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Urgente!: E os 25 anos de “Machina”, dos Smashing Pumpkins?

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RESUMO: Smashing Pumpkins comemoram Machina/The machines of God e Machina II/The friends and enemies of modern music, em edições especiais de 25 anos.

Texto: Ricardo Schott – Foto (Smashing Pumpkins): Jason Renaud/Divulgação

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Existem discos que vivem sob a implicância de fãs, mercado ou até dos próprios artistas – não faltam exemplos disso. Só que também tem uma espécie de “outro lado” da situação: álbuns que fãs e mercado adorariam esquecer, mas que viram obsessão dos artistas que os fizeram.

Um bom exemplo dessa situação aí é um disco que completou 25 anos neste ano. Machina/The machines of God (29 de fevereiro de 2000), o quinto disco dos Smashing Pumpkins, até hoje dá pulga na cama do líder da banda, Billy Corgan, puto da vida com o desinteresse do público por um álbum que ele considera um dos mais fortes da banda. E que marcou a volta do baterista Jimmy Chamberlin ao grupo, após um afastamento por abuso de drogas.

Machina ganhou uma reedição em CD e vinil remasterizada e remixada, que saiu dia 22 de agosto. E também ganha uma edição dupla contendo o material dele, e o de sua pouco lembrada continuação, Machina II/The friends and enemies of modern music, lançada em 5 de setembro de 2000. Só que esse disco sai num box especial com todo o material dos dois Machina, lançado com exclusividade pela casa de chá Madame Zuzu’s, e com o nome de Machina – Aranea alba edition.

E sim, caso você não saiba, é isso aí: havia uma “parte II” do disco, que não chegou às lojas – e, até hoje, nem mesmo ao streaming – porque os Pumpkins decidiram se tornar a primeira banda do mundo a dar música de graça na internet.

O box set Machina - Aranea alba, dos Smashing Pumpkins

2000 não era um ano comum para a música pop, com vários grupos de pop adolescente e de emo fazendo sucesso, e um salto para a queda geral na venda de CDs. Os Smashing Pumpkins não haviam sequer conseguido impressionar sua própria gravadora, a Virgin, com Machina/The machines of God. Um disco que, na concepção de Corgan, deveria ter sido duplo e gerado uma espécie de musical. No roteiro, um astro do rock chamado Zero (uma espécie de alter-ego de Corgan) começa a chamar Jesus de Genésio, passa a se chamar Glass e nomeia sua banda como The Machines of God.

Adore (1998), o disco anterior, já havia feito pouco sucesso e a gravadora preferia que a banda voltasse (ora bolas) a vender discos. Se em Adore a banda resolvera cair dentro do rock eletrônico, no novo álbum os sons artificiais apareciam misturados com guitarras e tons góticos. E geravam pelo menos uma música bizarra, fantasmagórica e complexa, Glass and the Ghost Children, de mais de nove minutos.

Ah, sim, teve Try try try, o grande hit do disco, com clipe feito por Jonas Akerlund em duas versões, contando as desventuras de um casal de junkies, Max e Linda, na cidade grande. Na versão mais popular, Linda, grávida e tendo uma overdose de heroína, é salva pelo gongo e sobrevive. Ela não tem a mesma sorte na versão short film, de quinze minutos. Ambas as versões são deprimentes e perturbadoras, mas o short film encerra (sim, eu vou contar o final) com o corpo de Linda no caixão, rumo à cremação. Barra pesada.

A ideia original do megalomaníaco Corgan era que o projeto Machina fosse lançado todo num pacote só. A Virgin não quis. The machines of God pegou poeira nas lojas e a gravadora também não quis investir no volume 2. No dia 5 de setembro de 2000, a banda soltou o Machina II pelo próprio selo montado por Corgan, Constantinople Records. Era uma, ao que consta, facada nas costas que o músico resolvera desferir em seu próprio selo, por causa da desatenção com Machina.

Como tudo que envolvia os Pumpkins tinha que vir com um drama especial, lá vai: a banda soltou 25 cópias em vinil (!) de Machina II, dadas a amigos, jornalistas e a fãs que se destacavam na comunidade online do grupo, com instruções para todo mundo distribuir o material na internet. Que foi onde efetivamente o álbum foi lançado, com direito a todas as músicas do pacote (25 faixas dos dois LPs, mais músicas de três EPs) disponíveis no site da banda. Não houve lançamento oficial em CD. E em 2000, você talvez se recorde, vinil era piada de salão.

