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Um papo com Lucas Estrela, herói da guitarra paraense

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Um papo com Lucas Estrela, herói da guitarra paraense

Quem mora no Rio – ou vem ao Rio nesse fim de semana – vai ter a oportunidade de conferir no palco o guitarrista paraense Lucas Estrela. O músico vai fazer uma participação no show do Metá Metá na edição carioca do festival paraense Se Rasgum. O evento retorna do Rio neste sábado (9), e justamente no palco do Circo Voador, um local em que Lucas sempre sonhou em tocar.

Lucas é um músico ligado tanto à guitarrada e às misturas pop quanto aos improvisos e experimentações musicais. O primeiro lado aparece em seus discos solo – o mais recente, Farol, saiu em 2017. O lado de cientista musical tem aparecido nas oficinas que ministra sobre eletrônica e em suas pesquisas sobre softwares (aliás, outro de seus sonhos é trabalhar sozinho em toda a parte de sons digitais de seus shows). Também levou Lucas a criar uma instalação cine musical, Arboreal, que em breve ganha uma sequência, “mas assim que eu me organizar e tiver tempo”. E esses foram alguns dos assuntos que conversamos com Lucas (foto: Divulgação/Prix Chemical)

Como vai ser trazer seu som novamente pro Rio e como vai ser esse encontro com o Metá Metá?

Esse convite já tinha sido feito antes da pandemia. O festival ia acontecer no Circo Voador lá pra abril de 2020, e foi cancelado. Fiquei surpreso quando o Marcelo Damaso (organizador do Se Rasgum) disse há poucos meses que ia rolar esse ano e o convite ficou de pé. É a primeira vez que vou tocar no Circo Voador, tô realizando esse sonho. Já fui lá várias vezes assistir a shows, e tocar é a primeira vez. É realmente muito especial, ainda mais sendo um show com o Metá Metá, que é uma banda da qual eu sou muito fã. O show deles foi um dos maiores que eu assisti, e foi justamente no Se Rasgum em Belém. Fiquei muito impactado.

É muito impactante mesmo.

Demais, demais, e tem essa diferença do estúdio pro ao vivo, que é uma coisa que eu prezo muito. Quando vi o show deles fiquei muito impressionado e quando o Damaso fez o convite nem acreditei. Vai ser a realização de um sonho tocar no Circo e fazendo ainda por cima uma participação no show deles. Vai ser muito especial.

Em 2019, você tocou no Rock In Rio, no show Pará Pop, com Fafá de Belém, Dona Onete, Jaloo, Gaby Amarantos. Como foi a sensação de tocar lá?

Tocar com eles foi incrível e acho que a gente só percebeu depois do show a importância daquilo, de mostrar a representatividade cultural do Pará. Porque antes a gente estava tão preocupado e focado em fazer um bom show, em tocar bem, que só depois a gente percebeu a grandiosidade daquilo, de levar a musica paraense pro Palco Sunset. Até hoje as pessoas vêm falar comigo lembrando desse show, falam como foi especial para elas. Muita gente ficou emocionada, chorando na frente do palco (risos).

Só depois que eu desci do palco, percebi que aquilo realmente tinha acontecido. A gente aprendeu muito com aquelas pessoas. Eu e Jaloo estávamos ali só observando (risos). Gaby, Fafá e Dona Onete estavam à frente de tudo. O show foi o encerramento de um ciclo, porque quando o Zé Ricardo (do Palco Sunset) fez o convite, vimos naquilo uma celebração grande da música paraense, de tudo o que tinha acontecido nos últimos dez anos. Desde a Gaby lá em 2011 com o Treme, que levou a música paraense para outros lugares no Brasil, e depois com anova geração, como eu e Jaloo… Esse show sintetizou tudo o que aconteceu nos últimos dez anos aqui no Pará. E abriu muitas outras portas, inclusive fora do país.

Você vinha dando oficinas de eletrônica em Belém há um tempo atrás. Como ficou isso com a pandemia?

