Lançamentos
Teenage Fanclub lança mais um single, “Tired of being alone”

Tem música nova do Teenage Fanclub. Tired of being alone, novo single, é uma canção esperançosa, com linhas vocais que lembram uma versão simplificada dos Byrds. E que fala basicamente de novas descobertas e novos sentimentos após uma tempestade, em versos como “memórias descobertas/perdidas e redescobertas/sentimentos agora recuperados/todos se sentem mais amados”, e “venha comigo, observe as estações passarem/noites de verão com o céu brilhante/folhas caídas no chão abaixo/vamos caminhar lá fora na neve que cai”.
“Perto do final de nossa sessão no Rockfield Studios fazendo o álbum, acordei no meio da noite”, diz Raymond McGinley, da banda, em um comunicado. “Havia um violão ao lado da cama. Eu peguei e essa música saiu. As palavras para o refrão já estavam lá. Gravei uma versão bruta no meu celular e depois voltei a dormir. Gravamos a música mais tarde naquele dia. Como banda, gostamos de confiar em nossos instintos e deixar as coisas acontecerem. Assim como a música de Norman (Blake), Foreign land (primeiro single do próximo álbum do grupo), essa música só existe porque decidimos ir para o estúdio e fazer um disco. Se tivéssemos esperado que as estrelas se alinhassem antes de gravar, ainda estaríamos esperando agora”.
Nothing lasts forever, próximo disco do Teenage Fanclub, sai em 22 de setembro, com distribuição da Merge nos Estados Unidos e da PeMa na Europa. O décimo-terceiro disco da banda escocesa parece vir embalado num clima de superação, a partir do título e do primeiro single, Foreign land (“o passado é uma terra estrangeira/fiz o que pude, você entende”).
O álbum foi gravado em agosto de 2022 no Rockfield Studio, no País de Gales (com vocais e retoques finais gravados na casa de Raymond McGinley em Glasgow), e é o segundo do grupo desde a saída do baixista/vocalista Gerard Love. A atua formação tem os antigos Norman Blake (voz, guitarra), Raymond McGinley (voz, guitarra) e Francis Macdonald (bateria e vocais), presentes no grupo desde 1989, ao lado de Dave McGowan (teclados e guitarra, esteve na banda de 2004 a 2018 e voltou em 2019) e Euros Childs (teclados, programações, vocais, entrou em 2019).
Blake diz que o conceito do disco tem a ver com um momento da banda, e em especial com um momento dele, já que ele está totalmente recuperado do fim de seu último casamento – o término, ele diz ter inspirado bastante o disco anterior da banda, Endless arcade (2021).
“Foi catártico escrever essas músicas (do disco anterior). Essas novas músicas refletem como estou me sentindo agora, saindo desse período”, diz. “Elas são bastante otimistas, há uma aceitação de uma situação e toda a experiência isso vem com essa aceitação. Quando escrevemos, é um reflexo de nossas vidas, que são bastante comuns. Não somos pessoas extraordinárias, e as pessoas normais envelhecem. Há muito o que escrever no mundano. Adoro ler Raymond Carver (escritor norte-americano conhecido pelo minimalismo e pelas frases curtas). Muitas vezes não há muita coisa acontecendo nessas histórias, mas elas falam sobre a experiência vivida”.
McGinley acrescenta: “O álbum parece reflexivo, e acho que quanto mais fazemos isso, mais nos sentimos confortáveis em ir a esse lugar de melancolia, sentindo e expressando esses sentimentos”.
Foto: Reprodução do YouTube
Lançamentos
Radar: The Cribs, She’s In Parties, David Byrne, Superstar Crush, Origami Ghosts – e mais

O Radar do Pop Fantasma vai dar uma desaceleradinha nas próximas semanas e volta logo logo ao normal – tempo suficiente para a gente encarar uns trampos fora do site (é, eles existem) e encerrar coisas. Daí tem música que tá saindo meio atrasada por aqui, uns sons que já estavam no nosso arquivo e algumas outras novidades. E hoje tem Radar internacional, abrindo com The Cribs e seu som novo – e a primeira faixa depois de cinco anos. Ouça tudo no volume máximo.
Texto: Ricardo Schott – Foto (The Cribs): Steve Gullick/Divulgação
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THE CRIBS, “SUMMER SEIZURES”. Dentre as bandas indies que despontaram para a fama no começo do século 21, aposto que você, quando foi enumerá-las, esqueceu-se de uma: os britânicos do The Cribs, grupo formado por três irmãos Jarman (Ryan, Gary e Ross) – e importante a ponto de ter contado com o ex-smith Johnny Marr no posto de guitarrista entre 2008 e 2011. O grupo se prepara para lançar seu primeiro álbum em seis anos, Selling a vibe, dia 9 de janeiro, e adianta o trabalho com a bela melodia e os vocais bem construídos do single Summer seizures.
