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Marcelo Gross fala sobre volta aos palcos, disco novo e… Beatles

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Marcelo Gross fala sobre volta aos palcos, disco novo e... Beatles

Marcelo Gross, ex-guitarrista da banda gaúcha Cachorro Grande, mal pode acreditar que o momento de fazer shows de seu terceiro disco solo, Tempo louco, já chegou. O disco saiu no meio do ano e, por causa da pandemia e do fechamento de espaços, foi divulgado apenas em lives. Dessa vez, Juiz de Fora (MG) (nesta sexta, no Cafe Muzik) e Rio de Janeiro (sábado, no Circo Voador, abrindo para o Barão Vermelho) vão conhecer o novo som do músico, além das canções dos discos anteriores, Use o assento para flutuar (2013) e Chumbo & pluma (2017). Gross vem acompanhado de Eduardo Barretto (baixo, backing vocals) e Lucas Leão (ex-Beach Combers, bateria).

Batemos um papo com Gross sobre disco novo, show no Circo Voador (ok, puxamos um pouco a brasa aqui para o Rio), sobre o retorno rápido da Cachorro Grande para um único show comemorativo em março de 2022, e sobre como foi para ele, beatlemaníaco desde cedo, assistir à série Get back, dos Beatles, no canal Disney +.

Como está sua expectativa para esse show no Rio, que vai ser abrindo para o Barão Vermelho?

Tá sendo uma honra ser convidado pelo Barão, uma das maiores bandas do rock nacional, para tocar na casa deles que é o Circo Voador. Toquei várias vezes no Circo com minha antiga banda, que é a Cachorro Grande, mas com meu trabalho solo é a primeira vez que eu toco lá. A Cachorro Grande inclusive gravou um DVD no Circo Voador uma vez. A expectativa é muito grande porque tocar na casa do Barão, com o Circo lotado, apresentar meu repertório solo pra galera, músicas do disco novo… Além de ser uma imensa honra é muito importante pra minha carreira nessa fase de retomada e de recomeço da minha carreira também.

Ainda mais nesse período dos shows voltando…

Pois é. Apesar de eu ter três discos já, o Tempo louco foi o primeiro que eu lancei após o fim da minha antiga banda. Então vai ser uma coisa muito legal.

Como tá sendo essa volta aos shows?

É um momento que a gente esperou durante muito tempo. Agora com os leitos nos hospitais diminuindo, a maior parte da população sendo vacinada, a gente se sente mais seguro e tranquilo para ir lá e exercer nosso trabalho. Estou passando um período no Rio Grande do Sul, então os shows retomaram faz algum tempinho.

Quando foi decretada a pandemia, como você se sentiu?

Eu tava com um disco em andamento, eu estava gravando o Tempo louco. Vim aqui pro Rio Grande do Sul fazer alguns shows e como a gente não sabia direito o que estava acontecendo acabei ficando por aqui. Eu estava vivendo em São Paulo, depois passou um ano e não tinha vacina ainda, a coisa estava meio indefinida. Acabei juntando minhas coisas e vim para cá ficar perto da família. Passou mais um ano e nesse período, no tempo em que eu podia, fui finalizando o álbum novo e lançando alguns singles virtuais, e trabalhando virtualmente. Fui fazendo algumas lives de casa, tinha uma live diária que se chamava Love live. Era uma época em que todo mundo estava em casa, então era o canal que eu tinha para me comunicar com quem aprecia meu trabalho.

Foi bacana tanto para mim quanto para quem estava assistindo, porque a gente meio que se fazia companhia. Era uma desculpa para abrir uma cerveja em casa e dar umas risadas. Isso manteve a sanidade mental, já que não tinha trabalho, não dava para sair para tocar. Isso faz parte da nossa vida, a gente precisa daquela endorfina que os shows nos proporcionam. Com certeza isso tudo demorou mais tempo do que a gente gostaria. Enfim, chegou esse momento que a gente esperava, com as pessoas sendo vacinadas e as restrições sendo mais brandas.

Como você foi percebendo que queria ter um trabalho solo e como foi amadurecendo essa ideia?

