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Um papo com Cris Braun sobre disco novo, novos tempos, Rita Lee e David Bowie

Cris Braun sempre foi uma artista identificada com a atitude e o som do glam rock – desde a época em que era uma das integrantes do Sex Beatles, que gravou dois discos nos anos 1990 e ganhou até documentário. E a música de seu ex-grupo surge em Quase erótica, o quarto disco solo de Cris – sem contar Filme, feito em dupla com Dinho Zampier (2017).
Bastante conciso (são só 25 minutos), o álbum, lançado pelo selo Lab 344, abre e fecha com regravações de canções da banda (Tudo que você queria saber sobre si mesmo e E seu namorado também). E passeia por músicas que estavam na gaveta há alguns anos. em parceria com amigos como Alvin L, George Israel e Luciana Pestano.
Cris, que mora há alguns anos em Maceió (AL), bateu um papo com a gente sobre o novo disco, sobre os novos tempos (para os quais deseja “mais vida, menos morte, menos esse urubu, esse negócio que paira sobre nós e que eu desejo que vá embora!”), sobre os 25 anos de seu primeiro álbum solo (a serem comemorados em 2022) e sobre influências marcantes em seu trabalho, como Rita Lee e David Bowie (cujo disco The rise and fall of Ziggy Stardust and The Spiders From Mars é citado na canção Aprender).
A gente tá vivendo um tempo bem chato. Como é lançar um disco com o nome de Quase erótica, com o conteúdo que você botou nele, nessa época em que estamos vivendo, com essa turma estranha no poder? Você diria que o disco é um recado para algumas pessoas?
Nem eu sei! Bom, hoje eu sei… Sabe aquelas elaborações que você faz depois? Aí eu consegui chegar a uma frase sintética: “Mesmo que seja uma joke, uma brincadeira, mais eros e menos tanatos”. Acho que eu senti necessidade de ir lá no passado. Uma necessidade inconsciente, porque na coisa consciente é bem pensado mesmo. Era a coisa do “preciso revisitar minha carreira”. Fazendo uma coisa mais pop, procurando ali atrás, e eu também estava aprendendo a mexer no estúdio. Então tudo era mais lúdico, menos elaborado. E daí fui nessa, catei repertório do Sex Beatles, e algumas coisas minhas. Tudo ali é passado, menos Logado, que é uma música nova, fala até das relações dentro da internet, essas relações em que as pessoas estão separadas.
Ia até te perguntar a fonte das músicas, porque o disco abre e fecha com o Sex Beatles. Tem coisas ali que já fazem parte do seu trabalho, né?
Isso. Tem Logado, que é minha com Billy Brandão. Tem Invisíveis, que é minha com Luciana Pestano – lá do passado. E uma que fiz com George Israel, também lá do passado. Passado é isso mesmo, anos 1990 e poucos. Eu cheguei à conclusão que eu desejo mais eros, mas não no sentido erótico, convencional. É em todos os sentidos, mais vida, menos morte, menos esse urubu, esse negócio que paira sobre nós e que eu desejo que vá embora!
Aliás, o Marcelo Costa, do site Scream & Yell, disse que viu algo de Rita Lee no seu disco. Vi muito não só ela como também Ney Matogrosso. Invisíveis, imagino na voz dele. Tem uma onda sua de ter lembrado dele também?
Não, não, é tudo inconsciente. Mas com relação à Rita tem uma referência muito grande, porque o que eu busquei quando pensei em como iria soar… Eu não queria soar tão fechada nos anos 1980/1990. Eu queria abranger esses anos todos até agora mas principalmente nas psicodelias, nos anos 1970. Aí acho que a gente entra na onda da Rita, dos Mutantes, principalmente.
