Cultura Pop
Várias coisas que você já sabia sobre “Dirty mind”, do Prince

Ele só pensava naquilo. Se em For you (1978) e Prince (1979), Prince já chocava a audiência com músicas como Sexy dancer e Soft and wet, bem vindo ao maravilhoso mundo da sacanagem e da liberdade. Dirty mind (1980), o terceiro disco, fazia odes à pornografia e ao sexo em canções como a faixa-título e Do it all night. Falava sobre festas que nunca terminavam em Party, sobre sexo oral em Head, sobre sexo a três em When you are mine e sobre (uau) tesão incestuoso no roquinho meio Queen-meio Pretenders Sister. Ademais, só para não ficar em definitivo no assunto “sexo”, Prince ainda tecia comentários sobre racismo e liberdade em Uptown.
Por acaso, o terceiro disco de Prince (que durava econômicos trinta minutos) vinha numa hora boa, já que a Warner se animara bastante com as vendas dos dois primeiros álbuns. E aquele artista multitarefa, que tocava tudo em seus LPs, chamava bastante a atenção da crítica. Mas se Dirty mind precisava deixar a gravadora feliz, havia uma tarefa mais difícil ainda para o álbum: satisfazer os critérios e o controle artístico do próprio Prince.

Em Dirty mind, o pós-disco dos dois álbuns anteriores voltava repaginado, com cara new wave, vocais simplificados (já incluindo os falsetes influenciados tanto por Stevie Wonder quanto pelos Beach Boys, que caracterizariam o cantor até o fim da vida) e muitos sintetizadores. Aliás, não era só isso: Prince voltava disposto a botar para quebrar nas paradas de rock, e inverter o caminho traçado por artistas como Rolling Stones e Queen (que foram do rock aos sons dançantes ou à disco music e derivados).
Morto em 2016, Prince gravou tantos discos memoráveis que uma discussão sobre “melhor disco” dele pode facilmente acabar em briga. Mas Dirty mind tem lá seus pontos: é um disco extremamente provocador e pioneiro, e ainda por cima está completando 40 anos essa semana (saiu em 8 de outubro de 1980). E vai aí nosso relatório sobre ele. Leia ouvindo o disco.
PARECIA QUE NÃO IA DAR. Inicialmente, nem mesmo a Warner punha tanta fé assim no taco de Dirty mind, e o disco não se revelou de cara um grande sucesso. Prince chegou a lembrar que o disco “teve vendas mínimas” assim que chegou nas lojas e as rádios também não caíram dentro com voracidade – até mesmo pelo medo de tocar músicas com letras tão cara-de-pau. O livro Prince FAQ: All that’s left to know about the Purple Reign, de Arthur Lizie, informa que se tratou do índice mais baixo de Prince nas paradas até Rainbow children (2000).
DEMOS. Essa descrença da Warner em Dirty mind veio, em parte, do fato do terceiro disco de Prince ter iniciado basicamente com demos que o cantor tinha guardadas. Prince resolveu mostrar as fitinhas para os executivos da gravadora, mas eles receberam o material de nariz torcido. “Eles disseram: ‘O som tá legal, mas não temos certeza sobre as canções. Não podemos colocar isso nas rádios, não é parecido com seu disco anterior’. Eu respondi: ‘Mas é parecido comigo'”, contou.
ORIGENS. A mistura musical de Dirty mind vinha de experiências recentes de Prince. Para começar o cantor havia aberto shows de seu rival Rick James, durante a turnê do álbum Prince (1979). Rick, considerado um grande inovador do funk, estava fazendo um baita sucesso com seu terceiro disco, Fire it up (1979) e com letras sacanas e cheias de conversa mole, como as de Love gun e Lovin in you is a pleasure. Em um período no qual a disco music ia sumindo das paradas e a new wave virava o garoto novo da escola, era um feito e tanto.
