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Cinema

Woodshock 85: festival de música perturbadora em disco e filme

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Woodshock 85: festival de música perturbadora em disco e filme

O produtor de eventos Mike Alvarez lembrou certa vez que a realização do Woodshock, festival-paródia de Woodstock que trabalhava basicamente com artistas underground e nomes com estética perturbadora, estava bem longe de ser uma molezinha. “O festival toma seis meses de mim”, recordava. “E leva várias semanas para cada um que vá para lá”.

O festival começou em 1981 no Waterloo Park, no Texas, e migrou em 1983 para um rancho na região de Dripping Springs, ali mesmo na região de Austin – o mesmo local no qual foi realizado certa vez um fracassadíssimo Woodstock do country, do qual a gente já falou aqui. Não foi um período que durou muito. Para começar, o festival ficou sem lar no começo dos anos 1990. O tal rancho era do pai de um amigo de Alvarez, que não gostou do fato do local ter ficado em condições ruins.

Em abril deste ano, o evento voltou com uma edição de dois dias, trazendo nomes que tocaram nos festivais do comecinho, ao lado de outras atrações – na lista, havia nomes como XSatanist, Schnookumz, Jesus Christ Superfly e Kathy McCarty. Já a edição de 1985 foi uma das mais concorridas. Para começar, o evento havia virado uma espécie de alto-falante para os artistas de um novo (e não lá muito duradouro) movimento chamado new sincerity. A tal “nova sinceridade” era uma reação ao cinismo do punk rock e de estilos musicais afins. Nomes como Texas Metal, Zeitgeist (que depois faria algum sucesso com o nome de The Reivers), Skank (não aquele!), Cry Babies e Sons of Sam estavam na lista de convocados.

E havia Daniel Johnston na escalação. O artista norte-americano, um dos grandes nomes da tal new sincerity, sofria de transtorno bipolar e havia passado os anos 1980 e 1990 distribuindo fitas com suas gravações para todo mundo que encontrava em Austin, no Texas, onde morava. Também era desenhista além de músico – chegou a ganhar uma exposição no ano passado. Na época do Woodshock de 1985, Daniel lançava a fita demo Hi, how are you e seu show no festival foi usado como apresentação de divulgação.

E havia também o filme do festival  – pelo menos no evento de 1985. Richard Linklater, o diretor de filmes como Escola de rock e Dazed and confused, fez sua estreia como diretor de curtas-metragem ao lado do colaborador Lee Daniel, fazendo Woodshock, filminho de sete minutos, rodado com duas câmeras de 8 mm e um gravador Nagra.

Não se trata de um documento fiel do que está rolando no palco – e nem poderia ser, em 7 minutos. Definido como uma homenagem aos filmes psicodélicos dos anos 1960, ele foca mais no dia a dia meio punk, meio chapado do público do evento. Como se Woodshock fosse um Woodstock com fãs usando jaquetas cheias de logotipos de bandas, ou camisetas do Exploited. Daniel aparece rapidamente no filme, fazendo propaganda de sua fita Hi, how are you e oferecendo duas cópias da demo ao cineasta.

“Lembro-me de ouvir a fita tarde naquela mesma noite no carro voltando para Austin. Puta merda, acho que todos daquela época podem se lembrar de quando ouviram Daniel pela primeira vez e a conexão que ocorreu, a descoberta incrível que acabaram de fazer”, escreveu Linklater quando Daniel morreu, em 2019. O cineasta e o cantor ficaram amigos e Daniel chegou a fazer uma aparição em outro filme experimental de Linklater, It’s impossible to learn to plow by reading books (1988).

Tem mais sobre Woodshock 1985: saiu também um LP duplo, ao vivo, lançado pelo selo El Jefe, lá de Austin. Na capa, o logotipo do festival, desenhado por David Yow (Scratch Acid/Jesus Lizard), com a pomba de Woodstock morta e de cabeça para baixo. Você não acha esse LP inteiro em lugar nenhum da internet, mas tá ai um som da banda americana de hardcore Offenders, Fight back, tirado do disco.

