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Som

É psicodelia demais para o nosso coração: existe uma mistura de theremin com Moog

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É psicodelia demais para o nosso coração: existe uma mistura de theremin com Moog

Como é de praxe no POP FANTASMA, de vez em quando a gente faz uns textos e escreve: “Aceitamos de presente”. Muitas vezes é de brincadeira. Mas agora é sério: QUEREMOS MUITO DE PRESENTE esse aparelho que é nada mais nada menos que um encontro de referências psicodélicas. A Moog, fabricante do mitológico sintetizador de mesmo nome, lançou uma mescla de theremin com sintetizador, bastante prático. É o Theremini.

Ideal para tirar sons assustadores, o Theremini é descrito em bases quase lisérgicas pela Dorit Chrysler, musicista e criadora da New York Theremin Society. Se você nunca ouviu falar do theremin, ele é um avô dos sintetizadores. Surgiu em 1928 das mãos de um inventor russo, Léon Theremin. E é tocado sem nenhum contato físico do músico, que apenas movimenta as mãos em torno de duas hastes de metal que controlam frequência e volume.

No caso do Theremini, ele é um theremin digital, que acrescenta efeitos de delay que facilitam bastante de tirar sons espaciais. Ele vem com falantes embutidos e pode ser plugado a uma mesa de som sem transtornos.

Se quiser comprar um, ou dar um de presente pra gente, ele custa apenas US$ 299 (R$ 991 e uns quebrados). Valeu!

Crítica

Ouvimos: St Vincent, “All born screaming”

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Ouvimos: St Vincent, "All born screaming"
  • All born screaming é o sétimo álbum da norte-americana Annie Clark, mais conhecida como St Vincent. O disco foi produzido por ela própria, que se dividiu em violões, guitarra, baixo, teclados e até teremim. Todas as músicas são dela – Cate Le Bon divide a parceria da faixa-título.
  • Num papo com a Diymag, St Vincent define o disco com a frase: “A vida é tão curta e não há razão para fazer nada disso, exceto por amor, mas também não há razão para perder tempo com merdas insignificantes”. Para o disco, ela fez experimentações com baterias eletrônicas e sintetizadores, e experimentou doses pequenas de drogas psicodélicas.
  • Pela primeira vez, ela se auto-produz. “Havia sons na minha cabeça que, na verdade, só eu poderia reproduzir”, contou.

Qualquer coisa que Anne Clark (a personalidade por trás do nome St Vincent) tenha lançado durante sua carreira aponta para um tipo de estética que parecia pouco renovada desde os anos 1970 – a das “verdades secretas”, de artistas que jogam tão bem com luz e sombra que você muitas vezes nem sabe onde termina uma e começa a outra. David Bowie era excelente nisso, Lou Reed idem, Iggy Pop também. Rita Lee sabia usar a luz para comunicar melhor a sombra. Kurt Cobain era quase o tempo todo uma sombra enorme, Jim Morisson talvez fosse o mesmo. Nesses casos, quando rolava luz, era para comunicar que ali só havia sombra.

Discos dela como St Vincent (2014) e Daddy’s home (2021), unindo histórias pessoas, mito e pessoa, já tratavam muito bem disso. O novo All born screaming parte de uma premissa de caos e desordem naturais – “todo mundo nasceu gritando” é uma daquelas frases que comunicam tudo sem precisar dizer muito – para mostrar uma sonoridade que atualiza o art rock dos anos 1970, tentando localizar onde estão as luzes e sombras dos dias de hoje.

O som é mais eletrônico, mais experimental e menos revivalista do que o de Daddy’s home, e volta e meia All born screaming lembra, sem provavelmente querer lembrar, a guinada experimental solo que Scott Weiland, o cantor dos Stone Temple Pilots, deu em seu primeiro disco solo, 12 bar blues (1997). Um disco que era só sombra, negação e autocombustão, por sinal. O disco novo de St Vincent é dançante, autoafirmativo, curativo (como na lista de tarefas de Big time nothing, lembrando Numb, anti-hit do Zooropa, do U2), ensimesmado quase sempre.

All born screaming aposta em canções que atacam o ouvinte, como a eletrônica Broken man (lembrando Nine Inch Nails), a meditativa Hell is near e a pesada e introspectiva Flea. Ou o soul dançante e nostálgico de Violent times, canção sobre quase-perdas em tempos de selvageria explícita (“quase perdi você nesses tempos violentos/esqueci que as pessoas podiam ser tão gentis”). The power’s out abre lembrando a introdução de Five years, de David Bowie, e tem dramaticidade herdada direto da fase anos 70 do cantor, sob roupagem moderna. Os desejos não atendidos da vida estão em The sweetest fruit, espécie de baião eletrônico e maníaco que lembra que “a fruta mais doce esta no galho”.