RICK JAMES – “LOVIN’ YOU IS A PLEASURE”
RICK PISTOLA. O astro Rick James havia, segundo o próprio contou algumas vezes, topado que Prince abrisse seus shows porque haviam lhe falado que o novato era fã de seu trabalho. Acabou, na lembrança do próprio Rick, se irritando, já que Prince mal lhe dirigia a palavra. James jura que o cantor fazia péssimos shows de abertura, ficava imóvel no palco e chegou a ser vaiado.
RICK PISTOLA 2. O astro principal do show acabaria ficando mais puto da vida ainda com Prince. Acusou o futuro cantor de Purple rain de roubar seus truques de palco, como o ato de virar o microfone. Diz que Prince via atentamente seus shows para copiar tudo, em detalhes. Os dois chegaram a partir para o confronto algumas vezes: James contava que chegou a agarrar Prince pelo pescoço numa festa e a “enfiar conhaque garganta abaixo dele” (oi?).
CIDADEZINHA. Ao final da turnê com James, Prince retornou para Minnesotta, mas não para a populosa Minneapolis, onde nasceu. Foi se meter numa cidade turística, próxima e bem menor, Wayzata, onde montou um estúdio de 16 canais, pago pela Warner. Foi de lá que saíram as demos de Dirty mind que a Warner achou que não renderiam. Prince admitiu depois que a gravadora nem sabia o que ele estava fazendo.
ALIÁS E A PROPÓSITO, na ficha técnica de Dirty mind, o ouvinte fica sabendo que o disco foi gravado em “somewhere in Uptown”, e mais nada.
EU FIZ TUDO. Prince, além de cantar, compor, arranjar, produzir e tocar de tudo um pouco em Dirty mind, ainda por cima autogravava-se a si mesmo no estúdio, já que também foi o técnico de som do disco. Só que assinou a tarefa como Jamie Starr. Era um pseudônimo que ele depois adotaria como engenheiro de som e produtor de discos de artistas vindo de suas bandas. Entre eles, Apollonia 6, Sheila E. e The Time.
EU FIZ (QUASE) TUDO. Prince não “tocou todos os instrumentos” em Dirty mind, como costuma ser dito por aí. Algumas participações superespeciais do álbum estão listadas no encarte: o tecladista Doctor Fink tocou sintetizadores em Head e Dirty mind. Lisa Coleman fez vocais em Head. A contracapa no entanto omite algumas parcerias. Fink coescreveu Dirty mind e Morris Day, vocalista de Prince, coescreveu Party up.
ALIÁS E A PROPÓSITO. Morris deixou a falta de crédito para lá, desde que o patrão Prince produzisse o disco de estreia de sua banda The Time. O músico produziu o disco The Time, em 1981, mas… assinou como Jamie Starr.
FORA DO LP. No meio da tour de Dirty mind, em 1981, Prince lançava pela primeira vez um single que não estava presente num LP seu. Era Gotta stop (Messin’ about), que acabou incluída no repertório da tour, e foi lançada apenas para o mercado britânico. Nos EUA, apareceu como lado B do single Let’s work, naquele mesmo ano.
“GOTTA STOP (MESSIN’ ABOUT)”
CORTARAM. Na Filipinas, Dirty mind, a música, ganhou uma versão single editada, com alguns segundos a menos.
ALIÁS, E NO BRASIL? O segundo disco de Prince, epônimo, foi lançado aqui em 1980. Mas a Warner local não se animou a fazer o mesmo com Dirty mind, que só chegou às lojas brasileiras em 1990. For you saiu quase junto com Dirty mind por aqui nesse ano.
A CAPA, CLARO. Não entende inglês e ficou por fora dos temas das letras de um disco chamado “mente poluída”? Bom, o lay out do álbum não poderia ser mais claro, com Prince de casaco, tanguinha, sem camisa, olhando desafiadoramente para a câmera. A foto de Dirty mind foi feita por Allen Beaulieu, fotógrafo de Minneapolis que se tornaria grande amigo de Prince. Pouco antes do disco, Allen fotografara um desfile chamado Save the blackness, em que pessoas negras apareciam vestidas com roupas negras sobre fundo negro. Aliás, ele fez as fotos em preto e branco. Prince viu as imagens, achou seu nome no cartaz e ligou para ele oferecendo o trabalho.
