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Um papo com Lucas Leão sobre vida pós-Beach Combers, estúdio novo e disco solo

Ex-baterista dos Beach Combers e do Fuzzcas, Lucas Leão muda-se em breve para a Serra das Araras, no planalto fluminense. Lá, vem montando devagar o Bambu, um estúdio “caseiro”, que criou ao lado do irmão, o também baterista Zozio Leão. A ideia é abrir o local para amigos que queiram fazer ensaios, gravar coisas, passar um tempo na bucólica região serrana do Rio. O músico já vem usando o local para fazer algumas gravações e vídeos, que estáo em suas redes sociais. Mas tem outro projeto vindo aí, e que já está sendo feito também há bastante tempo, que é o primeiro disco solo do músico, que vai aparecer tocando violão e convidando amigos e colegas guitarristas.
Batemos um papo com Lucas sobre a vida fora do Beach Combers (e sobre o pioneirismo da banda, que começou a fazer shows pelas ruas do Rio e defendeu até o fim a bandeira do “autoral”), disco solo, estúdio e outros assuntos. Lucas vem fazendo gigs como baterista da banda de Marcelo Gross, ex-Cachorro Grande (apresenta-se com ele neste na sexta no Café Muzik, em Juiz de Fora, e sábado no Circo Voador, abrindo para o Barão Vermelho) e também falamos disso.
Como tá sua vida de músico sem os Beach Combers e como ficou depois da pandemia? Você montou um estúdio, não foi?
No finalzinho do ano passado eu cheguei a fazer uma campanha, teve uma galera que fez doações, foi importante para aquela fase inicial, para eu conseguir levantar uma grana para comprar equipamentos… O estúdio está praticamente pronto pra funcionar O que falta agora é eu me mudar pra lá,. Vou pra roça agora! Tô prestes a me mudar e quando eu estiver lá aí sim eu vou conseguir usar o estúdio com toda a energia, fazer os projetos que eu quero. O meu disco mesmo, tô fazendo um disco solo… Comecei a fazer e foi algo que ficou esse ano todo parado.
Como é esse disco que você está fazendo?
É instrumental. Foi uma necessidade minha nesse período todo, juntando umas ideias, uns riffs que fiz no meu violãozinho. Vai ter participação do Edgard Scandurra, do Julico (Baggios). Para cada faixa eu pensei num guitarrista que eu gosto, que eu sou fã, e que eu ahava que se encaixava na vibe do tema. Eu não consegui ainda avançar nas graavações, na minha parte mesmo. Eu gravei todos os violões, mandei pros convidados, eles botaram guitarra em cima. Mas a parte da bateria mesmo, e olha que eu sou baterista (rindo), eu não consegui fazer nada ainda. Estou esperando me mudar para lá para conseguir organizar o estúdio e gravar da maneira que eu quero, naquela atmosfera ali.
Você começou fazendo o disco aqui na sua casa, no Rio?
Não, lá mesmo, junto com meu irmão. O nome é Bambu Estúdios e estou prestes a me mudar para lá, para começar a mexer nisso integralmente. E aí vou botar essas ideias pra fora e receber amigos e bandas amigas pra ensaiar, fazer uma pré-produção de disco, passar um fim de semana relax tocando no meio do mato. A ideia é essa. O estúdio é na Serra das Araras, um pouco ates de Piraí, a uma hora do Rio. Vou conseguir me deslocar facilmente para fazer show, o acesso também é fácil. Vou ficar mais escondido lá, mas sempre que tiver algo para fazer no Rio, eu venho. O estúdio é caseiro, não é nada super comercial, grandioso.
Com o fim dos Beach Combers, como você se reorganizou? Aquela coisa do: “Agora eu sou músico, vivo de música, não tenho mais a minha banda” e tal?