Sempre que eu sou pop – por mais que eu queira ser contemplativa, o que eu acho que até faço melhor do que pop – eu me lembro da Rita, como referência, como amor. Já cantei com ela, lembro que ela me convidou para cantar, olhou pra mim e disse: “Gente, é um filhote!” (rindo). Mas no Ney eu não pensei, agora que você falou eu vou escutar!
Aquela música Aprender fala do “lado B do Ziggy Stardust“. Qual a importância do David Bowie pro seu trabalho?
Bom, a letra é do Alvin L, mas acho que qualquer ser humano ligado ao rock, ao glam rock, ao teatro, ao visual – eu sou muito ligada nisso – e à música, tem ligação com Bowie. É como Rita, é pra onde eu olhava quando era mais nova, e o que me impressionava, musicalmente. Mas essa coisa da expressão, das vocação diversificada, essa coisa plural do Bowie… Isso tudo sempre me encantou. E a gente, no Sex Beatles, cantava alguma coisa dele. Fizemos uma versão de Heroes, que depois entrava em Roberto Carlos, uma coisa bem louca.
Era uma importância de informação, de intenção, de “ah, eu gosto dessa pessoa porque eu gosto do que ela veste, da maneira como ela aparece no palco, de como o palco aparece para ela, por fornecer essa quantidade de informações”. Os passeios musicais do Bowie! Semana passada eu estava ouvindo um dos marcos dele dos anos 1980, aquele disco com a capa colorida, florida, o Tonight (1987). Bicho, que isso? Isso é pop pra caralho (canta Tonight).
O seu disco novo é bem conciso, pouco mais de vinte minutos. O primeiro disco, o Cuidado com pessoas como eu, também já era, eram oito músicas. Como é investir num formato menor pra um LP? As pessoas têm a tendência de ver um disco com vinte e poucos minutos e falar que é um EP, mas não é, é um LP pequeno!
Eu sou muito sintética. Até em show! Começa a não fazer sentido. Mas como eu sou um ser humano que ainda gosta de fazer álbum, que faça um sentido, que as músicas tenham uma relação auditiva, melódica, de arranjo, de tudo… Um roteiro, mas não necessariamente de letras, pode ser de música. Eu tenho muita dificuldade de aumentar,. inclusive agora eu tenho novamente um problema na mão, já que preciso fazer um show e tenho 23 minutos (de disco). Vou ter que ser coerente com esse repertório e jogar lá para o show. Vai ser um show legal porque dá para fazer até num calçada, e plugar as coisas. Só uma metáfora para ilustrar a liberdade que eu tenho com o pop rock. Não preciso de luzes, de muito cenário, posso tocar em qualquer lugar.
Como ele foi gravado? Você disse que estava começando a usar o estúdio. Foi na sua casa?
Na minha casa, 98%, eu e Dinho Zampier que tem me acompanhado. Eu e ele só mandamos as faixas pro Jam da Silva (percussão) e pro Billy Brandão (guitarra e violão), que mandaram de volta. Bateria é tudo eletrônico. O Jair Donato mixou tudo perfeitamente. Foi tudo gravado no quarto da minha mãe! Ela nunca vem para cá e acabei ocupando o quarto. Montei o equipamento e usei a velha fórmula de botar colchão nas portas e cantar.
Você é daí de Alagoas e veio para o Rio? Qual sua relação com Alagoas?
Eu nasci em Porto Alegre, mas com 9 anos vim para Alagoas com minha família porque meu pai se mudou para cá para abrir um negócio. Eu fiquei aqui dos 9 aos 18. Aos 18 fui para o Rio, fiquei uns 26 anos aí. Meu pai teve problemas de saúde, que culminaram na sua partida. E fiquei por aqui. Sou filha única, fiquei por aqui. Minha residência fixa é aqui, onde estão meus cachorros. Quando dá, vou três, quatro, cinco vezes por ano pro Rio. Mas não tenho mais casa aí.
E como foi voltar a Alagoas e experimentar uma cena nova? Você mantinha contato com músicos daí?