ENTREVISTA COM ALLEN BEAULIUEU
A CAPA (2). Aquilo que aparece no fundo da foto, por trás de Prince – e se é que você já não reconheceu – são as molas de uma cama. O cantor disse a Allen que fazia questão de ser fotografado numa cama, e apareceu deitado numa das fotos do disco. O fotógrafo fez todas as imagens sozinho, sem nenhum assistente. Anos depois, quando foi fazer imagens para a Rolling Stone, Allen ficou orgulhoso ao ouvir de um colega de redação: “Vi Prince antes de ouvir o som dele”.
ALIÁS E A PROPÓSITO, tem out takes das fotos espalhados pela web, além de uma imagem colorida, que acabou vazando para um pôster do disco.

A CRÍTICA GOSTOU. Só sendo completamente surdo para não perceber o quanto Dirty mind era um puta disco e o quanto era um álbum inovador, claro. E não custa dizer que a crítica gostou bastante do LP. Robert Christgau comparou Prince a Jim Morrison e John Lennon, e ainda arrematou com uma frase lapidar: “Mick Jagger deveria recolher seu pau e ir para casa”. Na Rolling Stone, Ken Tucker dizia que Prince era um romântico ingênuo nos dois primeiros discos, mas finalmente estava à solta nas sacanagens e na música.
OS SHOWS. A turnê Dirty mind foi de 4 de dezembro de 1980 a 6 de abril de 1981. A banda incluía Bobby Z (bateria), Dez Dickerson (guitarra), Lisa Coleman (teclados), André Cymone (baixo) e Matt Fink (teclados), além de Prince na voz e guitarra. O look do cantor durante o giro incluía desde cópias do visual da capa do disco (cabendo ainda leggings pretas, botas de cano longo e salto alto) até sobretudos e coletes com franjas. O repertório incluía tudo de Dirty mind, acrescido dos hits dos dois primeiros discos. Gotta stop (Messin’ about), inédita que fazia sucesso nos shows, virou single.
QUE É ISSO, RAPAZ? Na turnê, Prince queria usar calças de spandex – tecido colante, geralmente usado em roupas de ginástica e que era tendência na época. Mas queria dispensar o uso de cuecas ao colocar as tais calças. Seus empresários não gostaram muito da ideia e Prince acabou desistindo de dar uma de homem-berinjela nos palcos.
ALIÁS E A PROPÓSITO, ainda que Prince tocasse praticamente tudo em Dirty mind, a banda de palco aparecia numa foto do disco.

CONTROVÉRSIA. O sucesso de Dirty mind e de outros discos bem explícitos de Prince acendeu uma luz vermelha para vários setores conservadores dos EUA. Pastores televisivos apresentavam o disco como “mau exemplo”. Mas o álbum surfou uma onda bem interessante nos Estados Unidos, numa época em que Ronald Reagan ainda não era o presidente e não havia tanto espaço para o fundamentalismo religioso no dia a dia do país. Aliás, a mira do Parents Music Resource Center, criado na metade dos anos 1980, estava apontada mais para discos subsequentes de Prince, como Purple rain (1984), do hit onanista Darling Nikki.
E JÁ QUE VOCÊ CHEGOU ATÉ AQUI, pega aí o clipe original de Dirty mind. Aliás, curta, entre outras coisas, o visual do tecladista gozador Dr. Fink, que anos antes da pandemia do coronavírus já passava o tempo todo de máscara cirúrgica.
PRINCE – “DIRTY MIND”
Veja também no POP FANTASMA:
– Demos o mesmo tratamento a Physical graffiti (Led Zeppelin), a Substance (New Order), ao primeiro disco do Black Sabbath, a End of the century (Ramones), ao rooftop concert, dos Beatles, a London calling (Clash), a Fun house (Stooges), a New York (Lou Reed), aos primeiros shows de David Bowie no Brasil, a Electric ladyland (The Jimi Hendrix Experience) e a Pleased to meet me (Replacements).
