Cultura Pop
Jogaram no YouTube o estranho documentário Charles Manson: Superstar

Charles Manson, o miolo-mole mais perigoso da cultura pop, morto no ano passado, ganhou um documentário sui-generis em 1989. Charles Manson: Superstar, dirigido por Nikolas Schreck, faz o que ninguém tinha feito até então. Entra na prisão de San Quentin, põe câmera e microfone na direção de Manson e bota o mandante da morte de Sharon Tate para falar todas as barbaridades que bem entender, sem filtro ou censura. Alguém colocou isso em várias partes no YouTube.
Se você espera ver um filme em que, tranquilamente, o personagem é classificado como um dos maiores filhos da puta do mundo, Schreck oferece algo bem diferente. O filme quase defende o criminoso. Pra começar, o texto e a narração dele dão uma visão duvidosa do personagem, apresentando Manson como um personagem manipulado pela mídia. Helter Skelter, livro do promotor do caso Manson, Vincent Bugliosi, é inacreditavelmente apresentado como “obra de ficção”. No entanto, a premissa (vá lá, plausível) é de que Manson precisa de uma explanação completa de suas ideias e de sua autodefesa. O filme faz isso.
Mais: se, ao ver o filme, você está esperando descobrir como Manson conseguiu fazer tanta gente acreditar nele e defender suas ideias a custo da própria liberdade, esqueça. Atravessar os cem minutos de Charles Manson: Superstar é deparar com as ideias de um maníaco que tem pouco a oferecer além de seu comportamento maquiavélico e suas táticas de intimidação. E que, numa época em que estava todo mundo perdido, simplesmente se aproveitou bastante disso. Entrevistas completamente bizarras com direitistas e esquerdistas radicais ajudam a completar o circo.
Logo na abertura, ouvimos a seguinte narração: “Manson tornou-se a marca favorita de assassinato e loucura, o próprio arquétipo de tudo o que a mente popular entende como anti-social, louco e criminoso. Ele é um dos últimos verdadeiros hereges do nosso tempo”. E somos apresentados a um desenho de gosto duvidoso mostrando a iconografia de Manson, com uma canção diabólica do “artista” na trilha sonora. É essa música aí.
A trilha sonora também inclui nada menos que a trilha inicial do filme Lucifer rising, de Kenneth Anger, feita por Bobby Beausoleil. O músico e artista plástico fez parte da turma de lunáticos de Manson, e assassinou o roommate Gary Hinman a pedido dele. É a música que você ouve aí. Para completar o circo de horrores, a narração do documentário é seca e formal, como a daqueles vídeo narrados por “robôs” de áudio.
Vale dizer que Schreck está acostumado com personagens, digamos, bem estranhos. O diretor de Charles Manson: Superstar foi integrante da Igreja de Satã de Anton LaVey, e é casado até hoje com Zeena, filha de LaVey. Zeena foi batizada aos três anos de idade, em 1967, na igreja de seu pai, o que causou uma baita controvérsia – o evento, gravado, gerou um disco, The satanic mass, em 1968. Em 2002, Zeena rompeu com a igreja e criou outro culto ao lado do marido, o Movimento Setiano de Libertação. Ela também fez as locuções do filme.
Pra quem tem muita curiosidade a respeito de filmes sobre assassinos seriais e gente maluca de modo geral, vale a informação de que Charles Manson: Superstar saiu até em DVD. Pela visão um tanto ousada (e equivocada, em vários aspectos) que apresenta a respeito do criminoso, é o tipo de filme que jamais vai sair do underground. E talvez seja melhor assim.
Entrevistamos o autor de uma biografia de Manson. Leia aqui.
