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Lançamentos

Wolf Gadelha: psicodelia e variedade no álbum “Coronal heating problem”

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Thiago Gadelha é músico de Olinda, Pernambuco. Usando o nome Wolf Gadelha, e em parceria com Alberto Monteiro (O Rasta), ele acaba de lançar Coronal heating problem, um álbum que vinha sendo feito há bastante tempo. O som é psicodélico e neo-progressivo (lembra às vezes a sonoridade de bandas como Elbow, Primus e até King Crimson) e o nome do disco, “problema da coroa solar” em português, refere-se ao mistério da coroa solar revelar temperaturas muito mais altas do que a própria superfície do sol.

No começo da gravação do disco, Thiago tinha uma banda chamada Casillero, com a qual lançou o álbum Dark swing (2016). Em seguida ao disco, ele começou a escrever músicas para uma continuação, mas a banda encerrou atividades – de qualquer jeito, ele já tinha esboços na mão e não quis deixar de lado. “Eu já conhecia o Rasta (Alberto Monteiro), e sabia que era um músico muito talentoso, então arrisquei fazer o convite para mostrar esses esboços. O ano era ainda 2016 e pelo motivo que talvez apenas ele saiba, ele se juntou a mim para fazer este disco”, explica Thiago.

“Eu escrevia, mandava para ele, ele ensaiava, escrevia e gravava ideias de bateria, execuções, e mandava para mim; eu ouvia, dava também minhas opiniões e sugestões, e assim foi até que o repertório estivesse pronto”, conta. Nesse processo, o disco avançou pela pandemia e foi terminado em 2023, unindo funk, rock progressivo, psicodelia, afrolatinidades e outros estilos, em faixas como o dream pop Sweet on U, Gigantic sun (com percussões do músico olindense Gilú Amaral) e An overkill (Bit not a lie). No disco, Thiago canta e toca guitarra, contrabaixo, teclados, sintetizador, enquanto Alberto toca as faixas de bateria, todas gravadas em 2019 (Foto: Luana Allycia/Divulgação).

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Crítica

Ouvimos: Vitoria Faria – “Vacas exaustas”

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Ouvimos: Vitória Faria - "Vacas exaustas"

RESENHA: Vitoria Faria estreia solo com Vacas exaustas, disco que mistura forró, funk e jazz para falar de empoderamento, corpo, relações e dores do feminino.

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Acordeonista de São Paulo, Vitoria Faria estreia como cantora solo no álbum Vacas exaustas e aproveita para, em meio à farra de ritmos, mexer em feridas eternas do feminino. O forró experimental e eletrônico Elefante pelo cano tem letra cru e concreta sobre um relacionamento que não dá certo porque só uma das partes cede e tenta caber na vida da outra. Asas à cobra une funk, jazz e eletrônico pra falar de empoderamento. A faixa-título une jazz, tango e experimentação rítmica – ao lado de Flaira Ferro – em meio a versos como “sustentar na teta o peso do mundo de dose em dose”.

Já a percussiva Zap de família fala sobre piadas escrotas na mesa de casa e de escolhas fora do padrão que se transformam em assunto e fofoca nos Natais – ganhando certo clima de valsa quando a palavra “dança” surge na letra. No final, Sou mulher fala em “muito prazer / e esse prazer é só meu”, abrindo com vocais quase místicos, até que um acordeom e um piano elétrico transportam a melodia para a MPB de 1981. Em Dois centímetros, ela recebe Assucena para uma mescla de reggae, blues e forró, mantendo o clima experimental e rítmico do álbum. Gula, por sua vez, une experimentação de estúdio, empoderamento, sexo, tentação, dança, até que no final a própria gravação é “engolida”.