– Demos uma mentidinha e oferecemos “coisas que você não sabe” ao falar de Rocket to Russia (Ramones) e Trompe le monde (Pixies).
– Mais Prince no POP FANTASMA aqui.
4 discos
4 discos: Ace Frehley

Dizem por aí que muita gente só vai recordar de Gene Simmons e Paul Stanley, os chefões do Kiss, quando o assunto for negócios e empreendedorismo no rock – ao contrário das recordações musicais trazidas pelo nome de Ace Frehley, primeiro guitarrista do grupo, morto no dia 16 de outubro, aos 74 anos.
Maldade com os criadores de uma das maiores bandas de rock de todos os tempos, claro – mas quando Frehley deixou o grupo em 1982, muita coisa morreu no quarteto mascarado. Paul Daniel Frehley, nome verdadeiro do cara, podia não ser o melhor guitarrista do mundo – mas conseguia ser um dos campeões no mesmo jogo de nomes como Bill Nelson (Be Bop De Luxe), Brian May (Queen) e Mick Ronson (David Bowie). Ou seja: guitarra agressiva e melódica, solos mágicos e sonoridade quase voadora, tão própria do rock pesado quanto da era do glam rock.
Ace não foi apenas o melhor guitarrista da história do Kiss: levando em conta que o grupo de Gene e Paul sempre foi uma empresa muito bem sucedida, o “spaceman” (figura pela qual se tornou conhecido no grupo) sempre foi um funcionário bastante útil, que lutou para se sentir prestigiado em seu trabalho, e que abandonou a banda quando viu suas funções sendo cada vez mais congeladas lá dentro. Deixou pra trás um contrato milionário e levou adiante uma carreira ligada ao hard rock e a uma “onda metaleira” voltada para o começo do heavy metal, com peso obedecendo à melodia, e não o contrário.
Como fazia tempo que não rolava um 4 Discos aqui no Pop Fantasma, agora vai rolar: se for começar por quatro álbuns de Ace, comece por esses quatro.
Texto: Ricardo Schott – Foto: Reprodução
“KISS: ACE FREHLEY” (Casablanca, 1978). Brigas dentro do Kiss fizeram com que Gene, Paul, Ace e o baterista Peter Criss lançassem discos solo padronizados em 1978 – adaptando uma ideia que o trio folk Peter, Paul and Mary havia tido em 1971, quando saíram álbuns solo dos três cujas capas e logotipos faziam referência ao grupo. Ace lembra de ter ouvido uma oferta disfarçada de provocação numa reunião do Kiss, quando ficou definido que cada integrante lançaria um disco solo: “Eles disseram: ‘Ah, Ace, a propósito, se precisar de ajuda com o seu disco, não hesite em nos ligar ‘. No fundo, eu dizia: ‘Não preciso da ajuda deles’”, contou.
Além de dizer um “que se foda” para os patrões, Ace conseguiu fazer o melhor disco da série – um total encontro entre hard rock e glam rock, destacando a mágica de sua guitarra em ótimas faixas autorais como Ozone e What’s on your mind? (essa, uma espécie de versão punk do som do próprio Kiss) além do instrumental Fractured mirror. Foi também o único disco dos quatro a estourar um hit: a regravação de New York Groove, composta por Russ Ballard e gravada originalmente em 1971 pela banda glam britânica Hello. Acompanhando Frehley, entre outros, o futuro batera da banda do programa de David Letterman, Anton Fig, que se tornaria seu parceiro também em…
“FREHLEY’S COMET” (Atlantic/Megaforce, 1987). Seguindo a onda de bandas-com-dono-guitarrista (como Richie Blackmore’s Rainbow e Yngwie Malmsteen’s Rising Force), lá vinha Frehley com seu próprio projeto, co-produzido por ele, pelo lendário técnico de som Eddie Kramer (Jimi Hendrix, Beatles, Led Zeppelin) e Jon Zazula (saudoso fundador da Megaforce). Frehley vinha acompanhado por Fig (bateria), John Regan (baixo, backing vocal) e Tod Howarth (guitarras, backing vocal e voz solo em três faixas).
