Cultura Pop
Rodrigo Lariú e os 30 anos de Midsummer Madness

Se você pensa em montar um selo, uma pequena produtora, ou qualquer coisa, e se sente assustado por causa dos peixes grandes do mercado, o POP FANTASMA resolve seus problemas. Pare tudo o que você está fazendo e leia essa entrevista com Rodrigo Lariú, que há 30 anos comanda o Midsummer Madness, que começou como zine, virou selo, ganhou um festival (que anda precisando ser reativado) e ainda desenvolve trabalhos como produtora de vídeo.

Rodrigo Lariú
É difícil se manter no mercado, mas Rodrigo vem conseguindo, com soluções criativas, novos projetos, algumas ideias ousadas (na transição de zine para gravadora, Rodrigo teve a ideia de lançar proto-podcasts: fitas K7 com músicas de alguma banda, uma entrevista e alguns outros materiais) e a dedicação a uma espécie de desconstrução do papel comum de uma gravadora no Brasil. O próprio Lariú, fã de vários selos, lamenta que a imagem comum que todo mundo tenha de um dono de gravadora seja a do “filho da puta que passa a perna nas bandas”.
Rodrigo vem tocando o Midsummer Madness à distância: mora em Londres e de lá comanda o lançamento de novas bandas, bem como a divulgação em sites tanto nacionais quanto gringos. Ele planeja o lançamento de uma coletânea dos 30 anos do selo para ainda este ano, e acaba de lançar em formato digital e físico Guitar days, trilha sonora do filme dirigido por Caio Augusto Braga, sobre a formação do indie rock brasileiro. O disco tem 20 músicas em CD e mais sete extras no digital.
POP FANTASMA: Como tá sendo comemorar 30 anos do Midsummer Madness? O que ainda está previsto para 2019?
RODRIGO LARIÚ: Bom, tá sendo incrível comemorar 30 anos. Me mudei para Londres em 2017 e já faz uns bons dois anos que eu venho pensando no que fazer para comemorar esses 30 anos… E eu acho que o mais óbvio e coerente é fazer uma coletânea. Em 2018 eu me inscrevi num edital da Natura para ver se eu conseguia apoio para lançá-la. A gente foi selecionado, deu certo e já está em produção. O disco vai se chamar 30 em 3, porque vai rolar em três suportes: uma parte vinil, uma parte CD e uma parte K7. As músicas que vão estar no vinil são diferentes das que vão estar no CD, que por sua vez são diferentes das que vão estar no K7. A gente já lançou CD, alguns vinis… Gostaria de ter lançado vinil mas é muito caro. Vamos ter até o fim do ano um fanzine contando toda a história do selo. E essa coletânea vai ter as versões digitais, vai tudo estar disponível no formato digital, o fanzine também… E fora isso a gente continua lançando singles, discos, EPs, escutando bandas novas. Nesse ano mesmo, no primeiro semestre, lançamos várias bandas novas. Para mim é incrível chegar aos 30 anos e ter ainda bandas interessadas em trabalhar com a gente.
Por acaso vocês lançaram este ano o disco novo do Pin-Ups. Como foi lançar esse disco e quais são as primeiras lembranças de quando você começou a escutar o grupo? Eu lembro do Pin-Ups ter sido a primeira banda que eu ouvi e achei a cara do Midsummer. Em 1989, quando comecei a fazer o fanzine, o Pin-Ups era meio que uma entidade. Poder lançar um disco deles era um sonho. Com o passar do tempo, fomos nos aproximando, mas nunca lançamos um disco deles. Só que em 2016 relançamos todo o catálogo. Me aproximei do Zé Antonio e da Alê (integrantes do grupo), e o Pin Ups era uma banda que não podia não estar no digital. Acabei me oferecendo para mexer no catálogo deles. A relação começou a ficar mais estreita, foi natural que eles tenham me chamado… Bom, não que eles tenham me chamado (risos), porque Long time no see, o disco novo, tem também parceria da Fleeting Media, selo do Bruno Orsini, que lançou recentemente o (grupo mineiro) Churrus. Estamos fazendo um trabalho em conjunto.
O que te motivou a lançar um selo? Bom, o motivo que transformou o zine em selo foi que lá pra 1993, 1994, eu já tinha feito umas sete ou oito edições do fanzine e estava se tornando uma coisa meio chata. Eu tinha entrado na faculdade de comunicação, alguns amigos da faculdade entraram para fazer o fanzine comigo e ele começou a se tornar uma coisa complicada de fazer. Porque escrever e diagramar era complicado. Sempre foi um parto fazer um fanzine, e uma parte desse processo só ficava atrasando, nunca saía. Acaba que saía uma a cada ano. Ao mesmo tempo em que ele começava a ficar bem feito, ele começava a ganhar destaque na grande mídia. Teve uma época em que a edição número 6 saiu na Folha de S. Paulo, O Globo, a Bizz. E eu comecei a ser inundado por cartas de leitores. A incapacidade de responder as cartas me fez ficar de bode com o fanzine, porque parecia que a gente não ia dar conta daquilo. Paralelamente a isso, na edição número 5, a gente lançou a primeira fita K7.