Bom, as oficinas começaram tem alguns anos. Sempre fui muito interessado em eletrônica e daí comecei a estudar sobre instrumentos eletrônicos, controladores MIDI, comecei a fazer meus próprios controladores e quis passar isso para outras pessoas. Como faço com vários outros assuntos. Fui juntando essas turmas ao longo desses anos e desenvolvendo as oficinas. No fim do ano passado tive duas oficinas, uma virtual e outra presencial, no interior do estado. E agora eu estiou planejando algumas coisas novas que eu venho trabalhando, com controladores MIDI, impressão 3D. Pretendo fazer também toda a parte de instrumentos digitais do show, de controladores, levar isso tudo para o palco. É meu objetivo agora, mas preciso estudar mais isso para fazer com segurança.

Como você divide seu tempo entre produção de música, pesquisa de softwares, composição, ensaios, etc? Como tem sido pra você equilibrar todos esses lados na sua vida?

Rapaz, nem eu sei! (risos) É tanta coisa que eu fico perdido às vezes. Hoje mesmo eu estava conversando com minha produtora, porque eu estou com alguns prazos. Era para eu ter lançado o novo álbum no ano passado, mas acabei adiando. Eu não tinha tanta vontade assim de lançar um disco sem fazer show de lançamento. Daí deixei pro segundo semestre desse ano. Aí ela me deu um puxão de orelha, disse: “Olha, tem que correr com os prazos, hein?” Tá um pouco atrasado, não porque eu quero, mas porque tem várias coisas acontecendo, e às vezes fico meio perdido com o prazos. E tem a parte de produção musical, de construção de instrumentos eletrônicos, de gravação de vídeos. Estou gravando conteúdo e também faz parte do projeto do álbum, com vídeoaulas de guitarrada.

A partir do segundo semestre tem os singles, tem muita coisa rolando. E estou gravando com outras pessoas, produzindo outros artistas, e arrumando tempo pra fazer tudo (risos). Bom, não sei como estou fazendo tudo, mas estou levando. Agora o trabalho musical não está só ligado ao conteúdo que ele quer divulgar, as pessoas estão procurando conhecer mais o artista. Isso de só divulgar coisas ligadas ao trabalho, à carreira, não existe mais. As pessoas querem ver o artista fazendo outras coisas fora da música.

Você fez o Arboreal, um trabalho multimídia que envolveu uma série de outras coisas diferentes. Vi uma entrevista sua em que você falava sobre ter gravado áudio de vários lugares… Como foi realizar isso?

Ontem mesmo eu estava pensando em achar um tempo pra fazer o segundo trabalho desses. Esse trabalho surgiu da ideia um pouco relacionada a essa coisa dos instrumentos, do experimental. Porque quando eu morava em São Paulo – passei seis anos lá – fui lá para estudar música, composição e uma das matérias era música contemporânea. Formou-se um grupo de alunos interessados em música contemporânea, interpretação livre, música experimental, eletroacústica e tudo o mais.

Sempre gostei dessa relação da música com o audiovisual, com o filme, e como eu tinha um conhecimento básico de cinema, vídeo, fotografia, comecei a fazer vários pedaços de filme, para fazer parte da apresentação. Quando vi que aquilo estava começando a dialogar de maneira mais forte, estava ficando mais amarrado, pensei que podia fazer um trabalho maior, um filme, um curta, um média-metragem. Mas aí foi isso e foi muito legal esse trabalho. Foi uma surpresa, porque voltei depois para Belém em 2015 e aí fiz o lançamento desse trabalho. Eu não tinha álbum solo lançado, nada disso. Musicalmente o que o pessoal conhecia que eu tinha feito eram trabalhos anteriores, discos que eu produzia. Quando lancei esse filme foi muito legal porque muita gente teve acesso a um trabalho de música contemporânea. Há uma barreira muito grande entre isso e o público, aliás até os próprios músicos têm certo preconceito.

Não tem nada do Arboreal no meu trabalho solo, é tudo bem diferente. E quando surgiu esse trabalho, um número muito grande de pessoas ficou interessado. Fizemos até algumas turmas de improvisação livre. Eu lembro de uma apresentação num cinema alternativo aqui de Belém que foi até na abertura do Se Rasgum. Foi incrível tocar no cinema. Tenho vontade de fazer o segundo filme, penso em fazer em 360 para o espectador usar um óculos de realidade virtual.

