadora CBS, onde teve uma demonstração do poder que Roberto já exercia na própria configuração do mercado musical brasileiro. Logo ao chegar, foi procurado por diversos compositores (“alguns bem humildes”, escreveu, acrescentando que Roberto declarara que as gravações rendem um bom dinheiro para todos eles). E ainda recebeu diversas fitas das mãos de Evandro Ribeiro, chefão da gravadora.
O autor flagrou Roberto em busca de um som novo, que nem ele mesmo sabia direito qual era. Papo vai, papo vem, ficou claro que o rei já estava atrás das novidades da soul music. Quando foi defender Canzone per te, de Sergio Endrigo, no Festival de San Remo, na Itália (em fevereiro de 1968), ficou siderado pelo estilo. Numa conversa com o tal grupo de compositores que o procurou nas CBS, Roberto foi categórico e pediu a todos que ouvissem as músicas “dos compositores negros americanos”.
Roberto, visto de perto, era um cara jovem, ativo, meio inseguro, ansioso, mas que sabia do poder que exercia. Num espelho do senhor que, anos depois, mandou recolher uma biografia sua (Roberto Carlos em detalhes, de Paulo Cesar de Araújo), o jovem cantor de É proibido fumar contava do dia em que deu um soco na cara de um sujeito que supostamente folgava com a cara dele no trânsito – mas acabou acertando o rosto de um amigo do fulano, que nada tinha a ver com a história. “Tanto fez que não fosse ele”, afirmou.
Já em 9 de julho de 1971, em capa da revista Bondinho, Freire voltava a vasculhar a vida de seu xará, mas de forma bastante original. Analisou cinco mil cartas de fãs cedidas pelo cantor, de maneira aleatória. “Assim, o que resultou foi um estudo sobre o ídolo e não da pessoa ou do artista Roberto Carlos”, escreveu. “O que se observa nas cartas é que os ídolos, por serem divinizados, são mais do que objetos de admiração. Chega a formar-se em torno deles um esboço de religião. Os fiéis dessa religião são os fãs”, pôs na reportagem.
Um detalhe curioso é que a matéria era ilustrada por selfies do rei. George Love, um dos diretores de arte da publicação, incentivou o cantor a ficar em frente a um espelho e fazer as fotos.
Roberto recebia cartas de fãs que pediam pedaços de roupa, faziam recomendações, diziam para ele não cortar o cabelo. Crianças pediam para ele aparecer no aniversário delas. E fãs mais desesperadas diziam que iriam se matar caso não tivessem um pouco da atenção dele – uma delas reclamava que já tinha escrito cem cartas “e você não acusou o recebimento de nenhuma”. Mais: anos antes dos spams oferecendo oportunidades de trabalho ou parcerias comerciais, o cantor, que já se arriscava nuns empreendimentos off-música, recebia de agropecuários propostas de aumento de renda.
A experiência com Roberto animou o xará escritor a mudar um pouco o texto da peça Gente como a gente e a reescrever o texto em um livro. Agora, Gina seria fanática por Roberto Carlos e viveria relacionamentos amorosos em que tentaria modificar as personalidades dos homens (e transformá-los em algo parecido com o cantor de Amigo). Foi daí que nasceu um romance chamado A mulher que devorou ‘Roberto Carlos’, publicado por uma editora chamada Símbolo em 1980.
Em 1979, Roberto (o Carlos) já havia mandado recolher um livro que contava detalhes (bem) sórdidos sobre sua vida, O rei e eu, escrito pelo seu ex-mordomo Nichollas Mariano. O processo se arrastava pelo ano de 1980. Brincar com o nome do Rei daria pânico em qualquer escritor ou editora. Curiosamente, o cantor não se importou nem um pouco com o livro escrito pelo xará Freire, que ainda fez questão de deixar claro que o Roberto do livro era apenas uma fantasia de Gina – tanto que o nome aparece entre aspas.
