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Um papo com Lucas Leão sobre vida pós-Beach Combers, estúdio novo e disco solo

Ex-baterista dos Beach Combers e do Fuzzcas, Lucas Leão muda-se em breve para a Serra das Araras, no planalto fluminense. Lá, vem montando devagar o Bambu, um estúdio “caseiro”, que criou ao lado do irmão, o também baterista Zozio Leão. A ideia é abrir o local para amigos que queiram fazer ensaios, gravar coisas, passar um tempo na bucólica região serrana do Rio. O músico já vem usando o local para fazer algumas gravações e vídeos, que estáo em suas redes sociais. Mas tem outro projeto vindo aí, e que já está sendo feito também há bastante tempo, que é o primeiro disco solo do músico, que vai aparecer tocando violão e convidando amigos e colegas guitarristas.
Batemos um papo com Lucas sobre a vida fora do Beach Combers (e sobre o pioneirismo da banda, que começou a fazer shows pelas ruas do Rio e defendeu até o fim a bandeira do “autoral”), disco solo, estúdio e outros assuntos. Lucas vem fazendo gigs como baterista da banda de Marcelo Gross, ex-Cachorro Grande (apresenta-se com ele neste na sexta no Café Muzik, em Juiz de Fora, e sábado no Circo Voador, abrindo para o Barão Vermelho) e também falamos disso.
Como tá sua vida de músico sem os Beach Combers e como ficou depois da pandemia? Você montou um estúdio, não foi?
No finalzinho do ano passado eu cheguei a fazer uma campanha, teve uma galera que fez doações, foi importante para aquela fase inicial, para eu conseguir levantar uma grana para comprar equipamentos… O estúdio está praticamente pronto pra funcionar O que falta agora é eu me mudar pra lá,. Vou pra roça agora! Tô prestes a me mudar e quando eu estiver lá aí sim eu vou conseguir usar o estúdio com toda a energia, fazer os projetos que eu quero. O meu disco mesmo, tô fazendo um disco solo… Comecei a fazer e foi algo que ficou esse ano todo parado.
Como é esse disco que você está fazendo?
É instrumental. Foi uma necessidade minha nesse período todo, juntando umas ideias, uns riffs que fiz no meu violãozinho. Vai ter participação do Edgard Scandurra, do Julico (Baggios). Para cada faixa eu pensei num guitarrista que eu gosto, que eu sou fã, e que eu ahava que se encaixava na vibe do tema. Eu não consegui ainda avançar nas graavações, na minha parte mesmo. Eu gravei todos os violões, mandei pros convidados, eles botaram guitarra em cima. Mas a parte da bateria mesmo, e olha que eu sou baterista (rindo), eu não consegui fazer nada ainda. Estou esperando me mudar para lá para conseguir organizar o estúdio e gravar da maneira que eu quero, naquela atmosfera ali.
Você começou fazendo o disco aqui na sua casa, no Rio?
Não, lá mesmo, junto com meu irmão. O nome é Bambu Estúdios e estou prestes a me mudar para lá, para começar a mexer nisso integralmente. E aí vou botar essas ideias pra fora e receber amigos e bandas amigas pra ensaiar, fazer uma pré-produção de disco, passar um fim de semana relax tocando no meio do mato. A ideia é essa. O estúdio é na Serra das Araras, um pouco ates de Piraí, a uma hora do Rio. Vou conseguir me deslocar facilmente para fazer show, o acesso também é fácil. Vou ficar mais escondido lá, mas sempre que tiver algo para fazer no Rio, eu venho. O estúdio é caseiro, não é nada super comercial, grandioso.
Com o fim dos Beach Combers, como você se reorganizou? Aquela coisa do: “Agora eu sou músico, vivo de música, não tenho mais a minha banda” e tal?