E como você escolhe os títulos das músicas que você faz? Apesar de não terem letras e serem instrumentais, os títulos sempre parecem alguma coisa que você estava passando na época. Tem Reflexões, Onde é que eu vou parar

É muito difícil dar nome para música instrumental. Mas todas as músicas têm alguma referência de alguma coisa daqui de Belém. Sal ou Moscou, por exemplo, é uma alusão a duas praias daqui, Salina e Mosqueiro. Aliás tirei isso de uma música do Felipe Cordeiro chamada Café pequeno. Muita coisa é da minha infância. Farol é porque eu ia com minha família para um hotel chamado Farol, em Mosqueiro. Isso ficou muito marcado na minha vida. Reflexões eu fiz com o Waldo Squash. A gente fez uma viagem de barco para tocar em Alter do Chão, são três dias de viagem de barco, uma viagem incrível, muito transformadora. Três dias navegando no Rio Amazonas, acordando às seis da manhã no nascer do sol. Fizemos essa música no barco a caminho do show, porque tinha toda aquela atmosfera, aqueles momentos em que você fica ali refletindo.

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Urgente!: Talking Heads no mistério. Lupe de Lupe na tristeza. Novas de Pavement e Haim.

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Urgente!: Talking Heads no mistério. Lupe de Lupe na tristeza. Novas de Pavement e Haim.

RESUMO: Talking Heads vão anunciar sabe-se lá o que na quinta-feira. Em 25 de julho sai reedição deluxe de More songs…., segundo disco do grupo. Lupe de Lupe lança o intenso single Redenção e anuncia disco novo. Pavement lança trilha do doc Pavements – e tem single novo. Haim lança single novo com clima nostálgico.

Texto: Ricardo Schott

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A bolsa de apostas indica que esse anúncio misterioso que apareceu no Instagram dos Talking Heads, mencionando a data de 5 de junho de 2025 (quinta-feira) é porque… a banda vai passar por cima de todo ranço acumulado e vai anunciar um show ou uma turnê.

Por enquanto nada certo, embora seja uma data bem significativa: biógrafos dizem que foi em 5 de junho de 1975 que David Byrne, Tina Weymouth e Chris Frantz (ainda sem Jerry Harrison) fizeram seu primeiro show, abrindo para os Ramones no CBGB, em Nova York.

Uma outra novidade dos Talking Heads é que no dia 25 de julho sai uma edição turbinadíssma do segundo álbum do grupo, More songs about buildings and food (1978). Entre outras curtições, o set deluxe traz o disco remasterizado, além de 11 raridades (4 inéditas), um show ao vivo completo e inédito de 1978 gravado no Entermedia Theatre em Nova York e um livro de capa dura de 60 páginas.

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Nos comentários do YouTube, um fã da banda mineira Lupe de Lupe preferiu ironizar o novo single do quarteto, Redenção (Três gatos e um cachorro): “Muito boa essa metáfora sobre o fim do casamento do Zé Felipe e da Virgínia. Foi uma boa sacada de branding”. Mas a música, que dura quase dez minutos, não tem nada a ver com a separação da influencer e do cantor – e fala mesmo é da angústia do autor/vocalista Renan Benini após o fim de seu casamento.

Ao contrário das faixas de Um tijolo com seu nome, o experimental álbum anterior do grupo (resenhado pela gente aqui), a belíssima e dolorida Redenção une pós-punk e música pop, ruídos e sentimentos, climas herdados tanto de Joy Division e Interpol quanto da sofrência sertaneja. A faixa anuncia o próximo álbum da banda, Amor, que sai no dia 1 de julho pela Balaclava Records e pela Geração Perdida de Minas Gerais. O release do single, por sua vez, trata de zoar impiedosamente o que deveria ser um momento de (hum) marketing.

“A infame Lupe de Lupe é uma razoável banda de rock barulhento de Belo Horizonte, Minas Gerais, formada por 4 garotos que vieram do interior e se julgam bons compositores, no que se iludem”, afirmam, lembrando também que o grupo sumiu das redes sociais e só seus integrantes (Vitor Brauer, Renan Benini, Gustavo Scholz e Jonathan Tadeu) mantém perfis em separado. “Os pequenos e grandes produtores, críticos e músicos do país tendem a lembrar-lhes todos os dias que eles não são sequer uma banda”, zoam.