O resultado se localizou entre o metal, o hard rock e o rock das antigas: Frehley escreveu músicas com o experiente Chip Taylor (Rock soldiers), com o ex-colega de Kiss Eric Carr (Breakout) e com John Regan (o instrumental Fractured too). Howarth contribuiu com Something moved (uma das faixas cantadas pelo guitarrista). Russ Ballard, autor de New York groove, reaparece com Into the night, gravada originalmente pelo autor em 1984 em um disco solo. Típico disco pesado dos anos 1980 feito para escutar no volume máximo.
“TROUBLE WALKING” (Atlantic/Megaforce, 1989). Na prática, Trouble walking foi o segundo disco solo de Ace, já que os dois anteriores saíram com a nomenclatura Frehley’s Comet. A formação era quase a mesma do primeiro álbum da banda de Frehley – a diferença era a presença de Richie Scarlet na guitarra. O som era bem mais repleto de recordações sonoras ligadas ao Kiss do que os álbuns do Comet, em músicas como Shot full of rock, 2 young 2 die e a faixa-título – além da versão de Do ya, do The Move. Peter Criss, baterista da primeira formação do Kiss, participava fazendo backing vocals. Três integrantes do então iniciante Skid Row (Sebastian Bach, Dave Sabo, Rachel Bolan), também.
“10.000 VOLTS” (MNRK, 2024). Acabou sendo o último álbum da vida de Frehley: 10.000 volts trouxe o ex-guitarrista do Kiss atuando até como “diretor criativo” e designer da capa. Ace compôs e produziu tudo ao lado de Steve Brown (Trixter), tocou guitarra em todas as faixas – ao lado de músicos como David Julian e o próprio Brown – e convocou o velho brother Anton Fig para tocar bateria em três faixas. A tradicional faixa instrumental do final era a bela Stratosphere, e o spaceman posou ao lado de extraterrestres no clipe da ótima Walkin’ on the moon. Discão.
Cultura Pop
Urgente!: E não é que o Radiohead voltou mesmo?

Viralizações de Tik Tok são bem misteriosas e duvidosas. Diria, inclusive, que bem mais misteriosas do que as festas regadas a cocaína, prostitutas de Los Angeles e malas de dólares que embalavam os nada dourados tempos da payola (jabá) nos Estados Unidos. Mas o fato é que o Radiohead – que, você deve saber, acaba de anunciar a primeira turnê em sete anos – conseguiu há alguns dias seu primeiro sucesso no Billboard Hot 100 em mais de uma década por causa da plataforma de vídeos. Let down, faixa do mitológico disco Ok computer (1997), viralizou por lá, e chegou ao 91º lugar da parada
A canção, de uma tristeza abissal, já tinha “voltado” em 2022 ao aparecer no episódio final da primeira temporada da série The bear – mas como o Tik Tok é “a” plataforma hoje para um número bem grande de pessoas, esse foi o estouro definitivo. Como turnês de grandes proporções nunca são marcadas de uma hora pra outra, nada deve ter acontecido por acaso. E tá aí o grupo de Thom Yorke anunciando a nova tour, que até o momento só incluirá vinte shows em cinco cidades europeias (Madri, Bolonha, Londres, Copenhague e Berlim) em novembro e dezembro.
Ver essa foto no Instagram
O batera Phillip Selway reforçou que, por enquanto, são esses aí os shows marcados e pronto. “Mas quem sabe aonde tudo isso vai dar?”, diz o músico. Phillip revela também que a vontade de rever os fãs veio dos ensaios que a banda fez no ano passado – e que já haviam sido revelados em uma entrevista pelo baixista Colin Greenwood.
