Cinema
“Abrigo Nuclear”, clássico do Premeditando o Breque, ganhou clipe

O mainstream da música pop nacional já foi muito doido. Foi doidão a ponto de um grupo anarquista e fora do normal como o Premeditando o Breque virar aposta de gravadora, em 1985. O grupo estreou naquele ano na EMI com O melhor dos iguais, disco produzido por (acredite) Lulu Santos. E que, mesmo não fazendo sucesso, impôs parâmetros à la Frank Zappa/Flo & Eddie à new wave brazuca.
O maior hit do disco, Lua de mel, era uma balada doo wop sobre um marido que resolvia levar a mulher para uma viagem dos sonhos – só que a tal viagem era rumo à poluidíssima Cubatão. A tragicômica Balão Trágico, uma piada cruel com o grupo infantil A Turma do Balão Mágico, botava uma criança para cantar sobre a vida nas favelas (com versos-denúncia como “na nossa escola não tem professora/nossa merenda é roubada todo dia”).
Tinha também uma sátira do economês dos telejornais (o prog de araque Melô da economia), colagens sonoras com letra de brincadeira (Jacaré também é gente), metal-punk entre Ramones e Motörhead (Carrão de gás). E tinha Abrigo nuclear, zoação com as propagandas de empreendimentos imobiliários – só que o que estava sendo vendido era um local, “com pronta entrega até o ano 2000”, para todo mundo escapar dos ataques nucleares (que apareciam direto nas páginas dos jornais naquela época).
E agora, 35 anos depois do lançamento do disco, está rolando na internet um clipe da música. O autor é o cineasta Christian Caselli, um cara bastante ativo na virada do cinema analógico para o digital (anos 2000). Durante vários anos, trabalhou na Mostra do Filme Livre. Hoje, é colaborador dos projetos da Cavídeo. Se você já viu o curta-metragem O paradoxo da espera do ônibus, sobre as frustrações de um cara que espera em vão pelo transporte público – e que já foi visto no YouTube por mais de um milhão de pessoas -, é dele.
Olha o Abrigo nuclear aí.
Batemos um papo com Christian para saber como o clipe foi feito.
POP FANTASMA: Como você teve a ideia de fazer um clipe para Abrigo nuclear? A ideia surgiu por causa do isolamento ou já vinha de antes?
CHRISTIAN CASELLI: Uma ideia super antiga. Na verdade, sou ultra fã do Premê e o quanto puder divulgá-los eu o farei. E eu adoro este desafio de pegar um áudio já feito e dar uma visibilidade audiovisual. Fiz isto com a Visita à Universidade de Wildstone, faixa do grupo Les Luthiers, uma espécie de Premê argentino. Só que enquanto o Visita simulava um cinejornal, o Abrigo lembrava mais uma propaganda das antigas, ou seja, precisava de um outro tipo de grafismo. Já tinha feito a base com os filmes de época, mas achava que o curta exigia animação de fontes tipo os trailers das décadas de 40, 50, 60… Aí coincidiu nesta pandemia de eu rachar a casa com o bróder Pablo Pablo, que é sinistro no After Effects, e percebi que era o momento ideal de lançá-lo finalmente.
Quanto tempo durou a produção do filme? De onde exatamente você pegou aquelas imagens? Ah, demorou anos, mas com muitos intervalos de tempo. As imagens encontrei primeiramente no site archive.org, mais precisamente numa parte chamada Prelinger Archives. É sensacional, cheio de cinejornais estadunidenses vintage, tudo em domínio público. Mas o problema é que lá estão em DV (720×480 pixels) e eu queria algo pelo menos em HD (1920×1080 pixels). Mas daí encontrei arquivos melhores no YouTube e mandei brasa.