É um baque, né? Eu já vinha de algumas coisas pessoais complicadas e aí veio pandemia, e durante a pandemia minha banda acabou. Foi um turbilhão de coisas ao mesmo tempo. É uma cicatriz que vai ficar para sempre, os Beach Combers foram a minha banda do coração, posso chamar de “a banda de verdade” que eu tive. Porque gig é uma coisa, você faz uma gig ali, outra aqui, nunca deixei de fazer. Mas a banda principal, que eu me dediquei com mais intensidade, foram dez anos de banda… Foram os Beach Combers. A gente decidiu pelo fim das atividades da banda, foi consensual, não teve uma treta…
Melhor assim.
Foi natural, é que nem casamento, um dia a gente viu que não estava mais rolando e a gente decidiu acabar, não estava mais com aquele pique, não estava mais fazendo tanto sentido. Mas mesmo todo mundo tomando essa decisão em comum, eu sinto muito. Foi a banda que eu posso te dizer: “Tive uma banda de verdade”. A gente viajava, passava muito tempo junto…
Eu estava meio perdido, mesmo durante a pandemia o que fiz foi gravar em estúdio coisas por encomenda. Então nao tinha mais essa coisa de “a banda”. Eu não sabia como ia ser a minha retomada, estava inseguro nesse sentido: “Quando eu vou voltar a tocar de verdade, com quem?”. E acabei tendo algumas surpresas boas. Eu segurei o máximo também o que eu pude, o que considerei que dava pra fazer.
Sobre fazer show ao vivo: recebi convites e recusei quando via que a coisa não tinha cuidado (na pandemia). Meu primeiro show presencial foi um convite que pintou pra mim, de um artista novo, Laren. O produtor dele me convidou. Foi muito maneiro de se fazer. Mas eu ainda estou tomando todos os cuidados, estou chatão com essa parada (rindo). Fico de máscara o tempo todo, a maior parte da galera já tá lambendo corrimão. Eu estou nessa retomada mas estou bem devagar ainda e bem cuidadoso.
E em seguida veio o convite do Gross, que foi uma outra surpresa que me deixou muio feliz porque sou fã do cara há muito tempo. Lembro que conheci Cachorro Grande vendo clipe na MTV de Lunático (hit da banda). Me deu um choque, eu era bem moleque e nem sabia muito bem porque eu estava gostando tanto daquilo mas estava gostando. Você se identifica muitas vezes sem nem saber explicar o motivo. Aliás, vai aí um agradecimento especial para Stephanie F, que está produzindo a vinda do Gross para esses lados…
Tenho uma memória bem marcante do Família MTV, que mostrava eles na estrada, de um show para o outro, auela correria. Eu acho que nem tocava ainda na época, estava começando mesmo. Na época não tinha nem essa coisa de rede social, você via pela TV. A MTV era um canal muito maneiro… Lembro que eu via isso e meu olho brilhava: “Quero fazer isso aí também!”
O Gross tem feito os shows num esquema meio Chuck Berry, em cada lugar ele toca com uma banda local. A gente vai fazer Juiz de Fora e Rio, ele vem com um baixista e me convidou para fazer esses shows. Mesmo sendo uma coisa pontual fiquei bem feliz.
Voltando aos Beach Combers, a banda acabou abrindo caminho pra muita gente, para pensar em maneiras diferentes de mostrar o trabalho: “Vou tocar na rua, vou comercializar meu trabalho de outra maneira”. Como você vê isso, de ter aberto possibilidades para tanta gente?
Eu acho que nós, junto com outras bandas também, ajudamos outras. Uma vai vendo a outra e aquilo influencia de alguma forma. No nosso caso, foi isso. Você tem que ter um pouco de cara de pau e fazer acontecer. Não dá para ficar esperando muito não. Ainda mais no Rio de Janeiro. Se você pensar “Rio de Janeiro”, “rock” e “autoral”, é um pacote que dificilmente vai fechar. E eu falo isso até para bandas que estão num patamar maior de publico. O Rio é complicado das coisas acontecerem. Cada um tem um caminho e tem que ir tentando fazer.
Não dá para esperar muita coisa, não, tem que arranjar sua maneira de fazer. Para a gente funcionou bem, a gente conseguiu nesse formato compacto de banda tocar em tudo quanto era tipo de evento. A gente tocava um dia na rua, outro dia no Circo Voador, outro dia num evento privado… Foram muitos caminhos, mas isso veio a partir da rua mesmo.
