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Radar: Biloba, Σtella, a nova do Japanese Breakfast e mais 5 sons lá de fora

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Radar: Biloba, Σtella, a nova do Japanese Breakfast e mais 5 sons lá de fora

Não se limite à música da Inglaterra e dos EUA! No Pop Fantasma, a gente sempre faz questão de apresentar bandas da Itália, da França e, claro, do Brasil. No Radar Internacional desta semana, nosso foco também foi para uma banda de Portugal e uma cantora grega contratada pela Sub Pop, que está lançando singles no idioma do seu país. Em um momento em que o poderoso mercado norte-americano parece cada vez mais voltado para si mesmo, fazer música em outras línguas — e ouvir sons de diferentes partes do mundo — é, mais do que nunca, um ato político. E bora começar com o Biloba, de Portugal, puxando uma lista que traz as novas de grupos como Japanese Breakfast e Night Tapes, além da estreia de outro ex-integrante do Black Midi após o fim da banda.

(Foto Biloba: Divulgação)

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BILOBA, “QUANDO FOR PRA IR”. Se você nunca ouviu rock feito em Portugal – e cantado no português de lá –, Biloba é um ótimo ponto de partida. A banda mistura jazz, psicodelia e pitadas de hip hop e trip hop, criando uma sonoridade rica e atmosférica. Quando for pra ir fala sobre um dilema universal: partir em busca do novo ou permanecer no conhecido? O primeiro álbum do Biloba, Sala de espera, chega em março.

ΣTELLA, “OMORFO MOU”. Stella Chronopoulou, a primeira cantora grega a assinar com a Sub Pop, prepara o lançamento de seu quinto álbum, Adagio, em 4 de abril, pela gravadora. Novidade: o disco mescla faixas em inglês com canções em sua língua natal. Entre elas, Omorfo mou (algo como “minha linda” em grego), um synth pop hipnótico de letra concisa. Pelas pistas já reveladas, Adagio promete uma fusão única de pop grego, sintetizadores, yé-yé francês e até um toque de tropicalismo—não à toa, uma das faixas se chama Baby Brazil. Ah, sim, o nome dela se escreve dessa forma mesmo – com uma letra sigma no lugar do “s”.

JAPANESE BREAKFAST, “MEGA CIRCUIT”. For melancholy brunettes (& sad women), o novo álbum do Japanese Breakfast, chega em 21 de março. A cantora e compositora Michelle Zauner, mente por trás do projeto, revelou que a ideia inicial era criar um disco “mais assustador e guiado pela guitarra”. Já Mega circuit, o single mais recente, é um indie pop adulto, refinado e atemporal, conduzido pelo vocal sereno de Michelle. A letra aborda uma geração de homens que, “na ausência de modelos positivos, encontrou refúgio na violência e na intolerância”. O clipe já está no ar—vale conferir.

NIGHT TAPES, “TELEVISION”. O trio londrino cria um dream pop etéreo, com vocais angelicais de Iiris Vesik e uma sonoridade que remete ao lado mais introspectivo do pós-punk oitentista. Television nasceu de uma observação curiosa: ao checar o celular em um parque, Iiris percebeu que todos ao seu redor faziam o mesmo, imersos no mundo digital em vez de aproveitar o momento. A música reflete essa desconexão moderna com um clima hipnótico e envolvente.

MY NEW BAND BELIEVE, “LECTURE 25”. Além de Geordie Greep, tem outro ex-integrante do Black Midi com trabalho próprio. O guitarrista, baixista e tecladista Cameron Picton iniciou essa banda fazendo canções “com o microfone do meu laptop e um Zoom H6, sem mixagem, sem masterização”, como ele conta. A ideia inicial era lançar tudo assim mesmo, mas o multi-instrumentista Seth Evans, que já tocava com o Black Midi, ouviu a faixa Lecture 25—um mergulho no pós-punk experimental e no jazz—e se ofereceu para mixar. Mais que isso: também gravou piano na música, que traz Picton na guitarra e vocais, Josh Finerty no baixo e King David Ike-Elechi na bateria. O resultado já ganhou um clipe.

