Lançamentos
Green Day: zumbis em LA no novo clipe, “The american dream is killing me”

“A música é um visão sobre como o sonho americano tradicional não funciona para muitas pessoas, e como na verdade, está prejudicando muitas pessoas. A música é um rock grande e altíssimo sobre um clima político fodido e tem algumas explosões inesperadas de cordas. Na primeira audição adequada, eu teria que dizer que é o melhor novo single do Green Day em muitos anos”, diz (suspeitíssimo pra falar) Billie Joe Armstrong, vocalista e guitarrista do trio norte-americano sobre The american dream is killing me, nova música da banda, que saiu hoje, com direito a um clipe que mostra um apocalipse zumbi em Los Angeles. O refrão da faixa lembra algo entre Beach Boys e Ramones, com vocais melódicos, e um interlúdio de cordas lá por 1:30.
A faixa faz parte de Saviors, próximo disco do Green Day, programado para sair em 19 de janeiro de 2024 – o disco anterior da banda tinha sido o fraquinho Fathers of you all motherfuckers (2020). O grupo volta a ser produzido por Rob Cavallo (que produziu Dookie e American idiot) no novo álbum – que muita gente havia pensado que iria se chamar 1972, ano de nascimento de Billie, Tré Cool (bateria) e Mike Dirnt (baixo), os três do Green Day. A faixa nova já havia aparecido no repertório de um show da banda num clube em Las Vegas, semana passada, e disseram se tratar da faixa de abertura do álbum. No domingo, num show do grupo no festival When We Were Young, tocaram outra faixa, Look ma, no brains!
No tal show em Las Vegas, o grupo anunciou planos para uma turnê em 2024 com Smashing Pumpkins, Rancid e Linda Lindas.
Crítica
Ouvimos: Julien Baker e Torres, “Send a prayer my way”

Do clima confessional, indie e quase sempre ruidoso das carreiras solo de Julien Baker e Torres, só sobrou o confessional nesse disco em dupla, Send a prayer my way, voltado para o country. E surgido de algo que parece o “vamos marcar” típico do Rio de Janeiro, com as duas virando-se uma para a outra após um show em 2016, e dizendo “vamos fazer um disco juntas?” (três anos depois, numa mensagem de texto, o lance evoluiu para “vamos fazer um disco country?”, ideia que ainda levaria um tempo para se concretizar).
O começo de Send a prayer my way até engana e dá a entender que as duas resolveram seguir fielmente tal proposta. Dirt une violão, guitarra e cordas numa música que fala sobre relacionamento enrolado e abusivo, The only marble I’ve got left é uma balada country sobre gente encrenqueira (“está é uma musiquinha sobre ser maluca e um pouco estranha”, andaram dizendo as duas). Daí para a frente, Julien e Torres entregam-se a um metacountry que soa mais como country de roqueiro, ou como as experiências soft rock que Julien fez no disco do Boygenius. E a graça do disco é justamente essa: é o country delas, com a cara delas, sem estatuto.
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O som fica mais urbano na canção de amor-até-o-fim Sugar in the tank, na música para beber e brigar Bottom of a bottle, e daí para diante muito do som de Rumours, do Fleetwood Mac, bate em faixas como Downhill both ways e No desert flower, duas músicas em clima montanhês. Tape runs out e Off the wagon, por sua vez, são duas canções com ar pinkfloydiano, enquanto Showdown é uma balada de violão que tem até algo de Dear Prudence, dos Beatles, na abertura.
Send a prayer my way é um disco country que se conecta com o rock – não o oposto, vale dizer. E que usa o storytelling do country para bater fundo no imaginário queer. Tuesday, uma canção que fala sobre um namoro que naufragou por causa de pressão familiar, culpa religiosa e homofobia, é um dos melhores exemplos disso. Torres e Julien contam a história da perspectiva de quem sofreu mas tudo é passado (“por uma década deixei você viver na minha cabeça / mas com esse exorcismo, coloquei nossa história para dormir / e mais uma coisa: se você ouvir essa música / diga pra sua mãe ir chupar um ovo”, um recado malcriado para a Tuesday, a garota do título).
Goodbye baby, por sua vez, encerra o disco respondendo a todas as canções de Send… com amor tranquilo e felicidade (“o mundo não parou de girar / porque ela está indo embora por um tempinho / graças a deus, hoje à noite, aquela mulher / ela está voltando para casa, para mim”). Um disco que cruza fronteiras musicais, e reorganiza tudo.
Nota: 9
Gravadora: Matador Records
Lançamento: 18 de abril de 2025.
Crítica
Ouvimos: Eugenia Cecchini, “Ay, amor!” (EP)

Atriz e cantautora, Eugenia Cecchini estreia com um EP quase conceitual sobre paixões que não se realizam. Ay, amor! é repleto de ótimas harmonizações vocais, não tem medo de se arriscar no brega (com canções aboleradas e os dois pés na sofrência, em letra e melodia) e abre com Eugenia mergulhando, virtualmente, nas marítimas Peixe e Um mar. Nessa última, uma canção de piano-e-teatro que remete a autoras como Fátima Guedes, ela recorre às profundezas para falar de um amor intenso, no qual alguém pode se afogar.
Ay amor! surge puxado pelo single Relampeia, um “xote de Sampa” (como Eugenia define), que mistura elementos nordestinos com o ruído e o caos poético da metrópole – uma canção de descobertas amorosas, de fascínio pelo feminino, e de amores que quase deram certo. A faixa-título é uma bela moda sertaneja abolerada, com viola, percussão e letra que fala sobre um amor platônico, conturbado, que “seria fácil mas é melhor deixar pra lá”. No final, Venus do amor vem com ritmo funkeado e jeitão de pop radiofônico adulto.
Nota: 8
Gravadora: Independente/Tratore
Lançamento: 28 de abril de 2025.
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Crítica
Ouvimos: Puma June, “A woman that they want” (EP)

Musicalmente o EP da canadense Puma June é pop-de-quarto (ou melhor, de armário: ela gravou todas as faixas dentro de um, embaixo da escada de casa), texturizado, volta e meia soando como uma mescla de indie pop atual e neo soul noventista. A woman that they want une esse design sonoro com referências duras e cruas a respeito de feminismo e de expectativas da sociedade sobre mulheres, em faixas como o indie pop oitentista My body my problem e a balada de piano Love comes & goes, que remete a uma época em que o médico de Puma disse que talvez ela não pudesse ter filhos.
Nobody, do verso “se eu não posso ser eu mesma / não posso ser ninguém” e Bad habits investem também numa onda próxima do soul, enquanto Mama don’t know, com certo aspecto latino, chega a lembrar Marina Sena em alguns momentos. No encerramento, a balada Never satisfied e o soft pop Somebody’s dream parecem conectar-se com o som de Clairo, mas apresentando tino musical voltado para o pop adulto de trinta anos atrás. A woman that they want é um bom começo, e um indício de que para Puma June, urge criar uma noção cada vez mais própria de pop.
Nota: 7,5
Gravadora: Independente
Lançamento: 7 de março de 2025.
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