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Lançamentos

Dadá Joãozinho: samba sobre relações familiares em single novo, “Pai e mãe”

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Dadá Joãozinho: samba sobre relações familiares em single novo, "Pai e mãe"

Músico de Niterói vivendo em São Paulo, Dadá Joãozinho aborda em seu novo single, Pai e mãe, as relações amorosas dentro do ambiente familiar, e a dinâmica entre as figuras paterna e materna. O cantor, que lançou faz algumas semanas o single Ô Lulu, diz ter colocado na letra suas percepções como filho, falando das marcas que esses relacionamentos deixam no dia a dia. A música é um samba repleto de efeitos de gravação, com influências assumidas de hip hop e punk.

Na faixa, Dadá (ou João Rocha, seu nome verdadeiro) compôs, produziu ao lado de Matheus Ullmann e Pedro Chabudé, tocou violão e guitarra. Para o clipe, dirigido por João e Rodrigo de Freitas, o cantor convidou seus pais, que fazem uma participação no vídeo.

“A expressão, os gestos, a catarse de tudo que vive dentro do corpo, é meu guia. Eu investigo essas linguagens pra dar vazão ao que precisa sair de mim. E na minha devoção ao que faço, não vejo limites pra essa expressividade. Por algum tempo essa música me gerou desconforto pela crueza dela, por ser tão exposta. Quando recebi meus pais no estúdio, me libertei de muitas amarras que nossa história carregava na minha cabeça, e podiam ser coisas só da minha cabeça”, ressalta.

Foto: Luisa Cerino/Divulgação

Crítica

Ouvimos: Porridge Radio, “The machine starts to sing” (EP)

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Ouvimos: Porridge Radio, “The machine starts to sing” (EP)

Sem muitas explicações, o Porridge Radio chegou ao fim logo após lançar seu melhor álbum – cujo título já sugeria uma despedida, Clouds in the sky they will always be there for me (2024, resenhamos aqui). A intensidade quase gutural dos vocais de Dana Margolin e a sensibilidade extrema do som da banda talvez tenham cobrado um preço maior do que se imaginava. Como último recado, o grupo lança o EP The machine starts to sing, com quatro faixas das sessões do disco final – ainda que a banda britânica rejeite a ideia de “sobras de estúdio”.

A faixa quase-título, Machine starts to sing, com mais de seis minutos, traz uma das especialidades do Porridge Radio: começa soturna e contida, mas cresce em peso, ambiência e intensidade, à medida que a letra soma lembranças dolorosas, sombrias e infantis. Ok, na sequência, é um folk onde o vocal de Dana é um lamento, um gemido, quase choro, com um peso esmagador na garganta. Já Don’t want to dance é um folk triste com aura de rock dos anos 60, tocado no violão e crescendo até um final de intensidade maníaca.

O encerramento vem com os silêncios e esporros de I’ve got a feeling (Stay lucky), onde a letra busca sentido no caos e em mensagens dispersas – outra especialidade da banda. “E eu tenho um sentimento, um sentimento dentro de mim / desenterrando ervas daninhas até que algo comece a acontecer”. De fato, um adeus que não pede explicação, só sentimento.

UPDATE: Dana Margolin decidiu falar um pouco sobre o fim da banda num papo com o podcast da revista Loud & Quiet.

Nota: 8,5
Gravadora: Secretly Canadian
Lançamento: 21 de fevereiro de 2025.

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Crítica

Ouvimos: The Murder Capital, “Blindness”

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Ouvimos: The Murder Capital, “Blindness”

O terceiro disco da banda irlandesa The Murder Capital, Blindness, é uma verdadeira tensão entre climas, timbres e gêneros – e é mais um disco que expõe aquela nossa velha tese, de que bandas como Wire e Public Image Ltd estão entre as mais influentes do universo.