É um baque, né? Eu já vinha de algumas coisas pessoais complicadas e aí veio pandemia, e durante a pandemia minha banda acabou. Foi um turbilhão de coisas ao mesmo tempo. É uma cicatriz que vai ficar para sempre, os Beach Combers foram a minha banda do coração, posso chamar de “a banda de verdade” que eu tive. Porque gig é uma coisa, você faz uma gig ali, outra aqui, nunca deixei de fazer. Mas a banda principal, que eu me dediquei com mais intensidade, foram dez anos de banda… Foram os Beach Combers. A gente decidiu pelo fim das atividades da banda, foi consensual, não teve uma treta…
Melhor assim.
Foi natural, é que nem casamento, um dia a gente viu que não estava mais rolando e a gente decidiu acabar, não estava mais com aquele pique, não estava mais fazendo tanto sentido. Mas mesmo todo mundo tomando essa decisão em comum, eu sinto muito. Foi a banda que eu posso te dizer: “Tive uma banda de verdade”. A gente viajava, passava muito tempo junto…
Eu estava meio perdido, mesmo durante a pandemia o que fiz foi gravar em estúdio coisas por encomenda. Então nao tinha mais essa coisa de “a banda”. Eu não sabia como ia ser a minha retomada, estava inseguro nesse sentido: “Quando eu vou voltar a tocar de verdade, com quem?”. E acabei tendo algumas surpresas boas. Eu segurei o máximo também o que eu pude, o que considerei que dava pra fazer.
Sobre fazer show ao vivo: recebi convites e recusei quando via que a coisa não tinha cuidado (na pandemia). Meu primeiro show presencial foi um convite que pintou pra mim, de um artista novo, Laren. O produtor dele me convidou. Foi muito maneiro de se fazer. Mas eu ainda estou tomando todos os cuidados, estou chatão com essa parada (rindo). Fico de máscara o tempo todo, a maior parte da galera já tá lambendo corrimão. Eu estou nessa retomada mas estou bem devagar ainda e bem cuidadoso.
E em seguida veio o convite do Gross, que foi uma outra surpresa que me deixou muio feliz porque sou fã do cara há muito tempo. Lembro que conheci Cachorro Grande vendo clipe na MTV de Lunático (hit da banda). Me deu um choque, eu era bem moleque e nem sabia muito bem porque eu estava gostando tanto daquilo mas estava gostando. Você se identifica muitas vezes sem nem saber explicar o motivo. Aliás, vai aí um agradecimento especial para Stephanie F, que está produzindo a vinda do Gross para esses lados…
Tenho uma memória bem marcante do Família MTV, que mostrava eles na estrada, de um show para o outro, auela correria. Eu acho que nem tocava ainda na época, estava começando mesmo. Na época não tinha nem essa coisa de rede social, você via pela TV. A MTV era um canal muito maneiro… Lembro que eu via isso e meu olho brilhava: “Quero fazer isso aí também!”
O Gross tem feito os shows num esquema meio Chuck Berry, em cada lugar ele toca com uma banda local. A gente vai fazer Juiz de Fora e Rio, ele vem com um baixista e me convidou para fazer esses shows. Mesmo sendo uma coisa pontual fiquei bem feliz.
Voltando aos Beach Combers, a banda acabou abrindo caminho pra muita gente, para pensar em maneiras diferentes de mostrar o trabalho: “Vou tocar na rua, vou comercializar meu trabalho de outra maneira”. Como você vê isso, de ter aberto possibilidades para tanta gente?
Eu acho que nós, junto com outras bandas também, ajudamos outras. Uma vai vendo a outra e aquilo influencia de alguma forma. No nosso caso, foi isso. Você tem que ter um pouco de cara de pau e fazer acontecer. Não dá para ficar esperando muito não. Ainda mais no Rio de Janeiro. Se você pensar “Rio de Janeiro”, “rock” e “autoral”, é um pacote que dificilmente vai fechar. E eu falo isso até para bandas que estão num patamar maior de publico. O Rio é complicado das coisas acontecerem. Cada um tem um caminho e tem que ir tentando fazer.
Não dá para esperar muita coisa, não, tem que arranjar sua maneira de fazer. Para a gente funcionou bem, a gente conseguiu nesse formato compacto de banda tocar em tudo quanto era tipo de evento. A gente tocava um dia na rua, outro dia no Circo Voador, outro dia num evento privado… Foram muitos caminhos, mas isso veio a partir da rua mesmo.