Ela veio de uma necessidade artística, já que na minha banda eu não tinha mais autonomia para escolher as canções que iam no disco nem as minhas canções que iam entrar no disco da banda. A graça de participar de uma banda é participar de tudo: da capa, do repertório, de todo o processo artístico. Daí como eu tinha muitas canções que estavam meio que sobrando não podia deixá-las na gaveta.

Então em 2013 resolvi gravar o Use o assento para flutuar. Eram canções que não iriam ser aproveitadas pela minha banda, então como eu escrevo bastante e como eu não queria deixar essas canções na gaveta foi o motivo pelo qual precisei, por necessidade artística, botá-las para fora de alguma forma.

Você ainda estava na banda. Como foi planejar essa carreira, já que acabam sendo duas carreiras, uma na banda e uma solo?

Basicamente enquanto eu estava na banda, minha carreira solo era uma carreira paralela. Mas também não foi uma coisa muito planejada. Como eu tinha as canções eu montei um power trio, gravei um disco, tinha canções que se acumulavam mais ainda que não entravam no disco da Cachorro, dai gravei um disco duplo, Chumbo & pluma, em 2017. E nos intervalos dos shows da banda eu fazia os meus shows e tocava esse repertório sempre num clima bem diferente do que a banda vinha fazendo.

O Chumbo & pluma tem um disco que é só acústico, numa época em que a Cachorro Grande tava fazendo uma mistura de rock eletrônico com rock’n roll. Meu primeiro disco é rock´n roll puro numa época em que a Cachorro Grande estava fazendo uma outra coisa. Eu estava conseguindo conciliar bem as duas coisas.

Mas com o fim da banda eu pisei no acelerador. Só que bem quando eu ia me dedicar totalmente à carreira solo, rolou essa pandemia! E meu disco Tempo louco eu tinha começado a gravar pouco antes da pandemia, daí eu fui finalizando as canções e fui lançando singles, até que esse ano eu consegui finalizar o álbum completo e lancei ele em julho.

Te soou meio premonitório quando você estava finalizando um disco chamado Tempo louco e realmente veio um tempo louco, com a pandemia?

O nome já era de antes porque tem uma canção que se chama Tempo louco. Ele refletia uma fase meio difícil que eu vivi na minha vida pessoal, eu perdi parentes e amigos muito próximos: meu pai, minha ex-namorada. Eu estava vivendo um tempo difícil e teve minha saídas conturbada da Cachorro Grande. As letras falam disso e de superar esse tempo difícil.

Mas eu sabia que o tempo ia ficar mais louco ainda. As pessoas acabaram se identificando com o que eu tava falando ali porque todo mundo estava vivendo um tempo louco, de perder entes queridos, perder emprego, igual o que eu passei quando estava escrevendo essas canções. Se foi premeditado foi sem querer (rindo).

Você falou de ter muitas músicas acumuladas. Ouvindo seu trabalho, me lembrei muito do George Harrison. É uma influência pra você? Você também se identificou com isso de ele ter muita coisa acumulada nos Beatles, a ponto de lançar um disco triplo?

Eu era um dos principais compositores da Cachorro Grande. Teve um momento em que eu senti que para botar uma canção no repertório era uma confusão tão grande que eu resolvi fazer por conta própria. O Harrison é uma influência não apenas nos Beatles como fora deles também, assim como os trabalhos solo do John Lennon e do Paul McCartney. E até do Ringo, tenho a coleção inteira dos discos do Ringo.

O George teve esse problema também… até no documentário Get back tem uma conversa dele com John Lennon, em que ele diz: “Não sei o que fazer, tenho vinte músicas, se for botar sempre duas músicas por disco vou demorar dez anos até usar essas canções que eu tenho hoje em dia, então é melhor eu fazer um disco”. John Lennon até fala: “Ah, também acho legal tu fazer um disco, e a gente continua com essa coisa dos Beatles”. Então foi mais ou menos o que eu fiz. Eu tive aquela necessidade artística de botar aquilo tudo para fora e continuei com a banda, e tendo minha carreira como trabalho paralelo, e estava funcionando.

Ia mesmo perguntar se você viu o Get back e o que achou.