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Pavements, documentário sobre a banda Pavement dirigido por Alex Ross Perry, já rendeu trilha sonora com 26 faixas – uma mistura maluca de frases do filme, gravações ao vivo e trechos de ensaios. Uma das faixas é a versão do grupo para Witchitai-to, faixa composta pelo saxofonista de jazz norte-americano Jim Pepper e, em 1969, gravada por sua banda Everything Is Everything. Um curioso clássico da pré-new age e da psicodelia (cuja letra foi tirada do sincretismo religioso nativo do peyotismo), transformado num slacker rock mais perturbador ainda pelo grupo norte-americano. Ouça a versão do Pavement e a do EIE em sequência.

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Dia 10 de junho sai I quit, disco novo do Haim – ou das Haim, como se diz em Portugal. O single mais recente, Take me back – que vem depois de Down to be wrong, Everybody’s trying to figure me out e Relationships – mostra que o clima alegrinho das músicas anteriores continua, com uma ótima dose de nostalgia e de senso melódico extremamente pop.

Pode ser que esse papo de “me leve ao passado” soe até meio ingênuo, mas a ideia das irmãs Danielle, Este e Alana foi relembrar a loucura do ensino médio, quando elas estudavam na LACHSA, uma escola de artes gratuita de Los Angeles, e levavam uma vida maluca, caótica e cheia de diversão.

Daí versos como “Molly cagou na traseira da caminhonete / nem percebeu que estava muito chapada” e “Alana perdeu a cabeça quando teve um crush”, num clima sonoro entre o folk fofo, o pop e o punk – sim, porque as linhas vocais faladas lembram direto People who died, da The Jim Carroll Band, ou será que é viagem nossa? Ouça as duas em sequência aí.

 

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Radar: Quiçaça, Iorigun, Mildred Kid, Trio Solar, Fabio Brazza, Gustavo Galo

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Radar: Quiçaça, Iorigun, Mildred Kid, Trio Solar, Fabio Brazza, Gustavo Galo

Semana começando e Radar nacional voltando, com seis músicas captadas pela gente nos últimos dias – a fila tá grande e cada vez mais chegamos a outros sons, cada vez mais outros sons chegam a nós. Ouça, escolha, compartilhe e faça sua playlist (Foto Quiçaça: Iago Caíque/Divulgação).

Texto: Ricardo Schott

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QUIÇAÇA feat LUIZ DE ASSIS, “ZUMBIDO DA MATA”. Aberto com um ataque de guitarras que lembra 21 century schizoid man, do King Crimson, a música do Quiçaça, essa banda de Arapiraca (AL), está bem longe do rock progressivo. É um reggae que traz várias outras misturas sonoras – entram na receita sons psicodélicos, cantos de trabalho, a música do Nordeste, o clima do agreste alagoano e a mística dos cordelistas, que influencia bastante o Quiçaça na hora de fazer as letras. Dichavadores de fumo de Arapiraca, EP do grupo, é definido por eles como um rito musical. Luiz de Assis, da banda Vibrações, participa de Zumbido da mata.

IORIGUN, “NÃO VAI VALER A PENA”. Essa banda de Feira de Santana (BA) tem dois EPs em inglês e agora, três singles em português. O terceiro, esse Não vai valer a pena, une climas herdados do pós-punk e do emocore, com uma guitarra solo distorcida permanentemente ressoando no canal direito, e uma letra que, segundo o vocalista e guitarrista Iuri Moldes, “funciona como mais uma peça do gigante quebra cabeça formado com as outras músicas (em português), trazendo notas de rodapé sobre o término de um relacionamento”. O clipe da faixa traduz bastante essa mescla de tédio e desespero.

MILDRED KID, “THE BAGGY JEANS DOESN’T MEAN ANYTHING”. Direto de Bragança Paulista (SP), o Mildred Kid chega com os dois pés na porta: estreia com o EP First four reggae kids e com o clipe dessa faixa que mistura zoeira punk, skate e energia de show marcado no “faça você mesmo”. Trazendo várias cenas em técnica de lomografia, com moldura redonda, o vídeo foi gravado no espaço cultural local Edith Cultura, em clima de festa e caos organizado – com direito a cenas extras com takes de rua e manobras de skate. Um clima ruidoso vindo do shoegaze também surge no som deles, com vocais e guitarras quase na mesma massa.