A gente lançava o fanzine e quem quisesse receber a fita, era só mandar uma fita virgem. A gente mandava tudo junto. As pessoas gostavam bastante, era bacana poder ouvir as bandas sobre as quais eu estava escrevendo a respeito. Essa ideia me fez pensar: e se eu começasse a fazer só fita em vez de fazer o fanzine? A ideia era que cada fita fosse um fanzine sonoro, que viesse a demo, a gravação da banda, acompanhada de mais alguma coisa, uma entrevista, algo do tipo. Só que algumas bandas não gostaram da ideia, e percebi que, na época, não era tão fácil assim gravar um áudio. Começamos a lançar apenas a fita K7 com algumas músicas da banda. Se tivesse colocado alguma coisa ali, teria desvirtuado o lançamento.
A gente sabe das dificuldades para se manter um selo independente, que são inúmeras. Mas o que você diria que te motiva hoje em dia a continuar batalhando pelo Midsummer Madness? Então, não precisa muito explicar o motivo, mas me parece uma coisa da qual eu não consigo me separar. Passei muito tempo fazendo todas essas coisas. Tinha uma época, confesso, que eu meio que não queria saber. Deixava de lado, mas não consigo pensar em mim sem ter o Midsummer Madness, seja ele um fanzine, seja ele um selo. Ele é o que eu gosto de fazer, mas infelizmente, ele não paga as minhas contas. Bom, ainda não paga, mas nunca pagou e não tenho esperança. Às vezes eu tenho que deixá-lo de lado porque tô super atolado com outras coisas, com trabalho, e o fanzine acaba ficando meio de lado. Faço na hora que dá… E fico às vezes pensando se não é uma coisa meio Tostines (risos): não me dedico porque ele não gera dinheiro, ou ele não gera dinheiro porque não me dedico?
O que você teve que aprender e que talentos teve que desenvolver para continuar levando o selo adiante? Aliás quais são os principais talentos que alguém que se arrisca a montar um selo deve desenvolver? Olha, eu aprendi tudo sozinho. Lendo a respeito, perguntando pra outras pessoas como elas faziam. Fiz muita coisa errada, achei que estava fazendo tudo certo quando estava fazendo errado. Na parte financeira eu sou uma pessoa péssima, saía prensando disco e não fazia conta de nada. Ficava com vários discos na mão, encalhados, e precisava vender pra recuperar o dinheiro.
Agora, eu acho que o principal talento… Bom, eu nem sei se tenho isso. Eu ia dizer que uma pessoa que quer ter um selo precisa ter um bom ouvido, mas acho que antes de tudo ela precisa saber o que ela quer. Um selo independente de nicho, pequeno, ele precisa ser segmentado, precisa ter uma certa assinatura. No caso do Midsummer, soa pedante falar isso, mas quero que as pessoas, quando pensem nele, saibam de que tipo de som a gente tá falando. Que quando ouçam alguma coisa falem: “Essa banda aí é do Midsummer Madness”. Ou: “Conhece o Midsummer Madness? É aquele tipo de selo, que lança aquele tipo de som, que tem uma assinatura”.
Agora, se a pessoa quiser lançar uma gravadora major, é um negócio que eu nem sei fazer. Aí a pessoa tem que fazer faculdade de administração, estudar music business. Bom, talvez eu até saiba montar um selo maior que seja um negócio, uma empresa. Mas não é isso que eu quero. De qualquer jeito, a pessoa tem que ter um bom discernimento, um foco, ser bem organizada, montar algo bem conceitual. As coisas técnicas você aprende na internet. Quando comecei, era tudo na tentativa e erro.
Entendo. Mas nesse tempo todo o selo não chegou a dar grana, em algum momento? Tenho uma planilha de contabilidade do selo, que comecei a fazer em 2006. Ele alterna momentos de prejuízo com momentos de algum lucro, digamos. Alguns lançamentos geravam sobras, no sentido de que dava lucro o suficiente para bancar outras coisas. O Midsummer como um todo, se eu for contar apenas os lançamentos de discos, ele é deficitário, provavelmente. Ele tá estável de 2006 para cá. Tem um pequeno prejuízo que é meio conjuntural. A gente acabou de prensar o CD do Pin-Ups e acredito que com a venda de mais CDs, a gente vá voltar para o azul.
De 2004 em diante eu transformei o Midsummer em CNPJ. Ele tem um lado que muita gente não vê, que é meu lado de produtor de audiovisual, de roteirista de TV. Fizemos uma série para o Canal Brasil, O outro lado do disco, que conta a história das gravadoras e selos independentes do Brasil de 1970 até hoje. Se você me perguntar se sou capaz de viver com a grana que o Midsummer Madness me rende até hoje, diria que sim, porque o CNPJ está atrelado à minha profissão. Se fosse levar só pro lado da parte musical, não.