Paulo César de Araújo, autor de Roberto Carlos em detalhes, se recorda que Freire, até pela proximidade com o xará, conseguiu liberar o livro sem problemas e que, inicialmente, fez uma sugestão de título que não foi aprovada pelo rei. Roberto Carlos também não teria gostado do nome A mulher que devorou ‘Roberto Carlos’, mas o livro já havia ido para a gráfica. “Acho que o livro não fez muito sucesso. Ele saiu no meio do processo do Nichollas, na época em que o Roberto estava se mudando para a Urca…”, recorda Paulo, que adoraria saber onde estão as cartas que Freire selecionou para a reportagem da Bondinho. “É um material maravilhoso”
Na história, Gina se divide entre ir ao auditório da Record ver Roberto Carlos ao vivo, fantasiar com o cantor enquanto se relaciona com o namorado Luís, fofocar sobre o artista com a amiga Jandira e se envolver em situações (bem) estranhas e perigosas – procure o livro por aí para a gente não dar muito spoiler. No final, Freire colocou as duas reportagens que fez sobre Roberto. Já na introdução, havia pedido aos leitores mais apressadinhos que não lessem as reportagens antes de atravessarem todo o livro.
A história de Freire com a MPB não acabou após a publicação das duas reportagens, já que o escritor foi jurado do Festival Internacional da Canção nos anos 1970. Em 1972, o governo militar mandou destituir o júri do festival após críticas da cantora Nara Leão à situação do país. Freire ficou encarregado de ler um manifesto dos jurados no ar, em pleno festival – na mesma edição que revelou ao Brasil Raul Seixas e Walter Franco. Escondeu-se nos equipamentos do grupo O Terço (“formado por amigos do meu filho”, contou), invadiu o palco e acabou apanhando dos próprios seguranças do FIC.
Depois de A mulher que devorou ‘Roberto Carlos’, Freire fez história na Rede Globo como coautor (ao lado de Wilson Aguiar Filho) de uma novela que é considerada o maior fracasso da emissora: O amor é nosso (1981) era uma novela jovem com Fábio Jr no papel principal (e no tema de abertura), um monte de caras conhecidas no elenco e participação de ninguém menos que… Roberto Carlos, que aparecia na trama dando umas dicas ao personagem de Fábio, um aspirante a cantor. Freire depois faria sucesso com outro livro, o romance Coiote, e se tornaria um dos maiores pensadores anarquistas do Brasil, além de ter sido inaugurador da somaterapia. Mas essa é outra história.
Cultura Pop
Urgente!: E agora sem o Ozzy?

Todo mundo que um dia se sentiu meio estranho e ouviu Ozzy Osbourne na hora certa, foi levado para um universo bem melhor, e para sempre. Tudo começou com uma banda, o Black Sabbath, que já era um verdadeiro errado que deu certo – um ET musical que fazia som pesado quando mal havia o termo “heavy metal” e que falava de terror na ressaca do sonho hippie. E prosseguiu com a lenda de um sujeito que gravou álbuns clássicos como Blizzard of Ozz (1980), Diary of a madman (1981) e No more tears (1991) – eram quase como filmes.
Ozzy pode ser definido como um cara de sorte – e também como um cara que abusou MUITO da sorte, mas pula essa parte. A depender daqueles progressivos anos 1970, não havia muito o que explicasse o futuro de Ozzy Osbourne na música. Em várias entrevistas, Ozzy já disse que não sabia tocar nenhum instrumento quando começou – na verdade nunca nem chegou a aprender a tocar nada. Tinha a seu favor uma baita voz (mesmo não ganhando reconhecimento algum da crítica por isso, Ozzy sempre foi um grande cantor), um baita carisma, ouvido musical e a disposição para encarnar o estranho e o inesperado no palco em todos os shows que fazia.
Imortalizada em livros como a autobiografia Eu sou Ozzy, a história de Ozzy Osbourne é um daqueles momentos em que a realidade pode ser mais desafiadora que a ficção. Afinal, quem poderia imaginar que um garoto da classe trabalhadora britânica se tornaria o que se tornou? Talvez tenha sido até por causa das dificuldades, que também moveram vários futuros rockstars ingleses da época – ou pelo fato de que o rock e a música pop do fim dos anos 1960 ainda eram quase mato, universos a serem desbravados, com poucos parâmetros. Seja como for, se hoje há artistas de rock que se dedicam a discos e a projetos que parecem ter saído da cabeça de algum roteirista bastante criativo, Ozzy teve muita culpa nisso.
