Cultura Pop
Robbie Shakespeare: descubra agora!

Aqui no POP FANTASMA, a gente não gosta de fazer obituário e prefere celebrar as grandes histórias e grandes trajetórias. Como a do baixista Robbie Shakespeare, morto na quarta (8), e que fazia uma dupla fantástica de cozinha de reggae com o baterista Sly Dunbar. Robbie é mais conhecido por sua dedicação às quatro cordas graves e pelas levadas fenomenais que fazia com seu amigo. Mas houve um momento em que ele era apenas um jovem jamaicano tentando tocar guitarra em casa, quando recebeu a visita de um sujeito chamado Aston “Family Man” Barrett, que se tornaria conhecido mundialmente pelo trabalho com Bob Marley & The Wailers.
“Ele costumava vir ao meu quintal porque meu portão era um portão onde se vendia ervas”, disse Robbie nesse papo aqui. Mais tarde, viu o amigo ensaiando com uma banda chamada Hippie Boys e ficou assustado com a maneira como ele tocava baixo. Pediu a Aston que o ensinasse a tocar, e deu no que deu. Robbie passou a frequentar os estúdios em que o amigo mais experiente tocava e ficava quase decorando a maneira como ele usava o baixo. Quando passou a dividir palcos e estúdios com o parceiro Sly (a quem foi apresentado por Bernard Touter Harvey, tecladista do Inner Circle), os dois tornaram-se uma força motriz do reggae, do dub e das experimentações com música eletrônica.
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Por serem uma dupla de baixo e bateria de reggae, os dois se tornaram o núcleo de vários trabalhos feitos em estúdio. E foram praticamente os maestros das bandas de álbuns como Equal rights (1977), de Peter Tosh, e Warm leatherette (1980), de Grace Jones, além de vários outros.
Seguem ai dez canções em que o baixo de Robbie é uma das coisas que você mais ouve.
“GET UP, STAND UP” – PETER TOSH (1980). Parceria de Peter com Bob Marley. O cantor de No woman, no cry gravou primeiro, em 1973. Mas Peter, com alguns anos de atraso, fez uma versão mais voltada para o reggae do que para o rock, e com peso garantido pela dupla Sly & Robbie.
“TWO SEVENS CLASH” – CULTURE (1977). Clássico do reggae composto a partir de uma previsão do líder Marcus Garvey, que acreditava que o caos aconteceria no dia 7 julho de 1977 (daí “confronto de dois setes”). O vocalista do grupo, Joseph Hill, via 1977 como “um ano de julgamento”. Sly toca bateria, mas Robbie toca guitarra num trio de guitarristas que incluía Eric “Bingy Bunny” Lamont e Lennox Gordon.
“SHINE EYE GAL” – BLACH UHURU (1979). Entre 1979 e 1976, Sly & Robbie se juntaram à banda, um dos maiores grupos de reggae do mundo. Esse clássico saiu bem no começo dessa fase, e traz Robbie adicionando ritmo e melodia à faixa com apenas três notas. Keith Richards (aquele) contribui na guitarra.
“PULL UP TO THE BUMPER” – GRACE JONES (1981). Localizado nas Bahamas, o Compass Point Studios ganhou uma banda própria (o Compass Point All Stars), cujas estrelas maiores eram Sly & Robbie, que tocavam com uma galera enorme que gravava discos pela Island Records. Uma das artistas que usaram os serviços da turma foi Grace Jones, no disco Nightclubbing, que tinha esse controverso hit, cuja letra foi logo interpretada como uma coletânea de sacanagens (Grace nega).
“SPASTICUS AUTISTICUS” – IAN DURY (1980). Lord Upminster, segundo disco do cantor e compositor inglês, foi mal recebido pela crítica, vendeu pouco e desagradou até mesmo o artista. Mas surgiu de uma ideia bem interessante: Chris Blackwell, dono do selo Island, sugeriu que Ian fosse gravar no Compass Point e lá se foi ele para algumas sessões com Sly & Robbie, além de uma banda que ainda incluía Tina Weymouth, baixista dos Talking Heads, improvisada nos backing vocals. Vale pela ousadia.
“BALTIMORE” – THE TAMLINS (1979). Formado nos anos 1960, esse grupo vocal jamaicano passou anos na ralação, e conquistou um grande hit no fim dos anos 1970, com essa cover de Randy Newman – uma música que, por sinal, já havia sido gravada por Nina Simone pouco antes. Com Sly & Robbie na bateria e no baixo, respectivamente.
“JOKERMAN” – BOB DYLAN (1981). Infidels não foi um disco fácil – Dylan estava voltando à fase secular, recrutou Mark Knopfler para produzir, mas o guitarrista dos Dire Straits achou bem difícil cuidar do disco do autor de All along the watchtower, dizendo que precisava exercitar sua flexibilidade para entender o fluxo de ideias de Bob. O próprio Dylan sugeriu Sly & Robbie como músicos de estúdio.