Então, Ricardo, eu espero por este filme desde os meus 13 anos de idade. Como tu deve desconfiar eu sou um beatlemaníaco, e então aqui em Porto Alegre eu assistia, passava na TV o Let it be. Eu tinha dez anos de idade, já tinha todos os discos dos Beatles. Eu e meus amigos gravávamos aquilo num gravador de fita K7 para ter umas versões diferentes das canções. Eu sempre soube que tinha um tesouro escondido ali, que se pegasse todas aquelas imagens das câmeras… Eu tinha vários discos bootleg, piratas, com aquelas gravações. Tem uma coleção bem interessante com tudo que foi gravado em janeiro de 1969.

Resumindo: eu espero esse documentário há muito tempo e eu estou extasiado com o documentário, com o que o Peter Jackson fez com o material. Achei muito bom não ter sido só cem minutos no cinema como tinha sido planejado. Foi uma série de três capítulos… e por mim teria mais oito horas daquilo tudo porque tem muita coisa. Achei fantástico. Era o que eu já esperava desse material.

Teve alguma cena que te emocionou mais?

Eu chorei em vários momentos, tanto que eu procurei assistir sozinho. Ficava às cinco da manhã esperando saírem capítulos novos, eram coisas que eu estava esperando desde os 13 anos. A hora em que o Paul do nada aparece com Get back é muito emocionante, a hora em que eles se abraçam no fim do episódio 1 depois que o Harrison sai é muito tocante também. No episódio 2 quando o Harrison volta. Quando eles vão pro estúdio da Apple também… Eu esperava que tivessem mais sessões das canções inteiras dentro do estúdio da Apple, já que elas estão gravadas ali com os gravadores de rolo e tudo. Tem todas as gravações desse período em áudio. Mas não dá para reclamar também! E com certeza aquela hora do show do telhado, que eles quase não vão, no dia do show eles ainda estavam indecisos sobre subir ali ou não…

Aquela coisa da multicâmera é uma coisa que eu sempre sonhei,. sabe? Em ver todos os ângulos dos show deles. A única crítica que eu tenho é que os dois dias mais importantes foram o show no telhado e o dia posterior que eles foram lá embaixo para concluir as canções acústicas. E no documentário do Peter Jackson o dia 31 ficou relegado aos créditos finais. Apesar de ter muita música ali que tá inteira no filme Let it be, esse dia merecia uma atenção um pouco mais especial, porque eles estavam ali já preparados para fazer a filmagem e tocar as músicas direitinho. Mas acredito que num eventual lançamento em DVD e Blu-Ray vá ter mais coisas, especialmente desse último dia que não foi muito bem coberto pelo documentário que está na Disney +.

Ano que vem vai haver aquele único show da Cachorro Grande. Como tá sua expectativa?

Vai ser bacana. Vai ser só um show, acho que vai ser legal porque vai ser o aniversário de 250 anos de Porto Alegre e para mim é como voltar para casa, porque eu fundei a banda junto com o Beto Bruno. A gente tá muito feliz com essa expectativa, vai ser um lugar muito clássico de Porto Alegre, no dia do aniversario da cidade. Tô muito feliz de sentir aquela velha sensação de novo ao lado dos meus velhos companheiros de guerra (rindo).

Me parece que quando você saiu o clima ficou bom de qualquer jeito entre vocês… Vocês continuaram amigos?

Eu acho que logo depois da saída… Lógico, foi uma saída conturbada, teve um período de não se falar muito, quebrou uma coisa especial que a gente tinha com minha saída. A gente continuou se falando sim, tanto que logo em seguida a banda resolveu encerrar atividades e eu voltei pra fazer os shows de despedida em 2019. A gente ficou vinte anos grudados, precisava desse detox uns dos outros para se orientar na vida.

Mas a gente tem o grupo de WhatsApp da Cachorro, se fala todo dia, se liga de madrugada para falar de Beatles, falar besteira, contar piada. Quando rolou esse convite para fazer esse show tava todo mundo de boa. Foi o momento em que depois da pandemia a gente precisava disso, de sentir aquela velha sensação. Tem tanta gente que gosta da banda, acho que vai ser bonito trazer alegria para as pessoas que gostam da gente.