Você falou do “autoral” e lembrei de quando você estava no Fuzzcas, e a banda participou do SuperStar (batalha de bandas da Rede Globo). O Fabio Jr era um dos jurados e ele sempre falava do “autoral”, que as bandas tinham que tocar material próprio…
Esse negócio do Fabio Jr é engraçado porque foi o que rolou com o Fuzzcas. A gente se destacou no programa por isso, porque a gente foi a única banda naquela edição a tocar material só autoral. Para a gente era o que fazia mais sentido, mas a gente acabou saindo depois de uma disputa com uma banda que tocou uma música do Bob Marley! Cada um escolhe um caminho. Um caminho pode ser mais digerível, mais fácil, e outro não. O Fuzzcas sempre foi uma banda de músicas autorais e a gente queria fazer aquilo mesmo.
Mas autoral sempre foi um pacote difícil de fechar aqui no Rio, ainda mais depois da pandemia. Aliás, depois não, ainda estamos nela… Muitas casas fecharam nesse período e o que já era escasso, complicou. Ou você tem uma casa de grande porte ou tem uma casa pequena, que é pra bandas cover. Basicamente isso.
Como músico, o que o SuperStar representou pra você?
Foi mais uma etapa, mais uma coisa que aconteceu ali no meu caminho, e que foi muito legal. Foi algo tão relevante quanto outras coisas que aconteceram. Eu encarei isso na época dessa forma, lembro que tinha gente que estava chorando pelos corredores quando era eliminado. Foi mais uma oportunidade que apareceu e que foi legal pra caramba: conhecer gente nova, ver como funciona as coisas de perto na televisão… Na época lembro de sair para ir na padaria e as pessoas me reconhecerem. E olha que se você for parar pra pensar, eu sou o baterista, o que menos aparecia. Mas aqueles segundos ali faziam com que as pessoas me reconhecessem na rua.
Teve aquela vez em que o Zak Starkey (filho de Ringo Starr, baterista do Who) viu os Beach Combers tocando na praia e tocou com vocês. Vocês continuaram amigos? Como ficou depois daquilo?
Não temos um contato de eu falar toda hora com ele, mas tivemos contato depois daquilo. Ele é muito maneiro, gentil, receptivo, muito verdadeiro. A gente se encontrou depois num evento dois anos depois daquilo. Fomos fazer um show com o BNegão, e aí eu e o Bernard (Gomma, ex-guitarrista do Beach Combers) descemos pela ladeira, saindo da casa de shows, na Glória. Teve um momento em que o Zak estava chegando para o show de carro, subindo a ladeira. Ele viu a gente descendo a ladeira a pé, deu ré no carro para falar com a gente, para perguntar se estava tudo bem, se a gente tinha conseguido entrar… A gente falou: “Não, tá tudo bem, a gente só vai ali comprar cigarro e já volta”.
Depois a gente trocou ideia no camarim, ele comentou do nosso disco – porque na ocasião em que ele tocou com a gente na praia, dei para ele o primeiro disco, Ninguém segura os Beach Combers. Não tínhamos lançado ainda o Beach attack (segundo disco). Ele disse que adorou, perguntou sobre pedal de guitarra para o Bernar. Foi um encontro… Bom, foi demais, ele realmente curtiu a gente. E foi uma parada recíproca. Ele comentou isso em entrevistas que ele deu para rádio e para TV.
Eu acho que vi tanto aquele vídeo dele tocando na minha bateria que eu até peguei algumas coisas ali dele. Inconscientemente, eu botei algumas coisas que ele faz na minha linguagem também. Foi algo bem improvável de acontecer e foi com um cara que a gente é muito fã também.
E esse disco seu já tem título, nomes das músicas?
Vai se chamar Fragmento. Diria que já está 50% pronto. Achei que ia lançar esse ano, mas o ano passou e não consegui. Eu nem estou mais botando uma previsão, mas pretendo finalizar e lançar até o meio do ano que vem.
