Cultura Pop
Aquela turma que gravou ABBA no Brasil

Desde o começo da carreira, os quatro integrantes do ABBA – que fizeram duas músicas novas recentemente – sempre tiveram mais interesse no trabalho em estúdio do que nas turnês. Ao todo, a banda excursionou apenas quatro vezes. Uma das turnês, a de 1977, chegou até um dos países onde Anni-Frid, Bjorn, Benny e Agnetha eram mais queridos, a Austrália. Foi uma excursão assustadora, com direito a fãs desmaiando e sendo pisoteados, jornalistas disputando furos e repórteres de TV perseguindo a banda de helicóptero.

Já no Brasil, onde o quarteto sempre foi popular, nunca vieram. Com a ideia de estar em todos os lugares do mundo sem que fosse preciso sair da Suécia, o ABBA começou a investir desde cedo em promos (os primeiros clipes), feitos quase em série. Por aqui, os filmes feitos pela banda para músicas como Dancing queen e Fernando passavam direto na TV, eram exibidos com exclusividade em programas como o Fantástico e logo viravam mania. A ponto de, desde bem antes de o grupo se tornar uma das maiores coqueluches pop dos anos 1970, já ter gente gravando canções deles em português.
Em 1973, ainda nem havia ABBA. Os quatro, unidos após iniciarem carreiras solo de sucesso, eram conhecidos pelo confuso nome Björn Benny & Agnetha Frida, e tinham um grande hit, Ring ring. Mas já tinham versão em português. Olhaí a cantora Sueli, soltando a voz em Férias na praia, releitura de Ring ring.
A rainha do rock nativo Celly Campello retomou a carreira em 1976 lançando uma versão em português de Dance while the music still goes on, chamada Cante (Enquanto houver canção).
O casal Jane & Herondy, no mesmo álbum do hit Não se vá, em 1977, verteu para o português Dancing queen, com o nome de A melhor noite do mundo.
Lançadores contumazes de versões, os Fevers transformaram The winner takes it all em Não fui o vencedor em 1981.
Nos anos 70, o ABBA fez tanto sucesso por aqui que surgiram algumas imitações bem baratas. O riff de piano da abertura de Honey honey foi parar na abertura do hit disco-rock Cara de pau, cantado pela dupla Ana & Angela, em 1977, e feito na aba do ABBA.
Radicada no Brasil mas nascida em terras paraguaias, a cantora Perla gravou uma dezena de versões do quarteto. As mais famosas, claro, são Fernando (o nome continuou o mesmo do original) e Pequenina (Chiquitita, no original).
Teve mais: na voz dela, S.O.S virou Paz de um grande amor, Thank you for the music transformou-se em Hoje eu agradeço, Gimme gimme gimme virou Diga que me quer e Hasta mañana… bom, Hasta mañana continou com esse mesmo nome. Em 2002 boa parte desse repertório foi reunido na compilação Perla canta ABBA e outros hits.
Aliás, assim como os Fevers, Perla também gravou The winner takes it all – que, em belo portunhol, virou O jogo acabou. As duas versões saíram no mesmo ano (1981).
Esquecendo o Brasil e viajando para a Itália. Fez um puta sucesso na terra da bota um quarteto chamado Ricchi & Poveri, formado em Gênova por dois casais e, digamos, bastante influenciado pelo ABBA. O grupo vendeu mais de 20 milhões de cópias de hits compostos e gravados bem na cola do quarteto sueco, como Voulez vous danser, Come vorrei e Mamma Maria. Assim como o ABBA, eles também tiveram um salto para o sucesso participando do festival Eurovision, em 1978, cantando Questo amore. Em 1981, o grupo virou um trio com a saída de uma das meninas, Marina Occhiena.
E rola uma relação torta do ABBA com o Brasil por causa do Ricchi & Poveri. Mamma Maria, você deve lembrar, foi regravada em 1983 pelo grupo pop carioca Grafite. Feita por Paulo Camargo, a versão em português do hit italiano trazia versos maravilhosos como “lá pelas nove, eu passo lá/naquele lance pra te pegar/tô numa de te azarar, gatinha/o sol tá quente, a praia tá cheinha”.
Cultura Pop
No nosso podcast, Alanis Morissette da pré-história a “Jagged little pill”