O selo voltou a ser zine, só que na internet, não? Isso, na verdade são dois sites: o mmrecords.com.br, que é o da gravadora, e o midsummermadness.com.br, do zine. Eu parei de fazer mais ou menos por volta de 1994, 1995, tem até alguns fanzines depois disso, mas lá pelo número 5 ou 6, comecei a lançar só fita K7. O zine na internet foi para o ar em 2016. Voltei a fazer porque me deu vontade, foi o mesmo motivo pelo qual fiz o zine em 1989: tinha coisas que eu não via ninguém escrevendo e ninguém publicando. No zine, tento não falar das bandas do selo, por… sei lá, por capricho mesmo, o espaço das bandas do selo já é no site da gravadora. Eu acho que isso deixa as pessoas até mais confusas. Mas enfim, paciência.
E quantos lançamentos o selo costuma ter por ano? Cara, nunca contabilizei isso direito não. Tenho uma planilhinha com tudo anotado, mas 2019 está sendo um ano atípico, tem coisa de uns dez ou quinze lançamentos, quase vinte lançamentos, talvez. Mas não tem uma média, porque teve ano que a gente nem lançou nada. Lembro que em 2005 não saiu nada. Acho que a gente tem 161 fitas e EPs lançados, mais uns 66 álbuns ou CDs, uns 62 singles… Isso inclui de tudo: CD, CD-R, fita.
Afinal, mídia física tem valor ainda, em tempos de Spotify? Absolutamente sim. Venho pensando muito nisso ultimamente. O fato de você poder ouvir música na internet já vem transformando há algum tempo música numa commodity. Você pode escutar em qualquer lugar. Se quando eu comecei o Midsummer me falassem que teria um aparelho que você poderia colocar no bolso e aquilo serviria como telefone, máquina fotográfica e ainda tocaria música… Eu ia achar que era coisa de ficção científica (risos). Mas acho que as pessoas que gostam mesmo de música querem ter o registro físico. Penso nisso de duas formas. Uma delas é o fato de que o registro da mídia física, seja ela qual for e independente da durabilidade do registro, ele formaliza a existência de uma banda, de um disco, da gravação.
Esses 30 anos da gravadora me mostraram que o Spotify pode ser lindo, maravilhoso… Mas vamos supor que um dia a gente acorde e descubra que não tem mais Spotify, e você perdeu tudo o que tinha lá? Isso acontece. Recentemente deu um bug qualquer no servidor do MySpace e eles perderam milhões de informações. Nesse lance da coletânea, por exemplo, tem umas 3 ou 4 bandas que são da época do MySpace e eles não têm master. Essa analogia serve para explicar o que eu acho do Spotify. Se eu consigo ter um registro físico, mesmo que não seja um registro vendável, é importante.
Por outro lado, muita gente fala que mídia física é legal, fala pra prensar vinil, mas isso custa uma fortuna. Um vinil hoje custa 14, 15, 18 mil para se fazer. No começo da gravadora, o registro mais viável era o K7. Hoje é o CD. Mas mesmo assim as pessoas não gostam muito do CD. Lembro que numa época, fizemos um manifesto de várias gravadoras – a gente, a Tamborete – que se chamava Demo é o K7! A ideia era falar que fita K7 não era uma demo, era um registro oficial da banda. Seria bom até ter mais bandas lançando CDs para ter o som registrado. Isso mostra que a mídia física existe. E tem um paradoxo que fico pensando às vezes: ecologicamente o mundo tá numa merda tão grande, e CD usa muito plástico. Botar mais plástico no mundo não é uma boa (risos). Às vezes fico encucado com isso.
Verdade… Ainda sobre a questão financeira, você chegou a me contar que uma das bandas do selo, a Devilish Dear, tem o Bandcamp mais lucrativo da gravadora. Como o tema “lucro” é conversado com as bandas do selo e, em números, o que significa um lucro para a gravadora? Bom, o tema “lucro” é discutindo com as bandas. Cada época tem suas mídias diferentes e já houve outras maneiras de trabalhar isso. A maneira atual tem a ver com o digital. Eu faço da seguinte forma: não coloco a banda em estúdio, não pago pela gravação da master, ela chega pronta pra mim e o master é das bandas. No digital, 80% vai pra banda e 20% pra gravadora. Isso pensando em receita gerada pelo Spotify e pelo Bandcamp. Quando a gente vai prensar um disco, aí é diferente. Combinamos uma porcentagem com a banda que não é de venda, porque aí é mais demorado. Se eu for prensar cem discos, uma parte fica com a banda. O Devilish Dear foi um ponto fora da curva, e continua vendendo muito bem no Bandcamp.