TRIO SOLAR, “SOLAR”. Esse trio de música instrumental nasceu da pressão criativa da segunda edição do projeto Encontros Instrumentais – uma série do Selo Sesc que propõe um desafio direto: reunir artistas da cena instrumental brasileira para compor e gravar três faixas em quatro dias de estúdio. Desta vez, quem topou a missão foram Debora Gurgel (piano), Vanessa Ferreira (baixo) e Vera Figueiredo (bateria) – três musicistas que nunca haviam tocado juntas.

O destaque do encontro é a música Solar, um samba em 7/8 cheio de curvas e invenção, que virou ponto de virada e nome do grupo recém-formado. A conexão foi tão intensa que o trio decidiu seguir em frente. O EP completo EIN 002 (o segundo da série do Selo Sesc) já está disponível nas plataformas e no Sesc Digital. Jazz, baião e samba-jazz ganham corpo e liberdade nesse encontro afiado entre gerações.

FABIO BRAZZA feat CRIOLO, “SONHOS”. Rapper, poeta, compositor e improvisador – e neto do poeta concretista Ronaldo Azeredo -, Fábio retorna com seu novo álbum, A roda, a rima, o riso e a reza, firme na mistura de rap, samba, sons eletrônicos e vivências pessoais, com participações de peso. Em Sonhos, parceria com Criolo, ele mergulha num rap afro-blues-gospel, reflexivo e urgente. A letra mostra como a rotina desgasta os sonhos (“um busão lotado é um cemitério de sonhos”) e fala da importância de recuperar o que é verdadeiramente nosso, num mundo onde até nossos desejos parecem moldados por algoritmos.

GUSTAVO GALO, “VIVER É FATAL”. Primeiro, vamos deixar que o próprio Gustavo explique a história de sua nova música. “Escrevi a letra de Viver é fatal no dia em que Gal Costa morreu. Eu estava a caminho de um show em que cantei poemas de Torquato Neto. Torquato e Gal morreram no 9 de novembro – ele em 72 e ela em 2023″, conta Gustavo, que tem Gal como referência maior na música.

A faixa, uma balada melancólica com ecos de blues e samba — fácil de imaginar na voz da própria Gal — surge como faixa bônus de Folhas_fruto, disco que junta os dois álbuns lançados por Gustavo em 2024 (Folhas e Fruto). A letra funciona como tributo e despedida, mas também como declaração de permanência: o som não morre. “Morrer com você no alto-falante / para mim é viver bastante”, canta Gustavo, em versos que soam como aceno carinhoso e testamento afetivo.

 

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Radar: Real Estate, The Dirty Nil, Snõõper, Ministry, Paul Weller, 61 OHMS, tudo junto

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Radar: Real Estate, The Dirty Nil, Snõõper, Ministry, Paul Weller, 61 OHMS, tudo junto

Felicidade é quando todas as bandas e artistas que a gente escolhe pro Radar têm nomes pequenos – e cabe todo mundo no título. Hoje tem Radar internacional, unindo novos e veteranos em torno da música nova – e, no caso do Ministry e do Paul Weller, do novo olhar sobre velhas canções. Divirta-se. Em tempo: esse texto era para trazer o clipe novo do Ministry, mas aparentemente ele foi censurado pelo YouTube (Foto Real Estate: Bandcamp).

Texto: Ricardo Schott

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REAL ESTATE, “EXACTLY NOTHING”. O Real Estate foi atrás das sobras e achou coisa boa: a coletânea The Wee Small hours: B-sides and other detritus 2011–2025 reúne lados B, faixas perdidas e outtakes desde o início da banda até o disco Daniel (2024). O nome do disco vem de uma música inédita feita nas sessões do terceiro álbum, Atlas (2013), e também acena pra um álbum clássico de Frank Sinatra. Uma raridade pra quem acompanha a banda de Nova Jersey desde o comecinho — ou pra quem quer descobrir as entrelinhas do som deles. Destaque para Exactly nothing, um B-side de 2012 que consegue ser ensolarada e misteriosa simultaneamente.