O disco O melhor dos iguais, do Premê, tem músicas falando sobre lua de mel em Cubatão, sobre crianças abandonadas… É um disco, digamos, à frente do seu tempo? Qual sua relação com esse disco? Não, infelizmente já eram problemas da época, que só pioraram. Por exemplo, o longa Pixote (Hector Babenco, 1981) denunciava fortemente a pobreza infantil. Faço questão de ressaltar que durante os governos do PT houve uma diminuição da miséria, mas não o suficiente devido a mais de 500 anos de atraso no país. Agora, depois do golpe e do atual governo, tudo só tende a piorar. Voltando ao Premê, até mesmo o Abrigo nuclear é um pouco datado, pois é fruto da Guerra Fria e de filmes assustadores, como The day after, de 1983. Mas isto não faz do Premê menos maravilhoso.
Pra se ter ideia da genialidade dos caras, a faixa Bem Brasil, também de O melhor dos iguais, começa com a carta de Pero Vaz de Caminha adaptado pra canto gregoriano (!), seguindo depois de um samba enredo (!!) cantado pelo Caetano (!!!) com uma letra extremamente crítica ao Brasil. Se isto não é genial, então não sei o que é. Eu não acho esse o melhor disco deles, mas tenho um carinho especial, pois os conheci tocando Lua de Mel num programa da Manchete (eles vestiram máscaras de gás quando falavam de Cubatão, nunca vou esquecer). Quero dizer; é ótimo! Mas a obra-prima é o primeiro, de 1981. Ah, sei lá, toda a discografia deles é foda.
O Premeditando o Breque já ficou sabendo do filme? Olha, me disseram que o Wandi e o Claus Petersen (membros da banda) viram e gostaram. Mas não existe uma aprovação oficial. Aproveito o ensejo pra declarar publicamente que é um “fan film”, ou seja, totalmente feito com recursos próprios e sem nenhuma intenção de ganhar dinheiro. É um presente meu pros caras. Se eles quiserem, mando o arquivo em alta pra quem possam usar onde bem entenderem. Que bom, né? Afinal de contas, não é todo dia que se ganha um clipe de graça.
Fale um pouco de como o Paradoxo da espera do ônibus foi feito e de como surgiu aquela frase do “quanto mais espero, menos vou esperar”? Nossa, história longa. Bom, sempre me intrigava esse misto de esperança e desespero ao esperar um ônibus, pois ele pode chegar a qualquer momento. Minha vontade inicial era fazer uma letra de música, acredita? Aí eu tive a ideia dos filmes cíclicos (na verdade, a vontade inicial era passar o curta em looping, ou seja, o ônibus nunca chegaria) e dos desenhos desanimados, que caíram como uma luva. Depois conheci o Gabriel Renner, cartunista gaúcho fodaço que topou fazer os desenhos. Na verdade, ele se autodesenhou no filme e, vendo isto, adorei a hipótese de usar o sotaque gauchesco pra forjar uma autenticidade maior. Só que ele estava em PoA, então ficava difícil de gravar áudio na época.
Foi quando eu e o produtor Guilherme Whitaker notamos que o homem do desenho era os cornos do nosso parça Chico Serra, que tem um carioquês carregado. Juntando tudo isto, já tinha o título e quase todo o roteiro pronto, mas faltava me convencer que o axioma da história era um paradoxo, tipo os do filósofo grego Zenon de Eleia. Foi quando, conversando com um ex-amigo todo “doutor em filosofia”, ele soltou a frase síntese da coisa. Sou grato a ele, por mais mala que seja, hahahah, pois era o que faltava escrever pro Chico narrar. E, finalmente, juntando todos estes elementos, foi tudo muito fácil e editei em uns 2 ou 3 dias. Mas tudo virou pelo avesso quando botei no YouTube, quando se transformou em um viral totalmente sem ter planejado. Isto foi em 2007.
O personagem do curta está em algum lugar especifico do Rio? Ele representa algum amigo de vocês? Ou vários? Hahahahah, boa pergunta. Até 2002 eu morei basicamente na Tijuca, mas já era um lapeiro (frequentador da Lapa, no Rio de Janeiro) desde sempre. E pra voltar da Lapa, de madrugada, era sempre o mesmo perrengue: ou pegava o 409, que ia direto e passava menos, ou o 410, que dava uma volta imensa pelo Catumbi e passava mais. Esta é a origem de tudo. Mas o barato é perceber o quanto as pessoas se identificaram com o drama do cara em diversos lugares do Brasil e até do mundo.