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Urgente!: E o Oasis e o Black Sabbath, hein?

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Urgente!: E o Oasis e o Black Sabbath, hein?

Oasis e Black Sabbath, à primeira vista, parecem separados por um oceano. A banda dos Gallagher fez uma mistura eficiente de épocas do rock, mas não parece ter entre suas referências o monolito sonoro da banda de Ozzy Osbourne, Tony Iommi, Geezer Butler e Bill Ward.

(e claro que você já sabe que eu só escrevi esse texto porque o Oasis voltou nesta sexta para um show em Cardiff, no País de Gales – enquanto o Black Sabbath despede-se de seus fãs em sua terra natal, Birmingham, hoje, sábado, com direito à transmissão pela internet)

Uma ouvida mais de perto, e uma atenção dedicada às letras, mostra que nao é bem assim. O Oasis sempre foi, na verdade, o extremo oposto dos seus rivais do Blur – que são grandes contadores de histórias, têm referências do lado teatral de Who e Kinks, e têm um vocalista, Damon Albarn, que fez faculdade e precisou optar entre fazer música ou prosseguir na carreira teatral. Do Black Sabbath, o Oasis não tem o mesmo peso, nem a paixão por temas ocultistas. Mas as duas bandas partilham um compromisso assumido com a revolta.

  • No nosso podcast, Oasis da pré-história ao começo da oasismania
  • Ouvimos: Oasis – Definitely maybe – 30th anniversary

Pois é: se você achou que o principal do Black Sabbath era falar do coisa-ruim em suas músicas, se enganou. Quem fazia propaganda dos serviços do cramulhão era o Venom. Ozzy, Geezer, Tony e Bill são uns ingleses cascudos que mal tinham escolaridade, mal sabiam o que iam fazer da vida, e que perceberam que aquela história de “paz e amor” só tinha dado em bandas terminando, brigas de ego, gente importante morrendo, gente chamando Jesus de Genésio, e pior ainda, uma renca de paspalhos achando que Charles Manson era guru de alguma coisa.

Black Sabbath, a música, era um aviso de que as coisas estavam ficando bastante perigosas. N.I.B. era um conto de amor em que uma pessoa é cortejada por Lúcifer. Paranoid, a canção, só ganhou esse nome porque o autor da letra, Geezer Butler, não conhecia a palavra “depressivo”, que era o que ele realmente queria dizer. Músicas como Sabbath bloody sabbath e A national acrobat são pequenas crônicas sobre gente que tenta descobrir sentido na vida após conhecer os lados mais sombrios da existência. Por aí.

O Oasis, apesar de muitas vezes isso nem ficar tão claro nas letras deles, vem da mesma socialização, da mesma inadequação. Liam e Noel tiveram a estrutura familiar que lhes foi possível – a saber: um pai abusivo que espancava os filhos, uma mãe que não se separava do marido porque não teria como criar os rebentos sozinha, e uma vizinhança em Manchester cheia de botecos cospe-grosso e casas de aposta (lugares frequentados pelo pai). Liam começou a sonhar em estar num palco quando viu um show dos Stone Roses, a maior banda do fim dos anos 1980, vizinhos deles. Noel passou por uma fase rápida em que, inspirado pelo cenário da acid house, quis fazer música eletrônica.

  • Blur entre 1993 e 1997 na volta do nosso podcast
  • No nosso podcast, Stone Roses na fase inicial e na pré-história

Com o Oasis formatado, a conversa olho no olho com o ouvinte foi estabelecida de cara – Live forever bate fundo na desesperança do jovem britânico da época, com versos como “talvez eu só não acredite / talvez você seja igual a mim / nós vemos coisas que eles nunca verão”. Eles podem ser várias pessoas – mas quem ouve completa o discurso achando que eles são tudo aquilo contra o qual vale a pena lutar. Eles não, completamos nós.