Cultura Pop
No nosso podcast, Alanis Morissette da pré-história a “Jagged little pill”

Você pensava que o Pop Fantasma Documento, nosso podcast, não ia mais voltar? Olha ele aqui de novo, por três edições especiais no fim de 2025 – e ano que vem estamos de volta de vez. No segundo e penúltimo episódio desse ano, o papo é um dos maiores sucessos dos anos 1990. Sucesso, aliás, é pouco: há uns 30 anos, pra onde quer que você fosse, jamais escaparia de Alanis Morissette e do seu extremamente popular terceiro disco, Jagged little pill (1995).
Peraí, “terceiro” disco? Sim, porque Jagged era só o segundo ato da carreira de Alanis Morissette. E ainda havia uma pré-história dela, em seu país de origem, o Canadá – em que ela fazia um som beeeem diferente do que a consagrou. Bora conferir essa história?
Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch (foto: Capa de Jagged little pill). Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Vinheta de abertura: Renato Vilarouca. Estamos aqui de quinze em quinze dias, às sextas! Apoie a gente em apoia.se/popfantasma.
Ouça a gente preferencialmente no Castbox. Mas estamos também no Mixcloud, no Deezer e no Spotify.
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Cultura Pop
No nosso podcast, Radiohead do começo até “OK computer”

Você pensava que o Pop Fantasma Documento, nosso podcast, não ia mais voltar? Olha ele aqui de novo, por três edições especiais no fim de 2025 – e ano que vem estamos de volta de vez. Para abrir essa pequena série, escolhemos falar de uma banda que definiu muita coisa nos anos 1990 – aliás, pra uma turma enorme, uma banda que definiu tudo na década. Enfim, de técnicas de gravação a relacionamento com o mercado, nada foi o mesmo depois que o Radiohead apareceu.
E hoje a gente recorda tudo que andava rolando pelo caminho de Thom Yorke, Jonny Greenwood, Colin Greenwood, Ed O’Brien e Phil Selway, do comecinho do Radiohead até a era do definidor terceiro disco do quinteto, OK computer (1997).
Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch (foto: reprodução internet). Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Vinheta de abertura: Renato Vilarouca. Estamos aqui de quinze em quinze dias, às sextas! Apoie a gente em apoia.se/popfantasma.
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4 discos
4 discos: Ace Frehley

Dizem por aí que muita gente só vai recordar de Gene Simmons e Paul Stanley, os chefões do Kiss, quando o assunto for negócios e empreendedorismo no rock – ao contrário das recordações musicais trazidas pelo nome de Ace Frehley, primeiro guitarrista do grupo, morto no dia 16 de outubro, aos 74 anos.
Maldade com os criadores de uma das maiores bandas de rock de todos os tempos, claro – mas quando Frehley deixou o grupo em 1982, muita coisa morreu no quarteto mascarado. Paul Daniel Frehley, nome verdadeiro do cara, podia não ser o melhor guitarrista do mundo – mas conseguia ser um dos campeões no mesmo jogo de nomes como Bill Nelson (Be Bop De Luxe), Brian May (Queen) e Mick Ronson (David Bowie). Ou seja: guitarra agressiva e melódica, solos mágicos e sonoridade quase voadora, tão própria do rock pesado quanto da era do glam rock.
Ace não foi apenas o melhor guitarrista da história do Kiss: levando em conta que o grupo de Gene e Paul sempre foi uma empresa muito bem sucedida, o “spaceman” (figura pela qual se tornou conhecido no grupo) sempre foi um funcionário bastante útil, que lutou para se sentir prestigiado em seu trabalho, e que abandonou a banda quando viu suas funções sendo cada vez mais congeladas lá dentro. Deixou pra trás um contrato milionário e levou adiante uma carreira ligada ao hard rock e a uma “onda metaleira” voltada para o começo do heavy metal, com peso obedecendo à melodia, e não o contrário.
Como fazia tempo que não rolava um 4 Discos aqui no Pop Fantasma, agora vai rolar: se for começar por quatro álbuns de Ace, comece por esses quatro.