O vocal blasé e a sensação de “tudo desabando” provocada por vários arranjos do álbum remetem diretamente a esses dois grupos, especialmente em faixas como Moonshot, That feeling (que abre com um clima à la Brian Eno, ou David Bowie em Berlim) e Can’t pretend to know. Mas o Murder Capital reproduz essas influências com personalidade, incorporando ainda diversas outras referências.

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Em meio ao ruído e ao clima pós-punk, a banda soa como um Duran Duran do mal em Worlds lost meaning, que traz algo misturado ali que também lembra Private dancer, hit de Tina Turner. A distant life remete à fase 1969 do Velvet Underground, enquanto Love of country assume um inesperado tom de rock sulista norte-americano – só que carregado de sombras. A faixa, um cântico contra a guerra e a supremacia, traz tensão nas afinações e versos cortantes: “eu sou apenas uma criança alcançando devaneios de alguns potes desta terra / você poderia me culpar por confundir seu amor pelo país com ódio ao homem?”.

Blindness ainda transita pelo rock dos anos 1990 em faixas como The fall e Death of a giant, que em alguns momentos evocam um Soul Asylum maldito ou um Guided By Voices distorcido – e, no caso dessa última, mexe com climas ligados ao math rock e ao pós-hardcore. Já Swallow abre com um loop hipnótico antes de se transformar em uma faixa na tradição dos Smiths, mas com uma voz grave, descambando depois para um som que parece o lado sombrio do Arctic Monkeys e dos próprios Smiths.

O álbum se encerra com Trailing a wing, uma composição de clima cinematográfico, com guitarras que oscilam entre o casual e o pesado, fechando o disco em tom sombrio.

Nota: 9
Gravadora: Human Seasons Records
Lançamento: 21 de fevereiro de 2025

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Crítica

Ouvimos: Dadá Joãozinho, “1997” (EP)

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Ouvimos: Dadá Joãozinho, “1997” (EP)

Tds bem global, disco de estreia de Dadá Joãozinho (2023), músico de Niterói (RJ) que se radicou em São Paulo, é inclassificável. Mas encontra abrigo justamente em seu experimentalismo, que une rap, jazz, música eletrônica, beatmaking, funk e MPB filtrada por evocações, intencionais ou não, a nomes como Di Melo.

A estreia unia também psicodelia, sambas em desconstrução e música “fluida”, que se desfaz e derrete como num quadro surrealista. Nas letras, o existencialismo pessoal de quem se muda para uma metrópole assustadora e precisa ganhar dinheiro para conseguir não ser engolido e cuspido rapidamente pela cidade grande, e as emoções de quem vive paixões arrebatadoras em meio ao caos.

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1997, EP novo de Dadá Joãozinho (o título é o ano de seu nascimento), oferece uma continuação mais orgânica e mais definível do que no álbum de estreia, trazendo várias sonoridades que, de uma forma ou de outra, giram em torno do samba. Olha pra mim, soft rock gravado com o grupo Raça, sugere uma busca do formato canção, mas com linguagem própria, com experimentalismo dosado. 100 anos, que elege o amor como “uma prática”, é um samba-rock “voador” que tem parentesco com o Azymuth. Subindo em árvore (De qualquer forma é grande) é outro samba-rock, mas que descamba para um clima folk e sonhador, cabendo efeitos de som.

As maiores curiosidades do EP ficam para o final: As coisas, parceria com a cantora carioca Jadidi, tem ar de ciranda, ou de marcha, com tom eletrônico e voz soft – a letra evoca uma tarde calma, e lembra um pouco a poesia de Antônio Cícero. Landa, divulgada como single antes do EP sair, é uma espécie de dream-MPB, com psicodelia e experimentação, mas que lá pelas tantas lembra nomes como Geraldo Vandré e Sérgio Ricardo. A letra, em clima de oração, espera por dias melhores e recorda entes queridos: “ô minha vó / queria abraçar minha prima/queria que não tivesse briga/briga de família”.

Nota: 9
Gravadora: Innovative Leisure
Lançamento: 18 de fevereiro de 2025.

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