Fora as vezes que o vi no palco, estive frente a frente com Ozzy apenas uma vez, numa coletiva de imprensa do Black Sabbath – da qual Tony Iommi não participou, por estar se recuperando de uma cirurgia (havia tido um câncer). Seja lá o que Ozzy pensasse da vida ou de si próprio, me chamou a atenção o clima de quase aconchego da sala de entrevistas (acho que era no hotel Fasano): um lugar pequeno, com ele e Geezer Butler (baixista) bem próximos dos repórteres. Que por sinal não eram inúmeros.
Já havia feito entrevistas internacionais antes mas nunca imaginei estar tão perto de uma lenda do rock que eu ouvia desde os doze anos. Fiz uma pergunta, ele respondeu, e eu, que sempre fiquei nervoso em entrevistas (imagina numa coletiva com o Black Sabbath!) voltei pra casa como se tivesse ido cobrir um buraco que apareceu numa rua no Centro. Não que não tenha me dedicado à pauta, mas era o Ozzy e eu estava… numa tranquilidade inimaginável.
Ozzy também já me deu uma entrevista por e-mail, em 2008, em que reafirmou sua adoração por Max Cavalera, disse que não tinha ideia se a série The Osbournes havia levado seu nome a um novo público, e reclamou da MTV, “que virou uma versão adulta da Nickelodeon”. Também disse que nunca diria nunca a seus então ex-companheiros do Black Sabbath (“nos falamos por telefone e quando as agendas permitem, nos encontramos”).
Nesse papo, Ozzy só se irritou quando fiz uma pergunta que envolvia o Iron Maiden, que tinha passado recentemente pelo Brasil, ou estaria vindo – não lembro mais. “Bom, não sei te responder, pergunta pro Iron Maiden!”, disse, em letras garrafais (todas as respostas foram em caixa alta). Lembro que ri sozinho e fui bater a matéria.
Até hoje só acredito que isso tudo aí aconteceu (e não é nada perto do que uns colegas viveram com Ozzy e o Black Sabbath) porque vi as matérias impressas. Mas acho que antes de tudo, consegui humanizar na minha mente um cara que eu ouvia desde criança. Ozzy era de carne e osso, respondia perguntas, tinha lá seus momentos de irritação e, enfim, mesmo tendo o fim que todo mundo vai ter, viveu bem mais do que muita gente. E mudou vidas.
Texto: Ricardo Schott – Foto: Divulgação
Crítica
Ouvimos: Justin Bieber – “Swag”

RESENHA: Swag, novo disco-surpresa de Justin Bieber, mistura lo-fi, trap e synth pop com vibe indie e desleixo calculado. Musicalmente rico, mas com letras rasas.
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Justin Bieber opera hoje num universo de, vamos dizer assim, venda fácil e compreensão difícil. Ser um cantor branco de r&b significa basicamente que você vai ter que fazer shows, gravar discos e existir no show business, de modo geral, no limite da polêmica. Afinal, tanto r&b quanto rap são áreas de artistas negros, ligadas a um histórico que se estende ao soul, e a vivências pessoais – e o mundo mudou o suficiente para que o mercado quase entenda o peso de certas coisas.
Por quase entenda, leia-se que, na maioria dos casos, tudo pode ser resolvido por uns posts nas redes sociais e uma tour pelos lugares certos, com as pessoas corretas. Mas pra piorar um pouco, nos últimos tempos, Justin andava brotando mais no noticiário de fofoca do que nos cadernos de cultura. As notícias eram sobre cancelamentos de shows, brigas com a mulher Hailey, relacionamentos supostamente mais do que íntimos com o rapper P. Diddy e supostos abusos de substâncias.
E, bom, o que faz um astro como Justin Bieber numa hora dessas? Para calar a boca de uma renca de gente durante um bom tempo, ele simplesmente lança um disco novo do mais absoluto nada – e este disco é Swag, uma epopéia de quase uma hora, com 21 faixas. E antes de mais nada, Swag consegue colocar de vez Justin numa espécie de “espírito do tempo” pop no qual artistas como Taylor Swift, Rihanna, Beyoncé e Miley Cyrus já se encontram há um bom tempo.