“NIGHT NURSE” – SLY & ROBBIE E SIMPLY RED (1997). Clássico gravado anos antes por Gregory Isaacs, essa música virou hit dividido pela dupla e pelo grupo, no fim dos anos 1990. Cada um lançou a canção em um disco próprio (Friends, de Sly & Robbie, e Blue, do Simply Red) featuring o outro. A música ganhou um ar moderno, mas ficou com pouco peso – embora seja uma versão de sucesso, e memorável.
“SHE’S THE BOSS” -MICK JAGGER (1985). Sly e Robbie aparecem num punhado de faixas da hiperproduzida estreia solo de Jagger, She’s the boss. Tocam inclusive no hit Just another night. Mas a faixa em que a dupla aparece mais reconhecível é esse (bom) reggae-samba aí, que é a faixa-título e encerra o disco. O clipe da faixa está no filme Running out of luck, dirigido por Julien Temple, e filmado no Brasil com participações de Grande Otelo, Carlos Kroeber e Norma Benguell.
“NEGUSA NAGAST” – SERGE GAINSBOURG (1981). Mais uma das experiências do cantor e compositor francês com reggae, dessa vez gravando no Compass Point com Sly & Robbie e as I-Threes nos vocais. O disco Mauvaises nouvelles des étoiles ainda tem canções muito loucas como Mickey Maousse e Shush shush Charlotte.
Foto lá de cima: Creative Commons.
Cultura Pop
No nosso podcast, Alanis Morissette da pré-história a “Jagged little pill”

Você pensava que o Pop Fantasma Documento, nosso podcast, não ia mais voltar? Olha ele aqui de novo, por três edições especiais no fim de 2025 – e ano que vem estamos de volta de vez. No segundo e penúltimo episódio desse ano, o papo é um dos maiores sucessos dos anos 1990. Sucesso, aliás, é pouco: há uns 30 anos, pra onde quer que você fosse, jamais escaparia de Alanis Morissette e do seu extremamente popular terceiro disco, Jagged little pill (1995).
Peraí, “terceiro” disco? Sim, porque Jagged era só o segundo ato da carreira de Alanis Morissette. E ainda havia uma pré-história dela, em seu país de origem, o Canadá – em que ela fazia um som beeeem diferente do que a consagrou. Bora conferir essa história?
Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch (foto: Capa de Jagged little pill). Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Vinheta de abertura: Renato Vilarouca. Estamos aqui de quinze em quinze dias, às sextas! Apoie a gente em apoia.se/popfantasma.
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Cultura Pop
No nosso podcast, Radiohead do começo até “OK computer”

Você pensava que o Pop Fantasma Documento, nosso podcast, não ia mais voltar? Olha ele aqui de novo, por três edições especiais no fim de 2025 – e ano que vem estamos de volta de vez. Para abrir essa pequena série, escolhemos falar de uma banda que definiu muita coisa nos anos 1990 – aliás, pra uma turma enorme, uma banda que definiu tudo na década. Enfim, de técnicas de gravação a relacionamento com o mercado, nada foi o mesmo depois que o Radiohead apareceu.
E hoje a gente recorda tudo que andava rolando pelo caminho de Thom Yorke, Jonny Greenwood, Colin Greenwood, Ed O’Brien e Phil Selway, do comecinho do Radiohead até a era do definidor terceiro disco do quinteto, OK computer (1997).
Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch (foto: reprodução internet). Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Vinheta de abertura: Renato Vilarouca. Estamos aqui de quinze em quinze dias, às sextas! Apoie a gente em apoia.se/popfantasma.
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4 discos
4 discos: Ace Frehley

Dizem por aí que muita gente só vai recordar de Gene Simmons e Paul Stanley, os chefões do Kiss, quando o assunto for negócios e empreendedorismo no rock – ao contrário das recordações musicais trazidas pelo nome de Ace Frehley, primeiro guitarrista do grupo, morto no dia 16 de outubro, aos 74 anos.
Maldade com os criadores de uma das maiores bandas de rock de todos os tempos, claro – mas quando Frehley deixou o grupo em 1982, muita coisa morreu no quarteto mascarado. Paul Daniel Frehley, nome verdadeiro do cara, podia não ser o melhor guitarrista do mundo – mas conseguia ser um dos campeões no mesmo jogo de nomes como Bill Nelson (Be Bop De Luxe), Brian May (Queen) e Mick Ronson (David Bowie). Ou seja: guitarra agressiva e melódica, solos mágicos e sonoridade quase voadora, tão própria do rock pesado quanto da era do glam rock.