“Depois de uma pausa de sete anos, foi muito bom tocar as músicas novamente e nos reconectar com uma identidade musical que se arraigou profundamente em nós cinco. Também nos deu vontade de fazer alguns shows juntos, então esperamos que vocês possam comparecer a um dos próximos shows”, disse candidamente (esperamos é a palavra certa – a briga de faca pelos ingressos, que serão vendidos a partir do dia 12 para os fãs que se inscreverem no site radiohead.com entre sexta, dia 5, e domingo, dia 7, promete derramar litros de sangue).
Enfim, o que não falta por trás desse retorno aí são meandros, reentrâncias e cavidades. O Radiohead, por sua vez, investiu no lado “quando eu voltar não direi nada, mas haverá sinais”. Em 13 de março, dia do trigésimo aniversário do segundo disco da banda, The bends, o site Pitchfork noticiou que a banda havia montado uma empresa de responsabilidade limitada, chamada RHEUK25 LLP. – sinal de que provavelmente alguma novidade estava a caminho. Poucos dias depois, um leilão beneficente em Los Angeles sorteou quatro tíquetes para “um show do Radiohead a sua escolha”. Muita gente levou na brincadeira, mas algumas fontes confirmaram que o grupo tinha reservado datas em casa de shows da Europa.
Depois disso – você provavelmente viu – surgiram panfletos anunciando supostos shows do grupo em Londres, Copenhague, Berlim e Madri, ainda sem nada oficialmente confirmado, até que tudo virou “oficial”. Pouco antes disso, dia 13 de agosto, saiu um disco ao vivo do Radiohead, Hail to the thief – Live recordings 2003-2009 (resenhado pela gente aqui). Com isso, possivelmente, os fãs até esqueceram a antipatia que Thom Yorke causou em 2024, ao abandonar o palco na Austrália, quando foi perguntado por um fã sobre a guerra entre Israel e Palestina.
O site Stereogum não se fez de rogado e, quando a turnê ainda não estava oficialmente anunciada (mas havia sinais) chegou a perguntar num texto: “E aí, será que eles vão tocar Let down?”. No último show da banda, em 1º de agosto de 2018 (dado no Wells Fargo Center, Filadélfia), ela era a nona música, logo antes da hipnotizante Everything in its right place. Seja como for, já que bandas como Talking Heads e R.E.M. não parecem interessadas em retornos, a volta do Radiohead era o quentinho no coração que o mercado de shows, sempre interessado em turnês nostálgicas, andava precisando. Que vão ser vários showzaços e que muitas caixas de lenços serão usadas, ninguém duvida.
Texto: Ricardo Schott – Foto: Tom Sheehan/Divulgação
Cultura Pop
Urgente!: E agora sem o Ozzy?

Todo mundo que um dia se sentiu meio estranho e ouviu Ozzy Osbourne na hora certa, foi levado para um universo bem melhor, e para sempre. Tudo começou com uma banda, o Black Sabbath, que já era um verdadeiro errado que deu certo – um ET musical que fazia som pesado quando mal havia o termo “heavy metal” e que falava de terror na ressaca do sonho hippie. E prosseguiu com a lenda de um sujeito que gravou álbuns clássicos como Blizzard of Ozz (1980), Diary of a madman (1981) e No more tears (1991) – eram quase como filmes.
Ozzy pode ser definido como um cara de sorte – e também como um cara que abusou MUITO da sorte, mas pula essa parte. A depender daqueles progressivos anos 1970, não havia muito o que explicasse o futuro de Ozzy Osbourne na música. Em várias entrevistas, Ozzy já disse que não sabia tocar nenhum instrumento quando começou – na verdade nunca nem chegou a aprender a tocar nada. Tinha a seu favor uma baita voz (mesmo não ganhando reconhecimento algum da crítica por isso, Ozzy sempre foi um grande cantor), um baita carisma, ouvido musical e a disposição para encarnar o estranho e o inesperado no palco em todos os shows que fazia.