COURTING, “AFTER YOU”. Essa banda é de Liverpool, mas poderia muito bem ter vindo de outro lugar. Seu som carrega ecos do rock de Manchester dos anos 1980 e do indie rock norte-americano dos anos 2000, além do pós-punk londrino. Agora, o grupo se prepara para lançar seu terceiro álbum, Lust for life, or How to thread the needle and come out the other side to tell the story (“Sede de viver, ou como enfiar a agulha e sair do outro lado para contar a história”, em tradução literal). O single mais recente, After you, exala urgência musical e ainda vem acompanhado de um clipe excelente.

PRIMA QUEEN, “THE PRIZE”. O duo formado por Louise Macphail e Kristin McFadden (ambas nos vocais e guitarras) traz à tona aquela estética indie que ganhou força na segunda metade dos anos 2000, evocando nomes como Whitney, Band of Horses, Rilo Kiley e Beach House—bandas que misturavam influências sessentistas, country e até trilhas de cinema. Com um toque sutil de ABBA na sonoridade, The prize vem acompanhada de um clipe excelente, filmado em uma pista de patinação. Mas além da melodia envolvente, a faixa se destaca pela letra forte e aconselhativa, voltada a mulheres que enfrentam violência psicológica e abusos em algum relacionamento: “Querida, enxugue seus olhos/você esqueceu que é um diamante?”

EEL MEN, “SORE EYES”. Algo me diz que, se estivéssemos lá por 2001, ou 2002, os Eel Men já estariam contratados por uma gravadora grande – a estética punk dessa banda londrina, que parece o tempo todo homenagear bandas como Buzzcocks e Gang Of Four, tem tudo a ver com uma certa confluência entre anos 1970 e 2000 que se abriu nessa época. O primeiro LP, Stop it!, sai no dia 7 de março e a ágil Sore eyes é o último single antes do lançamento.

Crítica

Ouvimos: Miley Cyrus – “Something beautiful”

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Ouvimos: Miley Cyrus - "Something beautiful"

RESENHA: Miley Cyrus lança Something beautiful, um disco pop irregular, com ótimos momentos, mas um tanto quanto bagunçado na direção criativa.

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Ouvir e entender esse novo disco de Miley Cyrus pelo que ele é de verdade pede calma. Ainda mais se você ficou animada/animado com a promessa de um disco pop revolucionário e psicodélico, “inspirado no The wall, do Pink Floyd”, como ela própria anunciou. É preciso lembrar que nem todo pop precisa ser “conceitual” para ser bom. Nem todo mundo é David Bowie, George Michael ou Lady Gaga, e tá tudo bem. E até mesmo The wall tinha furos conceituais, e momentos que desafiavam a paciência de qualquer um. Vai por aí.

Com uma lista de colaboradores enorme – que inclui Danielle Haim, Flea, Cole Haden (Model/Actriz), Brittany Howard, Adam Granduciel (The War On Drugs) e mais uma porrada de gente – Something beautiful, novo disco de Miley, não é “progressivo”, não é psicodélico e nem mesmo é um disco conceitual. A começar pelo fato de “conceitual” ser uma palavra pra lá de desgastada, enfim. É um disco pop com momentos de contação de histórias e elementos de sujeira, como no aspecto lo-fi da faixa-título, no som anos 1980 de More to lose e no tecnopop pretensamente lisérgico (e bom) de Pretend you’re god – que combina sons de teremim, guitarras com distorção e texturas estranhas.

Leia também:

  • Ouvimos: Model/Actriz – Pirouette
  • Ouvimos: Brittany Howard – What now
  • Ouvimos: Elton John e Brandi Carlile – Who believes in angels?
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Essas músicas mais “difíceis” (em tese) do disco é que dão mais graça a ele, porque Something beautiful tem pelo menos dois pecados sérios justamente na área pop. Que são a caidinha End of the world (com vibe meio Elton John meio Coldplay) e o tom não-disse-a-que-veio de Every girl you’ve ever loved, uma imitação do ABBA com participação de Naomi Campbell – que mais parece um remix de algum hit oitentista, como aqueles remixes do Kid Abelha que tocavam o dia todo no rádio no fim dos anos 1990.