Tem até uma história curiosa do Bandcamp: eu tinha colocado todos os discos por um preço que variava entre 5 e 10 dólares. Não vendeu nada. Depois, pensei: “Vou deixar as pessoas pagarem o quanto elas quiserem”. Tem gente que paga 5, 10, 15 dólares por um disco digital que vai baixar para o seu HD. No caso do Devilish Dear, atingiu um público muito específico. 99% da receita que entrou veio de gente que tem blog. As bandas têm o próprio Bandcamp, mas a maioria das vendas acontece mesmo é pelo Bandcamp da Midsummer Madness. Tudo isso nesse mesmo esquema de “pague o quanto quiser”.
Essa banda é um ponto fora da curva, porque a receita é muito baixa e a maioria das bandas não gera receita nenhuma, até porque a pessoa põe que quer pagar zero dólares (risos). Em compensação, para pagar zero dólares pelo Bandcamp, a pessoa tem que me autorizar a usar o e-mail dela no nosso mailing list. O problema é que a maioria das pessoas que baixa discos pagando isso, na primeira newsletter que eu mando, elas desativam a newsletter. Olha, acho isso uma falta de respeito com o trabalho da banda e do selo.
(o Bandcamp do Midsummer Madness tá aqui)
Falando isso, por que o Bandcamp ainda não pegou direito no Brasil? As pessoas ainda não se deram conta de como a plataforma é boa, até editorialmente? Ele só não deu certo no Brasil por uma razão muito simples: você só consegue comprar em dólar. As pessoas sabem o quanto a plataforma é boa, mas tem isso. Já mandei vários e-mails pro Bandcamp sugerindo que começassem a trabalhar com reais. Mas eles me responderam muito educadamente, falando que a questão tributária no Brasil é muito complicada e não vale a pena. Então, você só pode comprar lá se você tiver um cartão de crédito internacional, porque aí você compra em dólar, euro, libras, ien japonês… Tem várias moedas lá, mas real brasileiro não tem. Talvez as pessoas começassem a comprar se pudessem pagar 50 centavos de real por uma música.
Entrevistei o pessoal da produtora Couple Of Things, que faz a série Videoclipers, e sai fazendo clipes pelo Brasil e até pelo mundo. Eles exploram metodologias colaborativas, saem oferecendo o trabalho deles pelo mundo, e conseguem assim pagar determinados serviços. Você vê seu trabalho no selo como sendo parte dessa metodologia de trabalho colaborativo, de criar novas maneiras de atrair dinheiro para o teu trabalho? Como faz isso? Eu não conheço o trabalho deles, mas é mais ou menos isso aí que você descreveu. Eu faço porque gosto dessa divisão de 80% para a banda e 20% para o selo. Eu acho super justo, porque pode parecer até que eu não faço nada, tipo: “Ah, ele só pega a música e põe no streaming”. Mas dá um trabalho do cão fazer isso! Existe um trabalho de promoção, de divulgação.
Eu infelizmente não vivo do Midsummer Madness como gravadora, tenho um outro trabalho que é Midsummer Madness também, mas que é diferente do que outras pessoas conhecem. A parte do meu tempo que dedico à gravadora não é pouca, não. Pelo menos 3 ou 4 horas do meu dia todos os dias é dedicada a isso, inclusive fim de semana. Faço esse trabalho de forma colaborativa com as bandas e acho justo que isso gere uma receita pro meu selo. Tenho tentado fazer, sem muito sucesso, com que as bandas se ajudem mais e se falem mais. Criei até um grupo no Facebook, fechado, só para quem faz parte de bandas do selo, para ver se as bandas começam mais a fazer coisas juntas. Mas é um grupo bem parado. Tentei forçar algumas coisas mas entendo que ninguém vive das bandas… É mais uma coisa de amor do que carreira profissional.
Nos anos 1980 falava-se apenas em vendagem de discos, e hoje uma banda pode fazer um clipe, criar ações diferentes, lançar vários singles, montar um canal no YouTube, um podcast… Mesmo que hoje seja tudo mais complicado, como você vê essa fartura de ações que podem ser implementadas hoje para lançar uma banda? Não sei se entendi a relação que você tentou fazer de vendagens de discos com essas coisas, até porque essas promoções existiam antes também… Na verdade não eram uma coisa que qualquer pessoa poderia fazer, dependia de uma gravadora que tivesse uma equipe de promoção, de divulgação, um bom assessor de imprensa que tivesse um bom caderninho de contatos…
Hoje em dia como as bandas podem fazer isso sozinhas sem ter uma estrutura grande por trás, vejo com bons olhos: que bom que a gente pode fazer isso, falando do outro lado do balcão, pensando na minha profissão, ou na profissão de jornalista. Bom, talvez não seja tão bom assim, porque algumas profissões se extinguiram, ficou cada vez mais difícil. Agora, vendo pelo lado da banda… Eu não sei se dá pra ser leigo e fazer essas coisas todas bem feitas. Tem banda que sabe fazer clipe, administrar Facebook, Instagram, Twitter, fazer show… Mas é raro você achar bandas que tenham pessoas capazes de fazer isso bem feito. E por outro lado, cria-se um excesso de informação que é difícil de lidar. Se você tem uma banda, precisa colocar a cabeça para fora d’água e aparecer, e você acaba sendo até estimulado a aumentar esse excesso de informações e criar mais coisas. Isso tudo é só um detalhe pequeno dentro de mais uma coisa que é a qualidade da banda. Nenhuma dessas ações vai inventar uma banda boa. Se ela não for boa, criar boas ações digitais não é suficiente.