Você pensava que o Pop Fantasma Documento, nosso podcast, não ia mais voltar? Olha ele aqui de novo, por três edições especiais no fim de 2025 – e ano que vem estamos de volta de vez. No segundo e penúltimo episódio desse ano, o papo é um dos maiores sucessos dos anos 1990. Sucesso, aliás, é pouco: há uns 30 anos, pra onde quer que você fosse, jamais escaparia de Alanis Morissette e do seu extremamente popular terceiro disco, Jagged little pill (1995).
Peraí, “terceiro” disco? Sim, porque Jagged era só o segundo ato da carreira de Alanis Morissette. E ainda havia uma pré-história dela, em seu país de origem, o Canadá – em que ela fazia um som beeeem diferente do que a consagrou. Bora conferir essa história?
Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch (foto: Capa de Jagged little pill). Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Vinheta de abertura: Renato Vilarouca. Estamos aqui de quinze em quinze dias, às sextas! Apoie a gente em apoia.se/popfantasma.
Ouça a gente preferencialmente no Castbox. Mas estamos também no Mixcloud, no Deezer e no Spotify.
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Cultura Pop
No nosso podcast, Radiohead do começo até “OK computer”

Você pensava que o Pop Fantasma Documento, nosso podcast, não ia mais voltar? Olha ele aqui de novo, por três edições especiais no fim de 2025 – e ano que vem estamos de volta de vez. Para abrir essa pequena série, escolhemos falar de uma banda que definiu muita coisa nos anos 1990 – aliás, pra uma turma enorme, uma banda que definiu tudo na década. Enfim, de técnicas de gravação a relacionamento com o mercado, nada foi o mesmo depois que o Radiohead apareceu.
E hoje a gente recorda tudo que andava rolando pelo caminho de Thom Yorke, Jonny Greenwood, Colin Greenwood, Ed O’Brien e Phil Selway, do comecinho do Radiohead até a era do definidor terceiro disco do quinteto, OK computer (1997).
Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch (foto: reprodução internet). Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Vinheta de abertura: Renato Vilarouca. Estamos aqui de quinze em quinze dias, às sextas! Apoie a gente em apoia.se/popfantasma.
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4 discos
4 discos: Ace Frehley