E você está tocando violão? Vai tocar outros instrumentos além da bateria?
Só violão mesmo. E bateria. E o baixo eu chamei o Paulo, que foi dos Beach Combers, e guitarra, em cada faixa, tem alguém de quem eu sou fã e com quem eu não havia trabalhado ainda. Tem o Scandurra, o Julico, o Jack Rubens do Mustache E Os Apaches, o Johnny da banda Moondogs… Quero fazer uns arranjos de metais, trompete, trombone, Quero ver ainda quem vai fazer isso. É uma coisa bem despretensiosa, mesmo. Vou fazer por necessidade, para botar para fora. Nunca tinha pensado nisso, mas foi uma necessidade que veio na pandemia.
E essa coisa com o Gross, eu estava pensando aqui que ele mesmo tem muitos paralelos comigo. Às vezes a gente se identifica e nem sabe o motivo. Você vai pesquisando e vai encontrando mais coisas que você se identifica…
Fala mais disso.
Bom, ele também saiu da Cachorro Grande, a banda acabou, Beach Combers acabou… Cada um na sua proporção. Esse disco dele também veio num momento turbulento, pessoal. Eles foram abençoados pelos Rolling Stones, abriram para eles. E a gente foi abençoado pelo Zak Starkey do Who, tem muitos paralelos aí (rindo). O Beach Combers chegou a abrir um show da Cachorro Grande no Circo Voador, mas acho que nem falamos com eles.
Tem uma história engraçada desse show, que a gente abriu. Quando começou o show deles, fiquei vendo o show dos caras, em pé, na pista, quase embaixo daquela parte de cima em que a galera fica sentada de perna para fora. Teve uma hora no meio do show em que o Beto Bruno estava com um copo descartável, acho que de uísque, e jogou para cima, naquela empolgação do show. A visão que eu tenho é do copo em câmera lenta: fiquei olhando mas jamais pensei que fosse cair perto de mim. Só que caiu na minha cabeça e eu tomei um banho! Na hora deu aquela raivinha mas acho que foi um tipo de bênção (rindo).
Lançamentos
Urgente!: novidades de Dom Salvador, Motörhead, Andre 3000 e Gil em alto-mar (!)

Uma das lendas da música popular brasileira, morando há décadas nos Estados Unidos, o pianista Dom Salvador lança em breve disco novo, e pelo selo Jazz Is Dead. O álbum Dom Salvador JID024 sai agora em maio e tem produção de Adrian Younge, o homem por trás do selo (aguarde para breve, aqui no site, resenhas dos discos de Adrian e do soulman brasileiro Hyldon que acabam de sair pela gravadora). E um vislumbre do álbum já chegou às plataformas.
É o single Não podemos o amor parar, soul-samba-jazz cuja letra se resume aos versos “tem um tempo pra sentir / tem um tempo pra tocar / tem um tempo pra lutar / não podemos o amor parar”, e que serve como um hino de resistência. “Ela representa como o poder da música pode ser usado como uma linguagem universal para espalhar amor pelo mundo”, conta Adrian, que colabora na faixa ao lado do músico Ali Shaheed Muhammad.
Dom Salvador tem tanta história que não cabe aqui, mas você precisa saber, em primeiro lugar, que: 1) foi ele o responsável pelo piano suingado de Jesus Cristo, na gravação original de Roberto Carlos; 2) ele gravou discos como os básicos Dom Salvador (1969) e Som, sangue e raça (1971, como Dom Salvador e Abolição); 3) tem um documentário sobre ele e seu grupo, Dom Salvador & Abolition, que ganhou o prêmio de melhor filme no festival de documentários In-Edit (falamos com os diretores aqui).
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E do soul-jazz vamos direto pro rock barulhento: vasculharam o baú do Motörhead e acharam coisa fina. Vem aí The Manticore tapes, com uma das primeiras gravações da formação clássica da banda: Lemmy Kilmister (voz e baixo), Fast Eddie Clarke (guitarra) e Phil “Philty Animal” Taylor (bateria). O disco chega às plataformas em 27 de junho.
