Cultura Pop
Dev2.0: o Devo invade a Disney (e vice-versa)

Iniciada em 1996 para tocar músicas infantis, a Radio Disney acabou mirando o público adolescente. E depois de um tempo, passou a executar novos artistas teen tocando sucessos antigos do pop. O repertório incluía desde os A*Teens cantando hits do Abba, até Miley Cyrus entoando Girls just wanna have fun, de Cyndi Lauper.
Até que em 2006, surgiu a ideia: por que não montar uma banda cover da rádio? Tranquilo, mas a ideia da Disney era… Bom, digamos que eles resolveram mexer num vespeiro bem mais complexo do que regravar Abba, Cyndi Lauper ou coisas do tipo. Surgiu o Devo 2.0, ou Dev2.0, que atualizava canções do Devo (!) em versões gravadas por adolescentes (!).
Sim, a ideia era maluca demais para dar certo. Tanto que não deu. O Devo – quem conhece sabe – era uma banda crítica, conceitual e loucona demais pra ser entendida em sua totalidade pelo público da Rádio Disney. E isso por mais que o som do grupo lembrasse aquela new-wave puladinha dos anos 1980.
A Disney, no entanto, achou uma boa ideia e resolveu fazer testes para reunir uma banda de atores bem jovens, que fariam os papeis do Devo reembalado para 2006/2007. Entrou uma atriz de 12 anos no vocal, Nicole Stoehr. O guitarrista e backing vocalista foi Nathan Norman, com Michael Gossard no baixo e Kane Ritchotte na bateria. A tecladista era Jacqueline Emerson, que alguns anos depois faria a Fox Face em Jogos vorazes.
Olha essa turma tocando Freedom of choice.
https://www.youtube.com/watch?v=eDI6kddtv04
Aí você vai perguntar: e o Devo, concordou com isso? Bom, não e sim. No começo, eles odiaram a ideia, mas resolveram colaborar. Aliás não se pode dizer que foi apenas uma colaboração: eles retrabalharam e remixaram todo o seu próprio material, e enviaram a fita para a Disney. Os meninos convocados limitaram-se a dublar as músicas. Teve fã que achou uma heresia, mas o Devo ainda fez pequenas modificações nas letras. Mudou Girl U want para Boy U want (afinal, uma menina cantaria a música). Mudou o “I’m a boy with a gun” (sou um garoto com uma arma) de Big mess para “I’m a girl havin fun” (Sou uma garota me divertindo). Tudo que soasse meio, er, estranho nas letras ganhou pequenas modificações para ser cantado por adolescentes.
Olha Big mess com eles.
https://www.youtube.com/watch?v=JnMCq1v2kfE
O Dev2.0 lançou apenas um CD, com DVD de brinde, e não durou muito. A prova de que os dois pares de irmãos do Devo (Casale e Mothersbaugh) se envolveram mesmo com o projeto é que eles ainda compuseram duas músicas só para o Dev2.0: Cyclops e The winner. O projeto não fez exatamente sucesso, mas vamos dizer que fez até fãs. Olha só que fofas essas duas crianças cantado Uncontrollable urge, do Devo, mas na versão do Dev2.0, no show de talentos da escola. Só para registro: o Devo mudou a letra, que falava de fobia social, e passou a falar de desejo de comer salgadinhos estilo Cheetos, Skinny e Baconzitos.
Nicole, a vocalista, curtiu a ideia de se envolver com o Devo. A ponto de se apresentar como convidada na feira de fãs DEVOtional, em 2014.
As caras do desconforto, do sarcasmo e da ironia: os irmãos Jerry e Bob Casale, do Devo, falando sobre o Dev2.0. Tem legendas automáticas em inglês, e Jerry fazendo imitações dos executivos da Disney e de suas reações.
Via Nerdist.