Não, nada, nada. Cheguei e fui descobrindo, Um amigo jornalista, Fernando Coelho. que também é baterista, e sugeriu de montar uma banda aqui. E aqui tinha o Wado, também. A formação musical dele é aqui. Fui me juntando com essa galera. Agora tem uma cena bacana, os jovens tão fazendo coisa pra caramba. Essa geração entre 20 e 35 anos… Eles têm uma produção bem legal. Quando eu cheguei era um pouco menor. Parece que teve uma cena muito boa aqui durante os anos 1980, mas nessa época eu estava aí (no Rio). Então essa galera dos anos 1980, que as bandas foram se desfazendo, eu fui juntando e é minha tchurma daqui. Mas sempre tem meus queridinhos, que eu chamo para os discos. Reúno, faço ponte aérea.
Seu primeiro disco, Cuidado com pessoas como eu, faz 25 anos em 2022. Quais são suas lembranças daquela época?
25 anos? Gente, eu preciso que esse disco saia de novo! Eu não sabia disso. Eu preciso que ele vá pro Spotify, vou fazer isso. Ele se perdeu, só saiu em CD. Só dá para reproduzir a partir disso. Uma coisa meio louca, que ficou lá dentro daquelas fitas de rolo da Universal.
Foi uma época de transição interessante, porque eu saí do Sex Beatles e a Marina Lima me ligou e falou: “Quero que você seja a pessoa que vai inaugurar meu selo”. Era o Fullgás, que era o selo da Marina, que acabou sendo mais fugaz do que fullgás, já que só teve esse disco… Se não me engano foi uma coisa contratual dela com a Universal, de querer ter um selo, mas os tempos não permitiram que a coisa continuasse. Uma pena, porque a Marina é fantástica. Me deu muita força, não só por ser ela e por ter me abraçado ali. Me ensinou muita coisa naquele momento.
O que você aprendeu com ela?
Aprendi a me apropriar. Ela e o (produtor e músico) Nilo Romero me ensinaram isso, a me apropriar, a me aprofundar. Mesmo eu não sendo uma instrumentista da categoria altíssima da Marina, a não ficar ali só de diva que canta. Entender de tudo, entender de mim, entender o que está acontecendo, dar minha cara para as coisas. A colocar personalidade em tudo, principalmente isso. Ela me ensinou muito isso, a estar presente. Porque naquele momento era tudo glamour: “ah, Sex Beatles, e agora Cuidado com pessoas como eu, uma gravadora!”. Não, minha filha, é trabalho! Vai aprender a trabalhar! Enfim, me ensinaram a trabalhar (rindo).
E o que você tem ouvido ultimamente? Às vezes fico fuçando o que você ouve no Spotify e tem muita coisa de clássico, muita coisa experimental…
Bastante coisa experimental, clássica… Ricardo, isso me acalma. Eu sou uma pessoa nervosa. Eu posso estar no palco cantando rock, mas o tempo todo eu fico nervosa. Escuto muito música erudita, já tive um programa de rádio sobre isso… Tenho ouvido um cara chamado César Lacerda, que toca música brasileira, o cara é mineiro, tem umas harmonias lindas.
Nunca fui disso e não é birra minha, mas é difícil que uma unanimidade pop me agrade tanto quanto essa menina Marina Sena. Estou amando o som dela. Gosto do Helio Flanders, do Vanguart, da Letrux… Eu gosto de um cara muito louco chamado Madblush, ele é completamente Bowie. É gaúcho, até falo no nome dele no masculino porque perguntei para ele sobre isso. As letras são ótimas, os clipes, uma pérola pop. É meu pop mais louco ultimamente.