Esse tal (hum) zeitgeist significa que tais artistas – seguindo uma linhagem que inclui de Beatles a Marvin Gaye – decidiram se libertar de amarras para fazerem o que bem entendem. Ou seja: discos de protesto, álbuns com design musical troncho, feats que os fãs vão estranhar, projetos com produtores pino-solto, singles com referências que o fã-clube vai ter que buscar no Google, lançamentos com fotos de divulgação distorcidas – ou capas no estilo meu-sobrinho-fez.
De modo geral, são artistas que podem se dar ao luxo de perder alguns fãs, em nome de verem seus álbuns se tornarem (vá lá) pretensos barômetros do nosso tempo, ou pelo menos crônicas pessoais-autoficcionais. Alguns exemplos: Brat, de Charli XCX, trouxe a zoeira da noite de volta. Hit me hard and soft, de Billie Eilish, foi importante na onda de música sáfica. GNX, de Kendick Lamar, explora misérias existenciais e brigas no showbusiness. Vai por aí. Fazer disco com “desencucação” virou, mais do que nunca, coisa de roqueiro – aposto que você se divertiu muito com Cartoon darkness, de Amyl and The Sniffers, e ficou assustado/assustada com as teorias geradas por Brat.
Se a essa altura do meu texto você já está prestes a desistir de ler, por eu ainda não ter dito se Swag vale seu tempo precioso, aqui vai: vale, e muito. Justin já vinha de uma tradição de álbuns ligadíssimos na atualidade – o melhor deles é Purpose, de 2015. Swag tem um subtexto de “libertação”, já que Bieber acaba de dar adeus a seu empresário de vários anos, Scooter Braun (um adeus que vai lhe custar mais de 30 milhões de dólares, por sinal). E traz o cantor investindo em climas lo-fi, sons texturizados, vibes derretidas e muita coisa que virou moda de uma hora para a outra.
O G1 disse que Swag é um disco chato. Eu discordo bastante, mas o The Guardian chegou perto da realidade ao dizer que as letras prejudicam o novo álbum – de fato, a poética de Swag tem a profundidade de um pires. Já musicalmente, a diversão é garantida até para quem nunca ouviu nada do cantor. Bieber e sua turma de produtores e parceiros transformam trap e sons lo-fi em pop adulto, em faixas muito bem feitas e bem acabadas, como All I can take, a estilingada Daisies, o bedroom pop Yukon e a viajante Go baby.
O design musical de Swag é minimalista, e boa parte das músicas têm aquele clima de desleixo estudado do indie pop atual. Things you do tem guitarras decalcadas do The Police e silêncios entre vozes e sons, Butterflies é uma gravação quase caseira que vai crescendo, e faixas como First place, Way it is, Sweet spot e Walking away unem synth pop, modernidades, sons derretidos e tentativas de emular Michael Jackson.
Já Dadz love, com o rapper Lil B, evoca Prince, com tecladeira dos anos 1980 e texturas de 2025. A vibe dos Rolling Stones, e das voltas do grupo britânico em torno do soul e do r&b, dáo as caras em Devotion e na vinheta Glory voice memo. Uma curiosidade é o trap da faixa-título, com participações de Cash Cobain e Eddie Benjamin, e um verso proscrito sobre cocaína (“seu corpo não precisa / de nenhuma linha prateada”) que aparentemente só o Spotify transcreveu.
Vale dizer que, tentando tomar de volta o controle da própria narrativa, Justin derrapa feíssimo ao decidir colocar em Swag três diálogos com o comediante negro norte-americano Druski. Num deles, o humorista diz a ele que “sua pele é branca, mas sua alma é negra, Justin” (o cantor só responde um “obrigado” desajeitado) – em outro, o assunto inclui paparazzi e redes sociais. No final, quem ouve o disco inteiro é “premiado” com a estranhíssima presença do cantor gospel Mavin Winans ocupando sozinho a última música – o cântico religioso Forgiveness.
Enfim, é Bieber buscando legitimidade para o autoperdão e para a própria carreira de cantor branco de r&b – e mandando recados de maneira tão desajeitada que Swag, um excelente disco, quase rola escada abaixo. Swag não resolve todas as questões em torno de Justin Bieber – mas quando acerta, lembra que, às vezes, é melhor fazer do que explicar.
