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Cultura Pop

12 apostas malucas das gravadoras

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Fizeram uma versão de CINCO HORAS E MEIA de "Brainwash", do Flipper

Ah, os pitorescos anos 1990… naquela época o rock alternativo estava em alta graças ao estouro mundial do grunge e isso fez as grandes gravadoras se voltarem para o cenário underground e saírem lançando todo tipo de banda possível, na esperança de encontrarem um novo Nirvana ou Soundgarden e, na ânsia de ganhar dinheiro, muito provavelmente as majors foram com muita sede ao pote e não prestaram muita atenção no que estavam contratando… acho que só isso (ou um porre homérico dos engravatados) justifica algumas escolhas que até hoje parecem bizarras!! Nós do POP FANTASMA listamos aqui 12, mas certamente tem bem mais (se você porventura lembrou de alguém que nós deixamos de fora, por favor nos diga!)!! Dito isso, vamos a eles (na foto, o Flipper).

CLAW HAMMER. Banda californiana que fazia uma mistura indigesta de punk rock, blues e experimentalismo, mas ainda assim, apesar da esquisitice, foi a segunda banda da gravadora independente Epitaph a assinar com uma major, depois do L7. Sim, acredite, o Claw Hammer conseguiu chegar ao mainstream antes do Offspring e do Bad Religion, vai entender… Quem cometeu tal loucura foi a Interscope, subsidiária da Universal e que já tinha em seu cast bandas como o Primus e o Nine Inch Nails. Por esse selo, eles lançaram dois discos, Thank the hold upper e Hold your tongue and say apple, ambos bons trabalhos, porém difíceis de assimilar e que, obviamente, não deram em nada.

COP SHOOT COP. Só pela formação dá pra ver que os novaiorquinos do Cop Shoot Cop não eram nem um pouco convencionais. Os caras tinham dois baixistas, não tinham guitarra e ao invés de um baterista tinham uma espécie de percussionista que usava apenas caixa, surdo e um prato aqui e ali. Mesmo assim a Interscope (olha eles aí de novo…) achou que com uma roupagem adequada daria pra encaixá-los na cena industrial que estava pipocando na época e apostou neles.

Surpreendentemente até que deu certo: O primeiro disco lançado pelo selo, Ask questions later, estourou nas college radios graças a música $10 bill, um jazz torto e esquisito mas que sabe-se lá porque caiu no gosto de um público razoável, o que fez as vendas irem melhor do que o esperado e deixou tanto banda quanto selo animados e cheios de expectativas. Em 1994, menos de um ano após o lançamento do álbum anterior, saiu Release, porém apesar de também terem conseguido um mini hit (Interference), a resposta não foi tão calorosa e as vendas não foram tão boas, fazendo o selo rescindir o contrato. No final da turnê, o Cop Shoot Cop encerrou as atividades.

DRIVE LIKE JEHU. Nesse caso não foi exatamente culpa da gravadora (mais uma vez a Interscope): Ao assinararem com o Rocket From The Crypt, o vocalista John Reis colocou uma cláusula no contrato exigindo que seu projeto paralelo Drive Like Jehu teria que ir junto, ou nada feito.

O selo aceitou a condição e assim, em 1994, veio ao mundo Yank crime, segundo álbum do DLJ. Foi um daqueles discos que a crítica adorou mas o público não curtiu. A gravadora também não ajudou, haja vista que sabiam que algo tão experimental dificilmente cairia no gosto do povo e que o foco principal do selo era o Rocket From the Crypt. Curiosamente, Yank crime ganhou um certo status cult com o passar dos anos e até hoje tem um séquito apaixonado de fãs. Talvez estivessem muito à frente do tempo e por isso não emplacaram, vai saber…

FLIPPER. O Flipper sempre foi uma banda complicada pois seus integrantes tinham um comportamento destrutivo, viviam se entupindo de drogas e o som que faziam era cru ao extremo, propositalmente repetitivo e tosco, tanto é que mesmo sendo rotulados como punks, muitos punks odiavam o som deles. Por serem tão caóticos, só tinham lançado um disco, Generic Flipper, em 1982.