Lançamentos
Radar: The Sophs, Dynasty, Idles, Cristian Dujmovic, Spinal Tap, Zoo Sioux, Circa Waves

Aqui pra nós: e esse negócio de disco com parte 1 e parte 2, hein? O Circa Waves, por exemplo, vem aí com a parte complementar do seu álbum Death & love – e a gente, que resenha discos, fica como? Esperando a parte 2 pra escrever tudo? Seja lá como for, eles mandaram muito bem no single novo deles, Cherry bomb, que entrou neste Radar internacional com singles novos do The Sophs, Idles, Cristian Dujmovic… Ouça tudo no último volume e vá acompanhando as novidades do mundo da música por aqui.
Texto: Ricardo Schott – Foto (The Sophs): Eric Daniels/Divulgação
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THE SOPHS, “DEATH IN THE FAMILY”. Esse sexteto de Los Angeles, contratado pela Rough Trade, estreou em maio com o single Sweat, que até apareceu num Radar anterior. Dessa vez voltam com Death in the family, uma espécie de stoner rock “ensolarado” com letra sombria: “Preciso de uma morte na família para virar a minha página (…) / preciso de intervenção divina para lavar essas cicatrizes”. Mais sinistro que isso, só o clipe, em que os integrantes do The Sophs vão sendo assassinados um após o outro – sobra apenas o vocalista que… Bom, assista ao vídeo!
DYNASTY, “COMBATIVE HEART”. Vindo de Hamilton, no Canadá, o Dynasty é uma dupla de synthpop que curte falar dos momentos duvidosos da vida. Tanto que Combative heart, o novo single, fala sobre a sensação de embarcar no desconhecido, de braços abertos, confiando na jornada mesmo quando ainda não se tem ideia nenhuma do que está vindo por aí – e mesmo quando uma parte de você tem medo e se recusa a seguir. O som tem cara de anos 1980, com teclados típicos da época, mas deixa um certo clima de heavy metal nos vocais – feitos pela cantora e compositora Jenni Dreager – e até no logotipo da banda.
IDLES, “RABBIT RUN”. Clima de porrada em letra, em música e em clipe. O grupo britânico acaba de soltar Rabbit run, e a faixa foi feita para a trilha de Caught stealing, o próximo thriller policial de Darren Aronofsky (Cisne negro, Réquiem para um sonho). Aliás, é uma das quatro faixas compostas pela banda para o filme – sendo que os Idles ainda fizeram a trilha incidental e contribuíram também com uma releitura de Police and thieves, de Junior Marvin, imortalizada pelo Clash.
Rabbit run é sombria, fria, misteriosa, com batida próxima do krautrock e clima explosivo que surge lá pelas tantas, sem aviso prévio. E a letra tem versos como “as paredes parecem pequenas, minhas veias estão se contraindo quando estou entediado / faço um cruzeiro, assalto e espanco quando estou entediado”.
CRISTIAN DUJMOVIC, “DESPUÉS, EL ORIGEN”. Músico radicado na Espanha, Cristian está preparando o EP Fín de un mundo, e em Después, el origen, fala do mundo e dos acontecimentos como rodas que giram, sem que a gente muitas vezes se dê conta. O som varia do pós-punk ao ambient em poucos segundos, como costuma acontecer nos singles dele. Recentemente Atisbo, EP mais recente de Cristian, foi assunto nosso.
SPINAL TAP feat ELTON JOHN, “STONEHEDGE”. Dia 12 de setembro sai a aguardada continuação do mockumentary This is Spinal Tap, um clássico cult que falava sobre uma banda fictícia de heavy metal que passou pelos mais diversos estilos em busca de sucesso, e que perdeu uma série de bateristas – todos mortos em circunstâncias misteriosas.
Spinal Tap II: The end continues mexe com dois temas que estão na moda, já que traz a reunião e o show final (haha) do grupo. Vestindo uma capa de druida que tira logo no começo do clipe, Elton John canta e toca piano nesse hard rock que estava na trilha original (aliás rende risadas em This is Spinal Tap) e que aqui se torna uma espécie de metal progressivo folk de brincadeirinha.