Imortalizada em livros como a autobiografia Eu sou Ozzy, a história de Ozzy Osbourne é um daqueles momentos em que a realidade pode ser mais desafiadora que a ficção. Afinal, quem poderia imaginar que um garoto da classe trabalhadora britânica se tornaria o que se tornou? Talvez tenha sido até por causa das dificuldades, que também moveram vários futuros rockstars ingleses da época – ou pelo fato de que o rock e a música pop do fim dos anos 1960 ainda eram quase mato, universos a serem desbravados, com poucos parâmetros. Seja como for, se hoje há artistas de rock que se dedicam a discos e a projetos que parecem ter saído da cabeça de algum roteirista bastante criativo, Ozzy teve muita culpa nisso.
Fora as vezes que o vi no palco, estive frente a frente com Ozzy apenas uma vez, numa coletiva de imprensa do Black Sabbath – da qual Tony Iommi não participou, por estar se recuperando de uma cirurgia (havia tido um câncer). Seja lá o que Ozzy pensasse da vida ou de si próprio, me chamou a atenção o clima de quase aconchego da sala de entrevistas (acho que era no hotel Fasano): um lugar pequeno, com ele e Geezer Butler (baixista) bem próximos dos repórteres. Que por sinal não eram inúmeros.
Já havia feito entrevistas internacionais antes mas nunca imaginei estar tão perto de uma lenda do rock que eu ouvia desde os doze anos. Fiz uma pergunta, ele respondeu, e eu, que sempre fiquei nervoso em entrevistas (imagina numa coletiva com o Black Sabbath!) voltei pra casa como se tivesse ido cobrir um buraco que apareceu numa rua no Centro. Não que não tenha me dedicado à pauta, mas era o Ozzy e eu estava… numa tranquilidade inimaginável.
Ozzy também já me deu uma entrevista por e-mail, em 2008, em que reafirmou sua adoração por Max Cavalera, disse que não tinha ideia se a série The Osbournes havia levado seu nome a um novo público, e reclamou da MTV, “que virou uma versão adulta da Nickelodeon”. Também disse que nunca diria nunca a seus então ex-companheiros do Black Sabbath (“nos falamos por telefone e quando as agendas permitem, nos encontramos”).
Nesse papo, Ozzy só se irritou quando fiz uma pergunta que envolvia o Iron Maiden, que tinha passado recentemente pelo Brasil, ou estaria vindo – não lembro mais. “Bom, não sei te responder, pergunta pro Iron Maiden!”, disse, em letras garrafais (todas as respostas foram em caixa alta). Lembro que ri sozinho e fui bater a matéria.
Até hoje só acredito que isso tudo aí aconteceu (e não é nada perto do que uns colegas viveram com Ozzy e o Black Sabbath) porque vi as matérias impressas. Mas acho que antes de tudo, consegui humanizar na minha mente um cara que eu ouvia desde criança. Ozzy era de carne e osso, respondia perguntas, tinha lá seus momentos de irritação e, enfim, mesmo tendo o fim que todo mundo vai ter, viveu bem mais do que muita gente. E mudou vidas.
Texto: Ricardo Schott – Foto: Divulgação
Cultura Pop5 anos agoLendas urbanas históricas 8: Setealém
Cultura Pop5 anos agoLendas urbanas históricas 2: Teletubbies
Notícias8 anos agoSaiba como foi a Feira da Foda, em Portugal
Cinema8 anos agoWill Reeve: o filho de Christopher Reeve é o super-herói de muita gente
Videos8 anos agoUm médico tá ensinando como rejuvenescer dez anos
Cultura Pop7 anos agoAquela vez em que Wagner Montes sofreu um acidente de triciclo e ganhou homenagem
Cultura Pop9 anos agoBarra pesada: treze fatos sobre Sid Vicious
Cultura Pop8 anos agoFórum da Ele Ela: afinal aquilo era verdade ou mentira?







































