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Cultura Pop

Righeira: você já tinha reparado que a canção “Vamos a la playa” era sobre uma guerra nuclear?

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Rigueira: você já tinha reparado que a canção "Vamos a la playa" era sobre uma guerra nuclear?

Não, provavelmente você não tinha reparado nisso. Vamos a la playa foi lançada em 1983, foi o maior hit do duo de ítalo-disco Righeira e possivelmente, se você tem uns 40, 40 e poucos anos, lembra só que havia uma música cujo refrão era “vamos a la playa/ôôôôô”.

Muita gente deve pensar que essa música foi feita aqui no Brasil. Isso porque no começo dos anos 1980 a gravadora CBS recebeu um lote de canções italianas para fazer versões em português – sucessos como Eva, gravado pelo Radio Táxi, e Mamma Maria, gravada pelo Grafite. E Vamos a la playa, com letra em português de Paulinho Camargo, foi parar na voz do grupo teen Bom Bom. A letra feita aqui transforma a canção num clássico do bubblegum pop, com versos que falam em “sanduíche natural” e “geração cocada”.

O Righeira, apesar de cantar em espanhol, vinha da Itália e era formado por dois caras chamados Stefano (Rota e Righi, os sobrenomes). A dupla lançou o primeiro disco, Righeira, em 1983 – com direito a lançamento nos EUA pela grandalhona A&M. Vamos a la playa era presente de uma outra dupla italiana, o La Bionda, formada pelos irmãos Carmelo e Michelangelo La Bionda. A trajetória dessa dupla era maluca o suficiente para incluir um disco de baladas acústicas gravado no Apple Studios com Nicky Hopkins no piano (Tutto va bene, de 1975), hits na era disco e um convincente synthpop, I wanna be your lover, de 1981.

Além de Vamos a la playa, outro hit do Righeira que você escutou até encher o saco foi No tengo dinero. Era outra canção em espanhol – o fato de mirar tão ostensivamente no mercado latino fez com que muita gente sequer se desse conta de que era uma dupla de Turim, na Itália. O clipe abaixo, com visual de videogame, fez muito sucesso entre crianças lá por 1983.

Os dois Stefano eram amigos, mas para chamar a atenção dos repórteres, inventaram que eram irmãos. O espanhol, juravam eles em entrevistas, era uma opção natural para compor, não era exatamente uma estratégia. Seja como for, deu bom: o sucesso foi tão grande que a banda logo foi tocar no prestigioso festival de San Remo e continuou gravando e se apresentando com regularidade. Você pode não ter ouvido falar mais dos dois, mas eles estiveram juntos até 1992 e voltaram em 1999. Em 2016 Stefano Righi adotou definitivamente o nome Righeira e levou a história adiante. O xará Rota segue solo, e também tem feito trabalhos como ator.

Agora, o que possivelmente você não reparou foi um detalhe um tanto sórdido com relação a Vamos a la playa. Especialmente se só tem a versão em português na cabeça.

A música, apesar do refrão alegre e das dancinhas a la Devo dos dois Stefano, é uma canção sobre os efeitos de uma guerra nuclear, em que “a radiação queima tudo e tinge tudo de azul”. As pessoas precisam ir à praia de chapéu porque “o vendo radiativo, ele bagunça o cabelo”. No final, paz total: o mar está limpo, “não há mais peixe fedorento, mas água florescendo”. Se você nunca se preocupou em saber nada da canção além do refrão, ela é isso aí.

Se você chegou até aqui, pega aí um dos eventos que mostraram para o Righeira que aquela história de cantar sobre guerras nucleares em espanhol tava dando certo: a participação da dupla na vigésima (e platinada) edição do Festivalbar, tradicional festival musical italiano, em 1983. A seleção daquele ano foi variada a ponto de incluir Lou Reed, a cantora italiana Fiorella Manoia (que já gravou com nomes como Caetano Veloso, Toquinho e Chico Buarque), Richie Havens e o grupo de synthpop Heaven 17.

https://www.youtube.com/watch?v=27m4jR_YGJI

Aliás, pega aí uma coletânea deles. De nada.