ZOO SIOUX, “GIMME WAMPUM”. No som desse projeto musical britânico, climas punk, pré-punk e meio blueseiros são levados às últimas consequências. Gimme wampum, um dos singles da banda, é um verdadeiro filhote de Lou Reed, Iggy Pop e Black Sabbath, cheio de vocais roucos e riffs de alto a baixo.
CIRCA WAVES, “CHERRY BOMB”. Na estica dos anos 1980, a banda britânica anuncia a segunda parte de seu disco Death & love (falamos da primeira parte aqui), que sai em 24 de outubro via Lower Third / [PIAS]. O anúncio vem com o bom synthpop Cherry bomb, cujo clipe é protagonizado por uma garota ruiva de patins, vestindo uma jaqueta com o nome da música e rodopiando enquanto curte um som no walkman.
Diz a banda que a faixa nova é sobre uma pessoa que faz qualquer coisa por você: entra numa briga, te chama para tomar uma cerveja, faz sempre algo de bom nos dias ruins. Altíssimo astral à vista, então – e a gente espera que a segunda parte do disco seja bem melhor que a primeira, ou torne todo o set do álbum bem bacana.
Agenda
Urgente!: Uma banda chamada Guitar. Picassos Falsos ao vivo no Rio. Beatles lá em Mauá.

RESUMO: O Guitar, banda de Portland, mistura emanações de Dinosaur Jr e climas punk, e anuncia álbum novo. Picassos Falsos volta hoje para show no Rio. Semana Beatles em Visconde de Mauá (RJ) comemora dez anos e vai ter festa.
Texto: Ricardo Schott – Foto: Reprodução
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Um tempo atrás entrevistamos o cantor e apresentador China, e ele contou que mudou de nome artístico para Chinaina porque estava achando complicado demais encontrar suas próprias músicas nas plataformas digitais. Agora imagine o que sobra para uma banda chamada… Guitar.
Bom, no Spotify, o “melhor resultado” para o nome Guitar é uma playlist do jogo Guitar Hero 3 – o segundo melhor, você talvez imagine, é Guitar man, sucesso da banda Bread. Buscando direto na aba “artistas”, a banda norte-americana de rock Guitar – que é nosso assunto aqui – até que se deu bem: é o terceiro nome a aparecer.
O Guitar é liderado por um músico chamado Saia Kuli, que começou o projeto basicamente como uma banda-de-um-cara-só, gravando tudo por conta própria. No ano passado, saiu o primeiro álbum do Guitar, Casting spells on turtlehead, pelo finado selo Spared Flesh, de Portland – a gravadora fechou as portas, mas mantém o Bandcamp com seus lançamentos, inclusive o disco do Guitar.
Nesse álbum, aliás, Saia contou com uma banda de verdade, com mais quatro integrantes. Você poderia definir o som que essa turma fez em Casting como shoegaze, mas a verdade é que se trata de um Dinosaur Jr com volume mais alto e paredões espessos e turbinados de (adivinhe só) guitarras. A definir pelo novo single do Guitar, Pizza for everyone, o álbum da banda que está vindo por aí, We’re headed to the lake (sai dia 10 de outubro pelo selo Julia’s War), vai ser cheio de hinos punk.
“Essa música é tanto um grito de guerra épico e sem sentido quanto sobre estar sem dinheiro e entediado sentado no sofá”, explica Kuli sobre a música. Ficou curioso/curiosa? Tá aí embaixo (e vale informar que no Bandcamp e no Instagram, Saia não conseguiu usar o “guitar” sem nenhum acréscimo).