Você falou do “autoral” e lembrei de quando você estava no Fuzzcas, e a banda participou do SuperStar (batalha de bandas da Rede Globo). O Fabio Jr era um dos jurados e ele sempre falava do “autoral”, que as bandas tinham que tocar material próprio…
Esse negócio do Fabio Jr é engraçado porque foi o que rolou com o Fuzzcas. A gente se destacou no programa por isso, porque a gente foi a única banda naquela edição a tocar material só autoral. Para a gente era o que fazia mais sentido, mas a gente acabou saindo depois de uma disputa com uma banda que tocou uma música do Bob Marley! Cada um escolhe um caminho. Um caminho pode ser mais digerível, mais fácil, e outro não. O Fuzzcas sempre foi uma banda de músicas autorais e a gente queria fazer aquilo mesmo.
Mas autoral sempre foi um pacote difícil de fechar aqui no Rio, ainda mais depois da pandemia. Aliás, depois não, ainda estamos nela… Muitas casas fecharam nesse período e o que já era escasso, complicou. Ou você tem uma casa de grande porte ou tem uma casa pequena, que é pra bandas cover. Basicamente isso.
Como músico, o que o SuperStar representou pra você?
Foi mais uma etapa, mais uma coisa que aconteceu ali no meu caminho, e que foi muito legal. Foi algo tão relevante quanto outras coisas que aconteceram. Eu encarei isso na época dessa forma, lembro que tinha gente que estava chorando pelos corredores quando era eliminado. Foi mais uma oportunidade que apareceu e que foi legal pra caramba: conhecer gente nova, ver como funciona as coisas de perto na televisão… Na época lembro de sair para ir na padaria e as pessoas me reconhecerem. E olha que se você for parar pra pensar, eu sou o baterista, o que menos aparecia. Mas aqueles segundos ali faziam com que as pessoas me reconhecessem na rua.
Teve aquela vez em que o Zak Starkey (filho de Ringo Starr, baterista do Who) viu os Beach Combers tocando na praia e tocou com vocês. Vocês continuaram amigos? Como ficou depois daquilo?
Não temos um contato de eu falar toda hora com ele, mas tivemos contato depois daquilo. Ele é muito maneiro, gentil, receptivo, muito verdadeiro. A gente se encontrou depois num evento dois anos depois daquilo. Fomos fazer um show com o BNegão, e aí eu e o Bernard (Gomma, ex-guitarrista do Beach Combers) descemos pela ladeira, saindo da casa de shows, na Glória. Teve um momento em que o Zak estava chegando para o show de carro, subindo a ladeira. Ele viu a gente descendo a ladeira a pé, deu ré no carro para falar com a gente, para perguntar se estava tudo bem, se a gente tinha conseguido entrar… A gente falou: “Não, tá tudo bem, a gente só vai ali comprar cigarro e já volta”.
Depois a gente trocou ideia no camarim, ele comentou do nosso disco – porque na ocasião em que ele tocou com a gente na praia, dei para ele o primeiro disco, Ninguém segura os Beach Combers. Não tínhamos lançado ainda o Beach attack (segundo disco). Ele disse que adorou, perguntou sobre pedal de guitarra para o Bernar. Foi um encontro… Bom, foi demais, ele realmente curtiu a gente. E foi uma parada recíproca. Ele comentou isso em entrevistas que ele deu para rádio e para TV.
Eu acho que vi tanto aquele vídeo dele tocando na minha bateria que eu até peguei algumas coisas ali dele. Inconscientemente, eu botei algumas coisas que ele faz na minha linguagem também. Foi algo bem improvável de acontecer e foi com um cara que a gente é muito fã também.
E esse disco seu já tem título, nomes das músicas?
Vai se chamar Fragmento. Diria que já está 50% pronto. Achei que ia lançar esse ano, mas o ano passou e não consegui. Eu nem estou mais botando uma previsão, mas pretendo finalizar e lançar até o meio do ano que vem.