Por outro lado, tem a ótima Easy lover, pop com cara de anos 1970-1980, com piano Rhodes e algo das faixas solo de Stevie Winwood. E duas faixas em que dá para perceber o quanto Miley vem sendo influenciada por Stevie Nicks – o soft rock Golden burning sun e a disco Walk of fame, a tal faixa com Brittany Howard. Encerrando o disco, tem Give me love, pop grandiloquente com clima gratiluz e meio hippie, com final aterrorizante – e que deixa a impressão de que se não fosse uma música perdida num disco perdido, faria mais sentido.

No fim das contas, Something beautiful tem momentos legais e nem de longe é um disco ruim. Mas se é preciso um gerente ou um diretor criativo para dar organizar as ideias num disco pop cheio de colaboradores, deu bagunça na gerência.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 7
Gravadora: MCEO/Columbia/Sony Music
Lançamento: 30 de maio de 2025.

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Crítica

Ouvimos: D4vd – “Withered”

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RESENHA: D4vd estreia com Withered, pop lo-fi com ecos de emo e pós-britpop. Começou fazendo trilhas pra vídeos de Fortnite. Hoje canta o fim do amor.

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O começo de carreira do novaiorquino David Anthony Burke, ou simplesmente D4vd, foi bem, digamos, prafrentex. Ele na verdade queria ser gamer e jogar profissionalmente o jogo-mania Fortnite – daí teve a ideia de divulgar vídeos no YouTube com montagens de suas partidas. Prosseguiu nessa até levar um gancho da plataforma por causa das trilhas dos jogos. Da ideia inicial de criar suas próprias trilhas, usando o app BandLab, e do sucesso que seus vídeos com músicas autorais passaram a fazer, nasceu uma carreira musical.

Daí que Withered, primeiro álbum de D4vd, 20 anos, não nega esse começo, muito menos sua geração. É um disco de pop-de-quarto, fluido, lo-fi, e que muitas vezes vai para um som reduzido a seu mínimo conhecido como pop. Isso rola no som imaginativo de Atomic land, no soft rock Sky, na corneira britpop (com guitarra parecendo vir de uma fita velha) You left me first e no discurso “como posso te chamar de amiga, se já te chamei de amor?” de Friend again, pop com evidente origem emo.

Leia também:

  • Ouvimos: Kali Uchis – Sincerely,
  • Ouvimos: Coldplay – Moon music
  • Ouvimos: Billie Eilish – Hit me hard and soft
  • Ouvimos: Rico Nasty – Lethal

O disco tem dez produtores (o próprio D4vd entre eles), um número considerável de co-autores, e uma participação de peso – Kali Uchis, que solta a voz na balada blues Crashing. E felizmente ninguém tentou transformar D4vd em algo diferente do que ele sempre foi, ou algo do tipo. Mas e as letras? Bom, Withered é o retrato de um jovem em frangalhos, influenciado tanto pela solidão do bedroom pop, quanto pela vibe choramingas do emo e do pós-britpop. E que está tendo que acompanhar a seu modo um mundo em que os relacionamentos não vão pra frente e, às vezes, só uma das partes está namorando de verdade.

A mescla musical inclui referências do trap e do hip hop, como no vocal autotunado de Where’d it go wrong?. No meio dessa salada sonora (bem feita, vale deixar claro) há emanações de bandas como Coldplay e Starsailor em Somewhere in the middle, punk pop em What are you waiting for, pop sinuoso com agudinho em Feel it,  e até shoegaze (!) em Unrequited (faixa bônus da edição deluxe). Além de uma despedida das mais esquisitas na faixa final, Afterlife: “e quando eu morrer (você está segurando a faca) / eu te amarei da vida após a morte”. Eita.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 8,5
Gravadora: Deathroom / Interscope
Lançamento: 25 de abril de 2025.