Entretanto, veio o estouro do grunge, Kurt Cobain apareceu em diversas fotos usando uma camiseta do Flipper e bandas como o Melvins e o Mudhoney citaram Generic Flipper como uma grande influência, o que fez as grandes gravadoras crescerem o olho neles. Quem os contratou foi a American Recordings (não foi a Interscope dessa vez, aleluia!), casa do Slayer, que lançou em 1992 American grafishy, disco que foi massacrado tanto pela crítica quanto pelos fãs das antigas, apesar de, milagrosamente, ter conseguido a proeza de emplacar um mini hit, Flipper twist. Obviamente, a American Recordings percebeu que não foi uma boa ideia, rescindiu o contrato e eles só lançaram outro álbum em 2009, Love, novamente através de um selo independente.

DANIEL JOHNSTON. Daniel Johnston era um rapaz que tinha esquizofrenia, e tinha um talento único pra escrever melodias delicadas e ensolaradas. Lançou diversas fitas K7 na década de 1980 e a mais famosa delas, Hi, how are you? também atraiu a atenção depois que o vocalista do Nirvana apareceu com uma camiseta estampada com a capa da tal fitinha. O problema é que a condição mental do Daniel foi degringolando cada vez mais. Ele ficou obcecado pelo diabo a ponto de enxergar o mal em tudo, só falar nisso e, por causa disso, volta e meia ser internado em hospitais psiquiátricos.

Porém, assim como o Flipper, a exposição que o Nirvana proporcionou fez as gravadoras disputarem seu passe. Um caso curioso foi a Elektra, que ofereceu um caminhão de dinheiro pra ele, mas Daniel recusou porque “não queria estar na mesma gravadora de uma banda satânica como o Metallica”. Quem acabou levando no fim foi a Atlantic, subsidiária da Warner, que deve se arrepender disso até hoje: apesar de ser um disco lindíssimo, Fun, lançado em 1994, foi um fracasso retumbante, vendendo menos de 5 mil cópias .

BRUTAL JUICE. Os texanos do Brutal Juice se autorrotulavam como Acid punk, tinha integrantes que vieram da cena jazz local e um vocalista chamado Craig Welch que era famoso por apagar cigarros NA TESTA durante os shows. Bem, acho que já deu para perceber por esse breve resumo que eles eram uma banda completamente fora da casinha, não?

Após lançarem seu segundo álbum pelo cultuado selo Alternative Tentacles, receberam uma proposta da Interscope (sempre ela) e lançaram por ali Mutilation makes identification difficult, um baita discaço, porém bastante indigesto, que foi um sucesso de crítica e um fracasso comercial, fazendo com que a banda resolvesse encerrar as atividades após a turnê de divulgação. Em 2016, eles retornaram à ativa, lançaram mais um trabalho chamado Welcome to the panopticon, que quase ninguém viu/ouviu e desde então fazem shows esporádicos.

SURGERY. Talvez seja o caso mais triste na lista. Após lançarem um bom trabalho chamado Nationwide pelo selo Amphetamine Reptile, a banda de blues punk nova iorquina Surgery foi contratada pela Atlantic, muito graças a uma forcinha do Sonic Youth. Porém, menos de um mês antes do lançamento de Shimmer, o vocalista Sean McDonell teve uma súbita crise de asma e veio a falecer. Os demais integrantes ficaram tão consternados que terminaram com tudo ali mesmo, fazendo a gravadora abortar todo o projeto de divulgação e, assim, o disco passar em brancas nuvens. Mas de qualquer jeito duvido que daria certo, haja vista que o trabalho em questão não era lá muito comercial…

