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Lançamentos

Raphael Belchior: influências de George Harrison e Fito Paez em EP

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Raphael Belchior: influências de George Harrison e Fito Paez em EP

Fazendo uma espécie de pop-rock-MPB (a definição é dele), e influenciado por George Harrison e Fito Paez, o músico, cantor e compositor Raphael Belchior acaba de lançar o EP Entretempo, que segundo ele, fala de momentos de crescimento, mudanças e autodescoberta.

“Como as estações do ano, nossas vidas passam por ciclos de renovação, e a música nos acompanha em cada fase. Peixes barulhentos faz alusão à filosofia oriental, que significa coragem e resistência, e nos convida a abraçar essas mudanças com bravura. Entretempo a faixa-título) é um lembrete de que, assim como a natureza muda com as estações, também evoluímos e crescemos ao longo do tempo”, diz ele, citando duas músicas do disco. “Cada faixa representa uma estação única em nossa jornada pessoal, desde a renovação da primavera até a reflexão do inverno, celebrando todas as fases que moldam quem somos”.

O EP conta com as participações de Yohan Kisser em Peixes barulhentos, e Johnny Monster e Bianca Godoi em Quando eu voltar a ser criança. Dias estranhos, que ganhou clipe, fala sobre a importância de procurar novos caminhos e seguir em frente. “É sobre não se deixar levar pelos dias ruins. A letra é inspirada na canção Saída de emergência, do Johnny Monster e a influência sonora vem da canção Mariposa tecnicolor, de Fito Paez. O clima psicodélico no final é influenciado pelo The Doors”, conta ele, que é acompanhado pela banda Cidadão Moderno: Eraldo Santos (baixo), Bruno Sampaio (bateria), Ronaldo Damatta (teclado), Victor Souza (violão) e Rafael Pina (guitarra).

Foto: Divulgação.

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Crítica

Ouvimos: Melvins, “Tarantula heart”

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Ouvimos: Melvins, "Tarantula heart"
  • Tarantula heart é o 27º disco de estúdio da banda norte-americana Melvins – que, para o lançamento, adotou o nome “The” Melvins. O disco vem sendo gravado desde 2022 e, diz o vocalista Buzz Osborne, “é um disco diferente de tudo que nós já gravamos”.
  • Buzz conta que, no novo álbum, a banda fez as músicas ao contrário: tocou tudo antes de começarem a escrever as canções. A banda se enfiou no estúdio, foi gravando, depois escreveu novas partes para fazer o material se adequar.
  • Para Tarantula heart, o Melvins transformou-se num quinteto: Buzz Osborne (voz, guitarra), Dale Crover, Roy Mayorga (baterias), Gary Chester (guitarra) e Steven Shane McDonald (baixo).

Das bandas que conseguiram fama na onda de Seattle, Melvins era a que mais tentava ganhar os fãs no susto. Dedicaram-se a fazer canções de hard rock aterrador (o tal do sludge metal, em sua pureza), ao contrario de seus colegas. O Nirvana só foi se tornar uma banda realmente gritalhona no fim da carreira, o Mudhoney era rock de garagem dos anos 1960. Em discos como Houdini (1993), Stoner witch (1994) e (A) Senile animal (2006), a ideia do grupo era construir cenários musicais nos quais ninguém gostaria de morar, com direito a uso de paredes de guitarra e duas baterias.

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Nem tudo dos Melvins é realmente necessário de ouvir, ou bom de verdade, já que a fórmula foi perdida durante vários discos que soavam mais como caricaturas – Pinkus abortion technician, disco de 2019 repleto de covers, tinha uma versão de I wanna hold your hand, dos Beatles, que não servia sequer como afronta. Tarantula heart, o novo, põe o grupo nos eixos oferecendo 40 minutos de terror psicodélico. Já rola logo na primeira faixa, Pain equals funny, vinte minutos de pancada sonora, com uma letra que parece revirar seres humanos do avesso.

O novo disco da banda parece se inspirar numa receita musical que tem mais a ver com grupos como Faust e Suicide do que com punk, metal ou coisas do tipo. Allergic to food é o momento Minstry do disco, mas sem eletrônica. She’s got weird arms tem guitarras maníacos e ritmos quebrados percorrendo os quase quatro minutos da faixa. Já Working the ditch é metal arrastado e de poucos amigos (e poucos acordes), a cara de discos do grupo nos anos 2000. E Smiler é a faixa mais prototipicamente metal do álbum. Disco curto e conciso mesmo nas canções grandes, para ouvir muito barulho.

Nota: 8
Gravadora: Ipecac

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Crítica

Ouvimos: Claire Rousay, “Sentiment”

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Ouvimos: Claire Rousay, "Sentiment"
  • Sentiment é o novo disco de Claire Rousay, instrumentista de vanguarda que tem uma discografia bem numerosa. Nascida no Canadá, ela vive em Los Angeles e grava pelo selo Thrill Jockey, gravadora independente norte-americana que vai do metal ao som experimental e que é dirigida por Bettina Richards, uma ex-executiva de A&R da gravadora Atlantic.
  • Claire é uma mulher trans. Passou a falar sobre o assunto em entrevistas em 2019. “Quando as pessoas dizem coisas transfóbicas ou homofóbicas, é como se eu já tivesse ouvido tudo. E muitas das vezes que ouvi isso não foram na internet. Alguém gritou comigo do carro. Ou ficou me encurralando em um bar ou me empurrando ou algo assim. Já ouvi todas essas coisas em situações muito mais extremas”, disse ao Irish Times.