E você está tocando violão? Vai tocar outros instrumentos além da bateria?
Só violão mesmo. E bateria. E o baixo eu chamei o Paulo, que foi dos Beach Combers, e guitarra, em cada faixa, tem alguém de quem eu sou fã e com quem eu não havia trabalhado ainda. Tem o Scandurra, o Julico, o Jack Rubens do Mustache E Os Apaches, o Johnny da banda Moondogs… Quero fazer uns arranjos de metais, trompete, trombone, Quero ver ainda quem vai fazer isso. É uma coisa bem despretensiosa, mesmo. Vou fazer por necessidade, para botar para fora. Nunca tinha pensado nisso, mas foi uma necessidade que veio na pandemia.
E essa coisa com o Gross, eu estava pensando aqui que ele mesmo tem muitos paralelos comigo. Às vezes a gente se identifica e nem sabe o motivo. Você vai pesquisando e vai encontrando mais coisas que você se identifica…
Fala mais disso.
Bom, ele também saiu da Cachorro Grande, a banda acabou, Beach Combers acabou… Cada um na sua proporção. Esse disco dele também veio num momento turbulento, pessoal. Eles foram abençoados pelos Rolling Stones, abriram para eles. E a gente foi abençoado pelo Zak Starkey do Who, tem muitos paralelos aí (rindo). O Beach Combers chegou a abrir um show da Cachorro Grande no Circo Voador, mas acho que nem falamos com eles.
Tem uma história engraçada desse show, que a gente abriu. Quando começou o show deles, fiquei vendo o show dos caras, em pé, na pista, quase embaixo daquela parte de cima em que a galera fica sentada de perna para fora. Teve uma hora no meio do show em que o Beto Bruno estava com um copo descartável, acho que de uísque, e jogou para cima, naquela empolgação do show. A visão que eu tenho é do copo em câmera lenta: fiquei olhando mas jamais pensei que fosse cair perto de mim. Só que caiu na minha cabeça e eu tomei um banho! Na hora deu aquela raivinha mas acho que foi um tipo de bênção (rindo).
Notícias
Urgente!: Duas novas de Lucy Dacus. Alanis e Carly Simon juntas em single. Cícero vira astronauta em clipe.

RESUMO: Lucy Dacus lança duas músicas que já vinha tocando em shows, e muda capa de seu álbum mais recente. Alanis Morissette e Carly Simon juntam forças em regravação de Coming around again, hit de Carly, para trilha de filme. Cícero vira astronauta em novo clipe.
Texto: Ricardo Schott – Foto (Lucy Dacus): Divulgação
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No caso do Urgente! de hoje, urge falar do single duplo novo de Lucy Dacus, lançado na sexta-feira passada, antes que vire assunto para o Radar. Bus back to Richmond e More than friends são as duas primeiras faixas novas que ela lança desde o seu álbum mais recente, Forever is a feeling (lançado em março e resenhado pela gente aqui).
As duas são velhas (mais ou menos…) conhecidas dos fãs: Bus já foi feita há alguns anos e volta e meia estava nos setlists de Lucy – More than friends começou a ser apresentada no giro europeu do novo disco. Aliás, elas foram as duas primeiras faixas pensadas para Forever is a feeling, mas com o disco pronto, Lucy achou que não combinavam com o restante do material. A cantora também costumava pedir aos fãs que não fizessem vídeos das músicas.
Bus back to Richmond e More than friends vão na onda de tristeza alegre que marca o som de Lucy – soft rocks com lembranças doloridas de antigas paixões ou de amores que não engatam a marcha. Resta saber se são prenúncio de um álbum novo, ou algo do tipo. Quem quiser adqurir as faixas em formato físico, já pode comprar um single no site dela – os envios só rolam em outubro.
Por sinal, Lucy decidiu mudar a capa de Forever is a feeling nas plataformas digitais – já está mudada, inclusive. A nova imagem apresenta a pintura original feita por Will St. John, mas agora emoldurada e fotografada em um porta-retratos, e guardada numa espécie de depósito. Lucy diz que a ideia original da capa era essa que saiu agora, mas que na época não deu tempo de fazer. A capa e as músicas tão aí embaixo.