Via Dangerous Minds e Austin Film Society

Cinema

Ouvimos: Lady Gaga, “Harlequin”

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Ouvimos: Lady Gaga, “Harlequin”
  • Harlequin é um disco de “pop vintage”, voltado para peças musicais antigas ligadas ao jazz, lançado por Lady Gaga. É um disco que serve como complemento ao filme Coringa: Loucura a dois, no qual ela interpreta a personagem Harley Quinn.
  • Para a cantora, fazer o disco foi um sinal de que ela não havia terminado seu relacionamento com a personagem. “Quando terminamos o filme, eu não tinha terminado com ela. Porque eu não terminei com ela, eu fiz Harlequin”, disse. Por acaso, é o primeiro disco ligado ao jazz feito por ela sem a presença do cantor Tony Bennett (1926-2023), mas ela afirmou que o sentiu próximo durante toda a gravação.

Lady Gaga é o nome recente da música pop que conseguiu mais pontos na prova para “artista completo” (aquela coisa do dança, canta, compõe, sapateia, atua etc). E ainda fez isso mostrando para todo mundo que realmente sabe cantar, já que sua concepção de jazz, voltada para a magia das big bands, rendeu discos com Tony Bennett, vários shows, uma temporada em Las Vegas. Nos últimos tempos, ainda que Chromatica, seu último disco pop (2020) tenha rendido hits, quem não é 100% seguidor de Gaga tem tido até mais encontros com esse lado “adulto” da cantora.

A Gaga de Harlequin é a Stefani Joanne Germanotta (nome verdadeiro dela, você deve saber) que estudou piano e atuação na adolescência. E a cantora preparada para agradar ouvintes de jazz interessados em grandes canções, e que dispensam misturas com outros estilos. Uma turminha bem específica e, vá lá, potencialmente mais velha que a turma que é fã de hits como Poker face, ou das saladas rítmicas e sonoras que o jazz tem se tornado nos últimos anos.

O disco funciona como um complemento a ao filme Coringa: Loucura a dois da mesma forma que I’m breathless, álbum de Madonna de 1990, complementava o filme Dick Tracy. Mas é incrível que com sua aventura jazzística, Gaga soe com mais cara de “tá vendo? Mais um território conquistado!” do que acontecia no caso de Madonna.

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O repertório de Harlequin, mesmo extremamente bem cantado, soa mais como um souvenir do filme do que como um álbum original de Gaga, já que boa parte do repertório é de covers, e não necessariamente de músicas pouco conhecidas: Smile, Happy, World on a string, (They long to be) Close to you e If my friends could see me now já foram mais do que regravadas ao longo de vários anos e estão lá.

De inéditas, tem Folie à deux e Happy mistake, que inacreditavelmente soam como covers diante do restante. Vale dizer que Gaga e seu arranjador Michael Polansky deram uma de Carlos Imperial e ganharam créditos de co-autores pelo retrabalho em quatro das treze faixas – até mesmo no tradicional When the saints go marching in.

Michael Cragg, no periódico The Guardian, foi bem mais maldoso com o álbum do que ele merece, dizendo que “há um cheiro forte de banda de big band do The X Factor que é difícil mudar”. Mas é por aí. Tá longe de ser um disco ruim, mas ao mesmo tempo é mais uma brincadeirinha feita por uma cantora profissional do que um caminho a ser seguido.

Nota: 7
Gravadora: Interscope.

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Rock Horror Film Festival: cinema de terror em setembro no Rio

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Rock Horror Film Festival: cinema de terror em setembro no Rio

O Rock Horror Film Festival, festival carioca de filmes de terror, está de volta na praça – e vai rolar de 19 de setembro a 02 de outubro no Cinesystem de Botafogo (Zona Sul do Rio). Dessa vez, o evento vai trazer uma seleção de mais de 50 filmes de 17 países em seis categorias: Longas Sinistros, Médias Bizarros, Docs Estranhos, Curtas Macabros, Brasil Assombrado e Pílulas de Medo.