O material foi registrado em agosto de 1976, no estúdio Manticore — um antigo cinema em Fulham, Londres, que foi transformado em qquartel general pela banda progressiva Emerson, Lake & Palmer. A gravação? Numa máquina portátil que pertencia a Ronnie Lane (sim, o do Wings). A restauração do material foi feita por Cameron Webb, colaborador de longa data do Motörhead.
Imagina o som. Ou melhor, nem imagine, ouça: já saiu o primeiro single, com a faixa que dá nome à banda, Motörhead.
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Uma surpresa daquelas — e vinda de quem? Dele mesmo, André 3000. Na segunda-feira (5), enquanto o povo se distraía com os looks esquisitos do Met Gala, lá estava o sujeito: piano nas costas, literalmente, desfilando no tapete vermelho. E não era só figurino performático — tinha recado ali. No mesmo dia, sem aviso, pintou nas plataformas o curtíssimo 7 piano sketches, álbum instrumental, todo ao piano, que ele compôs e gravou em casa, só pra ele mesmo.
São faixas improvisadas, feitas sem pressa e sem pretensão de virarem disco. E gravadas como dava: ou com o iPhone, ou com o microfone do laptop. “Eram gravações pessoais, caseiras. Às vezes, eu as enviava por mensagem de texto para minha família e amigos”, conta ele, que gravou boa parte do material faz tempo, numa casa vazia, sem mobília alguma, que ele alugava no Texas para morar com o filho.
O som passeia entre o jazz e o easy listening, com uma parada clara na MPB — chutamos Marcos Valle e Milton Nascimento como inspirações, mas ele avisa que a lista de influências tem Thelonious Monk, McCoy Tyner, Philip Glass, Stephen Sondheim, Joni Mitchell e Vince Guaraldi. Um bilhete musical íntimo, mas que estava esperando para ser revelado ao mundo.
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Um homem da MPB ao mar. Mas calma que ninguém se afogou: Gilberto Gil decidiu aderir à onda dos shows em alto-mar e adaptou sua turnê Tempo Rei para o Navio Tempo Rei, que acontece de 1 a 4 de dezembro de 2025, partindo do porto de Santos (SP) com destino ao Rio de Janeiro a bordo do navio MSC Preziosa. A venda geral de cabines começa ao meio-dia do dia 12 de maio, no site do Navio Tempo Rei (acesse aqui). Uma pré-venda exclusiva também estará disponível para fãs que fizerem um cadastro no site oficial do cruzeiro (acesse aqui).
Lançamentos
Radar: Fiona Apple, The Cure remixado, Sparks, Nilüfer Yanya e mais sons novos

Os singles saem tão rápido que às vezes aqui no Radar nem dá tempo de acompanhar – e olha que são 20, 21 músicas por semana por aqui. Deu para colocar hoje o mais novo remix do The Cure, e a nova da Fiona Apple, mas tem música aqui atrasada em uma semana. Devagar a gente chega lá – preferencialmente no último volume.
Foto Fiona Apple: David Bell/Divulgação
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FIONA APPLE, “PRETRIAL (LET HER GO HOME)”. De tempos pra cá, Fiona Apple trocou os estúdios pelos tribunais. Literalmente. Com base em um direito garantido pela Constituição dos EUA — o de acompanhar processos judiciais, somado à Sexta Emenda, que assegura julgamentos públicos —, ela vem mergulhando nas engrenagens do sistema legal estadunidense. Resultado: virou observadora constante de audiências e virou também uma espécie de cronista informal dos absurdos que testemunha. Agora, canaliza essa experiência em sua primeira música inédita em cinco anos.
“Fui observadora de tribunais por mais de dois anos. Nesse período, tomei nota de milhares de audiências de fiança. Repetidamente, ouvi pessoas sendo levadas e colocadas na prisão, sem outra razão além de não terem condições de comprar sua liberdade. Foi particularmente difícil ouvir mães e cuidadoras serem tiradas das pessoas que dependem delas”, contou Fiona no texto de lançamento.