Você deve estar se perguntando: se The machines of God gerou tanto problema e narizes torcidos, o que sobraria para uma simples continuação? Pois é: The friends and enemies até que conseguiu um resultado bem melhor de crítica. A Pitchfork, então engatinhando, fez uma resenha bem positiva, dizendo que a banda conseguiu colocar na continuação o que faltava no disco original (“o som de uma banda tocando”) e comparou o trabalho de Billy Corgan como produtor com o de Butch Vig (Nevermind, do Nirvana).

Ouvindo o disco hoje, dá pra conjecturar: as frustrações com a Virgin realmente fizeram Billy Corgan e seus colegas (James Iha, guitarra; Jimmy Chamberlin, bateria; D’Arcy, baixo) meterem na cabeça que precisavam descontar todas as aporrinhações na música. Olha aí Dross, som bacana e pesado do disco.

Car crash star virou queridinha dos fãs e foi divulgada pela banda na TV, no programa de Jay Leno (o apresentador ganhou uma cópia do álbum e a exibe para a câmera).

Em 2015, num bate-papo com os fãs, um bem-humorado Corgan respondeu algumas perguntas sobre Machina I e II. Só faltou fazer top top top e falar “levei fumo” aos admiradores.

Um fã queria saber se havia a possibilidade de ver o conjunto Machina numa caixa só. Nada: Corgan estava numa disputa com a Virgin para conseguir isso, só que a gravadora havia trocado de mãos várias vezes e ele mal sabia a quem deveria se reportar. Fora que o selo havia parado com os relançamentos e ele queria fazer algo, er, de nível, com vários ensaios, shows, coisas que ele tinha guardadas, etc. E Corgan teria que tirar grana do bolso para fazer qualquer coisa.

“Isso tudo não me surpreende porque esse disco tem uma névoa em volta dele”, disse, afirmando também que considerava o conjunto Machina um filme inacabado. “Na época, precisei decidir se queria continuar com aquilo, porque tudo indicava para: abandone a ilha, saia da banda e foda-se tudo. Tem momentos na vida em que seu sexto sentido está gritando: você tem um relacionamento ruim, um trabalho ruim, tá na hora de cair fora. Por algum motivo passei por cima disso e terminei o disco”.

Mais: Billy disse que fica bastante chateado quando vê que Machina/The machines of God não é popular nem entre os fãs de verdade da banda. E que, pouco antes de um fã começar uma campanha pelo relançamento do pacote Machina, um selo procurou Corgan com uma proposta de relançamento de todos os discos da banda. “Só que se você vê o e-mail, Machina não está citado lá!”, contou, rindo da desgraça. “Se até a gravadora que tem os direitos do disco não sabe que ele existe, isso é muito maluco”.

E, bom, agora (pelo menos para fãs endinheirados) todo o material do pacote Machina está reunido em Aranea alba, na ordem imaginada originalmente por Corgan. Boa sorte caso deseje conseguir uma das cópias – lembrando que não existe nada de Machine II no streaming por enquanto. Além dos discos, Billy montou uma banda spin-off chamada The Machines Of God, que está em turnê, e cujo repertório inclui material do pacote Machina e do duplo Mellon Collie and The Infinite Sadness (1995)

A edição recauchutada de Machina/The machines of God, por sua vez, está nas plataformas – mas vale dizer que ela tem algumas diferenças em relação ao disco original. Raindrops + sunshowers ganhou um minuto a mais. Speed kills, música de Machina II que ganhou versão “oficial” no lado B do single de Stand inside your love, foi acrescentada à lista (na versão do single, e não na do álbum, vale informar). Age of innocence, última faixa do disco, é agora a antepenúltima, e foi bastante modificada com a remixagem. Já Blue skies bring tears, que era a penúltima faixa, encerra tudo. Essa mutilação pra lá de estranha você pode conferir agora mesmo.

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Radar: Tuany, Josie, Funk Como Le Gusta, Rafa Bicalho, Trabalhos Espaciais Manuais

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Tuany, na foto

Vai ter pelo menos um Radar nacional nesta semana – aliás tá tendo, abrindo com uma novidade na seção (Tuany) e prosseguindo com algums retornos (Josie, Trabalhos Espaciais Manuais), outra boa novidade (Rafa Bicalho) e um clássico (o Funk Como Le Gusta). Leiam, ouçam e repassem.