Ricardo Schott é jornalista, radialista, editor e principal colaborador do POP FANTASMA.

Cultura Pop

No nosso podcast, Alanis Morissette da pré-história a “Jagged little pill”

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No nosso podcast, Alanis Morissette da pré-história a "Jagged little pill"

Você pensava que o Pop Fantasma Documento, nosso podcast, não ia mais voltar? Olha ele aqui de novo, por três edições especiais no fim de 2025 – e ano que vem estamos de volta de vez. No segundo e penúltimo episódio desse ano, o papo é um dos maiores sucessos dos anos 1990. Sucesso, aliás, é pouco: há uns 30 anos, pra onde quer que você fosse, jamais escaparia de Alanis Morissette e do seu extremamente popular terceiro disco, Jagged little pill (1995).

Peraí, “terceiro” disco? Sim, porque Jagged era só o segundo ato da carreira de Alanis Morissette. E ainda havia uma pré-história dela, em seu país de origem, o Canadá – em que ela fazia um som beeeem diferente do que a consagrou. Bora conferir essa história?

Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch (foto: Capa de Jagged little pill). Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Vinheta de abertura: Renato Vilarouca. Estamos aqui de quinze em quinze dias, às sextas! Apoie a gente em apoia.se/popfantasma.

Ouça a gente preferencialmente no Castbox. Mas estamos também no Mixcloud, no Deezer e no Spotify.

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Cultura Pop

No nosso podcast, Radiohead do começo até “OK computer”

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Radiohead no nosso podcast, o Pop Fantasma Documento

Você pensava que o Pop Fantasma Documento, nosso podcast, não ia mais voltar? Olha ele aqui de novo, por três edições especiais no fim de 2025 – e ano que vem estamos de volta de vez. Para abrir essa pequena série, escolhemos falar de uma banda que definiu muita coisa nos anos 1990 – aliás, pra uma turma enorme, uma banda que definiu tudo na década. Enfim, de técnicas de gravação a relacionamento com o mercado, nada foi o mesmo depois que o Radiohead apareceu.

E hoje a gente recorda tudo que andava rolando pelo caminho de Thom Yorke, Jonny Greenwood, Colin Greenwood, Ed O’Brien e Phil Selway, do comecinho do Radiohead até a era do definidor terceiro disco do quinteto, OK computer (1997).

Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch (foto: reprodução internet). Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Vinheta de abertura: Renato Vilarouca. Estamos aqui de quinze em quinze dias, às sextas! Apoie a gente em apoia.se/popfantasma.

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4 discos

4 discos: Ace Frehley

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Dizem por aí que muita gente só vai recordar de Gene Simmons e Paul Stanley, os chefões do Kiss, quando o assunto for negócios e empreendedorismo no rock – ao contrário das recordações musicais trazidas pelo nome de Ace Frehley, primeiro guitarrista do grupo, morto no dia 16 de outubro, aos 74 anos.

Maldade com os criadores de uma das maiores bandas de rock de todos os tempos, claro – mas quando Frehley deixou o grupo em 1982, muita coisa morreu no quarteto mascarado. Paul Daniel Frehley, nome verdadeiro do cara, podia não ser o melhor guitarrista do mundo – mas conseguia ser um dos campeões no mesmo jogo de nomes como Bill Nelson (Be Bop De Luxe), Brian May (Queen) e Mick Ronson (David Bowie). Ou seja: guitarra agressiva e melódica, solos mágicos e sonoridade quase voadora, tão própria do rock pesado quanto da era do glam rock.

Ace não foi apenas o melhor guitarrista da história do Kiss: levando em conta que o grupo de Gene e Paul sempre foi uma empresa muito bem sucedida, o “spaceman” (figura pela qual se tornou conhecido no grupo) sempre foi um funcionário bastante útil, que lutou para se sentir prestigiado em seu trabalho, e que abandonou a banda quando viu suas funções sendo cada vez mais congeladas lá dentro. Deixou pra trás um contrato milionário e levou adiante uma carreira ligada ao hard rock e a uma “onda metaleira” voltada para o começo do heavy metal, com peso obedecendo à melodia, e não o contrário.