WESLEY WILLIS. Wesley Willis era um rapaz que tinha esquizofrenia, ganhava dinheiro tocando um teclado fuleiro nas ruas de Chicago e vendendo desenhos que fazia com hidrocor. Lançou mais de 50 discos por conta própria e todos rigorosamente iguais: as letras mudavam, mas a base das músicas era sempre a mesma. Ao mesmo tempo ele tinha uma banda de rock chamada Wesley Willis Fiasco, que causou um murmurinho no underground e chamou a atenção de figurinhas consagradas na cena. Porém, na hora de assinar com um grande selo (no caso a American Recordings), inexplicavelmente optaram em lançar seu trabalho solo cujas músicas eram todas iguais, ao invés do seu projeto com banda. Dois discos foram lançados num intervalo de apenas dois meses, Fabian road warrior e Feel the power, ambos rigorosamente iguais e claro, ambos fracassos retumbantes. Como curiosidade, no disco Fabian road warrior tem uma música chamada Brutal Juice, cuja letra é uma homenagem à banda citada anteriormente.

BOREDOMS. É uma banda de noise rock japonesa altamente experimental que não raro faz mais barulho do que música propriamente dita e que não tem lá uma das melhores reputações. Além do vasto histórico de destruir as casas de shows onde se apresentavam, ainda por cima costumavam jogar na plateia pedestais, instrumentos e demais objetos capazes de ferir com gravidade. Isso para não falar de seus discos repletos de obscenidades (só para citar um exemplo, todas as músicas do EP de estreia Anal by anal têm a palavra “anal” no título e falam sobre vocês já imaginam o que). Porém nos insanos anos 1990, estávamos no auge do grunge e tudo que era ruidoso interessava as majors. Pop tatari (lançado em 1992 pela Reprise, que também lançou o Mudhoney) é um álbum de difícil digestão, totalmente não comercial, mas sabe-se lá porquê chamou a atenção do público e não foi de todo mal nas vendas, pois ainda lançaram outros dois CDs pelo selo, participaram da turnê do Lollapalooza em 1994 e, no Japão, são contratados da Warner até hoje! Vai entender….

FUDGE TUNNEL. Tava na cara que essa tinha tudo pra dar errado (e deu), a começar pelo nome (“Fudge Tunnel” é um apelido carinhoso da cavidade anal). Como se não bastasse, o som era um noise rock barulhento ao extremo (basta ver que seu primeiro álbum foi lançado pela Earache, gravadora independente especializada em Grindcore). Ainda assim a Sony achou que, com um polimento, dava para vendê-los naquela cena metal moderna que surgia na época, com bandas como o Prong e o Helmet assumindo a dianteira. Creepy diets foi lançado e até conseguiu um surpreendente mini hit com a música Grey, mas infelizmente não vendeu o suficiente pra Sony continuar apostando neles. O Fudge Tunnel encerrou as atividades pouco tempo depois, após o lançamento do terceiro disco (novamente pela Earache), mas uma coisa boa ficou: o vocalista Alex Newport tornou-se um produtor muito requisitado, já tendo trabalhado inclusive em dois álbuns do Ratos de Porão.

UNSANE. Resumindo bastante, a mesma coisa que aconteceu com o Fudge Tunnel aconteceu com os novaiorquinos do Unsane. Ambas as bandas fazem um som lento, pesado, cheio de nuances e de difícil digestão e em ambos os casos uma grande gravadora achou que dava para vendê-los como parte da cena metal moderna da época (aqui no caso a Atlantic, subsidiária da Warner), porém aqui com um agravante: Total destruction é um trabalho EXTREMAMENTE irritante, barulhento, com músicas que soam todas iguais. Parece até que foi composto na base da zoeira, só pra tirar uma com a cara da gravadora. Óbvio que não vendeu nada e de lá pra cá eles já passaram por várias gravadoras independentes renomadas (Matador, Ipecac, Relapse, Alternative Tentacles), permanecendo na ativa até hoje.