A faixa-título, de quase sete minutos, traz a participação de Cate Le Bon (como co-autora e cantora) e, em letra e música, lembra que a maior arma de St Vincent nesse tempo todo de carreira – nem parece mas já são sete discos – é a sinceridade, aliada ao não-conformismo com fórmulas. Especialmente quando ela abraça o rock como se fosse uma designer musical ou uma DJ.

Nota: 8,5
Gravadora: Total Pleasure/VMG

 

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Cultura Pop

Relembrando: Grace Jones, “Nightclubbing” (1981)

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Relembrando: Grace Jones, "Nightclubbing" (1981)

Grace Jones é uma personalidade bem difícil de ser colocada numa caixinha. Nascida na Jamaica, filha de um pastor pentecostal, ela se mudou aos 12 anos para Syracuse, em Nova York. Depois, mandou-se para a capital novaiorquina para tentar, mais do que qualquer outra coisa, virar “estrela”. Mas até entrar no estúdio para gravar os primeiros singles, fez testes para peças e filmes. E conseguiu se dar bem como modelo, a ponto de desfilar em Paris.

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  • Mais Grace Jones no Pop Fantasma aqui.

Aliás, não havia nada parecido com Grace na época em que ela apareceu, diga-se de passagem. Enfim, uma modelo negra, cujos primeiros hits foram na área da disco music – mas cujo visual andrógino, punk e futurista criava outras conexões, bem mais modernas e underground. Em 1979, dois anos antes de Nightclubbing, a revista Ebony (dedicada ao público afro-americano) colocava a cantora em sua capa, na qual ela era chamada de “a ultrajante Grace Jones”.

Os paradoxos em torno da cantora eram bastante explorados pela revista, que afirmava que Grace era “frequentemente chamada de a Rainha da disco music”. Mas colocava que ela era “um ponto de interrogação seguido por um ponto de exclamação”, por causa de sua aparência andrógina (“será que ela não é um homem?” perguntava o texto) e por causa das escolhas que fazia para sua carreira.

“Sou dos anos 1980. Não quero me comercializar nem baixar o nível do meu trabalho por causa de ninguém. É como eu já fazia como modelo. Não fazia catálogos de jeito nenhum. Fodam-se os catálogos”, afirmava a cantora, em meio a fotos nas quais ela aparecia treinando boxe e pulando corda (o texto original está no Google Books e é bem legal – curta aqui).

E a musicalidade de Nightclubbing, o quinto disco de Grace, vinha até mais nessa linha “ponto de interrogação” do que nos discos anteriores. Aliás, o curioso é que Grace precisou da ajuda de ninguém menos que Chris Blackwell, dono de sua gravadora Island, para chegar até essa fluidez musical. Tom Moulton, um nomão da disco music e criador dos remixes (e dos LPs de som contínuo, que viraram mania em todo o mundo), havia cuidado de seus primeiros discos. Mas dessa vez, Chris, usando como modelo o disco Sinsemilla, da banda de reggae Black Uhuru, assumiu a produção. E cismou que levaria o som de Grace de volta para seu país de origem, a Jamaica.

Blackwell montou uma banda fenomenal que incluía a cozinha maravilhosa de Sly Dunbar (bateria) e Robbie Shakespeare (baixo). Além do tecladista francês Wally Badarou, os guitarristas Mikey Chung e Barry Reynolds e o percussionista Uziah Thompson. A onda de Nightclubbing era new wave sem ser exatamente new wave. Tinha reggae como ferramenta de comunicação, sim. Mas a origem na disco music e nas passarelas parisienses vinham como subtexto.

O repertório era bem pouco autoral (Grace Jones aparece como compositora apenas em três faixas). Mas era “autoral” mesmo assim, já que quase tudo ali eram recriações pessoais. Fosse em Nightclubbing, de Iggy Pop e David Bowie. Ou em Demolition man (uma sobra do The Police, escrita por Sting, enviada para a cantora). Ou em Libertango, de Astor Piazzolla, com letra em inglês e francês.

Já a capa do disco, uma imagem retocada pelo designer e fotógrafo Jean-Paul Goude, era quase uma imagem de clipe, feita de encomenda para deixar felizes os caciques da MTV (que iniciava seus trabalhos naquele ano). E soava como uma feliz mescla de afrofuturismo, David Bowie e Marlene Dietrich (Grace deixava tudo o que cantava com ar de cabaré alemão).