A faixa, Pretrial (Let her go home), é seca, direta e amarga. Uma mulher presa sem provas, mantida atrás das grades por não conseguir pagar a fiança, e que ao sair descobre que nem tem mais casa. O clipe, costurado com imagens reais, não alivia: mostra o que acontece quando o Estado vira as costas — e o que resta para quem é deixado para trás.
THE CURE, “WARSONG (CHINO MORENO REMIX)”. Mixes of a lost world, álbum com remixes do disco Songs of a lost world, o décimo-quarto do The Cure, está previsto para o dis 13 de junho. A banda acaba de liberar mais um remix que vai sair no álbum – e dessa vez, Chino Moreno, vocalista dos Deftones, revisitou as trevas da faixa Warsong. Por acaso, não é a primeira vez que os caminhos do The Cure e de Chino se cruzam: Robert Smith participou de Girls float + Boys cry, faixa de Goodnight, god bless, I love U, delete (2023), álbum do ††† (projeto paralelo de Chino).
SPARKS, “MY DEVOTION”. O próximo disco dos irmãos Mael, MAD!, tá quase chegando aí (está previsto para o dia 28). My devotion, single mais recente, é uma zoeira de Russel e Ron a respeito do fanatismo religioso e do ultranacionalismo. Aliás, leva o assunto “devoção” para outras paradas, falando até de quem tem obsessão por dinheiro, carros ou por uma religião. O som é aquele chamber pop tecno que todo mundo conhece dos melhores álbuns do grupo, como Kimono my house (1974). Além de My devotion, MAD! vem com faixas como Do things on my way, Don’t dog it, Running up a tab at the hotel for the fab, Lord have mercy e mais sete faixas.
NILÜFER YANYA, “COLD HEART”. Assim que a turnê do disco mais recente de Nilüfer, My method actor, chegou ao fim, ela e sua parceira criativa, Wilma Archer, começaram a revisitar uma série de músicas guardadas no baú da cantora. Uma das que ressurgiram foi Cold heart, um r&b alternativo com alma de eletrorock psicodélico. Instrumentação enxuta: só Nilüfer, um violão em clima de loop, programação, cordas e efeitos. Ela diz que o resultado final ficou bastante diferente: “A melodia inicial parecia muito espaçosa, como se houvesse espaço para tudo acontecer. Parecia uma espécie de experimento”, contou.
THURSTON MOORE, “THE SERPENTINE”. O álbum mais recente do ex-Sonic Youth, Flow critical lucidity, saiu no ano passado. Mas acaba de sair uma música nova de Thurston Moore, The serpentine – basicamente uma canção lúgubre, com ares de tecnorock, que soa como uma construção guitarrística do Velvet Underground, com acordes e solos circulares. A letra lembra uma estranha oração pagã: “Mina de ouro onírica de dente-de-leão/ improviso linhas prateadas no céu/ o luar excita as nuvens esta noite”.
THE BETHS, “METAL”. Lembra dos tempos áureos do jangle rock, em que até bandas como R.E.M. e Primal Scream eram parte da cena? Bom, o Beths, uma banda da Nova Zelândia, tem duas ou três coisas a dizer sobre o assunto – e acrescenta boas doses de peso herdado do pós-punk. Metal, o single novo (Anti-), fala dos problemas de saúde (e da recuperação) da vocalista Elizabeth Stokes. “Durante partes dos últimos anos, senti como se meu corpo fosse um veículo que me carregou muito bem até então, mas estava quebrando, algo sobre o qual eu tinha pouco ou nenhum controle”, contou. Peso emocional, som radiante.
TY SEGALL, “POSSESSION”. Dia 30 de maio sai o próximo disco de Ty Segall, Possession. A faixa-título sai como single, e é uma fábula curiosa, num estilo que une glam rock, soul e folk rock em doses iguais – quase parece uma das canções menos malucas do álbum The man who sold the world, de David Bowie (1970), como Black country rock. Os metais e a guitarra solo dão uma cara ensolarada e setentista para a canção, e aumentam mais ainda a expectativa pelo álbum novo de Ty.