Mais: Cigarrettes and alcohol diz que “vale a pena o incômodo de encontrar um emprego quando não há nada pelo que valha a pena trabalhar?”. Roll with me é quase tão aconselhativa quanto A national acrobat, do Black Sabbath: o personagem da letra “se perdeu por dentro” e diz que “você tem que seguir em frente / você tem que ter calma / você tem que dizer o que diz / não deixe ninguém ficar no seu caminho”.

Que esse final de semana é histórico para qualquer fã de rock, não resta a menor dúvida. Afinal, é Oasis voltando (em tese) e Black Sabbath terminando (igualmente em tese). Mas não apenas isso: a trilha sonora de várias batalhas pessoais eternas – inclusive de batalhas entre integrantes das duas bandas, mas pula essa parte – surge em dois palcos diferentes, a alguns quilômetros de distância um do outro, com algumas horas de diferença. Em altíssimo volume.

Texto: Ricardo Schott

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Livros

Urgente!: A música de 1985 virou livro! (e eu tô nele)

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Urgente!: A música de 1985 virou livro! (e eu tô nele)

E aí, por onde andava você em 1985?

Eu nasci em novembro de 1974 – daí passei quase o ano todo com a idade que completei em 1984 (dez anos), andando de bicicleta, ouvindo rádio, lendo revista em quadrinhos, tomando pau em matemática, detestando a escola e meio irritado porque ninguém tinha topado me levar no Rock In Rio. Foi um ano bem fervilhante: por mais que não desse para engolir aquela papagaiada de “Nova República”, havia um clima de novidade no ar.

Se politicamente o Brasil inteiro acabou ficando igual a cachorro que caiu do caminhão de mudança, culturalmente foi uma maravilha: uma repassada na lista de álbuns nacionais lançados em 1985 anima qualquer pessoa. Você poderia começar o ano indo a uma loja comprar a estreia da Legião Urbana (lançada no vácuo do Rock In Rio sem muito alarde, acredite) e se informar, inicialmente pela revista SomTrês, e a partir de agosto pela Bizz, sobre o que estava para chegar às prateleiras.

E era muita coisa: Língua de Trapo, Ira!, Garotos Podres, Nana Caymmi, Sergio Ricardo… Tudo bem que estamos falando de 1985 e (eu lembro bem) os gostos musicais eram bastante compartimentados. Os fãs de MPB, geralmente mais velhos, raramente compartilhavam o gosto musical dos filhos e sobrinhos adolescentes, que estavam mais ligados a uma outra sigla: RPM. Passados 40 anos, a impressão é que gigantes caminhavam sobre a Terra, mesmo evitando se cruzar. Detalhe: a música girava em torno de vinil e fita – e todo mundo reclamava dos LPs e sonhava com os CDs.

Se em 1985 você já tomava cerveja Malt 90, ou estava na quinta série, ou seus pais sequer haviam se conhecido, pouco importa – importa é que um dos anos mais variados da música popular brasileira vai virar livro. 1985 – O ano que repaginou a música brasileira, organizado por Célio Albuquerque, já está em pré-venda no site da editora Garota FM Books, criada pela jornalista-escritora-multitarefa Chris Fuscaldo.

São 85 textos sobre 85 discos da época, escritos por uma turma que inclui – olha só – até artistas falando sobre seus discos e os de seus colegas: Guilherme Arantes escreveu sobre seu clássico Despertar (o do sucesso Cheia de charme), Leoni analisou a estreia solo de Cazuza (a de Exagerado, por sinal uma música de Cazuza, Leoni e Ezequiel Neves), Leo Jaime dissecou seu próprio Sessão da tarde, Marcos Sabino lembrou as histórias de seu Simples situation. Luiz Thunderbird, músico, comunicador e VJ, escolheu falar de Mais podres do que nunca, dos Garotos Podres.