Nightclubbing está nas plataformas digitais com outra capa, e com um disco extra, trazendo remixes e músicas do baú de Grace – incluindo a versão dela para Me! I disconnect from you, de Gary Numan. O álbum faz aniversário no dia 11 de maio e é uma ótima oportunidade para descobri-lo.

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Crítica

Ouvimos: Pet Shop Boys, “Nonetheless”

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Ouvimos: Pet Shop Boys, "Nonetheless"
  • Nonetheless é o décimo-quarto disco da dupla britânica Pet Shop Boys (formada por, você deve saber, Neil Tennant e Chris Lowe). O álbum marca a volta da dupla para a Parlophone, e foi lançado em parceria com a gravadora e o próprio selo de Neil e Chris, x2. A produção é de James Ford (Arctic Monkeys, Foals, Depeche Mode).
  • “Queríamos que este álbum fosse uma celebração das emoções únicas e diversas que nos tornam humanos. Das faixas mais dançantes à pungência crua das baladas introspectivas, com seus belos arranjos de cordas, cada faixa conta uma história e contribui para a narrativa geral do álbum”, definem o disco. Num papo com o New Musical Express, Neil Tennant diz que se trata do disco queer da dupla.

Não tem como escutar Nonetheless, disco novo dos Pet Shop Boys, sem imaginar que as dez faixas do disco perfazem um encontro imaginário entre Giorgio Moroder (devidamente reverenciado no clima hi-NGR e na cascata de sintetizadores que faz lembrar I feel love, da Donna Summer, em faixas como Why am I dancing?) e toda a constelação glam que a dupla curtia quando os jovens da Inglaterra pregavam os olhos no paradão britânico do Top of the pops. Nomes como Marc Bolan e David Bowie entram aqui mais como ideia, como paraíso inalcançado, do que como verdadeira influência, diga-se de passagem.

No caso do novo disco, os dois garotos que um dia sonharam com a vida glamourosa enquanto ouviam Bowie e Roxy Music, relembram o passado numa canção dançante com cara de anos 1990, New London boy. Uma das maiores pérolas do novo álbum, e uma canção para guardar e recordar o próprio passado não apenas da dupla (boa parte desse Nonetheless relaciona-se direto com eles mesmos entre 1985 e 1991), como também para lembrar daquela época em que, do pop mais radiofônico ao rock pauleira, toda música tinha que ter um rapzinho lá pela metade. Ainda que o cantor não tivesse o menor cacoete de rapper (bom, é o que acontece aqui, mas a música é boa).

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Nonetheless tem duas candidatas sérias a “sétima faixa de Introspective” (1988), terceiro disco e obra prima de Chris Lowe e Neil Tennant. Dancing star consegue comprimir em três minutos uma biografia do popstar do balé Rudolf Nureyev, em meio a uma melodia que tem algo de I’m not scared, a música que eles fizeram para a hoje esquecida banda pop Eighth Wonder, e que eles gravaram no Introspective. Já Why am I dancing? é quase uma oração pop, a pérola disco que provavelmente Neil e Chris gostariam de ter ouvido quando adolescentes, feita pelos dois como se fosse uma encomenda secreta a Giorgio Moroder e Pete Bellotte. O single Loneliness vai nessa mesma linha.

O começo do “lado B” de Nonetheless pode dar uma espantada em quem esperava um álbum alegre dos Pet Shop Boys. Eles soam como um Sparks sem ironia e falando sério em A new bohemia, uma balada quase britpop (e meio sem graça, vale dizer) sobre o dia a dia da pessoa que já viu o passado passar e está em busca de novidades – no caso, de um ponto de vista queer, predominante no disco, como a própria dupla esclarece. Ameaçam deixar cair um ABBA no início da razoável The schlager hit parade (a “parada de sucessos do schlager“, uma referência àquelas canções alemãs grudentas e pop que fazem a alegria de festivais como o Eurovisão) mas voltam ao normal.

Indo para o final, duas músicas chamam a atenção por se relacionarem de verdade com o passado dos PSB: o bolero bossa orquestral The secret of happiness, de beleza quase cinematográfica, ameaça lembrar a introdução de Left to my own devices. Não fosse pelo arranjo de cordas, Bullet for Narcissus, e sua letra repleta de tiradas sobre egolatria e fama, soariam como uma faixa perdida do Electronic, a brincadeira synth pop de Bernard Sumner (New Order) e Johnny Marr (Smiths). No final, a tranquila e elegante Love is the law fala umas verdades sobre amor, desejo e temas afins. O carro dos Pet Shop Boys passa na porta do ouvinte com boas novidades.

Nota: 8,5
Gravadora: x2/Parlophone

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