THREE MILE PILOT. Os californianos do Three Mile Pilot são uma banda bastante complicada de rotular. Depois de lançarem um disco de punk rock SEM GUITARRAS na sua estreia (Na vucca do lupu), lançaram um segundo trabalho (já com guitarras dessa vez) chamado The chief assassin to the sinister pela pequena gravadora Cargo Records. Surpreendentemente a DGC (sim, o mesmo selo do Nirvana) resolveu relançá-lo, com músicas a mais e alterando a ordem das mesmas, sabe-se lá porquê. Se o objetivo era tornar mais acessível, não funcionou: o trabalho em questão passou em brancas nuvens e eles voltaram para o underground.

4 discos

4 discos: Ace Frehley

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Dizem por aí que muita gente só vai recordar de Gene Simmons e Paul Stanley, os chefões do Kiss, quando o assunto for negócios e empreendedorismo no rock – ao contrário das recordações musicais trazidas pelo nome de Ace Frehley, primeiro guitarrista do grupo, morto no dia 16 de outubro, aos 74 anos.

Maldade com os criadores de uma das maiores bandas de rock de todos os tempos, claro – mas quando Frehley deixou o grupo em 1982, muita coisa morreu no quarteto mascarado. Paul Daniel Frehley, nome verdadeiro do cara, podia não ser o melhor guitarrista do mundo – mas conseguia ser um dos campeões no mesmo jogo de nomes como Bill Nelson (Be Bop De Luxe), Brian May (Queen) e Mick Ronson (David Bowie). Ou seja: guitarra agressiva e melódica, solos mágicos e sonoridade quase voadora, tão própria do rock pesado quanto da era do glam rock.

Ace não foi apenas o melhor guitarrista da história do Kiss: levando em conta que o grupo de Gene e Paul sempre foi uma empresa muito bem sucedida, o “spaceman” (figura pela qual se tornou conhecido no grupo) sempre foi um funcionário bastante útil, que lutou para se sentir prestigiado em seu trabalho, e que abandonou a banda quando viu suas funções sendo cada vez mais congeladas lá dentro. Deixou pra trás um contrato milionário e levou adiante uma carreira ligada ao hard rock e a uma “onda metaleira” voltada para o começo do heavy metal, com peso obedecendo à melodia, e não o contrário.

Como fazia tempo que não rolava um 4 Discos aqui no Pop Fantasma, agora vai rolar: se for começar por quatro álbuns de Ace, comece por esses quatro.

Texto: Ricardo Schott – Foto: Reprodução

“KISS: ACE FREHLEY” (Casablanca, 1978). Brigas dentro do Kiss fizeram com que Gene, Paul, Ace e o baterista Peter Criss lançassem discos solo padronizados em 1978 – adaptando uma ideia que o trio folk Peter, Paul and Mary havia tido em 1971, quando saíram álbuns solo dos três cujas capas e logotipos faziam referência ao grupo. Ace lembra de ter ouvido uma oferta disfarçada de provocação numa reunião do Kiss, quando ficou definido que cada integrante lançaria um disco solo: “Eles disseram: ‘Ah, Ace, a propósito, se precisar de ajuda com o seu disco, não hesite em nos ligar ‘. No fundo, eu dizia: ‘Não preciso da ajuda deles’”, contou.