Como fazia tempo que não rolava um 4 Discos aqui no Pop Fantasma, agora vai rolar: se for começar por quatro álbuns de Ace, comece por esses quatro.

Texto: Ricardo Schott – Foto: Reprodução

“KISS: ACE FREHLEY” (Casablanca, 1978). Brigas dentro do Kiss fizeram com que Gene, Paul, Ace e o baterista Peter Criss lançassem discos solo padronizados em 1978 – adaptando uma ideia que o trio folk Peter, Paul and Mary havia tido em 1971, quando saíram álbuns solo dos três cujas capas e logotipos faziam referência ao grupo. Ace lembra de ter ouvido uma oferta disfarçada de provocação numa reunião do Kiss, quando ficou definido que cada integrante lançaria um disco solo: “Eles disseram: ‘Ah, Ace, a propósito, se precisar de ajuda com o seu disco, não hesite em nos ligar ‘. No fundo, eu dizia: ‘Não preciso da ajuda deles’”, contou.

Além de dizer um “que se foda” para os patrões, Ace conseguiu fazer o melhor disco da série – um total encontro entre hard rock e glam rock, destacando a mágica de sua guitarra em ótimas faixas autorais como Ozone e What’s on your mind? (essa, uma espécie de versão punk do som do próprio Kiss) além do instrumental Fractured mirror. Foi também o único disco dos quatro a estourar um hit: a regravação de New York Groove, composta por Russ Ballard e gravada originalmente em 1971 pela banda glam britânica Hello. Acompanhando Frehley, entre outros, o futuro batera da banda do programa de David Letterman, Anton Fig, que se tornaria seu parceiro também em…

“FREHLEY’S COMET” (Atlantic/Megaforce, 1987). Seguindo a onda de bandas-com-dono-guitarrista (como Richie Blackmore’s Rainbow e Yngwie Malmsteen’s Rising Force), lá vinha Frehley com seu próprio projeto, co-produzido por ele, pelo lendário técnico de som Eddie Kramer (Jimi Hendrix, Beatles, Led Zeppelin) e Jon Zazula (saudoso fundador da Megaforce). Frehley vinha acompanhado por Fig (bateria), John Regan (baixo, backing vocal) e Tod Howarth (guitarras, backing vocal e voz solo em três faixas).

O resultado se localizou entre o metal, o hard rock e o rock das antigas: Frehley escreveu músicas com o experiente Chip Taylor (Rock soldiers), com o ex-colega de Kiss Eric Carr (Breakout) e com John Regan (o instrumental Fractured too). Howarth contribuiu com Something moved (uma das faixas cantadas pelo guitarrista). Russ Ballard, autor de New York groove, reaparece com Into the night, gravada originalmente pelo autor em 1984 em um disco solo. Típico disco pesado dos anos 1980 feito para escutar no volume máximo.

“TROUBLE WALKING” (Atlantic/Megaforce, 1989). Na prática, Trouble walking foi o segundo disco solo de Ace, já que os dois anteriores saíram com a nomenclatura Frehley’s Comet. A formação era quase a mesma do primeiro álbum da banda de Frehley – a diferença era a presença de Richie Scarlet na guitarra. O som era bem mais repleto de recordações sonoras ligadas ao Kiss do que os álbuns do Comet, em músicas como Shot full of rock, 2 young 2 die e a faixa-título – além da versão de Do ya, do The Move. Peter Criss, baterista da primeira formação do Kiss, participava fazendo backing vocals. Três integrantes do então iniciante Skid Row (Sebastian Bach, Dave Sabo, Rachel Bolan), também.

“10.000 VOLTS” (MNRK, 2024). Acabou sendo o último álbum da vida de Frehley: 10.000 volts trouxe o ex-guitarrista do Kiss atuando até como “diretor criativo” e designer da capa. Ace compôs e produziu tudo ao lado de Steve Brown (Trixter), tocou guitarra em todas as faixas – ao lado de músicos como David Julian e o próprio Brown – e convocou o velho brother Anton Fig para tocar bateria em três faixas. A tradicional faixa instrumental do final era a bela Stratosphere, e o spaceman posou ao lado de extraterrestres no clipe da ótima Walkin’ on the moon. Discão.

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