Texto: Ricardo Schott – Foto (Tuany): Pietro Lionardi/Divulgação

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TUANY, “CURA”. O novo single dessa cantora de Santo André (SP) une MPB e rock brasileiro da mesma forma que Rita Lee e Cássia Eller faziam – o som de Cura, por sinal, tem emanações tanto de uma quanto da outra, com uma letra que “surgiu como um lembrete da Tuany de hoje para a Tuany do passado, de que tudo passa”, diz ela, que vê suas músicas, antes de tudo, como mensagens de conforto.

“Quando estamos imersos nos sentimentos ruins, parece que nunca vai ter fim, mas essa música foi escrita pra mostrar que não é bem assim. A felicidade pode ser reinventada”, acredita. Além da letra confessional, Cura é marcada por um riff de guitarra na cola de Santana, e por uma musicalidade que junta a descontração do rock nacional dos anos 1980 e a magia da música nacional setentista (além de Rita, nomes como Mutantes, Secos & Molhados e Kid Abelha são listados por ela como referências).

JOSIE, “LUZ”. Depois de Escuro – single lançado com exclusividade pelo Pop Fantasma -, a paulista Josie retorna com Luz. Mais do que o simples contraponto da faixa anterior, a nova música fala sobre o reencontro consigo mesma: “É sobre achar um lugar de plenitude dentro de nós, depois de atravessar o escuro em busca de ferramentas”, explica a artista. Na letra, essa sensação aparece em versos como “de tanto procurar, eu encontrei”.

O som de Luz passeia entre o eletrônico e o acústico, unindo programações a tímpanos e percussões mais comuns em orquestras. A inspiração para o arranjo veio do piano de Cais, clássico de Milton Nascimento e Fernando Brant.

FUNK COMO LE GUSTA feat LINO KRISS, “RADIO BOOGIE”. Essa big band paulistana que existe desde os anos 1990 já estava havia sete anos sem novos lançamentos, fazendo apenas shows. O FCLG volta em grande estilo com uma homenagem ao balanço e às rádios que divulgavam artistas como Carlos Dafé, Sandra de Sá, Hyldon, Tim Maia, Kool & The Gang e vários outros nomes nacionais e internacionais. Radio boogie traz também a participação de um velho amigo, Lino Krizz, nos vocais.

“Além de ser um convidado frequente nos nossos shows, ele é um expert quando se trata de funk e soul music. Estamos realizando um sonho em dividir uma faixa com ele”, explica Renato Galozzi, guitarrista do grupo. Radio boogie também é uma homenagem aos “aplicativos” de som mais populares dos anos 1970 e 1980: rádio, K7 e toca-discos.

RAFA BICALHO, “AMÉRICA DO SUL (VAZIA)” / “PROBLEMA SEU”. Cantor e compositor de Divinópolis (MG), Rafa já realizou trabalhos (compondo ou produzindo) com Clara X Sofia, Ana Laura Lopes e banda Escadacima – também lançou um álbum solo em 2024, Cena 1. Seu novo single duplo tem inspiração em nomes como Haim, Lou Reed, Beck, Mac deMarco e Fontaines DC, mas tem também uma filiação séria com a música pop nacional: dá para lembrar bastante de Paralamas do Sucesso ouvindo o clima dolorido e romântico de América do Sul (Vazia) e Problema seu.

América do Sul, por exemplo, é “sobre todo tipo de perda, saudade ou incompletude que a gente sente durante a vida e sobre aprender a fazer as pazes com isso, sejam elas passageiras ou não”, conta Rafa. Assuntos que ainda estavam frescos em sua mente na época em que a música foi feita, como a morte de sua avó, ou “uma conversa com minha namorada sobre passarmos o ano novo em continentes diferentes”, acabaram inspirando a canção.

TRABALHOS ESPACIAIS MANUAIS, “HARAPAN”. Em novembro sai Ponto de curva, o primeiro álbum dessa banda instrumental gaúcha, que costuma ser mais conhecida como TEM. Harapan é o último single antes do álbum sair, e traz uniões musicais entre forró, maracatu e afrobeat. Tomás Piccinini, o saxofonista do grupo, iniciou a música num improviso, e depois a faixa foi completada pelo grupo.

“O nome Harapan significa ‘esperança’ em malaio. Encontrei esse nome procurando traduções da palavra em outras línguas, e quando vi e ouvi ‘harapan’, achei uma sonoridade bonita e condizente com o significado que buscava”, conta.