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Comparar Carly Simon e Alanis Morissette, duas mulheres que renovaram o soft rock com força, é a mesma coisa que comparar maçãs e bananas só porque são frutas. Carly, entre altos e baixos, tem uma série de álbuns clássicos na discografia – enquanto Alanis, mesmo tendo um catálogo até que cheinho, poderia ficar só com o best seller Jagged little pill (1995). A curiosidade é que as duas agora unem forças numa versão de Coming around again, hit da fase oitentista de Carly, originalmente composta para o filme A difícil arte de amar (1986).
A gravação das duas vai para a trilha de outro filme, O casamento da minha mãe, e ganhou (com produção de Michael Farrell e Victor Indrizzo) um ar meio dream pop, com pianos e bateria acústica, e clima etéreo – nada da onda synthpop do original.
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“É sobre deixar a mente voar e encontrar nesse exercício um lugar de acolhimento e alívio. Nesse exercício de deixar a mente voar, escrevi versos longos que acabaram ganhando uma cadência de rap, o estilo musical que mais tenho ouvido nos últimos anos. Foi natural que ele estivesse presente nesse álbum”, conta Cícero sobre o clipe de Mente voa, música de seu mais novo álbum, Uma onda em pedaços (que resenhamos aqui). No clipe, ele se transforma num astronauta que visita o Rio, ao lado de outra astronautinha, interpretada por Ainê Sunna. A direção é de Lucas Vaz e o roteiro é do próprio Cícero.
Lançamentos
Radar: Bike, Negro Leo, Vivendo do Ócio, Lô Borges e Zeca Baleiro, Esquema Símio, Tiaslovro, Funérea

Nada como a poesia de Lô Borges e Zeca Baleiro, além do clima introspectivo do Tiaslovro, para contrabalançar uma das edições mais ruidosas do Radar nacional do Pop Fantasma. Tem peso no som novo do Bike, no punk gótico do Funérea… até o indie gótico do Vivendo do Ócio e a MPB tropicalista de Negro Leo surgem falando bem alto por aqui. Ouça tudo no último volume para os vizinhos ouvirem.
Texto: Ricardo Schott – Foto (Bike): André Almeida/Divulgação
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BIKE, “SUCURI”. Noise meditations, sexto álbum da banda paulista Bike, sai em setembro, marcando mais um gol da nova psicodelia brasileira. Sucuri, single novo do grupo, investe com força na lisergia jazzística brasileira: a percussão e a bateria são assumidamente inspiradas nos trabalhos dos mestres Dom Um Romão e Robertinho Silva. Já a letra é inspirada na lenda Yube e a Sucuri, da tradição indígena Kaxinawá, que fala sobre um homem que se apaixona por uma mulher sucuri.
Júlio Cavalcante e Diego Xavier, guitarristas do Bike, emulam sons de pássaros com seus instrumentos, enquanto toda a banda dedica-se a um som ruidoso, com experimentações que vão do afropop ao hard rock. Não ouça de fone – é som pra caixas acústicas altas, espaços grandes e horas de sonho.
NEGRO LEO, “BORBOLETINHAS MULTICOLORIDAS”. Com participações de músicos como Marcelo Callado, Domenico Lancellotti e Eduardo Manso, o álbum Água batizada, de Negro Leo, saiu originalmente em agosto de 2016 pelo selo Rock It!. E agora passa a fazer parte do catálogo da gravadora QTV, em todas as plataformas. O samba infantil psicodélico Borboletinhas multicoloridas, aludindo a Jorge Ben, Mutantes e Gilberto Gil, é para escutar no repeat – e dá quase uma trilha do Sítio do Pica-Pau Amarelo (o programa da Globo) aditivada. E Rela, disco novo de Negro Leo, foi resenhado pela gente.