Texto: Ricardo Schott
Nota: 8,5
Gravadora: Def Jam
Lançamento: 11 de julho de 2025
Cultura Pop
Urgente!: Nova do Hot Chip, “DVD” do Oasis em Cardiff, The Rapture de volta com turnê

RESUMO: Hot Chip (foto) anuncia coletânea e lança single e clipe. Fã produz vídeo do primeiro show do Oasis em Cardiff só com imagens feitas por fãs. The Rapture anuncia turnê pelos Estados Unidos e Canadá.
Texto: Ricardo Schott – Foto Hot Chip: Louise Mason/Divulgação
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Vai sair pela primeira vez uma coletânea do Hot Chip, Joy in repetition, prevista para 5 de setembro. Vale até a pergunta que muita gente já se fez: qual a importância de coletâneas nessa época de playlists e aplicativos de música com poucas infos? Bom, a importância de uma boa coletânea de hits é enorme, vale por uma setlist bem montada e pode contar uma história. E elas eram as playlist de duas décadas atrás.
No caso de Joy, ela traça o caminho do Hot Chip do tempo dos cachês baixos até a época em que jornais como The Guardian já estavam classificando Alexis Taylor, Joe Goddard, Owen Clarke, Al Doyle e Felix Martin como o maior grupo pop de seu tempo. E entre hits como Ready for the floor, I feel better e Look at where we are, ainda tem uma música nova de altíssimas proporções de grude: Devotion, já lançada em single, que é uma mescla de pop adulto, eletrônica psicodélica e futuro hit de pista, com clipe gravado no Japão.
Taylor rasga seda: Devotion é “uma celebração da devoção a este projeto coletivo”. E ele ainda faz um baita elogio ao colega Joe Goddard: “Penso no Joe como alguém parecido com o Brian Wilson, com uma dedicação enorme em descobrir como criar a música pop mais incrível possível”. Errado não está.
***
Alguém com (felizmente, não estamos julgando) muito tempo livre pegou varias imagens diferentes do primeiro show do Oasis em Cardiff, feitas por fãs da banda, e compilou um (digamos) DVD do show.
O registro tá o mais fiel possivel, apesar das imagens à distância e do som nem sempre maravilhoso – vale como um belo bootleg das antigas. Tem ate o som da fitinha de Fuckin in the bushes na abertura, e a voz do apresentador do show. Detalhe: quem botou o video no ar tentou se livrar de problemas avisando que o video nao é monetizado. Pode ser que não ganhe strike do YouTube. “É de um fã apenas para fãs”, avisa.
***
E ainda Oasis: vale ler o texto de Liv Brandão, fera do jornalismo musical brasileiro recente, sobre como a setlist do show do Oasis não foi apenas uma setlist. Foi uma aula de storytelling daquelas – como numa (olha aí) coletânea daquelas que vinham com textos contextualizando tudo.
“Muito se falou da escolha das canções, que privilegia os dois primeiros álbuns, como se só eles importassem (…). Mas tão especial quanto a seleção das 24 músicas que compõem o set, idêntico nos dois dias, é a ordem em que elas aparecem, montada para contar a história de quando o Oasis foi a maior banda do mundo – justamente na época desses discos – e tudo o que aconteceu desde então”. Leia o restante na newsletter dela
***
Banda importante do dance punk dos anos 2000, The Rapture voltou, mas não há ainda nenhuma novidade a respeito de disco novo – nem de shows no Brasil, já avisamos. Na real, esse grupo novaiorquino já está de volta desde 2019, com o cantor Luke Jenner como único membro fixo, mas não havia retornado de fato. Fizeram alguns shows, mas pararam as atividades por conta da pandemia, e foi só. Dessa vez, o grupo tem uma turnê de verdade pela frente, que começa dia 16 de setembro no mitológico First Avenue, em Minneapolis, e passa por várias cidades dos EUA e Canadá até novembro.
“Anos atrás, quando me afastei da banda, eu precisava de tempo e espaço para reconstruir minha vida”, conta Jenner sobre a volta, sem comentar diretamente sobre as brigas intermináveis que a banda tinha lá por 2014. “Eu precisava consertar meu casamento, estar presente para meu filho e, por fim, trabalhar em mim mesmo. Esta turnê marca um novo capítulo para mim, moldado por tudo o que vivi e aprendi ao longo do caminho. Conquistei tudo o que esperava alcançar através da música e agora posso usá-la para ajudar qualquer pessoa que talvez precise, como eu precisei naquela época”.
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