CHUCK D feat DADDY-O, “NEW GENS”. Vem aí Radio Armageddon, o novo álbum de Chuck D – fundador do Public Enemy e um dos pilares do rap dos anos 1980 –, com lançamento marcado para 16 de maio. No single New gens, ele se junta a Daddy-O (Stetsasonic) para misturar samples, beats e versos afiados sobre as diferenças entre gerações de artistas e fãs de música. É aquele choque de eras que sempre existiu, mas que ganha nova camada no mundo de hoje. “Cada um de nós, em algum momento ou outro, passa por quatro grandes períodos de crescimento”, reflete a letra. E Chuck, claro, não deixa de puxar umas orelhas com elegância: “Eu tenho a sua idade, você ainda não tem a minha. E não se esqueça, nova geração: amo vocês. Divirtam-se”.
Agenda
Urgente!: Supergrass vindo aí, Exploited também, Bad Bunny só ano que vem…

Você provavelmente já deu de cara com essa notícia em algum canto, mas não custa repetir: o Supergrass tá vindo aí. Aquela banda garageira com jeitão de moleque rebelde que pegou carona no britpop dos anos 1990 — lembra? — retorna aos palcos com Gaz Coombes, Mick Quinn e Danny Goffey celebrando trinta anos do debut I should coco (1995). A turnê é um agrado para os fãs e vem pelas mãos do pessoal da Balaclava Records. O trio toca o disco na íntegra e ainda passeia por outras faixas clássicas. O porém: é só um show. Anota aí — 31 de agosto, domingo, no Terra SP, zona sul de São Paulo. Os ingressos já estão no site da Ingresse, nas opções Pista e Mezanino.
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Tem mais veterano inglês dando as caras por aqui, mas o clima é outro. Enquanto o Supergrass celebra e renasce com coisas novas (quem sabe?), o The Exploited se despede — 46 anos depois de ter começado a espalhar caos com moicano e distorção. A banda vem acompanhada dos nossos Ratos de Porão e faz uma turnê final que passa por Curitiba (Tork n’ Roll, 7/05), Belo Horizonte (Mister Rock, 9/05), Rio de Janeiro (10/05, Circo Voador) e São Paulo (Upfront Festival, Carioca Club, 11/05). Dá tempo de garantir ingresso: Curitiba, BH e SP estão no Clube do Ingresso; o show do Rio tá no Eventim.
Ah, sim: se você estiver em São Paulo — ou resolver dar um pulo lá — vale saber que esse show acontece dentro do Upfront Festival. Além do Exploited e do Ratos de Porão, tem mais pedrada no lineup: os britânicos do The Chisel, os californianos do Fang e três nomes do peso nacional — Escalpo, Urutu e Punho de Mahin. Tudo com a voltagem no talo.
***
Agora, segura essa: Bad Bunny vem aí. Confirmadíssimo — depois de muito vai-não-vai e uma piscada no Xwitter do Allianz Parque. A parada acontece no dia 20 de fevereiro de 2026, quando ele traz o disco Debí tirar más fotos pro palco paulistano e, claro, emenda os hits que fizeram dele o que ele é. A venda de ingressos começa com pré-venda para clientes Santander Select e Private na quarta (07), depois abre pra todo mundo do Santander na quinta (08), e a venda geral é sexta (09), a partir das 10h no site da Ticketmaster. Preços? De R$ 267,50 até (respira fundo) R$ 1.075,00.
***
E o festival Turá São Paulo já anunciou as suas atrações. O evento volta nos dias 28 e 29 de junho de 2025, com ingressos à venda desde esta segunda (5), e cardápio é eclético: Seu Jorge, Gloria Groove, Gabriel O Pensador, Pretinho da Serrinha com convidados, Só Pra Contrariar, Raça Negra, Samuel Rosa, Lenine & Spok Orquestra, Saulo e Luiz Caldas. E, sim, Bonde do Tigrão também. Nos intervalos, DJs cuidam do clima. O Ibirapuera recebe o evento a partir das 13h. Ingressos pela Tickets For Fun.
Foto Supergrass: Cuffe & Taylor/Divulgação.
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