VIVENDO DO ÓCIO feat JADSA, “NÃO TEM NENHUM SEGREDO”. Depois de lançar a dançante Baila comigo (nada a ver com a canção de Rita Lee) ao lado de Paulo Miklos, a banda baiana recebe a conterrânea Jadsa para uma aventura pelo pop adulto eletrônico. Não tem nenhum segredo remete a soul, a psicodelia, a Roberto e Erasmo e a Skank. A música nasceu um sonho do vocalista e guitarrista Jajá Cardoso, que acordou com o refrão na cabeça e correu para gravá-lo no celular – Ronei Jorge, comandante da banda Os Ladrões De Bicicleta, coassina a faixa com ele. E Hasta la Bahia, quinto disco de estúdio do Vivendo Do Ócio, tá vindo aí.
LÔ BORGES E ZECA BALEIRO, “ANTES DO FIM”. Lô e Zeca curtem encontros musicais – descobrir novos parceiros, renovar o som com músicos novos, criar viagens sonoras diferentes. No dia 22 sai Céu de giz, disco novo de Lô, com letras assinadas por Zeca – e os dois dividem os vocais em cinco faixas do álbum, entre elas o single Antes do fim. Zeca, na canção, adere ao clima beatle e clássico das canções de Lô – e o mineiro junta-se à vibe poética, ácida e esperançosa do maranhense. A música já ganhou um lyric video, dirigido por Izabele Pertensen.
ESQUEMA SÍMIO, “BERÇÁRIO”. Essa banda baiana, lançamento da supergravadora indie Trinca de Selos (formada pelas etiquetas Brechó Discos, Bigbross Records e São Rock Discos), faz pós-grunge – mas não espere nada parecido com Foo Fighters ou algo do tipo. O negócio do Esquema Símio é misturar grooves psicodélicos, guitarras repletas de efeitos e letras instigantes – como o protesto de Arquivos mortos e a espiritualidade de Ogum. Berçário, uma das faixas do álbum Homo homini lupus 2 (2025), fala sobre todo o medo e renúncia da maternidade, com climas assumidamente influenciados pelos Smashing Pumpkins de Machina/The machines of god (2000).
TIASLOVRO, “TORRE DO TEMPO”. Tiaslovro é o codinome artístico escolhido pelo músico e diretor cinematográfico Matias Lovro. O EP de estreia Portos do Reino sai em breve, e Torre do tempo adianta os trabalhos. Um folk imagético, com referências assumidas de Fleet Foxes e Leonard Cohen, mas com algo bem próximo do som de cantores como Tim Buckley (o pai do Jeff). Tiaslovro diz que, na canção, o violão chega a expressar mais do que as palavras – e que a música revela que ele curte criar mundos e deixar o/a ouvinte completar as lacunas.
FUNÉREA, “CAROLINA”. Lançada pelo selo Downstage, a faixa nova da banda de Lucas Carmo (voz, guitarra), Pedro Lanches (baixo, voz), Lucas Santos (bateria) e Vitor Martins (guitarra) é punk com vibe emo, e certo clima gótico dado pela letra e por detalhes da melodia – por sinal, desde o começo, a banda paulistana é tida como “punk demais pro emo, emo demais pro punk”. Pedro Lanches, baixista do grupo, já apareceu com seu trabalho solo num outro Radar aqui no Pop Fantasma.
Lançamentos
Radar: Suede, Tombstones In Their Eyes, Ani Glass, Aimée e Mediopicky – e mais!

O Suede abre o Radar internacional de hoje com seu extremamente imperdível single novo, Dancing with the europeans – que só aumenta a vontade de conferir logo o próximo álbum, em breve nas plataformas. Tem uma galera bem experiente hoje por aqui (David Byrne, Jeff Tweedy), mas a ideia é jamais deixar de lado a turma que ainda está em busca de fãs e audições. Também fizemos questão de mostrar que pop, rock, música eletrônica e experimentações musicais andam se encontrando bastante. Ouça tudo no último volume.
