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Crítica

Ouvimos: Lake Street Dive, “Good together”

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Ouvimos: Lake Street Dive, "Good together"
  • Good together é o oitavo disco da banda norte-americana Lake Street Dive, formada hoje por Rachael Price (voz, ukelele, guitarra), Bridget Kearney (baixo, piano, vocais), Mike Calabrese (bateria, órgão, vocais), Akie Bermiss (teclado, órgão, vocais) e James Cornelison (guitarra, vocais).
  • O grupo passou por gravadoras como Nonesuch e Signature Sounds, e hoje lança seus discos de forma independente, mas com apoio da veterana gravadora Fantasy.
  • O batera Mike Calabrese diz que a banda quer “soar como se os Beatles e a Motown fizessem uma festa juntos”.
  • Da discografia do grupo, fazem parte os EPs Fun machine vols. 1 e 2, com covers de Wings, George Michael, Fleetwood Mac, Daryl Hall & John Oates e outros. “Imagine que você entra em seu bar favorito e o Lake Street Dive está no palco, fazendo nosso show semanal regular por US$ 5 por pessoa. Essas são as músicas que faríamos covers lá e como as tocaríamos”, diz o grupo.

Se o Lake Street Dive fosse uma banda dos anos 1980 ou 1990, estaria disputando o mesmo mercado de grupos como Style Council e Swing Out Sister, ou até do Tears For Fears fase The seeds of love. A turma dos revivalistas com atitude, dos artistas pop com os pés no jazz e no soul (e no rock clássico), e com ouvidos abertos para outros estilos musicais.

No caso específico deles, o LSD (opa!), uma banda que inicialmente era mais voltada para uma espécie de country  misturado com jazz, lideraria feliz a turma dos adoradores de Stevie Wonder – um amor que apareceu em discos anteriores, e em especial no imediatamente anterior, Obviously (2021), que trazia músicas como Same old news e Being a woman, além de balanços com cara de Motown, como Know that I know.

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Essa receita volta em boa forma em Good together, oitavo disco do grupo, que investe mais uma vez na “imagem musical” de amigos se divertindo juntos no estúdio e nos palcos, e também mantém a sonoridade voltada para misturas entre soul, r&b, rock clássico, jazz e, vá lá, country – este, em especial, por causa da vocalista Rachael Price, uma australiana radicada no Tennessee, que já tinha alguns anos de carreira solo antes de se juntar ao Lake Street, e chegou a cantar música gospel.

O disco já abre logo com dois balanços – os funkeados Good together e Dance with a stranger, ambos com filiação direta a Motown e Sly Stone. Mas no prosseguimento, aponta para o indie rock fofo no estilo Peter, Bjorn and John (em Far gone, com órgão pseudo-new wave e riff de assovio) e para um funk-soul mais percussivo e lento (Get around). Faces mais jazz-blues e mais roqueiras aparecem em músicas como Help is on the way e Walking uphill, enquanto Better not tell you é r&b com um balanço que soa até meio ska, graças à percussão e aos metais. No final, tem o indie-pop-soul da festeira Party on the roof, e uma balada quase épica, Set sail (Prometheus & Eros), lembrando um Queen voltado para o soul. Um disco dançante e com muitas emoções envolvidas.

Nota: 9
Gravadora: Fantasy

Crítica

Ouvimos: Yowie – “Taking umbrage”

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Math rock levado ao extremo: o Yowie faz em Taking Umbrage um som caótico, virtuoso e insano, entre o jazz, o hardcore e o humor.

RESENHA: Math rock levado ao extremo: o Yowie faz em Taking Umbrage um som caótico, virtuoso e insano, entre o jazz, o hardcore e o humor.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 7
Gravadora: Skin Graft Records
Lançamento: 3 de outubro de 2025

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Se você nunca entendeu direito o que é math rock, esse disco pode resolver seus problemas. Só que, vá lá, ele dá uma explicação bem radical para suas dúvidas a respeito do estilo. O Yowie, banda que mudou de formação nos últimos tempos igualmente de maneira radical – sobrou apenas o baterista (!) Shawn “Defenstrator” O’Connor, que convocou novos guitarristas e baixista – faz em Taking umbrage, seu quarto álbum, um som que… Cara, digamos que até explicar é complicado.

Basicamente o Yowie une bases de guitarra maníacas, slides feitos igualmente de forma caótica, e variações rítmicas em que tudo parece ir para vários lados diferentes ao mesmo tempo. O termo “ritmos quebrados” mal serve como explicação, porque a quebração se dá em ritmo, harmonia, solos e em praticamente tudo que vem pela frente. O math rock volta e meia consegue unir-se com estilos mais palatáveis, numa gama que vai do post-rock ao pós-hardcore, mas aqui não há nada disso – até porque se você escutar Taking umbrage sem prestar atenção na passagem de uma faixa para a outra, pode até se surpreender em ver que as músicas soam como uma suíte repleta de variações rítmicas.