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Crítica

Ouvimos: The Tubs – “Cotton crown”

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Ouvimos: The Tubs - "Cotton crown"

RESENHA: The Tubs mistura jangle pop e punk em Cotton crown, disco intenso sobre luto e memória, com letras afiadas e peso emocional evidente.

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A capa de Cotton crown, segundo disco da banda galesa The Tubs, mostra o vocalista Owen Williams ainda bebê, sendo amamentado num cemitério (!) por sua mãe — a escritora, jornalista musical e compositora Charlotte Greig, que tirou a própria vida em 2014.

A imagem, por si só, carrega um peso simbólico e emocional considerável. E no caso de Owen, o luto acabou ocupando um espaço central em sua vida criativa. Muito antes de começar a trabalhar em Cotton, ele decidiu escrever um romance que orbitava a morte da mãe — livro este que, por sinal, chegou a ser pré-editado por seu pai e sua madrasta, ambos também escritores.

Mas a obra nunca chegou a ser publicada. “Uma grande agente quase o aceitou, mas desistiu assim que chegou à segunda metade. Disse que era muito estranho. Que eu não escrevia sobre traumas com empatia”, contou em sua newsletter. “Eu tinha sido escrupuloso em conter qualquer dor ou anseio, guardando tudo para as duas últimas frases, que eu esperava que fossem um vislumbre de um mundo subterrâneo de luto. Mas isso exigia chegar ao fim”.

Owen aparentemente ficou tão desgostoso com as recusas que preferiu nem sequer tentar uma autopublicação. De qualquer jeito, uma parte do livro acabou surgindo em Cotton crown, novo disco do The Tubs – que basicamente apresenta-se como uma banda entre o jangle rock e o punk do Clash, o que corta qualquer sensação estranha vinda das letras e da capa.

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  • A fase final do Hüsker Dü no podcast do Pop Fantasma
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Pelo que dá para perceber por algumas letras de Cotton crown, o músico queria tentar escrever sobre o assunto com um despojamento digno das canções de bandas como Replacements e Hüsker Dü. Ou seja: aquele tipo de música que só vinte anos depois você percebe que falava sobre depressão, ou sobre algum tema bem mais complexo.

Faixas como The thing is, Freak mode e Illusion nao chegam a tocar no assunto da capa – mas deixam entrever um clima de vazio, de desassociação (“quando olho no espelho / às vezes, tudo o que vejo é um espaço vazio”). Narcissist, uma das faixas mais melódicas do disco, prega que “Jane diz que você é um (ou uma) narcisista / bem, eu quero ver / você deveria fazer isso comigo”.

Entre punk rocks melódicos e faixas que soam como um encontro entre The Clash e Big Star, o grupo impressiona pelos vocais intensos e combativos, no melhor estilo Joe Strummer, emoldurados por violões bem marcados. One more day transita entre o jangle pop do R.E.M., a melancolia dos Smiths e a sombra do Joy Division, puxada por vocais graves e uma atmosfera soturna. A letra fala de um sonho com alguém que se foi, e gira em torno de uma súplica: “você poderia me dar mais um dia”.

No final, tem Strange – uma faixa solar, ligada ao country-rock e com ritmo ligeiramente funkeado. Poderia ser uma música do Capital Inicial no estilo de Não olhe pra trás, se a banda brasiliense topasse inserir uma ligeira paredinha de guitarras em suas canções. A letra, sem rodeios, recorda o momento em que Owen leu sobre a morte da mãe no jornal.

“No velório, alguém pegou meu braço / disse que você poderia escrever uma música para homenagear sua mãe / disse que a banda poderia escrever uma música”, canta Owen. Um tom que, de fato, soaria estranho em livro – mas que em canção, dá a impressão de uma dor contida, de quem ainda não teve tempo de ver a ficha cair, e acaba sendo forçado a encarar a realidade.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 8
Gravadora: Trouble In Mind Records
Lançamento: 7 de março de 2025.

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