O som de Vitoria também chega perto do tecnobrega (unido com forró, funk e eletrônico) em Crise de amor, e margeia o som de Chico Science & Nação Zumbi e Planet Hemp em Gosto de fel, funk mangue com guitarras em wah wah e vocal-repente em clima de duelo dela consigo própria.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 8,5
Gravadora: Independente / Tratore
Lançamento: 29 de maio de 2025

 

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Crítica

Ouvimos: Samuel de Saboia – “As noites estão cada dia mais claras”

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Ouvimos: Samuel de Saboia - "As noites estão cada dia mais claras"

RESENHA: Disco de estreia de Samuel de Saboia mistura rock nordestino, MPB maldita, tropicalismo e pós-punk em um retrato intenso de desejo e identidade.

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As noites estão cada dia mais claras, primeiro álbum do pernambucano Samuel de Saboia, é um disco de rock brasileiro setentista lançado em 2025. Mas nada de Casa das Máquinas ou Made In Brazil. É uma estética de rock nordestino, influenciada por artistas malditos da MPB – a capa, com várias fotos, lembra o lay-out de Eu quero é botar meu bloco na rua, de Sérgio Sampaio, e o de Sweet Edy, de Edy Star – e que se utiliza de vibes e batidas latinas e ciganas em vários momentos.

O repertório de Samuel é construído em torno da força dos versos e dos vocais, como no clima épico de Vingança colorida (que prega: “vou mostrar como cobra pode voar”, em meio a violas e percussões) e na psicodelia espacial de Gira, evocando Paulo Diniz. Surge até algo de pós-punk em Deusa dos prazeres bobos – um dos melhores arranjos do disco, com metais simples e guitarra limpa lembrando Smiths.

    • Ouvimos: Raquel – Não incendiei a casa por milagre
    • Ouvimos: Josyara – Avia
    • Ouvimos: Gabre – Arquipélago de Ilhas Surdas

Mesmo assim, a cara de As noites… é dada mesmo pela vibe tropicalista de faixas como Meteoros de haxixe (com andamento herdado de Taxman, dos Beatles) e Eu preciso de distância, ambas com vocais lembrando Edy Star e Gilberto Gil – a segunda é retomada ao fim do disco com uma releitura ao vivo.

Dando uma variedade maior ao disco, tem o clima quase soul de Amigo (que tem lembranças do já citado Sergio Sampaio), e a balada blues Rei de nada, que abre num clima parecido com o de Êxtase, de Guilherme Arantes, e vai mudando de cara. A força da voz de Samuel surge especialmente nos ecos e silêncios de Sangue, cheia de escalas árabes, e no beat nordestino, cantado em falsete, de Mainha.

As noites estão cada dia mais claras (definido por Samuel como um álbum de “desejo físico”) é repleto de descobertas e auto-descobertas. Ouça.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 9
Gravadora: Independente.
Lançamento: 7 de maio de 2025

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Crítica

Ouvimos: Marcos Lamy – “Braço de mar”

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Ouvimos: Marcos Lamy - "Braço de mar"

RESENHA: Marcos Lamy mistura forró, samba, rap e jazz com bom humor e criatividade no disco Braço de mar.

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O meio do ano chegou e, com ele, vão surgindo os discos legais para ouvir justamente na época das festas juninas. O maranhense Marcos Lamy, em Braço de mar, une o bom humor do forró a toques de outros estilos. Lá vem, logo na abertura, abre como forró-reggae e vai ficando mais ágil. O som parte para o forró marítimo da faixa-título, para a sacanagem de Mulecagem (com Lucas Ló) e para a união com samba de Passarinho (com os vocais de Clara Madeira).

Marcos lembra o desdobre universitário das sanfonas, triângulos e zabumbas em Dois beijos e, com Hermes Castro, acresenta um pouco da prosódia do rap em O que não é de mim, enquanto Virá traz um pouco da MPB setentista e lembra Caetano Veloso. Um lado mais experimental, por sua vez, surge em Baião dividido – com ritmo que vai ganhando intervalos pouco usuais até virar baião de vez – e no final, com o instrumental Olha o fole, Vinicius!, oscilando entre baião e jazz.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 8
Gravadora: Independente
Lançamento: 22 de maio de 2025.

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