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Cultura Pop

Quando James Brown foi dono de estações de rádio

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Quando James Brown foi dono de estações de rádio

De acordo com o livro James Brown: sua vida, sua música, de R.J. Smith, o rei do soul poderia ter se tornado um dos reis do rádio independente no começo dos anos 1960. O cantor de Sex machine sempre foi apaixonado por rádio e queria ter um lugar fixo para poder transmitir suas mensagens. Aliás, ele sonhava em ter um canal direto com o povo afro-americano.

Numa viagem pelo Texas, Brown aproveitou para conhecer os estúdios da XERF, emissora pirata de alto poder de comunicação. Era uma rádio protegida por funcionar logo depois das fronteiras de Del Rio, o que fazia com que ela ficasse imune a leis que fechavam emissoras ilegais. Bateu um papo com o lendário DJ Wolfman Jack, que trabalhava lá por aqueles tempos. Por sinal, ao ouvir do disc jóquei a pergunta “gostaria de ter um emprego desses?”, não pensou duas vezes e escalou a torre da emissora.

De qualquer jeito, não seria lá que Brown ficaria. Isso porque o soulman decidiu, assim que a fama já tinha batido em definitivo em sua porta, comprar nada menos que três (!) emissoras de rádio.

O império radiofônico de Brown começou em novembro de 1967, quando o cantor comprou a WGYW, em Knoxville, Tennessee. Em primeiro lugar, o cantor gastou 75 mil dólares na compra. E decidiu fazer uma pequena mudança na rádio: trocou seu nome para WJBE (o “JBE” era “James Brown Enterprises”). Também ocupou a programação com r&b e soul.

A primeira estação de James Brown começou a funcionar em 1968 e durou onze anos na mão dele: foi vendida em 1979 e teve seu prefixo alterado mais algumas vezes por novos donos até parar de funcionar em definitivo em 1996.

Teve ainda mais duas rádios na história de Brown: a WEBB, de Baltimore, e a WRDW, de Augusta. Essa última era o xodó do cantor, que passara uma infância paupérrima na cidade (anos depois, disse que as raízes de seu som estão “na fome”), sempre observara o prédio da emissora (na infância, chegou a trabalhar como engraxate na porta) e, ao comprá-la, decidiu fazer dela um canal direto com a juventude negra local, com programação especial e artistas dos estilos musicais preferidos dos jovens.

Brown via uma grande tendência política nas comunicações e não escolheu ter três emissoras à toa. O livro The hardest working man: How James Brown saved the soul of America, de James Sullivan, conta que o artista pensava suas emissoras como “a casa” da juventude negra americana. Mas também usava as estações para se promover como porta-voz e dar espaço a novos comunicadores negros. “Esse era o verdadeiro black power”, chegou a dizer.

A WEBB ficou na mão de Brown também até 1979, numa época em que o cantor começava a ter dívidas e desfez-se de parte de seu patrimônio. Consequentemente, foi para as mãos da empresária Dorothy E. Brunson, que esta matéria aqui aponta como a primeira mulher negra a ter uma rádio. Ela vendeu a emissora em 1990. A Wikipedia diz que a WRDW ficou nas mãos de Brown até o começo dos anos 1980, quando foi vendida e trocou de nome para WCHZ. Hoje ainda está no ar, com uma programação baseada em hip hop.

Ah, sim, o prefixo WRDW ainda existe na televisão de Augusta. Há pouco tempo, a emissora até exibiu o trabalho de um artista plástico local que fez um mural em homenagem a Brown.

Veja também no POP FANTASMA:
– 1.364 (!) músicas com a batida de Funky drummer, de James Brown
– James Brown fazendo comercial de macarrão instantâneo no Japão

 

 

 

Cultura Pop

No nosso podcast, Alanis Morissette da pré-história a “Jagged little pill”

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No nosso podcast, Alanis Morissette da pré-história a "Jagged little pill"

Você pensava que o Pop Fantasma Documento, nosso podcast, não ia mais voltar? Olha ele aqui de novo, por três edições especiais no fim de 2025 – e ano que vem estamos de volta de vez. No segundo e penúltimo episódio desse ano, o papo é um dos maiores sucessos dos anos 1990. Sucesso, aliás, é pouco: há uns 30 anos, pra onde quer que você fosse, jamais escaparia de Alanis Morissette e do seu extremamente popular terceiro disco, Jagged little pill (1995).

