Lançamentos
Oruã lança música nova, “Me acontece”, e anuncia disco

O grupo experimental carioca Oruã lança uma música nova, Me acontece, que surgiu de sua última turnê por estados norte-americanos, e que serve de batedor para seu quarto disco, Passe. Vai ser o primeiro disco gravado 100% na estrada, entre sessões em diversos lugares pelo mundo. Por acaso, Me acontece chegou às plataformas no dia 30 de junho, mesma data em que o grupo se apresentou em Liubliana, na Eslovênia, durante um novo trecho com o Built to Spill em uma turnê pela Europa.
“A música aconteceu em Nova York em uma casa de um amigo nosso a duas horas da grande capital e cercado de verde e natureza. Diferente de algumas letras mais ácidas em apontamentos, essa flerta romanticamente com um suíngue afro beat muito conveniente nas noites do Centro do Rio, berço do Oruã. A capa foi feita pela Cynthia Star, uma grande amiga artista plástica de Portland que sempre nos acolheu de uma forma muito genuína. Ela está trabalhando em todas as artes do Passe“, adianta Lê Almeida (vocal e guitarra), que forma a banda ao lado de Karin Santa Rosa (bateria), João Casaes (sintetizadores) e Bigú Medine (baixo).
O grupo, que se define em seu Bandcamp como “free jazz de pobre”, ou “krautrock da classe trabalhadora”, combina elementos de pós-punk, krautrock, guitarra brasileira e noise.
Crítica
Ouvimos: Guided By Voices – “Thick rich and delicious”

RESENHA: Guided By Voices revisita demos antigas e aposta em algo próximo do power pop em Thick rich and delicious, disco de 15 faixas que destaca o talento melódico de Robert Pollard.
Texto: Ricardo Schott
Nota: 9
Gravadora: Guided By Voices Inc
Lançamento: 31 de outubro de 2025
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O que você mais vai achar na internet, provavelmente, são definições para o som do Guided By Voices, grupo criado há heroicos 42 anos pelo músico norte-americano Robert Pollard. A Wikipedia arrisca quatro: lo-fi, indie rock, slacker rock e garage rock, e todas fazem sentido. Power pop, heartland rock e até grunge e guitar rock também já foram citadas por aí – algumas dessas definições foram usadas até mesmo por este crítico musical que vos fala.
Pode ser que – e isso por culpa da própria crítica musical e do mercado fonográfico – muita gente tenha desaprendido a ouvir rock sem rotular o que está ouvindo. Aquela coisa de “isso é rock” sem que imediamente a música tenha que fazer parte de algum nicho ou ramificação, tipo shoegaze, guitar rock, punk, pós-hardcore, pós-punk ou coisas do tipo. Isso porque, no geral, o Guided By Voices, mesmo sendo na prática uma banda punk, indie-rock, independentaça, talvez seja um raro caso de grupo que segue cada vez mais próximo da nomenclatura “rock”, puramente falando.
No geral, o GBV faz som de guitarras, bastante referenciado em The Who, e com a mesma noção pé-fincado-na-terra, de heroi do rock, que dá sentido à existência de Bruce Springsteen. Com uma média de três discos lançados por ano, e basicamente centrados na figura de Pollard como compositor, tinham tudo para ser uma banda repetitiva – o diabo é que até quando eles se repetem, conseguem fazer discos excelentes, porque é uma repetição que você vai querer ouvir de novo.
Thick rich and delicious, que já é o 42º (!) álbum do grupo – e o segundo lançado em 2025 – explora o passado do Guided By Voices, com músicas novas misturando-se a canções que estavam perdidas em demos havia vários anos. Por acaso, é um dos discos recentes mais associáveis com os momentos mais power pop do grupo, como na fase em que gravaram dois discos pelo selo TVT (e deram uma estourada na maconhística Glad girls).
Babies and gentlemen, (You can’t go back to) Oxford Talawanda, Our man Syracuse, A. Glum Swoboda (canção de clima mod e sixties) e Phantasmagoric upstarts unem melodias bacanas com peso e agilidade que lembra bandas como The Who, The Cars e Replacements. Robert ainda impõe clima mágico ao punk de ataque Lucy’s world e à tristeza selvagem de Mother John – esta, soando como alguém tentando recobrar a sanidade sozinho no quarto. Há também um lado beatle em A tribute to beatle Bob e na punk e épica Captain Kangaroo won the war.
Com 15 músicas, algumas delas bem curtas, Thick rich and delicious pode parecer um disco esquisito e até pouco comercial. O irônico é que, dos álbuns mais recentes do GBV, é o disco em que mais dá para enxergar Pollard como um grande criador de melodias.
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Crítica
Ouvimos: Lorena Moura – “Mata-leão”