Cultura Pop
No nosso podcast, Alanis Morissette da pré-história a “Jagged little pill”

Você pensava que o Pop Fantasma Documento, nosso podcast, não ia mais voltar? Olha ele aqui de novo, por três edições especiais no fim de 2025 – e ano que vem estamos de volta de vez. No segundo e penúltimo episódio desse ano, o papo é um dos maiores sucessos dos anos 1990. Sucesso, aliás, é pouco: há uns 30 anos, pra onde quer que você fosse, jamais escaparia de Alanis Morissette e do seu extremamente popular terceiro disco, Jagged little pill (1995).
Peraí, “terceiro” disco? Sim, porque Jagged era só o segundo ato da carreira de Alanis Morissette. E ainda havia uma pré-história dela, em seu país de origem, o Canadá – em que ela fazia um som beeeem diferente do que a consagrou. Bora conferir essa história?
Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch (foto: Capa de Jagged little pill). Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Vinheta de abertura: Renato Vilarouca. Estamos aqui de quinze em quinze dias, às sextas! Apoie a gente em apoia.se/popfantasma.
Ouça a gente preferencialmente no Castbox. Mas estamos também no Mixcloud, no Deezer e no Spotify.
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Cultura Pop
No nosso podcast, Radiohead do começo até “OK computer”

Você pensava que o Pop Fantasma Documento, nosso podcast, não ia mais voltar? Olha ele aqui de novo, por três edições especiais no fim de 2025 – e ano que vem estamos de volta de vez. Para abrir essa pequena série, escolhemos falar de uma banda que definiu muita coisa nos anos 1990 – aliás, pra uma turma enorme, uma banda que definiu tudo na década. Enfim, de técnicas de gravação a relacionamento com o mercado, nada foi o mesmo depois que o Radiohead apareceu.
E hoje a gente recorda tudo que andava rolando pelo caminho de Thom Yorke, Jonny Greenwood, Colin Greenwood, Ed O’Brien e Phil Selway, do comecinho do Radiohead até a era do definidor terceiro disco do quinteto, OK computer (1997).
Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch (foto: reprodução internet). Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Vinheta de abertura: Renato Vilarouca. Estamos aqui de quinze em quinze dias, às sextas! Apoie a gente em apoia.se/popfantasma.
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4 discos
4 discos: Ace Frehley

Dizem por aí que muita gente só vai recordar de Gene Simmons e Paul Stanley, os chefões do Kiss, quando o assunto for negócios e empreendedorismo no rock – ao contrário das recordações musicais trazidas pelo nome de Ace Frehley, primeiro guitarrista do grupo, morto no dia 16 de outubro, aos 74 anos.
Maldade com os criadores de uma das maiores bandas de rock de todos os tempos, claro – mas quando Frehley deixou o grupo em 1982, muita coisa morreu no quarteto mascarado. Paul Daniel Frehley, nome verdadeiro do cara, podia não ser o melhor guitarrista do mundo – mas conseguia ser um dos campeões no mesmo jogo de nomes como Bill Nelson (Be Bop De Luxe), Brian May (Queen) e Mick Ronson (David Bowie). Ou seja: guitarra agressiva e melódica, solos mágicos e sonoridade quase voadora, tão própria do rock pesado quanto da era do glam rock.
Ace não foi apenas o melhor guitarrista da história do Kiss: levando em conta que o grupo de Gene e Paul sempre foi uma empresa muito bem sucedida, o “spaceman” (figura pela qual se tornou conhecido no grupo) sempre foi um funcionário bastante útil, que lutou para se sentir prestigiado em seu trabalho, e que abandonou a banda quando viu suas funções sendo cada vez mais congeladas lá dentro. Deixou pra trás um contrato milionário e levou adiante uma carreira ligada ao hard rock e a uma “onda metaleira” voltada para o começo do heavy metal, com peso obedecendo à melodia, e não o contrário.
Como fazia tempo que não rolava um 4 Discos aqui no Pop Fantasma, agora vai rolar: se for começar por quatro álbuns de Ace, comece por esses quatro.