Além de dizer um “que se foda” para os patrões, Ace conseguiu fazer o melhor disco da série – um total encontro entre hard rock e glam rock, destacando a mágica de sua guitarra em ótimas faixas autorais como Ozone e What’s on your mind? (essa, uma espécie de versão punk do som do próprio Kiss) além do instrumental Fractured mirror. Foi também o único disco dos quatro a estourar um hit: a regravação de New York Groove, composta por Russ Ballard e gravada originalmente em 1971 pela banda glam britânica Hello. Acompanhando Frehley, entre outros, o futuro batera da banda do programa de David Letterman, Anton Fig, que se tornaria seu parceiro também em…

“FREHLEY’S COMET” (Atlantic/Megaforce, 1987). Seguindo a onda de bandas-com-dono-guitarrista (como Richie Blackmore’s Rainbow e Yngwie Malmsteen’s Rising Force), lá vinha Frehley com seu próprio projeto, co-produzido por ele, pelo lendário técnico de som Eddie Kramer (Jimi Hendrix, Beatles, Led Zeppelin) e Jon Zazula (saudoso fundador da Megaforce). Frehley vinha acompanhado por Fig (bateria), John Regan (baixo, backing vocal) e Tod Howarth (guitarras, backing vocal e voz solo em três faixas).

O resultado se localizou entre o metal, o hard rock e o rock das antigas: Frehley escreveu músicas com o experiente Chip Taylor (Rock soldiers), com o ex-colega de Kiss Eric Carr (Breakout) e com John Regan (o instrumental Fractured too). Howarth contribuiu com Something moved (uma das faixas cantadas pelo guitarrista). Russ Ballard, autor de New York groove, reaparece com Into the night, gravada originalmente pelo autor em 1984 em um disco solo. Típico disco pesado dos anos 1980 feito para escutar no volume máximo.

“TROUBLE WALKING” (Atlantic/Megaforce, 1989). Na prática, Trouble walking foi o segundo disco solo de Ace, já que os dois anteriores saíram com a nomenclatura Frehley’s Comet. A formação era quase a mesma do primeiro álbum da banda de Frehley – a diferença era a presença de Richie Scarlet na guitarra. O som era bem mais repleto de recordações sonoras ligadas ao Kiss do que os álbuns do Comet, em músicas como Shot full of rock, 2 young 2 die e a faixa-título – além da versão de Do ya, do The Move. Peter Criss, baterista da primeira formação do Kiss, participava fazendo backing vocals. Três integrantes do então iniciante Skid Row (Sebastian Bach, Dave Sabo, Rachel Bolan), também.

“10.000 VOLTS” (MNRK, 2024). Acabou sendo o último álbum da vida de Frehley: 10.000 volts trouxe o ex-guitarrista do Kiss atuando até como “diretor criativo” e designer da capa. Ace compôs e produziu tudo ao lado de Steve Brown (Trixter), tocou guitarra em todas as faixas – ao lado de músicos como David Julian e o próprio Brown – e convocou o velho brother Anton Fig para tocar bateria em três faixas. A tradicional faixa instrumental do final era a bela Stratosphere, e o spaceman posou ao lado de extraterrestres no clipe da ótima Walkin’ on the moon. Discão.

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Cultura Pop

Urgente!: E não é que o Radiohead voltou mesmo?

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O Radiohead (Foto: Tom Sheehan/Divulgação).

Viralizações de Tik Tok são bem misteriosas e duvidosas. Diria, inclusive, que bem mais misteriosas do que as festas regadas a cocaína, prostitutas de Los Angeles e malas de dólares que embalavam os nada dourados tempos da payola (jabá) nos Estados Unidos. Mas o fato é que o Radiohead – que, você deve saber, acaba de anunciar a primeira turnê em sete anos – conseguiu há alguns dias seu primeiro sucesso no Billboard Hot 100 em mais de uma década por causa da plataforma de vídeos. Let down, faixa do mitológico disco Ok computer (1997), viralizou por lá, e chegou ao 91º lugar da parada

A canção, de uma tristeza abissal, já tinha “voltado” em 2022 ao aparecer no episódio final da primeira temporada da série The bear – mas como o Tik Tok é “a” plataforma hoje para um número bem grande de pessoas, esse foi o estouro definitivo. Como turnês de grandes proporções nunca são marcadas de uma hora pra outra, nada deve ter acontecido por acaso. E tá aí o grupo de Thom Yorke anunciando a nova tour, que até o momento só incluirá vinte shows em cinco cidades europeias (Madri, Bolonha, Londres, Copenhague e Berlim) em novembro e dezembro.