***
Tem um festão no Rio de Janeiro nesta quinta (14). O Rockarioca, coletivo que mapeia o rock do Rio, comemora cinco anos com um evento especial no La Esquina, na Lapa. Dessa vez, o Picassos Falsos, cult band clássica dos anos 1980, inativa desde 2019, retorna para um show especial – com abertura de Katia Jorgensen, autora de um dos melhores discos de 2024, Canções para odiar (resenhado pela gente aqui). Entre os shows, o som fica com o DJ Renato JkBx (Bauhaus/College). Se você mora no Rio ou está por aqui, é uma ótima oportunidade para conhecer os shows do coletivo, inclusive.
Indo um pouco mais distante do Rio, vai rolar a décima Semana Beatles Visconde de Mauá (recanto hippie na serra carioca), a partir desta quinta (14), às 17h. São dez anos não apenas do evento como também da Casa Beatles, lugar dedicado aos quatro de Liverpool. A novidade é que domingo, às 15h, vou estar num bate-papo musical com o jornalista e músico Heitor Pitombo, lá na Casa Beatles, sobre histórias da banda.
E… bom, não é bem novidade porque todo ano estou lá fazendo alguma coisa – mas se passar por Mauá, vá lá me ver. E aproveite para conhecer Heitor, que foi o primeiro jornalista a fazer uma pergunta a Paul McCartney na primeira vinda dele ao Brasil, em 1990. Conheça também o Leandro Souto Maior, um dos criadores da Casa Beatles, meu melhor amigo e autor do livro Paul McCartney no Brasil.
SERVIÇO ROCKARIOCA. La Esquina (Av Mem de Sá, 61 – Lapa), quinta (14). Horário: abertura 19h30, 1º show 20h15, 2º show 21h15, festa 23h Ingressos: R$20 (1º lote), R$30 (2º lote), R$40 (3º lote), R$50 na hora.
SERVIÇO SEMANA BEATLES: de quinta (14) a domingo (17). A programação e todos os detalhes estão no Instagram deles.
Lançamentos
Radar: Pelos, MC Karlos, She Is Dead, Caxtrinho, Ingrime, Afrika Gumbe, Lan

No Radar nacional de hoje, MC Karlos diz que o rock morreu. Bom, não morreu, mas Karlos tem vários argumentos na letra de seu funk melody O rock morreu (graças a deus) – o tipo de som para roqueiros de mente aberta. E mente aberta, você talvez saiba, é nossa zona de conforto, já que aqui cabem o punk do She Is Dead, o som etéreo do Pelos, a lembrança de Almir Guineto na voz de Caxtrinho, e muito mais. Ouça com volume alto e janelas abertas.
Texto: Ricardo Schott – Foto (Pelos): Daisy Serena/Divulgação
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PELOS, “SANTELMO”. Já ouviu falar do fenômeno do fogo de Santelmo? É uma descarga elétrica que aparece para navegadores durante viagens e que simboliza um sinal de boa sorte – e que na música nova da banda mineira Pelos, Santelmo, surge para simbolizar temas como fugas, passagens, travessias pessoais.
Robert Frank, cantor do grupo (e também guitarrista e pianista da banda), é um velho conhecido de quem assistiu à série Hit Parade (Canal Brasil) – ele era o Missiê Jack, o espertíssimo dono de gravadora do seriado. Em Santelmo, uma faixa introspectiva e bela, sua voz soa como a de Milton Nascimento, mas sempre equilibrado entre o dream pop e o Clube da Esquina. O álbum do Pelos, Noturnas, sai em breve.
MC KARLOS feat ERIK SKRATCH, “O ROCK MORREU (GRAÇAS A DEUS)”. “Eu sabia que o som da guitarra elétrica, atrás dele tinha um monte de lixo de rock americano pronto para desembarcar no Brasil. Não era um Zappa não, nem Zeppelin, era outra coisa”. A frase do compositor e jornalista Chico de Assis dita no documentário Uma noite em 67 recorda a época da Passeata Contra a Guitarra Elétrica (é, teve isso), da qual ele participou em 1967.