O objetivo do festival é unir terror, cultura pop e rock, e juntar os públicos das três coisas. Entre os filmes selecionados, há produções como The history of the metal and the horror, documentário de Mike Schiff repleto de nomões do som pesado (EUA), Tales of babylon, de Pelayo de Lario (Reino Unido), The Quantum Devil, de Larry Wade Carrell (EUA). Há também Death link, dirigido por David Lipper (EUA), com um time de astros e estrelas que inclui Jessica Belkin (Pretty little liars), Riker Lynch (Glee), David Lipper (Full House) e outros.

O evento também vai ter mesas redondas com  diretores, atores e outros profissionais da indústria para o público do festival, comandadas pela criadora do Rock Horror Film Festival, Chrys Rochat (Sin Fronteras Filmes), e que vão rolar no hall do Cinesystem. Entre os convidados já estão confirmados diretores da Polônia, EUA, Canadá e Brasil. Happy hours cinéfilas, shows de rock e oficinas estão no programa também, além da exibição de um filme inédito no Brasil na abertura.

Lista completa dos filmes que participarão da edição no site do festival: www.rockhorrorfilmfestival.com

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Parayba Rock Fest: filme que será exibido no evento relembra história de fotógrafo morto por covid

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Parayba Rock Fest: filme que será exibido no evento relembra história de fotógrafo morto por covid

Marcado para este domingo (28) na Areninha Cultural Hermeto Pascoal (Lona Cultural de Bangu, na Zona Oeste do Rio de Janeiro), o Parayba Rock Fest, do qual você ficou sabendo aqui, vai ter shows, DJs, exposições e várias outras atrações. E Michael Meneses, criador do selo Parayba Records e realizador da festa (que também comemora seus 50 anos de idade), vai exibir seu primeiro filme, Ver + – Uma luz chamada Marcus Vini. Michael, que é fotógrafo e professor de fotografia, iniciou o filme como trabalho de conclusão de curso de sua faculdade de Cinema.

“O que eu vou exibir no evento são os 50 minutos que já estão prontos do filme e que apareceram na apresentação do meu TCC. Ainda estou inclusive fazendo pesquisas para ele”, conta Michael, que com o filme, homenageia Marcus Vini, seu melhor amigo (“o irmão homem que eu não tive”, conta), morto por covid. Marcus era fotógrafo e, como Michael, foi professor universitário e cobriu festivais de música como o Rock In Rio.

“Marcus contraiu covid naquela época mais braba da doença, e morreu no dia em que ele deveria estar tomando a primeira dose”, lembra Michael. “Ele foi fotojornalista e curiosamente fazia aniversário no dia 19 de agosto, que é o Dia Mundial da Fotografia. E só soube disso depois que virou fotógrafo. Ele inclusive fez uma foto super importante numa enchente, que foi publicada no jornal Le Monde. A ideia do filme é focalizar o lado humanitário dele, um cara que estava sempre pensando em fazer doação de alimentos, coordenou um curso de fotografia em Madureira (Zona Norte do Rio)“. Antes do evento de Michael, o filme foi exibido também em lugares como a livraria carioca Belle Epoque.

O Pop Fantasma é um dos apoiadores do evento, ao lado de uma turma enorme. Para saber mais e comprar seu ingresso, confira o serviço abaixo.

SERVIÇO:
SHOWS COM AS BANDAS:

Netinhos de Dna Lazara, Benkens, NoSunnyDayz, New Day Rising (NDR) e Welcome To Tenda Spírita.
ALÉM DOS SHOWS:
Exibição do Documentário:
 VER+ – Uma Luz Chamada Marcus Vini – Direção: Michael Meneses
DJs: Explica e Chorão 3
Expo de fotos dos fotógrafos da Rock Press
Feira Cultural com: Disco de vinil, CDs, DVDs, roupas, livros, fanzines, artesanato, acessórios de moda rock, cultura geek e muito mais
Gastronomia Vegana: Vegazô – A Feira Vegana da Zona Oeste/RJ
DATA: 28 de julho 2024, às 14h.
LOCAL: Areninha Cultural Hermeto Pascoal – Praça 1 de Maio S/N – Bangu/RJ
INGRESSOS: antecipados aqui, na bilheteria da Areninha e na loja Requiem (Camelódromo de Campo Grande).

Foto: reprodução Instagram

 

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