Texto: Ricardo Schott – Foto: Reprodução
“KISS: ACE FREHLEY” (Casablanca, 1978). Brigas dentro do Kiss fizeram com que Gene, Paul, Ace e o baterista Peter Criss lançassem discos solo padronizados em 1978 – adaptando uma ideia que o trio folk Peter, Paul and Mary havia tido em 1971, quando saíram álbuns solo dos três cujas capas e logotipos faziam referência ao grupo. Ace lembra de ter ouvido uma oferta disfarçada de provocação numa reunião do Kiss, quando ficou definido que cada integrante lançaria um disco solo: “Eles disseram: ‘Ah, Ace, a propósito, se precisar de ajuda com o seu disco, não hesite em nos ligar ‘. No fundo, eu dizia: ‘Não preciso da ajuda deles’”, contou.
Além de dizer um “que se foda” para os patrões, Ace conseguiu fazer o melhor disco da série – um total encontro entre hard rock e glam rock, destacando a mágica de sua guitarra em ótimas faixas autorais como Ozone e What’s on your mind? (essa, uma espécie de versão punk do som do próprio Kiss) além do instrumental Fractured mirror. Foi também o único disco dos quatro a estourar um hit: a regravação de New York Groove, composta por Russ Ballard e gravada originalmente em 1971 pela banda glam britânica Hello. Acompanhando Frehley, entre outros, o futuro batera da banda do programa de David Letterman, Anton Fig, que se tornaria seu parceiro também em…
“FREHLEY’S COMET” (Atlantic/Megaforce, 1987). Seguindo a onda de bandas-com-dono-guitarrista (como Richie Blackmore’s Rainbow e Yngwie Malmsteen’s Rising Force), lá vinha Frehley com seu próprio projeto, co-produzido por ele, pelo lendário técnico de som Eddie Kramer (Jimi Hendrix, Beatles, Led Zeppelin) e Jon Zazula (saudoso fundador da Megaforce). Frehley vinha acompanhado por Fig (bateria), John Regan (baixo, backing vocal) e Tod Howarth (guitarras, backing vocal e voz solo em três faixas).
O resultado se localizou entre o metal, o hard rock e o rock das antigas: Frehley escreveu músicas com o experiente Chip Taylor (Rock soldiers), com o ex-colega de Kiss Eric Carr (Breakout) e com John Regan (o instrumental Fractured too). Howarth contribuiu com Something moved (uma das faixas cantadas pelo guitarrista). Russ Ballard, autor de New York groove, reaparece com Into the night, gravada originalmente pelo autor em 1984 em um disco solo. Típico disco pesado dos anos 1980 feito para escutar no volume máximo.
“TROUBLE WALKING” (Atlantic/Megaforce, 1989). Na prática, Trouble walking foi o segundo disco solo de Ace, já que os dois anteriores saíram com a nomenclatura Frehley’s Comet. A formação era quase a mesma do primeiro álbum da banda de Frehley – a diferença era a presença de Richie Scarlet na guitarra. O som era bem mais repleto de recordações sonoras ligadas ao Kiss do que os álbuns do Comet, em músicas como Shot full of rock, 2 young 2 die e a faixa-título – além da versão de Do ya, do The Move. Peter Criss, baterista da primeira formação do Kiss, participava fazendo backing vocals. Três integrantes do então iniciante Skid Row (Sebastian Bach, Dave Sabo, Rachel Bolan), também.
“10.000 VOLTS” (MNRK, 2024). Acabou sendo o último álbum da vida de Frehley: 10.000 volts trouxe o ex-guitarrista do Kiss atuando até como “diretor criativo” e designer da capa. Ace compôs e produziu tudo ao lado de Steve Brown (Trixter), tocou guitarra em todas as faixas – ao lado de músicos como David Julian e o próprio Brown – e convocou o velho brother Anton Fig para tocar bateria em três faixas. A tradicional faixa instrumental do final era a bela Stratosphere, e o spaceman posou ao lado de extraterrestres no clipe da ótima Walkin’ on the moon. Discão.
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