E por que você se mudou para Londres, afinal? Vim pra cá em novembro de 2017. Me mudei por razões profissionais e pessoais, e porque fiquei de saco cheio do Brasil (risos). Sério, não dá mais para viver no país do jeito que ele está. Essa talvez seja a decisão mais difícil que eu tomei em toda a minha vida, pessoalmente. Você vê que a coisa tá indo pro fundo do poço do jeito que tá. Em 2017 já tava indo pro fundo do poço, um poço que parece não ter fim e que cada vez mais fica profundo. Continuo trabalhando na PlayTV, que é onde eu trabalhava antes, desde que fui morar em São Paulo. Em junho de 2009 fui pra SP e depois de SP eu vim pra Londres.
Dá pra tocar as coisas do selo daí? Como você faz? Sim, dá pra tocar, até porque o selo hoje é basicamente meu computador, meus HDs e um monte de coisa escanneada, capa, foto. Para cuidar do estoque físico, eu fiz uma parceria com a turma da Sinewave. Deixei uma parte do estoque com eles. Tem uma lojinha da Midsummer que quem quem faz o despacho e embala pelo correio é o pessoal da Sinewave. Trouxe uma parte do estoque para Londres também, e uma outra parte é vendida pelo Bandcamp para clientes de fora do Brasil, principalmente. Nem mudou muita coisa, porque hoje em dia é tudo digital. Uma parte que eu tinha deixado de fazer há muito tempo era a parte dos festivais. De 1998 a 2006 a gente teve o Algumas Pessoas Tentam Te Fuder, que eu parei de fazer. de vez em quando a gente organizava alguns shows do festival, mas percebi que não era muito produtivo eu organizar o show. Era mais fácil que as próprias bandas se organizassem e eu desse o apoio que eu pudesse dar. A vantagem de eu estar aqui é que eu consigo fazer uma divulgação internacional um pouco melhor para as bandas. A repercussão em alguns blogs internacionais tem sido bem melhor.
Como foi ter encontrado com Kurt Cobain naquela vez em que conseguiu entrevistá-lo, durante o Hollywood Rock de 1993? Lembro de ter lido que foi uma operação de guerra falar com ele… Não, nem foi. Foi até bastante tranquilo. Eu fazia um programa de rádio, o College Raio, com o Marcos Rayol, o Dodô e o Rogerio Maradona, e conseguimos uma credencial para o Hollywood Rock daquele ano. Com essa credencial, a gente deu uma de esperto e conseguiu entrar na passagem de som do Nirvana. A gente, quando acabou a passagem, foi pra perto da grade. Quando passou o Chris Novoselic (baixista), a gente gritou que tinha um programa de rádio, um fanzine… E ele: “Vai lá pro hotel. Se der a gente fala com vocês”.
E vocês foram? Sim. Chegamos lá, tava o Rogério, Dodô, o Leandro, que nem fazia parte do programa mas estava lá de tiete… E minha namorada na época. De repente desceu um cara que era guarda-costas da banda e perguntou quem era o pessoal do fanzine e da rádio. Levaram a gente pra um quarto e… surpresa. Quando abriram a porta entrou o Kurt Cobain. E a gente achava que era o Chris. Tem uma história que o Dodô conta, de que ele foi no ônibus da banda. Eu não me lembro disso, não estava junto com ele nem fui no ônibus, nem lembro do Dodô indo pro hotel no ônibus.
Como foi falar com eles? Olha, da minha parte, e eu sei que isso vai soar pedante, eu não achei nada demais! Minha ficha só foi cair depois que o cara morreu e você percebe claramente o que foi aquilo. Mas achei muito legal ele ter recebido a gente, ter conversado com a gente. Tudo era meio: “O cara é brother, o cara é gente igual a gente, o cara gosta de música”. Eu não tinha realizado a grandeza do Kurt Cobain, do Nirvana. Uma coisa que eu não esqueço é que fiquei insistentemente falando que existiam boas bandas aqui, que ele precisava ouvir as bandas do Brasil. E ele me deu o endereço do empresário dele. Me falou: “Pode mandar o que você quiser para esse endereço aqui, escreve que é pra mim. Vou adorar ouvir”. Aí eu me lembro que falei com ele, talvez num inglês muito macarrônico, que achava que as bandas do Brasil – e eu acho que falei especificamente do Second Come – eram muito melhores que o Nirvana. Falei isso pro cara!