O batera Phillip Selway reforçou que, por enquanto, são esses aí os shows marcados e pronto. “Mas quem sabe aonde tudo isso vai dar?”, diz o músico. Phillip revela também que a vontade de rever os fãs veio dos ensaios que a banda fez no ano passado – e que já haviam sido revelados em uma entrevista pelo baixista Colin Greenwood.

“Depois de uma pausa de sete anos, foi muito bom tocar as músicas novamente e nos reconectar com uma identidade musical que se arraigou profundamente em nós cinco. Também nos deu vontade de fazer alguns shows juntos, então esperamos que vocês possam comparecer a um dos próximos shows”, disse candidamente (esperamos é a palavra certa – a briga de faca pelos ingressos, que serão vendidos a partir do dia 12 para os fãs que se inscreverem no site radiohead.com entre sexta, dia 5, e domingo, dia 7, promete derramar litros de sangue).

Enfim, o que não falta por trás desse retorno aí são meandros, reentrâncias e cavidades. O Radiohead, por sua vez, investiu no lado “quando eu voltar não direi nada, mas haverá sinais”. Em 13 de março, dia do trigésimo aniversário do segundo disco da banda, The bends, o site Pitchfork noticiou que a banda havia montado uma empresa de responsabilidade limitada, chamada RHEUK25 LLP. – sinal de que provavelmente alguma novidade estava a caminho. Poucos dias depois, um leilão beneficente em Los Angeles sorteou quatro tíquetes para “um show do Radiohead a sua escolha”. Muita gente levou na brincadeira, mas algumas fontes confirmaram que o grupo tinha reservado datas em casa de shows da Europa.

Depois disso – você provavelmente viu – surgiram panfletos anunciando supostos shows do grupo em Londres, Copenhague, Berlim e Madri, ainda sem nada oficialmente confirmado, até que tudo virou “oficial”. Pouco antes disso, dia 13 de agosto, saiu um disco ao vivo do Radiohead, Hail to the thief – Live recordings 2003-2009 (resenhado pela gente aqui). Com isso, possivelmente, os fãs até esqueceram a antipatia que Thom Yorke causou em 2024, ao abandonar o palco na Austrália, quando foi perguntado por um fã sobre a guerra entre Israel e Palestina.

O site Stereogum não se fez de rogado e, quando a turnê ainda não estava oficialmente anunciada (mas havia sinais) chegou a perguntar num texto: “E aí, será que eles vão tocar Let down?”. No último show da banda, em 1º de agosto de 2018 (dado no Wells Fargo Center, Filadélfia), ela era a nona música, logo antes da hipnotizante Everything in its right place. Seja como for, já que bandas como Talking Heads e R.E.M. não parecem interessadas em retornos, a volta do Radiohead era o quentinho no coração que o mercado de shows, sempre interessado em turnês nostálgicas, andava precisando. Que vão ser vários showzaços e que muitas caixas de lenços serão usadas, ninguém duvida.

Texto: Ricardo Schott – Foto: Tom Sheehan/Divulgação

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Urgente!: E agora sem o Ozzy?

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Todo mundo que um dia se sentiu meio estranho e ouviu Ozzy Osbourne na hora certa, foi levado para um universo bem melhor, e para sempre.

Todo mundo que um dia se sentiu meio estranho e ouviu Ozzy Osbourne na hora certa, foi levado para um universo bem melhor, e para sempre. Tudo começou com uma banda, o Black Sabbath, que já era um verdadeiro errado que deu certo – um ET musical que fazia som pesado quando mal havia o termo “heavy metal” e que falava de terror na ressaca do sonho hippie. E prosseguiu com a lenda de um sujeito que gravou álbuns clássicos como Blizzard of Ozz (1980), Diary of a madman (1981) e No more tears (1991) – eram quase como filmes.