Caselli e um amigo
O que aconteceu com o Paradoxo assim que foi lançado? Foi feito especificamente para alguma mostra? Botamos no YouTube e, depois de umas duas semanas mais ou menos, para nossa total surpresa, começou a bombar feito louco. Ele fez parte de uma primeira ou segunda geração de virais, embora eu perdesse feio pro Tapa na pantera, da mesma época. Daí, com a fama, foi pra alguns festivais e ganhei até uns prêmios.
O que você anda fazendo no isolamento? Algum outro projeto em vista? Prefiro não falar, porque, caso o projeto falhe, ficarei com cara de tacho (risos). Mas quero dizer que estou bastante produtivo nesta pandemia. Depois de um período de pasmaceira, finalmente a coisa engrenou. Falando ainda no Premê, eu adoraria fazer mais vídeos pra eles. Meu sonho era fazer uma animação para Sabrina, uma das músicas mais radicais dos caras. Só que vai dar um trabalho imenso, então uma ajudinha seria necessária…
Já deu para ter uma ideia de quanto tempo o cinema vai precisar para se recuperar de dois males (a pandemia e o governo Bolsonaro)? Antes de xingar este governo pavoroso, na verdade, a gente não sabe como as coisas vão ficar, não? A “ficha” do coronavírus caiu pra mim quando a Globo parou de filmar novela, pois nunca vi nada parecido em 47 anos de vida. Ou seja, o audiovisual é uma arte coletiva em que a equipe precisa estar junta no set; isto sem falar do assistir-cinema, já que as salas estão fechadas. Agora, quando se tem o pior governo possível em um cenário destes, tudo se agrava. O governo Bolsonaro nunca deu incentivo à cultura por razões óbvias, já que a cultura faz questionar e não virar mais um gado que o apoia. Sempre foi e será uma prática de governos totalitários tachar artistas como inimigos.
Pra não ficar tanto no pessimismo, creio que a classe artística tem se unido para enfrentar os problemas e o audiovisual tem se reinventado nas lives e redes sociais, criando novas estéticas. O próprio Abrigo nuclear mostra o quanto aproveitar imagens já existentes e ressignificá-las (o que já se fazia antes) é uma opção sensacional pra estes tempos. O Paradoxo também é um bom modelo, já que o Renner pode mandar os desenhos de São Leopoldo (RS) e o Chico, ou quem for o narrado, gravar o áudio da própria casa. Mas, sobre o cinemão mesmo, só vendo as cenas dos próximos capítulos…
Cinema
Ouvimos: Raveonettes – “PE’AHI II”

RESENHA: Os Raveonettes mergulham de vez no lo-fi e shoegaze em PE’AHI II, disco que soa mais próximo de uma transição do que de uma realização.
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Raveonettes, aquela dupla que misturava distorções a la Jesus and Mary Chain, clima melodioso herdado dos anos 1950 e estética do filme Juventude transviada, lembra? Pois bem, eles guiaram o timão de vez para gêneros como shoegaze e lo-fi. Não é algo estranho ao som deles, vale falar. Climas “serra elétrica” sempre tiveram lugar nos discos de Sune Rose Wagner e Sharin Foo. PE’AHI II, novo disco, é a continuação de PE’AHI, disco de 2014 que já promovia suas invasões nessas áreas. Sem falar que 2016 atomized – disco anterior de inéditas da banda, 2017 – surfava essa onda.
Só que o Raveonettes de 2025 chega a soar experimental, mesmo quando abre o novo disco com uma balada nostálgica e melancólica, Strange. E na sequência, o ruído programado de Blackest soa como uma curiosa mescla de blackgaze e pop de câmara. Já Killer é uma nuvem de microfonias que lembra bandas como Drop Nineteens, só que com mais cuidado na melodia.
Entre as outras curiosidades do disco, estão o noise rock programado de Dissonant, a viagem sonora e distorcida de Sunday school e a onda sonora de microfonia (alternada com toques dream pop) de Ulrikke. O resultado final deixa um ar de EP, de mixtape, mais do que de um álbum completo e realizado dos Raveonettes. Ainda que PE’AHI II tenha momentos ótimos, soa mais como uma transição para o que vem por aí.