Peraí, “terceiro” disco? Sim, porque Jagged era só o segundo ato da carreira de Alanis Morissette. E ainda havia uma pré-história dela, em seu país de origem, o Canadá – em que ela fazia um som beeeem diferente do que a consagrou. Bora conferir essa história?

Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch (foto: Capa de Jagged little pill). Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Vinheta de abertura: Renato Vilarouca. Estamos aqui de quinze em quinze dias, às sextas! Apoie a gente em apoia.se/popfantasma.

Ouça a gente preferencialmente no Castbox. Mas estamos também no Mixcloud, no Deezer e no Spotify.

Mais Pop Fantasma Documento aqui.

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Cultura Pop

No nosso podcast, Radiohead do começo até “OK computer”

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Radiohead no nosso podcast, o Pop Fantasma Documento

Você pensava que o Pop Fantasma Documento, nosso podcast, não ia mais voltar? Olha ele aqui de novo, por três edições especiais no fim de 2025 – e ano que vem estamos de volta de vez. Para abrir essa pequena série, escolhemos falar de uma banda que definiu muita coisa nos anos 1990 – aliás, pra uma turma enorme, uma banda que definiu tudo na década. Enfim, de técnicas de gravação a relacionamento com o mercado, nada foi o mesmo depois que o Radiohead apareceu.

E hoje a gente recorda tudo que andava rolando pelo caminho de Thom Yorke, Jonny Greenwood, Colin Greenwood, Ed O’Brien e Phil Selway, do comecinho do Radiohead até a era do definidor terceiro disco do quinteto, OK computer (1997).

Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch (foto: reprodução internet). Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Vinheta de abertura: Renato Vilarouca. Estamos aqui de quinze em quinze dias, às sextas! Apoie a gente em apoia.se/popfantasma.

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4 discos

4 discos: Ace Frehley

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Dizem por aí que muita gente só vai recordar de Gene Simmons e Paul Stanley, os chefões do Kiss, quando o assunto for negócios e empreendedorismo no rock – ao contrário das recordações musicais trazidas pelo nome de Ace Frehley, primeiro guitarrista do grupo, morto no dia 16 de outubro, aos 74 anos.

Maldade com os criadores de uma das maiores bandas de rock de todos os tempos, claro – mas quando Frehley deixou o grupo em 1982, muita coisa morreu no quarteto mascarado. Paul Daniel Frehley, nome verdadeiro do cara, podia não ser o melhor guitarrista do mundo – mas conseguia ser um dos campeões no mesmo jogo de nomes como Bill Nelson (Be Bop De Luxe), Brian May (Queen) e Mick Ronson (David Bowie). Ou seja: guitarra agressiva e melódica, solos mágicos e sonoridade quase voadora, tão própria do rock pesado quanto da era do glam rock.

Ace não foi apenas o melhor guitarrista da história do Kiss: levando em conta que o grupo de Gene e Paul sempre foi uma empresa muito bem sucedida, o “spaceman” (figura pela qual se tornou conhecido no grupo) sempre foi um funcionário bastante útil, que lutou para se sentir prestigiado em seu trabalho, e que abandonou a banda quando viu suas funções sendo cada vez mais congeladas lá dentro. Deixou pra trás um contrato milionário e levou adiante uma carreira ligada ao hard rock e a uma “onda metaleira” voltada para o começo do heavy metal, com peso obedecendo à melodia, e não o contrário.

Como fazia tempo que não rolava um 4 Discos aqui no Pop Fantasma, agora vai rolar: se for começar por quatro álbuns de Ace, comece por esses quatro.