Uma turma enorme de jornalistas e escritores, claro, está lá para dissecar obras da época: Mauro Ferreira falou de Bem bom (Gal Costa), Lorena Calábria escreveu sobre O adeus de Fellini (Fellini), José Teles encarou Sanfoneiro macho (Luiz Gonzaga), Silvio Essinger pegou Como é bom ser punk (Língua de Trapo). Kamille Viola escreve sobre Criações e recriações (Martinho da Vila), Chris Fuscaldo vai de De gosto, de água e de amigos (Zé Ramalho), Marcelo Costa fala sobre o disco epônimo que Tim Maia lançou naquele ano (o do hit Leva), Carlos Eduardo Lima volta a Educação sentimental (Kid Abelha e Os Abóboras Selvagens), Daniella Zupo lembrou o álbum de 1985 de Tunai (do hit Sintonia). A lista tá aqui (você compra o livro neste link também).

Eu estou no livro também, falando, de certa forma, sobre mim mesmo, já que Mudança de comportamento, estreia do Ira!, é um dos discos da minha vida, e foi o disco do qual escolhi falar no livro. Mas fique tranquilo/tranquila que me deixei de lado e falei apenas do disco, da banda, e das histórias de um dos grupos mais aguerridos do rock brasileiro.

Então, bora lá: 1985 chega às livrarias ainda no segundo semestre de 2025, a tempo de soprar as 40 velinhas do bolo. Só não vai dar pra cantar Envelheço na cidade, do Ira!, na hora do parabéns – porque aí só se rolar um livro para 1986…

Texto: Ricardo Schott – Foto: Capa do livro

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Lançamentos

Radar: Wet Leg, Fuzz Lightyear, OMNI, The Captains Syndrome, Isabella Lovestory, Mariah Carey

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Radar: Wet Leg, Fuzz Lightyear, OMNI, The Captains Syndrome, Escape With Romeo, Isabella Lovestory, Mariah Carey

Um negócio que sempre passa pela nossa cabeça quando estamos fazendo o Radar: vale falar de gente que não precisa tanto assim de divulgação? E repetir artista no Radar, vale? As duas coisas valem, sim. E por causa de dois aspectos: 1) queremos acompanhar tudo o que está rolando na música; 2) queremos acompanhar o que uma turma da qual gostamos vem fazendo. E a luta aqui é para quem tenha sempre espaço pra geral. Dito isto, estamos na espera pelo novo álbum do Wet Leg, e estamos tanto de olho nos passos de Mariah Carey quanto nos movimentos do Fuzz Lightyear, uma banda do barulho. Ouça em alto volume!

Texto: Ricardo Schott – Foto Wet Leg: Alice Backham/Divulgação

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WET LEG, “DAVINA MCCALL”. Sabe o que é que vai sair na semana que vem (sexta, dia 11)? O esperadíssimo disco novo do Wet Leg, Moisturized – que a julgar pelos singles já lançados, e pelo clima zoeiro dos clipes, vai meter o pé na porta. Davina McCall, single novo, é loucura do começo ao fim: um doce soft rock que fala sobre amor incondicional e devotado, em que a personagem promete ser “a Davina” do seu amor, e depois avisa que será a “Shakira” da tal pessoa. Eita.

Honestamente, não sacamos lá muito bem o porquê da referência à Davina McCall – apresentadora veterana da TV britânica, conhecida por comandar realities como Big Brother, The Biggest Loser e The Masked Singer. A própria banda disse que terminar a música foi como “resolver um mistério” (qual, exatamente, ninguém sabe). E falando em mistério, o clipe entra na mesma vibe: o Wet Leg aparece em versão bonecos de argila e sai em uma perseguição maluca, a bordo de um conversível (no maior estilo do clipe anterior do grupo, o de CPR), atrás de um sujeito bem esquisito.

FUZZ LIGHTYEAR, “BERLIN, 1885”. Sabemos muito bem o que você está pensando aí: “Fuzz Lightyear? Caraca, como eu não tive a ideia desse nome antes?” Essa banda de Leeds fez mais do que apenas pegar o boneco-herói do filme Toy Story e transformá-lo num trocadalho barulhento do carilho. No single Berlin, 1885, transformou seu som numa massa bruta percussiva, que range de maneira selvagem, num design sonoro em que guitarra e baixo são tão responsáveis pela condução do ritmo quanto a bateria.

Ben Parry, o vocalista, diz que a música é um aviso de que a luta não acabou. “É difícil continuar na luta quando parece que nada mudou. Esta música é uma espécie de alerta para mim mesmo, e para qualquer outra pessoa tão apática quanto eu, para continuar”, conta.