Com essas variações, músicas como Hot water healer quase deixam entreouvir um forró torto, enquanto Grumgrubber faz o mesmo oscilando entre samba, blues, funk e hardcore. Lemon strogonoff aumenta consideravelmente a velocidade lá pelas tantas, enquanto Museum fatigue parece uma salsa pesada e atonal. Não dá pra negar: lá pela metade você sente falta de algo diferente, de uma textura a mais, de algo que fuja do receituário. Igualmente é inegável que tudo aquilo pode soar irônico e meio zoeiro, como um novelty record, ou como uma versão radical da Florentina, do palhaço Tiririca (sim, aqueles momentos “oh, não, vai começar tudo de novo…”).

Bom, você escolhe como encarar esse disco. Vale dizer também que num disco desses, evocações do jazz não poderiam faltar. E elas circulam por todas as faixas, aparecendo com mais intensidade em músicas como a fusion demoníaca Throckmorton e a tribal The road to Gumbone. No fim das contas, é rock maníaco para quem decididamente não quer ouvir música para ficar mais calmo/calma.

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Crítica

Ouvimos: Saline Eyes – “The autumn EP” (EP)

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O romantismo pop com ecos de Beatles, Todd Rundgren, Beach Boys e David Bowie marca o melancólico e luminoso The autumn EP, do Saline Eyes.

RESENHA: O romantismo pop com ecos de Beatles, Todd Rundgren, Beach Boys e David Bowie marca o melancólico e luminoso The autumn EP, do Saline Eyes.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 8
Gravadora: Melengepag Records
Lançamento: 6 de outubro de 2025.

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Criado por James Hackett, um músico da Filadélfia radicado em Ohio, o Saline Eyes parece um projeto sem maiores pretensões. Mas só parece: The autumn EP, novo lançamento do Saline Eyes, une romantismo herdado de Todd Rundgren e Brian Wilson, e uma onda melódica cujo alcance vai de Beatles ao britpop, passando por Psychedelic Furs, Radiohead, Teenage Fanclub e David Bowie. As letras falam sobre tristeza, inadequação e amores.

  • Ouvimos: Naïf – Trópicos úmidos (EP)

Essa melancolia toda rendeu canções mágicas como No you and I (que lembra Elton John), o pop barroco e quase progressivo de Alone, o tristonho bubblegum de piano Separate. Além do som agridoce de On my mind e Autumn rain, ambas com musicalidade beatle nos vocais e nos arranjos. No final, If I were yours põe mais luminosidade no disco, unindo rock e soul numa recita musical bastante acessível.

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Ouvimos: Sally Dige – “Holding the sun”

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Em Holding the sun, Sally Dige mistura rock britânico 80s, dream pop e baladas sombrias, criando um disco breve e hipnótico sobre o amor perdido.

RESENHA: Em Holding the sun, Sally Dige mistura rock britânico 80s, dream pop e baladas sombrias, criando um disco breve e hipnótico sobre o amor perdido.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 7,5
Gravadora: Independente
Lançamento: 11 de julho de 2025.

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Cantora berlinense, Sally Dige soa como uma versão pouca coisa mais trágica do rock britânico dos anos 1980 – The Cure, New Order – em seu novo disco, Holding the sun. Ela chora por um amor perdido em It’s you I’m thinking of, invade a área do dream pop em faixas como Voice of my heart e Sow the path (canção meditativa que tem muito de Enya e Madonna, mas também é herdeira de Imitation of life, hit do R.E.M.) e faz pop adulto dos anos 1980 em Strenght in me.

  • Ouvimos: Ani Glass – Phantasmagoria

Sally também reúne referências de nomes como Psychedelic Furs, Cranberries e Peter Murphy em vários momentos de Holding the sun, um disco curto (meia hora), com certa cara de EP ou de lançamento intermediário entre álbum e EP. Uma onda que toma conta de faixas como I will be the sun for you, faixa em que ela toca instrumentos como bandolim e balalaica, e cria um som bem hipnótico. You, por sua vez, é uma balada acústica com onda anos 50/60, que faz lembrar Chris Isaak e formações hoje não tão lembradas, como o Hothouse Flowers – mas tem riff de guitarra bordando a faixa, como no New Order.

No final, Sow the path volta em versão com voz, cordas e piano, e Our secret, um tema instrumental, fecha o disco levando tudo para um universo tranquilo e, ao mesmo tempo, sombrio.

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