RESENHA: Estreia de Lorena Moura, Mata-leão mistura MPB 70/80, blues e psicodelia em faixas delicadas e vintage; um disco agridoce, pop e cheio de identidade.
Texto: Ricardo Schott
Nota: 8,5
Gravadora: Cavaca Records
Lançamento: 12 de novembro de 2025
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O disco de estreia da carioca Lorena Moura é mais um disco-de-pandemia – o repertório começou a ser pensado por ela junto com o letrista Luca Fustagno na época em que estava todo mundo trancado em casa. Mata-leão, afirmam os dois, tem mais a ver com a luta pela sobrevivência existencial (o “matar um leão por dia”) do que com jiu jitsu.
O repertório de Mata-leão mergulha em referências da MPB transante dos anos 1970/1980 (Angela Ro Ro, Gilberto Gil, Lincoln Olivetti, Robson Jorge). Por sinal, essa é uma das maiores influências da MPB jovem dos dias de hoje, mas Lorena impõe sua identidade com graça, musicalidade variada (evocações de Hyldon, Rita Lee, de jazz e de bittersweet setentista aparecem em vários momentos) e com uma boa noção de som vintage. Tanto que músicas como a sensível e misteriosa Perigo e o blues-rock Quis (esta, com uma onda musical ligada a Gil e a Beatles, além de um beat pós-disco que vai surgindo), caso tivessem sido lançadas lá por 1978, seriam cultuadas por DJs nos dias de hoje.
Mata-leão vai crescendo com a toada agridoce Mãe (uma bossa pop e celestial), o blues indie-rock Carinho, a melancolia celestial de Tripulação/Eu e Elise, e a balada blues Manhã – esta, com clima psicodélico, letra imagética, guitarra jazzística e teclados com uma sonoridade meio derretida, além de referências de Marina Lima do comecinho e de Angela Ro Ro.
No fim do disco, uma música chamada Titanomaquia – que nada tem a ver com o disco dos Titãs e fala mesmo é da guerra de dez anos entre os titãs (os da mitologia grega, não a banda) e os deuses olímpicos. Um samba leve, quase bossa, cuja letra conta uma história quase distópica envolvendo prédios, Carnavais e lugares do Brasil. Mata-leão, no geral é uma estreia que equilibra vocais delicados e solos de guitarra, romantismo e saudade, MPB e apelo pop.
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Crítica
Ouvimos: Fun For Freaks – “Big break”

RESENHA: No álbum Big break, o Fun For Freaks entrega punk direto, irônico e anticaretas. Entre porradas, pós-punk e humor ácido, o terceiro álbum mira moralistas e diverte.
Texto: Ricardo Schott
Nota: 8,5
Gravadora: Independente
Lançamento: 31 de outubro de 2025.
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Vindo da cidade de Santo Antonio de Posse (SP), o Fun For Freaks é punk sem muitas misturas sonoras, e com ironia e protesto como combustíveis. Big break, o terceiro álbum, sacaneia o conservadorismo à brasileira com faixas como Whorehouse moralist e a inacreditável God is a flat tire, desomenagem a seres humanos que, até pouco tempo atrás, rezavam para pneus e caminhões enquanto sonhavam em ajudar num golpe de estado (furado). A arrogância de gente que não é porra alguma e acha que é alguma porra surge no punk Duning-Kruger song.
- Ouvimos: High. – Come back down
No entanto, o disco começa com beleza triste: These streets traz a banda querendo entender como foi que tudo se tornou uma baita chatice, depois de todos eles terem se divertido bastante e terem sobrevivido às ruas, às drogas e a vários maus agouros. O punk + hard rock Never pray prega que “a gente nunca reza / ninguém liga se você é pecador”. O som fica mais casca-grossa ainda em Little boy, o pós-punk Sunburn e os 38 segundos de Fuck you Batman, além do quase-hardcore de Cops on blow.
O som do FFF é simples, mas vai apontando para outros lados ao longo do tempo: Balboa é um pós-punk com lembranças de Titãs, e os Pixies são devidamente louvados e faixas como Lead me astray. Claro que os Ramones também surgem como influência, em faixas como o country-punk Mandy Milkovich, Party hard e a própria God is a flat tire. Boa diversão punk.
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