Texto: Ricardo Schott
Nota: 7,5
Gravadora: Beat Dies Records
Lançamento: 25 de abril de 2025
- Ouvimos: The Raveonettes – Sing…
- Ouvimos: Drop Nineteens – 1991
- Ouvimos: Drop Nineteens – Hard light
Cinema
Urgente!: Cinema pop – “Onda nova” de volta, Milton na telona

Por muito tempo, Onda nova (1983), filme dirigido por Ícaro Martins e José Antonio Garcia – e censurado pelo governo militar –, foi jogado no balaio das pornochanchadas e produções de sacanagem.
Fácil entender o motivo: recheado de cenas de sexo e nudez, o longa funciona como uma espécie de Malhação Múltipla Escolha subversivo, acompanhando o dia a dia de uma turma jovem e nada comportada – o Gayvotas Futebol Clube, time de futebol formado só por garotas, e que promovia eventos bem avançadinhos, como o jogo entre mulheres e homens vestidos de mulher. Por acaso, Onda nova foi financiado por uma produtora da Boca do Lixo (meca da pornochanchada paulistana) e acabou atropelado pela nova onda (sem trocadilho) de filmes extremamente explícitos.
O elenco é um espetáculo à parte. Além de Carla Camuratti, Tânia Alves, Vera Zimmermann e Regina Casé, aparecem figuras como Osmar Santos, Casagrande e até Caetano Veloso – que protagoniza uma cena soft porn tão bizarra quanto hilária. Durante anos, o filme sobreviveu em sessões televisivas da madrugada, mas agora ressurge restaurado e remasterizado em 4K, estreando pela primeira vez no circuito comercial brasileiro nesta quinta-feira (27).
Meu conselho? Esqueça tudo o que você já ouviu sobre Onda nova (ou qualquer lembrança de sessões anteriores). Entre de cabeça nessa comédia pop carregada de referências roqueiras da época, um cruzamento entre provocação punk e ressaca hippie. O filme abre com Carla Camuratti e Vera Zimmermann empunhando sprays de tinta para pixar os créditos, mostra Tânia Alves cantando na noite com visual sadomasoquista, segue com momentos dignos de um musical glam – cortesia da cantora Cida Moreyra, que brilha em várias cenas – e trata com surpreendente modernidade temas como maconha, cultura queer, relacionamentos sáficos, mulheres no poder, amores fluidos e, claro, futebol feminino.
Se fosse um disco, Onda nova seria daqueles para ouvir no volume máximo, prestando atenção em cada detalhe e referência. A trilha sonora passeia entre o boogie oitentista e o synthpop, com faixas de Michael Jackson e Rita Lee brotando em alguns momentos. E o que já era provocação nos anos 1980 agora ressurge como registro de uma juventude que chutava o balde sem medo. Vá assistir correndo.
*****
Já Milton Bituca Nascimento, de Flavia Moraes, que estreou na última semana, segue outro caminho: o da reverência, mesmo que seja um filme documental. Durante dois anos, Flavia seguiu Milton de perto e produziu um retrato que, mais do que um relato biográfico, é uma celebração. E uma hagiografia, aquela coisa das produções que parecem falar de santos encarnados.
A narração de Fernanda Montenegro dá um tom solene – e, enfim, logo no começo, fica a impressão de um enorme comercial narrado por ela, como os daquele famoso banco que não patrocina o Pop Fantasma. Aos poucos, vemos cenas da última turnê, reações de fãs, amigos contando histórias. Marcio Borges lê matérias do New York Times sobre Milton, para ele. Wagner Tiso chora. Quincy Jones sorri ao falar dele. Mano Brown solta uma pérola: Milton o ensinou a escutar. E Chico Buarque assiste ao famigerado momento do programa Chico & Caetano em que se emociona ao vê-lo cantar O que será – um vídeo que virou meme recentemente.