Dizem por aí que muita gente só vai recordar de Gene Simmons e Paul Stanley, os chefões do Kiss, quando o assunto for negócios e empreendedorismo no rock – ao contrário das recordações musicais trazidas pelo nome de Ace Frehley, primeiro guitarrista do grupo, morto no dia 16 de outubro, aos 74 anos.
Maldade com os criadores de uma das maiores bandas de rock de todos os tempos, claro – mas quando Frehley deixou o grupo em 1982, muita coisa morreu no quarteto mascarado. Paul Daniel Frehley, nome verdadeiro do cara, podia não ser o melhor guitarrista do mundo – mas conseguia ser um dos campeões no mesmo jogo de nomes como Bill Nelson (Be Bop De Luxe), Brian May (Queen) e Mick Ronson (David Bowie). Ou seja: guitarra agressiva e melódica, solos mágicos e sonoridade quase voadora, tão própria do rock pesado quanto da era do glam rock.
Ace não foi apenas o melhor guitarrista da história do Kiss: levando em conta que o grupo de Gene e Paul sempre foi uma empresa muito bem sucedida, o “spaceman” (figura pela qual se tornou conhecido no grupo) sempre foi um funcionário bastante útil, que lutou para se sentir prestigiado em seu trabalho, e que abandonou a banda quando viu suas funções sendo cada vez mais congeladas lá dentro. Deixou pra trás um contrato milionário e levou adiante uma carreira ligada ao hard rock e a uma “onda metaleira” voltada para o começo do heavy metal, com peso obedecendo à melodia, e não o contrário.
Como fazia tempo que não rolava um 4 Discos aqui no Pop Fantasma, agora vai rolar: se for começar por quatro álbuns de Ace, comece por esses quatro.
Texto: Ricardo Schott – Foto: Reprodução
“KISS: ACE FREHLEY” (Casablanca, 1978). Brigas dentro do Kiss fizeram com que Gene, Paul, Ace e o baterista Peter Criss lançassem discos solo padronizados em 1978 – adaptando uma ideia que o trio folk Peter, Paul and Mary havia tido em 1971, quando saíram álbuns solo dos três cujas capas e logotipos faziam referência ao grupo. Ace lembra de ter ouvido uma oferta disfarçada de provocação numa reunião do Kiss, quando ficou definido que cada integrante lançaria um disco solo: “Eles disseram: ‘Ah, Ace, a propósito, se precisar de ajuda com o seu disco, não hesite em nos ligar ‘. No fundo, eu dizia: ‘Não preciso da ajuda deles’”, contou.
Além de dizer um “que se foda” para os patrões, Ace conseguiu fazer o melhor disco da série – um total encontro entre hard rock e glam rock, destacando a mágica de sua guitarra em ótimas faixas autorais como Ozone e What’s on your mind? (essa, uma espécie de versão punk do som do próprio Kiss) além do instrumental Fractured mirror. Foi também o único disco dos quatro a estourar um hit: a regravação de New York Groove, composta por Russ Ballard e gravada originalmente em 1971 pela banda glam britânica Hello. Acompanhando Frehley, entre outros, o futuro batera da banda do programa de David Letterman, Anton Fig, que se tornaria seu parceiro também em…
“FREHLEY’S COMET” (Atlantic/Megaforce, 1987). Seguindo a onda de bandas-com-dono-guitarrista (como Richie Blackmore’s Rainbow e Yngwie Malmsteen’s Rising Force), lá vinha Frehley com seu próprio projeto, co-produzido por ele, pelo lendário técnico de som Eddie Kramer (Jimi Hendrix, Beatles, Led Zeppelin) e Jon Zazula (saudoso fundador da Megaforce). Frehley vinha acompanhado por Fig (bateria), John Regan (baixo, backing vocal) e Tod Howarth (guitarras, backing vocal e voz solo em três faixas).
O resultado se localizou entre o metal, o hard rock e o rock das antigas: Frehley escreveu músicas com o experiente Chip Taylor (Rock soldiers), com o ex-colega de Kiss Eric Carr (Breakout) e com John Regan (o instrumental Fractured too). Howarth contribuiu com Something moved (uma das faixas cantadas pelo guitarrista). Russ Ballard, autor de New York groove, reaparece com Into the night, gravada originalmente pelo autor em 1984 em um disco solo. Típico disco pesado dos anos 1980 feito para escutar no volume máximo.
“TROUBLE WALKING” (Atlantic/Megaforce, 1989). Na prática, Trouble walking foi o segundo disco solo de Ace, já que os dois anteriores saíram com a nomenclatura Frehley’s Comet. A formação era quase a mesma do primeiro álbum da banda de Frehley – a diferença era a presença de Richie Scarlet na guitarra. O som era bem mais repleto de recordações sonoras ligadas ao Kiss do que os álbuns do Comet, em músicas como Shot full of rock, 2 young 2 die e a faixa-título – além da versão de Do ya, do The Move. Peter Criss, baterista da primeira formação do Kiss, participava fazendo backing vocals. Três integrantes do então iniciante Skid Row (Sebastian Bach, Dave Sabo, Rachel Bolan), também.
“10.000 VOLTS” (MNRK, 2024). Acabou sendo o último álbum da vida de Frehley: 10.000 volts trouxe o ex-guitarrista do Kiss atuando até como “diretor criativo” e designer da capa. Ace compôs e produziu tudo ao lado de Steve Brown (Trixter), tocou guitarra em todas as faixas – ao lado de músicos como David Julian e o próprio Brown – e convocou o velho brother Anton Fig para tocar bateria em três faixas. A tradicional faixa instrumental do final era a bela Stratosphere, e o spaceman posou ao lado de extraterrestres no clipe da ótima Walkin’ on the moon. Discão.
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