Ace não foi apenas o melhor guitarrista da história do Kiss: levando em conta que o grupo de Gene e Paul sempre foi uma empresa muito bem sucedida, o “spaceman” (figura pela qual se tornou conhecido no grupo) sempre foi um funcionário bastante útil, que lutou para se sentir prestigiado em seu trabalho, e que abandonou a banda quando viu suas funções sendo cada vez mais congeladas lá dentro. Deixou pra trás um contrato milionário e levou adiante uma carreira ligada ao hard rock e a uma “onda metaleira” voltada para o começo do heavy metal, com peso obedecendo à melodia, e não o contrário.
Como fazia tempo que não rolava um 4 Discos aqui no Pop Fantasma, agora vai rolar: se for começar por quatro álbuns de Ace, comece por esses quatro.
Texto: Ricardo Schott – Foto: Reprodução
“KISS: ACE FREHLEY” (Casablanca, 1978). Brigas dentro do Kiss fizeram com que Gene, Paul, Ace e o baterista Peter Criss lançassem discos solo padronizados em 1978 – adaptando uma ideia que o trio folk Peter, Paul and Mary havia tido em 1971, quando saíram álbuns solo dos três cujas capas e logotipos faziam referência ao grupo. Ace lembra de ter ouvido uma oferta disfarçada de provocação numa reunião do Kiss, quando ficou definido que cada integrante lançaria um disco solo: “Eles disseram: ‘Ah, Ace, a propósito, se precisar de ajuda com o seu disco, não hesite em nos ligar ‘. No fundo, eu dizia: ‘Não preciso da ajuda deles’”, contou.
Além de dizer um “que se foda” para os patrões, Ace conseguiu fazer o melhor disco da série – um total encontro entre hard rock e glam rock, destacando a mágica de sua guitarra em ótimas faixas autorais como Ozone e What’s on your mind? (essa, uma espécie de versão punk do som do próprio Kiss) além do instrumental Fractured mirror. Foi também o único disco dos quatro a estourar um hit: a regravação de New York Groove, composta por Russ Ballard e gravada originalmente em 1971 pela banda glam britânica Hello. Acompanhando Frehley, entre outros, o futuro batera da banda do programa de David Letterman, Anton Fig, que se tornaria seu parceiro também em…
“FREHLEY’S COMET” (Atlantic/Megaforce, 1987). Seguindo a onda de bandas-com-dono-guitarrista (como Richie Blackmore’s Rainbow e Yngwie Malmsteen’s Rising Force), lá vinha Frehley com seu próprio projeto, co-produzido por ele, pelo lendário técnico de som Eddie Kramer (Jimi Hendrix, Beatles, Led Zeppelin) e Jon Zazula (saudoso fundador da Megaforce). Frehley vinha acompanhado por Fig (bateria), John Regan (baixo, backing vocal) e Tod Howarth (guitarras, backing vocal e voz solo em três faixas).
O resultado se localizou entre o metal, o hard rock e o rock das antigas: Frehley escreveu músicas com o experiente Chip Taylor (Rock soldiers), com o ex-colega de Kiss Eric Carr (Breakout) e com John Regan (o instrumental Fractured too). Howarth contribuiu com Something moved (uma das faixas cantadas pelo guitarrista). Russ Ballard, autor de New York groove, reaparece com Into the night, gravada originalmente pelo autor em 1984 em um disco solo. Típico disco pesado dos anos 1980 feito para escutar no volume máximo.
“TROUBLE WALKING” (Atlantic/Megaforce, 1989). Na prática, Trouble walking foi o segundo disco solo de Ace, já que os dois anteriores saíram com a nomenclatura Frehley’s Comet. A formação era quase a mesma do primeiro álbum da banda de Frehley – a diferença era a presença de Richie Scarlet na guitarra. O som era bem mais repleto de recordações sonoras ligadas ao Kiss do que os álbuns do Comet, em músicas como Shot full of rock, 2 young 2 die e a faixa-título – além da versão de Do ya, do The Move. Peter Criss, baterista da primeira formação do Kiss, participava fazendo backing vocals. Três integrantes do então iniciante Skid Row (Sebastian Bach, Dave Sabo, Rachel Bolan), também.
“10.000 VOLTS” (MNRK, 2024). Acabou sendo o último álbum da vida de Frehley: 10.000 volts trouxe o ex-guitarrista do Kiss atuando até como “diretor criativo” e designer da capa. Ace compôs e produziu tudo ao lado de Steve Brown (Trixter), tocou guitarra em todas as faixas – ao lado de músicos como David Julian e o próprio Brown – e convocou o velho brother Anton Fig para tocar bateria em três faixas. A tradicional faixa instrumental do final era a bela Stratosphere, e o spaceman posou ao lado de extraterrestres no clipe da ótima Walkin’ on the moon. Discão.
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