Texto: Ricardo Schott – Foto: Reprodução
“KISS: ACE FREHLEY” (Casablanca, 1978). Brigas dentro do Kiss fizeram com que Gene, Paul, Ace e o baterista Peter Criss lançassem discos solo padronizados em 1978 – adaptando uma ideia que o trio folk Peter, Paul and Mary havia tido em 1971, quando saíram álbuns solo dos três cujas capas e logotipos faziam referência ao grupo. Ace lembra de ter ouvido uma oferta disfarçada de provocação numa reunião do Kiss, quando ficou definido que cada integrante lançaria um disco solo: “Eles disseram: ‘Ah, Ace, a propósito, se precisar de ajuda com o seu disco, não hesite em nos ligar ‘. No fundo, eu dizia: ‘Não preciso da ajuda deles’”, contou.
Além de dizer um “que se foda” para os patrões, Ace conseguiu fazer o melhor disco da série – um total encontro entre hard rock e glam rock, destacando a mágica de sua guitarra em ótimas faixas autorais como Ozone e What’s on your mind? (essa, uma espécie de versão punk do som do próprio Kiss) além do instrumental Fractured mirror. Foi também o único disco dos quatro a estourar um hit: a regravação de New York Groove, composta por Russ Ballard e gravada originalmente em 1971 pela banda glam britânica Hello. Acompanhando Frehley, entre outros, o futuro batera da banda do programa de David Letterman, Anton Fig, que se tornaria seu parceiro também em…
“FREHLEY’S COMET” (Atlantic/Megaforce, 1987). Seguindo a onda de bandas-com-dono-guitarrista (como Richie Blackmore’s Rainbow e Yngwie Malmsteen’s Rising Force), lá vinha Frehley com seu próprio projeto, co-produzido por ele, pelo lendário técnico de som Eddie Kramer (Jimi Hendrix, Beatles, Led Zeppelin) e Jon Zazula (saudoso fundador da Megaforce). Frehley vinha acompanhado por Fig (bateria), John Regan (baixo, backing vocal) e Tod Howarth (guitarras, backing vocal e voz solo em três faixas).
O resultado se localizou entre o metal, o hard rock e o rock das antigas: Frehley escreveu músicas com o experiente Chip Taylor (Rock soldiers), com o ex-colega de Kiss Eric Carr (Breakout) e com John Regan (o instrumental Fractured too). Howarth contribuiu com Something moved (uma das faixas cantadas pelo guitarrista). Russ Ballard, autor de New York groove, reaparece com Into the night, gravada originalmente pelo autor em 1984 em um disco solo. Típico disco pesado dos anos 1980 feito para escutar no volume máximo.
“TROUBLE WALKING” (Atlantic/Megaforce, 1989). Na prática, Trouble walking foi o segundo disco solo de Ace, já que os dois anteriores saíram com a nomenclatura Frehley’s Comet. A formação era quase a mesma do primeiro álbum da banda de Frehley – a diferença era a presença de Richie Scarlet na guitarra. O som era bem mais repleto de recordações sonoras ligadas ao Kiss do que os álbuns do Comet, em músicas como Shot full of rock, 2 young 2 die e a faixa-título – além da versão de Do ya, do The Move. Peter Criss, baterista da primeira formação do Kiss, participava fazendo backing vocals. Três integrantes do então iniciante Skid Row (Sebastian Bach, Dave Sabo, Rachel Bolan), também.
“10.000 VOLTS” (MNRK, 2024). Acabou sendo o último álbum da vida de Frehley: 10.000 volts trouxe o ex-guitarrista do Kiss atuando até como “diretor criativo” e designer da capa. Ace compôs e produziu tudo ao lado de Steve Brown (Trixter), tocou guitarra em todas as faixas – ao lado de músicos como David Julian e o próprio Brown – e convocou o velho brother Anton Fig para tocar bateria em três faixas. A tradicional faixa instrumental do final era a bela Stratosphere, e o spaceman posou ao lado de extraterrestres no clipe da ótima Walkin’ on the moon. Discão.
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