Isso tudo é bastante emocionante, assim como as cenas em que a letra da canção Morro velho é recitada por Djavan, Criolo e Mano Brown – reforçando a carga revolucionária da música, que usava a imagem das antigas fazendas mineiras para falar de racismo e capitalismo. Mas, no fim, o que fica de Milton Bituca Nascimento é a certeza de que Milton precisava ser menos mitificado e mais contado em detalhes. Vale ver, e a música dele é mito por si só, mas a sensação é a de que faltou algo.
Por acaso, recentemente, Luiz Melodia – No coração do Brasil, de Alessandra Dorgan, investiu fundo em imagens raras do cantor, em que a história é contada através da música, sem nenhum detalhe do tipo “quem produziu o disco tal”. Mas o homem Luiz Melodia está ali, exposto em entrevistas, músicas, escolhas pessoais e atitudes no palco e fora dele. Quem não viu, veja correndo – caso ainda esteja em cartaz.
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Cinema
Urgente!: Filme “Máquina do tempo” leva a música de Bowie e Dylan para a Segunda Guerra

Descobertas de antigos rolos de filme, assim como cartas nunca enviadas e jamais lidas, costumam render bons filmes e livros — ou, pelo menos, são um ótimo ponto de partida. É essa premissa que guia Máquina do tempo (Lola, no título original), estreia do irlandês Andrew Legge na direção. A ficção científica, ambientada em 1941, acompanha as irmãs órfãs Martha (Stefanie Martini) e Thomasina (Emma Appleton), e chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (13), dois anos após sua realização.
As duas criam uma máquina do tempo — a Lola do título original, batizada em homenagem à mãe — capaz de interceptar imagens do futuro. O material que elas conseguem captar é todo registrado em 16mm por uma câmera Bolex, dando origem aos tais rolos de filme.
E, bom, rolo mesmo (no sentido mais problemático da palavra) começa quando o exército britânico, em plena Segunda Guerra Mundial, descobre a invenção e passa a usá-la contra as tropas alemãs. A princípio, a estratégia funciona, mas logo começa a sair do controle. As manipulações temporais geram consequências inesperadas, enquanto as personalidades das irmãs vão se revelando e causando conflitos.
Com apenas 80 minutos de duração e filmado em 16 mm (com lentes originais dos anos 1930!), Máquina do tempo pode soar confuso em algumas passagens. Não apenas pelas idas e vindas temporais, mas também pelo visual em preto e branco, valorizando sombras e vozes que quase se tornam personagens da história. Em alguns momentos, é um filme que exige atenção.
O longa também tem apelo para quem gosta de cruzar cultura pop com história. Martha e Thomasina ficam fascinadas ao ver David Bowie cantando Space oddity (o clipe brota na máquina delas), tornam-se fãs de Bob Dylan, adiantam a subcultura mod em alguns anos (visualmente, inclusive) e coadjuvam um arranjo de big band para o futuro hit You really got me, dos Kinks, que elas também conseguem “ouvir” na máquina. Um detalhe curioso: a própria Emma Appleton operou a câmera em cenas em que sua personagem Thomasina se filma (“para deixar as linhas dos olhos perfeitas”, segundo revelou o diretor ao site Hotpress).
Ainda que a cultura pop esteja presente, Máquina do tempo é, acima de tudo, um exercício de futurologia convincente, explorando uma futura escalada do fascismo na Inglaterra — que, no filme, chega até mesmo à música, com a criação de um popstar fascista.
A ideia faz sentido e nem é muito distante do que aconteceu de verdade: punks e pré-punks usavam suásticas para chocar os outros, Adolf Hitler quase figurou na capa de Sgt. Pepper’s, dos Beatles, Mick Jagger não se importou de ser fotografado pela “cineasta de Hitler” Leni Riefenstahl, artistas como Lou Reed e Iggy Pop registraram observações racistas em suas letras, e o próprio Bowie teve um flerte pra lá de mal explicado com a estética nazista. Mas o que rola em Máquina do tempo é bem na linha do “se vocês soubessem o que vai acontecer, ficariam enojados”. Pode se preparar.
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