Se for escolher um disco para dar aquela alegrada básica no fim de semana, nem passe perto do novo lançamento de Claire Rousay. Sentiment faz jus ao título: investiga tanto os sentimentos de quem passa por uma fossa abissal, que, como disco de cabeceira, pode ser uma péssima companhia.

A abertura é com 4pm, uma faixa falada, gravada como se fosse um recado na secretária eletrônica. Theodore Cale Schafter, convidado de Claire, avisa que “são 4 da manhã e não consigo parar de chorar” e “nunca me senti tão sozinho e descartado em minha vida, e isso inclui momentos em que perdi amigos, família e até mesmo o que eu pensava ser meu deus”.

Sentiment, pode acreditar, é o disco “pop” de Claire, já que ela é originalmente uma artista de sons experimentais e de música concreta – vários discos dela têm canções que chegam a quase 20 minutos, e que usam e abusam de sons gravados na rua. O novo álbum é pródigo em músicas curtas e investe num material desafiador, mas que, se devidamente rearranjado, ganharia uma cara pop mais definida.

Aparentemente, o recado de secretária da primeira faixa é um recado para quem ouve o disco. Talvez como brincadeira com o “sentimento” do nome, Claire investe em vocais robóticos, cheios de autotune – em faixas como as baladas tristes Head e It could be anything e a vinheta Asking for it. Curiosamente, a impressão que dá é a de estar escutando artistas que habitam um espectro bem diferente (e mais radiofônico) que o dela.

A imagem de capa, com Claire em clima de “ah não, o dia amanheceu e não quero levantar da cama” permeia o disco. Sentiment, afinal, é o álbum do descontrole emocional de Head, do orgulho ferido e da misantropia de Lover’s spit plays in the background e de uma porrada emocional que se chama justamente… Please 5 more minutes, aquela frase que quase todo mundo um dia falou ao acordar. Também é o disco de Sycamore skylight, instrumental com piano ao longe, e ruídos de conversa, quase como num sonho estranho e meditativo. Um som para os momentos em que ficar só, morgando na cama, pode ser doloroso, mas é necessário.

Nota: 7
Gravadora: Thrill Jockey

 

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Crítica

Ouvimos: Cátia de França, “No rastro de Catarina”

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Ouvimos: Cátia de França, "No rastro de Catarina"
  • No rastro de Catarina é o sétimo disco da cantora, compositora e violonista paraibana Cátia de França. A cantora de 77 anos estreou em disco com 20 palavras ao redor do sol, lançado em 1979 pela CBS (hoje Sony Music).
  • Seus dois discos pela multinacional tinham na ficha técnica nomes como Zé Ramalho, Dominguinhos, Sivuca, Chico Batera, Lulu Santos e Bezerra da Silva (estes dois últimos, antes da fama como artistas solo). E no mesmo ano em que saiu o primeiro álbum, Elba Ramalho gravou Kukukaya (Jogo da asa da bruxa) em sua estreia, Ave de prata.
  • O disco foi gravado ao vivo no estúdio Peixeboi, em João Pessoa (PB), com uma banda formada por Cristiano Oliveira (viola, violão e violão de aço), Marcelo Macêdo (guitarra e violão de aço), Elma Virgínia (baixo acústico, baixo elétrico e fretless), Beto Preah (bateria e percussões) e Chico Correa (sintetizadores e samplers), que também produziu o álbum ao lado de Marcelo Macêdo. 

20 palavras ao redor do sol, estreia de Cátia de França (1979) era forró e ritmos nordestinos em geral. Mas era psicodelia e era até (com licença poética) rock. Nem era preciso fazer muito esforço para achar elementos do estilo perdidos aqui e ali, porque o disco cabia com folga num guarda-chuva de liberdade musical no qual entravam também o galope pauleira de Alceu Valença, o progressivismo de Zé Ramalho, o blues do Estácio de Luiz Melodia e até o samba-crônica de Martinho da Vila. Uma música com raízes, mas ligada em tudo, e de olho no dia a dia.

Passou tempo, e a discografia de Cátia foi acrescida de outros discos, como o essencialmente nordestino Estilhaços (1980, seu último álbum por uma multinacional) e o curioso Feliz demais (álbum independente de 1985, em cuja capa, curiosamente, surge com um ar desconfiado e nada alegre). Em tempos de CDs e plataformas digitais, ela vem se mantendo bastante ativa nas gravações, voltando agora com esse No rastro de Catarina.

No rastro é um disco basicamente regido pelo renascimento, pela afirmação e pela visibilidade, cujas música valem como crônicas. É o disco de músicas como a psicodélica Fênix, o reggae-blues Em resposta (que caberia bem na voz de Ney Matogrosso), o afrobeat Espelho de Oloxá e o belo soul Negritude, cujos títulos já inserem o ouvinte no universo de Cátia.

Cátia canta também o envelhecimento e o orgulho pela idade avançada e pelo tempo passado, em meio às batidas dançantes de Malakuyawa. Traz recordações de seu passado no bolero Veias abertas e na romântica Indecisão (feita a partir de um poema que ela escreveu aos 14 anos). E encerra com a meditação da balada Meu pensamento II e da violeira Conversando com o rio.

Nota: 9
Gravadora: Tuim Discos (Brasil)/Amplifica Music (outros países)

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