THE DIRTY NIL, “SPIDER DREAM”. The lash, quinto disco dessa banda punk canadense, tá marcado para sair no dia 25 de julho. Enquanto o álbum não chega às lojas, dois singles, Gallop of the hounds e este Spider dream, servem de vislumbre. A canção é uma balada soft, tranquila, mas trevosa.

Aliás, o cantor e guitarrista Luke Bentham disse que a inspiração da música foi um pesadelo – o tal “sonho de aranha”, do qual ele fala na letra, que tem versos como “ontem à noite eu sonhei que meu corpo estava coberto de picadas de aranha” e “o passado me parece um cemitério que visito todos os dias, faça chuva ou faça sol”. Outra inspiração foi o documentário Get back, sobre as internas do disco-filme Let it be, dos Beatles. “Me inspirei a usar acordes mais vibrantes do que costumo usar”, diz.

SNÕÕPER, “INCOGNITO”. Em 2010 surgiu uma ramificação do punk que logo ganhou a alcunha de eggpunk – na verdade era uma espécie de synthpunk, com herança direta de bandas como Devo e Sigue Sigue Sputnik e uso de teclados baratos. Essa banda de Nashville se considera parte dessa onda, recriando o punk e o hardcore a partir de baterias eletrônicas, teclados e um aparato de gravação que parece sempre disposto a distorcer o som.

Depois de um excelente disco de estreia, Super Snõõper, de 2023 (resenhado pela gente aqui), o grupo retorna com um EP exclusivo para o Bandcamp, Unknown caller – disco gravado em casa, com quatro faixas curtas. A zumbizante Crash out, single do EP, é bem legal – por sinal até o momento é a única que você vai encontrar nas plataformas mais conhecidas. Mas destacamos o clima caótico e intermitente da acelerada Incognito.

MINISTRY, “I’LL DO ANYTHING FOR YOU (SQUIRRELY VERSION)”. O novo clipe do Ministry, uma provocação explícita que chegou a circular pelo YouTube, foi retirado do ar sem qualquer explicação oficial. Quem teve a chance de ver, encontrou o sempre sombrio Al Jourgensen em um modo inusitado — e quase fofo. De terno rosa, marias-chiquinhas no cabelo, óculos em forma de coração e uma camiseta com os dizeres “Eu não sou adorável?”, ele revisita I’ll do anything for you, música da fase tecnopop da banda, regravada no bizarríssimo The squirrely years revisited – álbum dedicado a desenterrar o repertório inicial do Ministry, que ele sempre disse odiar (e que foi resenhado pela gente aqui). No vídeo, que agora só circula em alguns trechos (tem shorts no YouTube e este pedaço no Instagram da banda), há até uma montagem de Vladimir Putin e Donald Trump dividindo um espaguete, ao estilo de A Dama e o Vagabundo. Segue pelo menos o áudio.

PAUL WELLER, “LAWDY ROLLA”/”PINBALL”. Você já deve ter visto, mas não custa falar que vem aí mais um capítulo da trajetória de Paul Weller: o músico britânico anunciou o álbum Find El Dorado, só com releituras de canções que marcaram sua vida, com convidados como Robert Plant, Noel Gallagher, Hannah Peel. Tá previsto para 25 de julho e Weller fez versões de artistas como Richie Havens, Bee Gees e Kinks.

De nomes pouco conhecidos, tem a releitura de Lawdy rolla, música do The Guerrillas – um grupo de músicos de estúdio formado por feras como Manu Dibango (sax) e Slim Pezin (guitarra), que gravou essa “canção de trabalho” em clima jazzy num single de 1969. Essa e Pinball (single de estreia do cantor, apresentador e ator britânico Brian Protheroe) ganharam versões e já saíram como singles.

61 OHMS, “SIGN OF THE TIMES”. Essa banda californiana considera seu single mais recente algo entre “Radiohead, Coldplay antigo ou Muse com um toque moderno” – e faz sentido, mas tudo filtrado por um toque musical que vem lá dos anos 1990 e da paixão pela música-de-guitarra-e-ruído que as bandas da década tinham (entre elas o próprio Radiohead do disco Pablo honey, de 1993). Sign of the times ganhou também um clipe tão imersivo quanto a própria faixa.

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