Texto: Ricardo Schott – Foto: Reprodução

“KISS: ACE FREHLEY” (Casablanca, 1978). Brigas dentro do Kiss fizeram com que Gene, Paul, Ace e o baterista Peter Criss lançassem discos solo padronizados em 1978 – adaptando uma ideia que o trio folk Peter, Paul and Mary havia tido em 1971, quando saíram álbuns solo dos três cujas capas e logotipos faziam referência ao grupo. Ace lembra de ter ouvido uma oferta disfarçada de provocação numa reunião do Kiss, quando ficou definido que cada integrante lançaria um disco solo: “Eles disseram: ‘Ah, Ace, a propósito, se precisar de ajuda com o seu disco, não hesite em nos ligar ‘. No fundo, eu dizia: ‘Não preciso da ajuda deles’”, contou.

Além de dizer um “que se foda” para os patrões, Ace conseguiu fazer o melhor disco da série – um total encontro entre hard rock e glam rock, destacando a mágica de sua guitarra em ótimas faixas autorais como Ozone e What’s on your mind? (essa, uma espécie de versão punk do som do próprio Kiss) além do instrumental Fractured mirror. Foi também o único disco dos quatro a estourar um hit: a regravação de New York Groove, composta por Russ Ballard e gravada originalmente em 1971 pela banda glam britânica Hello. Acompanhando Frehley, entre outros, o futuro batera da banda do programa de David Letterman, Anton Fig, que se tornaria seu parceiro também em…

“FREHLEY’S COMET” (Atlantic/Megaforce, 1987). Seguindo a onda de bandas-com-dono-guitarrista (como Richie Blackmore’s Rainbow e Yngwie Malmsteen’s Rising Force), lá vinha Frehley com seu próprio projeto, co-produzido por ele, pelo lendário técnico de som Eddie Kramer (Jimi Hendrix, Beatles, Led Zeppelin) e Jon Zazula (saudoso fundador da Megaforce). Frehley vinha acompanhado por Fig (bateria), John Regan (baixo, backing vocal) e Tod Howarth (guitarras, backing vocal e voz solo em três faixas).

O resultado se localizou entre o metal, o hard rock e o rock das antigas: Frehley escreveu músicas com o experiente Chip Taylor (Rock soldiers), com o ex-colega de Kiss Eric Carr (Breakout) e com John Regan (o instrumental Fractured too). Howarth contribuiu com Something moved (uma das faixas cantadas pelo guitarrista). Russ Ballard, autor de New York groove, reaparece com Into the night, gravada originalmente pelo autor em 1984 em um disco solo. Típico disco pesado dos anos 1980 feito para escutar no volume máximo.

“TROUBLE WALKING” (Atlantic/Megaforce, 1989). Na prática, Trouble walking foi o segundo disco solo de Ace, já que os dois anteriores saíram com a nomenclatura Frehley’s Comet. A formação era quase a mesma do primeiro álbum da banda de Frehley – a diferença era a presença de Richie Scarlet na guitarra. O som era bem mais repleto de recordações sonoras ligadas ao Kiss do que os álbuns do Comet, em músicas como Shot full of rock, 2 young 2 die e a faixa-título – além da versão de Do ya, do The Move. Peter Criss, baterista da primeira formação do Kiss, participava fazendo backing vocals. Três integrantes do então iniciante Skid Row (Sebastian Bach, Dave Sabo, Rachel Bolan), também.

“10.000 VOLTS” (MNRK, 2024). Acabou sendo o último álbum da vida de Frehley: 10.000 volts trouxe o ex-guitarrista do Kiss atuando até como “diretor criativo” e designer da capa. Ace compôs e produziu tudo ao lado de Steve Brown (Trixter), tocou guitarra em todas as faixas – ao lado de músicos como David Julian e o próprio Brown – e convocou o velho brother Anton Fig para tocar bateria em três faixas. A tradicional faixa instrumental do final era a bela Stratosphere, e o spaceman posou ao lado de extraterrestres no clipe da ótima Walkin’ on the moon. Discão.

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