Ozzy pode ser definido como um cara de sorte – e também como um cara que abusou MUITO da sorte, mas pula essa parte. A depender daqueles progressivos anos 1970, não havia muito o que explicasse o futuro de Ozzy Osbourne na música. Em várias entrevistas, Ozzy já disse que não sabia tocar nenhum instrumento quando começou – na verdade nunca nem chegou a aprender a tocar nada. Tinha a seu favor uma baita voz (mesmo não ganhando reconhecimento algum da crítica por isso, Ozzy sempre foi um grande cantor), um baita carisma, ouvido musical e a disposição para encarnar o estranho e o inesperado no palco em todos os shows que fazia.

Imortalizada em livros como a autobiografia Eu sou Ozzy, a história de Ozzy Osbourne é um daqueles momentos em que a realidade pode ser mais desafiadora que a ficção. Afinal, quem poderia imaginar que um garoto da classe trabalhadora britânica se tornaria o que se tornou? Talvez tenha sido até por causa das dificuldades, que também moveram vários futuros rockstars ingleses da época – ou pelo fato de que o rock e a música pop do fim dos anos 1960 ainda eram quase mato, universos a serem desbravados, com poucos parâmetros. Seja como for, se hoje há artistas de rock que se dedicam a discos e a projetos que parecem ter saído da cabeça de algum roteirista bastante criativo, Ozzy teve muita culpa nisso.

Fora as vezes que o vi no palco, estive frente a frente com Ozzy apenas uma vez, numa coletiva de imprensa do Black Sabbath – da qual Tony Iommi não participou, por estar se recuperando de uma cirurgia (havia tido um câncer). Seja lá o que Ozzy pensasse da vida ou de si próprio, me chamou a atenção o clima de quase aconchego da sala de entrevistas (acho que era no hotel Fasano): um lugar pequeno, com ele e Geezer Butler (baixista) bem próximos dos repórteres. Que por sinal não eram inúmeros.

Já havia feito entrevistas internacionais antes mas nunca imaginei estar tão perto de uma lenda do rock que eu ouvia desde os doze anos. Fiz uma pergunta, ele respondeu, e eu, que sempre fiquei nervoso em entrevistas (imagina numa coletiva com o Black Sabbath!) voltei pra casa como se tivesse ido cobrir um buraco que apareceu numa rua no Centro. Não que não tenha me dedicado à pauta, mas era o Ozzy e eu estava… numa tranquilidade inimaginável.

Ozzy também já me deu uma entrevista por e-mail, em 2008, em que reafirmou sua adoração por Max Cavalera, disse que não tinha ideia se a série The Osbournes havia levado seu nome a um novo público, e reclamou da MTV, “que virou uma versão adulta da Nickelodeon”. Também disse que nunca diria nunca a seus então ex-companheiros do Black Sabbath (“nos falamos por telefone e quando as agendas permitem, nos encontramos”).

Nesse papo, Ozzy só se irritou quando fiz uma pergunta que envolvia o Iron Maiden, que tinha passado recentemente pelo Brasil, ou estaria vindo – não lembro mais. “Bom, não sei te responder, pergunta pro Iron Maiden!”, disse, em letras garrafais (todas as respostas foram em caixa alta). Lembro que ri sozinho e fui bater a matéria.

Até hoje só acredito que isso tudo aí aconteceu (e não é nada perto do que uns colegas viveram com Ozzy e o Black Sabbath) porque vi as matérias impressas. Mas acho que antes de tudo, consegui humanizar na minha mente um cara que eu ouvia desde criança. Ozzy era de carne e osso, respondia perguntas, tinha lá seus momentos de irritação e, enfim, mesmo tendo o fim que todo mundo vai ter, viveu bem mais do que muita gente. E mudou vidas.

Texto: Ricardo Schott – Foto: Divulgação

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