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Ouvimos: Zara Larsson – “Midnight sun”

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Zara Larsson lança Midnight sun, disco pop dançante e divertido, com batidões de funk, hyperpop e ecos dos anos 1990.

RESENHA: Zara Larsson lança Midnight sun, disco pop dançante e divertido, com batidões de funk, hyperpop e ecos dos anos 1990.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 8
Gravadora: Sommer House/Epic
Lançamento: 26 de setembro de 2025

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Lá fora, muita gente se referiu a Midnight sun, quinto álbum da sueca Zara Larsson, como um disco “vibrante” e como uma enorme mudança em sua carreira de poucos discos (1, o primeirão, saiu em 2014). Faz sentido: em termos de (vá lá) persona pop, Zara entrega canções de pop eletrônico hipnótico com letras “de boa”. Por mais que até haja experimentações sonoras aqui e ali, o conceito parece ser apenas o de fazer música para dançar, diversão sem culpa e nada mais do que isso.

Midnight sun, aliás, tem um clima que soa mais rueiro do que propriamente noturno. Ainda que ela faça a crônica da diversão dance da Europa em Eurosummer – que na real é uma dance music barata com aquele velho riff de gaiteiro já surgido em várias outras faixas dançantes – chamam mais atenção os batidões de funk em músicas como The ambition e Hot & sexy. Essa última, por sinal, uma boa recordação da dance music dos anos 1990, com vocal rápido e beat acelerado. Blue moon e a faixa-título chamam a atenção pela felicidade pop de arena, Crush é dance music feliz – e tudo isso desce bem. Já Girl’s girl tem um beat meio latino que soa meio banal, o que acaba desvalorizando uma letra que fala sobre relacionamentos confusos e desejos mais confusos ainda.

  • Ouvimos: Taylor Swift – The life of a showgirl

Um momento bem legal em Midnight sun é Pretty ugly, música na qual Zara se esforça para convencer todo mundo da sua vontade de sair pelas ruas arrumando encrenca e subindo nas mesas em festas. Mas faz isso unindo batidões herdados da house music e clima de cheerleader, algo que Gwen Stefani fazia há anos e hoje não faz mais. Puss puss, que encerra o álbum, é hyperpop para explicar para todo mundo o que é hyperpop: refrão que você tem certeza que cita alguma coisa (mas você não se recorda o que é), pop que não precisa de muito para viciar o/a ouvinte, uma verdadeira chuva de detalhes sonoros que provavelmente vão colocá-la na lista de melhores canções pop de 2025 de muita gente.

Em plena era do disco pop como manifesto conceitual, Zara Larsson decidiu fazer de Midnight sun um disco para divertir e dançar. Nem tudo dá certo nele, mas o que dá certo, dá muito certo.

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Crítica

Ouvimos: S.E.I.S.M.I.C. – “Ologism”

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Em Ologism, o trio neozelandês S.E.I.S.M.I.C. faz stoner rock espacial que mistura Hawkwind, Sabbath, MC5 e psicodelia à la Doors.

RESENHA: Em Ologism, o trio neozelandês S.E.I.S.M.I.C. faz stoner rock espacial que mistura Hawkwind, Sabbath, MC5 e psicodelia à la Doors.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 8,5
Gravadora: Independente
Lançamento: 6 de outubro de 2025

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Banda cujo nome torna bastante difícil a tarefa de buscá-la nas plataformas digitais, o trio neozelandês S.E.I.S.M.I.C. faz um stoner rock espacial que paga tributo tanto a Hawkwind e Black Sabbath quanto a MC5. Ologism, novo álbum, abre bem rápido com a faixa-título, bem punk e curtinha – e ganha um aspecto de blues rock lascado com The demon, que vem em seguida, com alterações rítmicas em torno do estilo. M.A.C. é quase um Aerosmith + Queen espacial, com vocais bacanas e certa vibe de arena na sonoridade – sem deixar de lado o estilo comum do grupo.

Side quest, cercada por solos distorcidos e vocais bastante melódicos e sombrios, é o lado progressivo-hard do grupo, lembrando bandas como Masters Of Reality e Porcupine Tree. Sons garageiros e bastante pesados surgem em Brain rot e Magic seagull.Evil eye e Sands of time são invadidas por um clima psicodélico, que lembra The Doors e Steppenwolf. No final, X-ray vision retoma o corredor punk iniciado na abertura de Ologism.

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