Texto: Ricardo Schott – Foto (Suede): Reprodução YouTube
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SUEDE, “DANCING WITH THE EUROPEANS”. Após Disintegrate e Trance state, Dancing… é o terceiro single a anunciar o próximo disco da banda britânica Suede, Antidepressants, a sair dia 5 de setembro. O som lembra ligeiramente a fase Love, do The Cult (1985), com guitarras sempre presentes e ruidosas. Brett Anderson, cantor da banda, avisa que se trata de uma canção bastante otimista, que trouxe paz a ele durante um show do Suede na Espanha, exatamente na gravação do novo disco, “quando eu estava passando por um momento ruim e, pessoalmente, em baixa”, diz. O show acabou sendo ótimo, e a frase “dançar com os europeus” faz referência a buscar conexão com outras pessoas.
TOMBSTONES IN THEIR EYES, “I AM COLD”. Criada pelo músico John Treanor, essa banda de Los Angeles vem com pose de veterana e histórias para contar: gravam desde 2015 e, no single novo, I am cold, ressurgem com aquilo que chamam de “sessão de terapia cósmica”, já que a faixa nova tem barulho, psicodelia e sons em meio ao eco. I am cold encerra a jornada do álbum mais recente do Tombstones In Their Eyes, Asylum harbour, lançado no ano passado, e que teve produção de Paul Roessler (Josie Cotton, Nina Hagen, Hayley and the Crushers). E ganha um clipe tão viajante quanto a própria faixa.
ANI GLASS, “PHANTASMAGORIA”. Clima fantasmagórico não apenas em som como em imagem, é o que aguarda todo mundo no clipe dessa faixa, uma canção eletrônica, viajante e espectral que abre o lançamento do novo álbum de Ani, também chamado Phantasmagoria, e que sai em setembro. Ani é galesa, canta em galês e inglês, e decidiu fazer de seu próximo disco um lançamento conceitual sobre as questões de vida ou morte que ela vivenciou recentemente, quando foi diagnosticada com um raro tumor cerebral benigno.
AIMÉE E MEDIOPICKY, “AMIGO”. Um verdadeiro bate-estaca sonoro aguarda quem for escutar o novo single da cantora e do produtor dominicano. Definido como hyperpop pelo release, Amigo está mais para um gabber (aquela mescla de música eletrônica e hardcore), cujo peso e intermitência são quebrados pelos vocais doces de Aimée. O EP Amigo ainda tem Amigo punk – nada a ver com a canção da banda gaúcha Graforréia Xilarmônica, trata-se de uma releitura eletropunk da faixa-título. A terceira, Viejo amigo, é um merengue que mais parece um frevo, acelerado e psicodélico.
JEFF TWEEDY, “ENOUGH”. Vai ser fã de Tweedy assim lá no mato: o cantor do Wilco volta à carreira solo no dia 26 de setembro com o disco triplo (!) Twilight override. São trinta faixas novas, e vale dizer que isso não é nem metade do que ele anda fazendo – ele diz em entrevistas que compõe uma canção por dia. Enough, um dos quatro singles já liberados do disco, é um rock vintage que poderia estar no All things must pass, disco triplo de George Harrison (1970). Ou não?
DAVID BYRNE, “SHE EXPLAINS THINGS TO ME”. Fofa, ensolarada e com um clima que remente tanto ao folk quanto a Brian Wilson: a música nova de David Byrne tem também muito de Beatles e do próprio Talking Heads. E também é protesto puro: a letra é inspirada no livro Men explain things to me, de Rebecca Solnit, e fala sobre mansplaining – ou seja: o fato dos homens se acharem no direito de estarem sempre explicando coisas às mulheres, deslegitimando suas ideias e pontos de vista. Who is the sky?, próximo disco solo de Byrne, sai pela Matador no dia 5 de setembro.
NUUNNS, “INSTITUTION”. Banda de pós-punk e sons trevosos de Los Angeles, o Nuunns fala sobre loucura e afastamento da sociedade em seu novo single – cujo clipe, vale avisar, pode dar gatilhos em muita gente, embora valha MUITO a pena ser visto, até pelas questões que levanta. O som tem vibes motorik na bateria e uma pegada bem dark nos teclados, nas guitarras e nos vocais. Eles já estiveram aqui no Radar com um outro single, Self esteem.
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