Pois bem: o rapper e ex-roqueiro sul-matogrossense MC Karlos sampleia a declaração de Chico na abertura do ousado e polêmico funk melody O rock morreu (Graças a deus), que zoa impiedosamente a babaquice e o conservadorismo hoje associados ao estilo. “A guitarra já virou peça de museu / instrumento falocêntrico, heteronormativo / trilha sonora do imperialismo (…) / antes oprimido, agora opressor / de revolucionário a conservador”, rappeia. Um som para roqueiros que sabem rir de si próprios.
SHE IS DEAD, “US FOR US”. “Banda curitibana especializada em pesadelo”, como eles próprios afirmam, o She Is Dead volta com um som entre o punk e os elementos de psicodelia – chega a lembrar o começo do Primal Scream, quando a banda de Bobby Gillespie era chegada à onda jangle rock e a sons mais primitivos. Além disso, Us for us é uma música sobre força coletiva, sobre pessoas lutando não apenas pelo que é delas, mas pelo que é de todos.
A faixa é, diz a banda, o primeiro single de uma série de doze musicas gravadas em três dias no estúdio Xacra. Gustavo Slomp e Marcio D’Avila assinam a produção. E já tem clipe.
CAXTRINHO, “MÁFIA DA MIÇANGA”. Queda livre, primeiro álbum de Caxtrinho, foi lançado ano passado pelo selo QTV – e é o melhor disco nacional de 2024 de acordo com a curadoria de um certo site de música aí, não sei se vocês conhecem… Vindo da Baixada Fluminense, e dono de uma pegada sonora única – entre o samba e a noise music – ele foi um dos escolhidos para participar do projeto MPB Ano Zero, criação do jornalista Hugo Sukman, do produtor Marcelo Cabanas e do cantor Augusto Martins, com o apoio da gravadora Biscoito Fino.
Cada participante do MPB Ano Zero relê uma faixa clássica ou nova da MPB. A voz e o violão de Caxtrinho couberam como uma luva no samba Máfia da miçanga, de Almir Guineto e Luverci, gravado por Almir em seu segundo disco, A chave do perdão (1982). Vale muito a audição. Tem até mini-doc.
INGRIME, “UTOPIA”. Essa banda de Marília (SP) se coloca entre o pop, a MPB e o punk, experimentando um tom dançante e realista para seu novo single, Utopia – uma música sobre os desafios de seguir acreditando em dias melhores. Além da formação de quinteto, o grupo inseriu metais na canção, dando a ela uma certa proximidade com as fanfarras musicais, e um clima de festa. Gabriel Teixeira, vocalista do grupo, diz acreditar em Utopia como uma canção especial para abrir novos caminhos musicais para o Ingrime (“ela é um respiro”, conta).
AFRIKA GUMBE, “A OBRIGAÇÃO DO DOM”. Soro energizado, disco novo do Afrika Gumbe – banda dos irmãos Marcelo e Marcos Lobato, o primeiro, ex-tecladista do Rappa – está vindo aí. O single mais recente a adiantar o álbum, A obrigação do dom, é um afropop de fôlego, que propõe uma reflexão sobre destino, propósito e o dever íntimo de honrar os próprios dons – mesmo que tudo pareça torcer contra. “Que não sejamos manés e que desfrutemos de toda luz e possibilidades que nossas portas nos oferecem”, filosofa Marcos, em bom carioquês.
LAN feat TARCIS, “DIVERSÃO”. Conhecido por fazer parte do duo Badzilla, Lan retorna com mais um single, com letra e vocal do rapper Tarcis. Dessa vez, o beat chega perto da house music, mais até do que do funk – e a letra tem vibe de rap e flow de palavra falada, de história contada naturalmente. A melodia de Diversão, por sua vez, une dance music, MPB e pop adulto. “A letra foi quase freestyle, a ideia veio muito rápida na cabeça. Eu e Lan conseguimos entender as ideias um do outro, por isso foi um processo tranquilo e divertido”, diz Tarcis.
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