https://www.youtube.com/watch?v=TTeFofI5ef8
E ele? Ele foi super gentil e respondeu: “Acho incrível que você tenha orgulho das suas bandas. Essa cena toda de Seattle só aconteceu porque as pessoas que moram lá têm muito orgulho das próprias bandas”. Claro que não falei de sacanagem, nem querendo zoar ninguém. Mas só depois me toquei da gafe. E ele foi super gentil, cordial. A gente tem o áudio dese encontro, mas está muito ruim. Se você buscar na internet, acha esse áudio (tem todo o papo transcrito aqui). Mas ele está com som muito ruim. Pra você ter uma ideia, fomos lá cobrir para o College Radio, mas a gente nunca usou esse áudio lá, de tão desatento que a gente era. A gente estava preocupado com outras coisas.
O que você estava fazendo quando soube da morte dele? Eu estava na Spider (histórica loja de CDs de Ipanema, Rio, especializada em indie rock). Eu era vendedor da loja. Não me lembro quem me deu a notícia, mas foi divulgado que ele tinha morrido, depois que ele tinha se suicidado. E as pessoas começaram a ir para a loja como se fosse um ponto de vigília. Lembro que achei aquilo tudo muito chato (risos), muito estranho e que eu fiquei puto, porque sempre vou achar um absurdo quando um cara desse se mata. Eu entendo e respeito toda a questão da depressão, o quando deve ser sofrido. Mas na época, eu lembro que fiquei muito puto. Achei covardia, que ia estimular os fãs a fazer a mesma coisa.
Um pouco depois, o Dodô me ligou e disse que a Bizz queria que a gente escrevesse um texto contando como foi nossa experiência com o Kurt. Eu me neguei a escrever, porque não era papa-defunto e não acho que seria uma maneira interessante de lembrar dele. Foi uma grande bobagem, porque na época eu tinha uns pontos de vista muito fortes e meio chatos de certa forma. Mas me incomodou porque parecia que a gente estava querendo ganhar dinheiro em cima da morte do cara. Falei pro Dodô que se ele quisesse escrever, que escrevesse.
Por último: você tem algum conselho para quem está montando uma gravadora independente hoje em dia? Cara, meu conselho é: faça. Não tenho nem como recomendar uma fórmula, faça isso, depois faça aquilo. O que me fez montar o selo, o fanzine, foi o querer fazer. O como fazer muda tanto… Quando eu comecei era de um jeito, há quinze anos era de outro, hoje já é um jeito totalmente diferente. Gravadora, selo, são uma das coisas mais bacanas do mundo. É uma pena que as pessoas tenham essa noção de gravadora como sendo só aquele cara filho da puta que tá ali pra passar a perna nas bandas, roubar os artistas. É uma pecha que acabou sendo deixada para elas, muito por culpa das majors. Mas não é assim. Se você for olhar os selos independentes, é uma galera que ama o que faz. O fã número 1 de uma banda, muitas vezes, é o cara que lança a banda. Porque às vezes ele passa tanto perrengue pra lançar o artista quanto o artista pssa para criar a música.
Tanto que se você me perguntar como eu ouço música hoje em dia, te respondo que sigo as gravadoras que eu gosto nos canais delas no YouTube, no Bandcamp. Facebook eu acho que é muito lixo, não tenho saco, mas dou uma olhada às vezes. Mas hoje, mais do que ser fã de bandas, eu sou fã de gravadoras. Elas têm esse papel do registro, do catálogo, da curadoria, de você ter uma ideia de que uma banda que eles lançam pode ser boa por causa do conjunto da obra.
Cultura Pop
Urgente!: O silêncio que Bruce Springsteen não quebrou

Tá aí o que muita gente queria: Bruce Springsteen vai lançar uma caixa com sete álbuns “perdidos”, nunca lançados oficialmente. O box vai se chamar Tracks II: The lost albums (é a continuidade de Tracks, caixa de 4 CDs lançada em 1998) e nasceu de uma limpeza que Bruce fez nos seus arquivos durante a pandemia. Pelo que se sabe até agora, o material inclui sobras das sessões de Born in the USA (1984) e gravações da fase eletrônica dele, no comecinho dos anos 1990 – inclusive um disco inteiro desse período, que nunca viu a luz do dia.
Essa notícia caiu nos sites na semana passada e trouxe de volta um detalhe que os fãs de Bruce já conhecem bem: ele tem muito material inédito guardado – e material bom. Em uma entrevista à Variety em 2017, ele mesmo comentou que sabia ter feito mais discos do que os que lançou, mas que havia motivos sérios para manter alguns deles nas gavetas.
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“Por que não lançamos esses discos? Não achei que fossem essenciais. Posso ter achado que eram bons, posso ter me divertido fazendo, e lançamos muitas dessas músicas em coleções de arquivo ao longo dos anos. Mas, durante toda a minha vida profissional, senti que liberava o que era essencial naquele momento. E, em troca, recebi uma definição muito precisa de quem eu era, o que eu queria fazer, sobre o que estava cantando”, disse na época (o link do papo tá aqui – é uma entrevista longa e bem legal).