OMNI, “FOREVER BEGINNER”. Essa banda de Atlanta, Georgia, ligada ao pós-punk clássico, foi destaque nos melhores álbuns do Pop Fantasma no ano passado – por causa do disco Souvenir, cujo repertório inclui faixas que soam como o King Crimson soaria se fosse produzido por Tom Verlaine (Television). Ou como um hipotético supergrupo envolvendo integrantes do Television, da Gang of Four e do Black Sabbath. E lá estão eles de volta com o pós-punk durão Forever beginner, uma sobra das gravações do álbum anterior que chega agora às plataformas. Uma bateria quase robótica e uma trama de riffs marcam a canção.

(leia nossa resenha de Souvenir aqui)

THE CAPTAINS SYNDROME, “THE SOUND”. A onda desse grupo sueco é a encruzilhada entre o punk e o rock pauleira – ou seja: aquela pegada sonora representada por artistas como Billy Idol, Ramones, Sex Pistols e Iggy Pop, e que aparece no som desse trio. Explosões espalhadas pela letra e pelo arranjo do novo single, The sound (inclusive no refrão), ajudam a reforçar a narrativa da música, que fala basicamente sobre ser passado para trás, cair e se reerguer várias vezes. “Na letra, usamos fogo e água como metáforas para a luta interior e libertação”, contam eles, que também avisam: “Estamos aqui para fazer barulho!”. Ninguém duvida.

ISABELLA LOVESTORY, “EUROTRASH”. Pop performático, exagerado e afiado: depois dos singles Gorgeous e Telenovela, a cantora pop hondurenha Isabella Lovestory volta com Eurotrash, single que mistura eletro-trap debochado, sintetizadores ácidos e imagens absurdas (poodles rosa, bolsa Louis Vutton pirateada, becos europeus).

A faixa é um dos singles de Vanity, novo disco dela, já nas plataformas. E Isabella diz que o álbum traz, em todas as faixas, a maneira como ela vem lidando com fama e exposição. “Quis romantizar essa escuridão e transformá-la em narrativa. Cada música é um lado diferente meu lidando com a própria vaidade, em toda a sua bela escuridão”, diz.

MARIAH CAREY, “TYPE DANGEROUS”. Nem a pau a gente vai deixar de lado um dos monumentos da música pop dos anos 1990 – especialmente porque Mariah Carey mandou bem com seu novo single, Type dangerous, 50º hit da cantora a invadir a Billboard Hot 100. É o primeiro lançamento inédito dela desde 2018 e antecipa seu próximo álbum.

E, enfim, vale a pena ouvir? Se você detesta Mariah Carey e todos os usos e costumes relativos ao repertório dela, mas gosta de música pop, vale: a nova música é soul eletrônico bastante texturizado e remixado, invadindo a área do new jack swing – o som urbano-contemporâneo, que parece de volta à moda, até mesmo nas produções brasileiras. Poderia ser uma produção de Mark Ronson (não é, mas Anderson.Paak, outro nomão da produção, está envolvido na faixa). Enfim, eu se fosse você, ouviria.

OLIVIA RODRIGO feat ROBERT SMITH, “JUST LIKE HEAVEN”. E fica aí de bônus e também de surpresa – já que nem estava no título deste texto: no último domingo (29 de junho), Olivia foi headliner do festival de Glastonbury, na Inglaterra, e recebeu no palco ninguém menos que Robert Smith (The Cure) para cantarem dois sucessos da banda, Friday I’m in love e Just like heaven.

Olivia descreveu Robert como “talvez o melhor compositor que já saiu da Inglaterra e um herói pessoal”, Smith subiu no palco usando um moletom com lantejoulas, e os dois cantaram juntos. O vídeo de Just like heaven foi liberado pelo canal da BBC com boa qualidade de imagem e som. E com isso, The Cure se consagra como uma das bandas veteranas mais influentes dos dias de hoje – aquela que influencia novos artistas sem que eles sequer percebam, como também acontece como Beatles e Rolling Stones.

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