Com o tempo, vários desses registros acabaram saindo em boxes e coletâneas. Um deles foi The ties that bind, um disco de pegada punk-power pop que seria lançado no Natal de 1979 – e que acabou virando uma espécie de esboço inicial do disco duplo The river, de 1980. Pelo menos saiu uma caixa em 2015 chamada The ties that bind: The River collection, com todo o material dessa época, inclusive o tal disco descartado (além de um material que formava quase um suposto disco de punk + power pop que teria sido abandonado).
Um texto publicado na newsletter do músico Giancarlo Rufatto recorda que Bruce infelizmente deixou de fora do novo box alguns álbuns que realmente mereciam ver a luz do dia. Um deles é um álbum solo (sem a E Street Band, enfim), com uma sonoridade country ’n soul, que foi gravado em 1981. Esse disco teria sido abandonado durante um período de depressão, que resultou em isolamento e na elaboração do disco cru Nebraska (1982), feito em casa com um gravador de quatro canais, só voz e violão.
Bruce até parece fazer referência a esse álbum perdido na entrevista da Variety. “Esse disco é influenciado pela música pop da Califórnia dos anos 70”, contou. “Glen Campbell, Jimmy Webb, Burt Bacharach, esse tipo de som. Não sei se as pessoas vão ouvir essas influências, mas era isso que eu tinha em mente. Isso me deu uma base pra criar, uma inspiração pra escrever. E também é um disco de cantor e compositor. Ele se conecta aos meus discos solo em termos de composição, mais Tunnel of love e Devils and dust, mas não é como eles. São apenas personagens diferentes vivendo suas vidas.”
Outro material bastante esperado pelos fãs – e que também não está na caixa – é o Electric Nebraska, a tentativa de Bruce de gravar com a E Street Band as músicas que acabaram no Nebraska. Nem ele, nem o empresário Jon Landau, nem os co-produtores Steven Van Zandt e Chuck Plotkin gostaram do resultado, e as gravações foram trancadas a sete chaves. Nem em bootlegs esse material apareceu até hoje. Pra você ter ideia, Glory days, que só sairia no Born in the USA (1984), chegou a ser ensaiada e gravada junto.
Quase todo mundo próximo a Bruce acredita que ele nunca vai lançar oficialmente essas gravações elétricas do Nebraska. Max Weinberg, baterista da E Street Band desde 1974 (com algumas pausas), confirmou a existência desse material em 2010, numa entrevista à Rolling Stone, e disse que adoraria ver tudo lançado.
“A E Street Band realmente gravou todo o Nebraska, e foi matador. Era tudo muito pesado. Por melhor que fosse, não era o que Bruce queria lançar. Existe um álbum completo do Nebraska, todas essas músicas estão prontas em algum lugar”, revelou. Bruce pode até guardar discos inteiros na gaveta, mas esse é um daqueles casos em que o silêncio guarda várias histórias – que podem render surpresas bem legais.
E ese aí é o lyric video de Rain in the river, uma das faixas programadas para Tracks II (a faixa sai num disco montado durante a elaboração do box, Perfect world).
Cultura Pop
Urgente!: Supergrass, Spielberg e um atalho recusado

Coisas que você descobre por acaso: numa conversa de WhatsApp com o amigo DJ Renato Lima, fiquei sabendo que, nos anos 1990, Steven Spielberg teve uma ideia bem louca. Ele queria reviver o espírito dos Monkees – não com uma nova versão da banda, como uma turma havia tentado sem sucesso nos anos 1980, mas com uma nova série de TV inspirada neles. E os escolhidos para isso? O Supergrass.
O trio britânico, que fez sucesso a reboque do britpop, estava em alta em 1995, quando lançou seu primeiro álbum, I should coco. Hits como Alright grudavam na mente, os vídeos eram cheios de energia, e Gaz Coombes, o vocalista, tinha cara de quem poderia muito bem ser um monkee da sua geração. Spielberg ouviu a banda por intermédio dos filhos, gostou e fez o convite.
Os ingleses foram até a Universal Studios para uma reunião com o diretor – com direito a recepção no rancho dele e papo sobre fase bem antigas da série televisiva Além da imaginação. O papo sobre a série, diz Coombes, foi proposital, porque a banda sacou logo onde aquilo poderia dar. “Talvez eu estivesse tentando antecipar a abordagem cafona que seria sugerida, tipo a banda morando junta como os Monkees”, contou Coombes à Louder, que publicou um texto sobre o assunto.
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A proposta era tentadora. Mas eles disseram não. “Foi lisonjeiro e muito legal, mas ficou óbvio para nós que não queríamos pegar esse atalho”, explicou o vocalista, afirmando ter pensado que aquilo poderia significar o fim do grupo. “Você pode acabar morrendo em um quarto de hotel ou algo assim, ou então a produção quer apenas um de nós para a próxima temporada. Foi muito engraçado, respeitosamente muito engraçado”.
O tempo passou. E agora, em 2025, I should coco completa 30 anos (mas já?). O Supergrass, que se separou no fim dos anos 2000, voltou para tocar o disco na íntegra e alguns hits em festivais como Glastonbury e Ilha de Wight.
Aqui, o trio no Glastonbury de 2022.
Foro: Keira Vallejo/Wikipedia
Crítica
Ouvimos: Lady Gaga, “Mayhem”

Tudo que é mais difícil de explicar, é mais complicado de entender – mesmo que as intenções sejam as melhores possíveis e haja um verniz cultural-intelectual robusto por trás. Isso vale até para desfiles de escolas de samba, quando a agremiação mais armada de referências bacanas e pesquisas exaustivas não vence, e ninguém entende o que aconteceu.
Carnaval, injustiças e polêmicas à parte, o novo Mayhem foi prometido desde o início como um retorno à fase “grêmio recreativo” de Lady Gaga. E sim, ele entrega o que promete: Gaga revisita sua era inicial, piscando para os fãs das antigas, trazendo clima de sortilégio no refrão do single Abracadabra (que remete ao começo do icônico hit Bad romance), e mergulhando de cabeça em synthpop, house music, boogie, ítalo-disco, pós-disco, rock, punk (por que não?) e outros estilos. Todas essas coisas juntas formam a Lady Gaga de 2025.
Algo vinha se perdendo ou sendo deixado de lado na carreira de Lady Gaga há algum tempo, e algo que sempre foi essencial nela: a capacidade de usar sua música e sua persona para comentar o próprio pop. David Bowie fazia isso o tempo todo – e ele, que praticamente paira como um santo padroeiro sobre Mayhem, é uma influência evidente em Vanish into you, uma das faixas que melhor representam o disco. Aqui, Gaga entrega dance music com alma roqueira, um baixo irresistível e um batidão que evoca tanto a fase noventista de Bowie quanto o synthpop dos anos 1980.
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Mais coisas foram sendo deixadas de lado na carreira dela que… Bom, sao coisas quase tão difíceis de explicar quanto as razões que levaram Gaga a criar um álbum considerado “difícil” como Artpop (2013), enquanto simultaneamente mergulhava no jazz com Tony Bennett e preparava-se para abraçar o soft rock no formidável Joanne (2016), um disco autorreferente que talvez tenha deixado os fãs da primeira fase perdidos. Em outro tempo, Madonna parecia autorizada a mudar como quisesse, mas quando Gaga fazia o mesmo, deixava no ar notas de desencontro e confusionismo. O pop mudou, as décadas passaram, o público mudou – e todas as certezas evaporaram.
É nesse cenário que Mayhem equilibra as coisas, entregando um pop dançante, consciente e orgulhoso de sua essência, mas ao mesmo tempo sombrio e marginal. Há momentos de caos organizado, como em Disease e Perfect celebrity – esta última começa soando como Nine Inch Nails, mas, se você mexer daqui e dali, pode até enxergar um nu-metal na estrutura. Killah traz uma eletrônica suja, um refrão meio soul, meio rock que caberia num disco do Aerosmith, enquanto Zombieboy aposta no pós-disco punk, evocando terror e êxtase na pista (por acaso, Gaga chegou a dizer que o disco tem influências de Radiohead, e confirmou o NiN como referência).
Na reta final, o álbum se aventura por outros terrenos: How bad do U want me e Don’t call tonight flertam com o pop dinamarquês dos anos 90 (e são, por sinal, as únicas faixas pouco inspiradas do disco); The beast tem cara de trilha sonora de comercial de cerveja; e Lovedrug mergulha na indefectível tendência soft rock que surge hoje em dia em dez entre dez discos pop. Essa faixa soa como um híbrido entre Fleetwood Mac e Roxette – como se Gaga estivesse pensando também na programação das rádios adultas de 2035.
O desfecho de Mayhem chega como um presente para o ouvinte: Blade of grass é uma balada melancólica de violão e piano, que ecoa tanto a tristeza folk dos anos 70 quanto a melancolia do ABBA, crescendo em inquietação à medida que avança. E então, como quem perde um pouco o tom, o álbum termina com… Die with a smile, a já conhecida balada country-soul gravada em parceria com Bruno Mars, lançada há tempos como single. Dentro do contexto do disco, ela soa mais como um apêndice do que como um encerramento – uma nota de rodapé onde se esperava um ponto final. Nada que chegue a atrapalhar a certeza de que Lady Gaga conseguiu, mais do que retornar ao passado, unir quase todos os seus fãs em Mayhem.
Nota: 8,5
Gravadora: Interscope
Lançamento: 7 de março de 2025.
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