Ryan diz que a música surgiu quando ele estava na cozinha de seu apartamento em Nova York e sentiu que o verão estava começando. “Todos os grandes eventos da minha vida parecem ter acontecido no verão – os bons e os ruins. Quando pude sentir que tudo voltava, foi uma forma de marcar o tempo, olhar para onde estou agora e tentar conectar tudo. É uma música sobre amor, tragédia e aprender a conviver consigo mesmo, tudo ambientado no verão em Nova York”, contou.
SHE’S IN PARTIES, “SAME OLD STORY”. She’s in parties é o nome de uma música do Bauhaus – mas o som dessa banda britânica tá mais próximo do rock alternativo dos anos 1990, turbinado com guitarras altas, do que do som gótico. A cantora e guitarrista irlandesa Katie Dillon imprime um clima que lembra o lado franco e doce do rock-de-guitarras da época, com direito a versos confessionais sobre os descaminhos da vida no single novo, Same old story. O próximo EP do quarteto, Are you dreaming?, sai dia 7 de novembro.
DAVID BYRNE, “THE AVANT GARDE”. Dia 5 de setembro sai o novo de Byrne, Who is the sky?, que está sendo desenhado na cara dos/das fãs, com singles e clipes. The avant garde, música nova, fala do que muita gente chama de “arte pela arte”. Ou seja: erudições e experimentações que rompem com todos os padrões possíveis, mas não conseguem chegar a um público muito grande. Um risco, claro, corrido por ele desde a época dos Talking Heads. “Não há garantia de que vá alcançar o que se propõe, mas quando isso acontece, as recompensas emocionais e intelectuais valem a pena. Esse é o risco que se corre ao criar algo novo e fora do convencional”, diz.
SUPERSTAR CRUSH, “THEY KEEP CALLING”. Essa banda canadense de pop barroco faz de seu novo single um encontro entre dream pop e psicodelia. They keep calling abre como folk psicodélico, com vocal tremido, à maneira de Lullaby to Tim, dos Hollies. Torna-se depois um som sonhador, que une modernidades às influências de pop sessentista. Está no disco novo do grupo, Way too much.
ORIGAMI GHOSTS, “VIRTUAL REALITY BOY”. Essa inventiva banda de Los Angeles fala sobre um universo onde pessoas são quase tamagochis (lembra disso?) em seu single novo. O som é uma mistura bem feita de David Bowie, T. Rex e folk doidão. Faz parte do álbum A fine time to talk about nothing, o novo dessa banda indie. “E se eu não pudesse sair deste mundo virtual? Como um cenário tipo Willy Wonka. Eu comeria doces a vida toda? Como uma situação de ‘cuidado com o que deseja’?”, diz JP Scesniak , cantor, guitarrista e tecladista.
14 FLAMINGOS, “THE DUKE”. Esse quinteto do Canadá é assumidamente inspirado em Talking Heads, Lou Reed, Tom Waits, e nos textos de Hunter S. Thompson – ou seja, é música marginal e criativa das boas. The duke, single novo, é um pós-punk com guitarrra de blues, andamento funkeado, vocal grave numa onda Iggy Pop. O grupo tem um trompetista, então espere algo próximo do clima de fanfarra no som.
ANNE BENNETT, “ELECTRIC SIN”. Essa cantora nasceu e se criou em Salem, Massachussets – aquela cidade conhecida pelas bruxas locais. Isso acabou inspirando suas músicas e também a jornada de resistência e de vulnerabilidade que ela põe em suas letras, e em seu vocal delicado. Electric sin tem algo de darkwave na instrumentação eletrônica, sombria e minimalista – mas tem vocais que lembram a placidez do soft rock.
EV. G, “WAY WE REMEMBER”. Músico experimental do Canadá, Ev mexe com temas como experimentação e desorientação em seu novo single – o tipo da música feita para desafiar ouvidos, com referências de rap e dream pop. Tanto ele quanto o produtor e parceiro Brock Geiger lembram que na demo, já era uma música bastante etérea – que funcionava como uma paleta musical para a composição da faixa. Já o clipe traz imagens pra lá de surreais clicadas nas montanhas.
SORRY, “ECHOES”. Dia 7 de novembro sai o novo álbum do Sorry, Cosplay, pela Domino. O conceito do álbum é que qualquer pessoa, hoje em dia, pode ser qualquer um – um tema bem louco, mas que parece filtrado pelas IAs da vida, e pelo universo virtual no qual muita gente vive imersa 24 horas por dia. Já o single Echoes parte de uma historinha bem louca e filosófica: um poema sobre a história de um menino que grita “eco” dentro de um túnel, esperando pela resposta – com isso, a banda criou uma música sobre se perder no amor. O som é pós-punk com emanações de Talking Heads e Velvet Underground. E já tem clipe.
BURN KIT, “LOOKING THROUGH THE WINDOW AT YOU”. Pós-punk sinistro (e põe sinistro nisso), com ligeiras tendências a se tornar viajante e pesado. Essa banda de Boston acaba de lançar esse single, cujo clipe é tão sombrio tanto a música, envolvendo um assassinato, uma ocultação de cadáver e uma investigação. “A música confronta a sempre conhecida porta trancada que existe dentro de todas as mentes humanas. O fato de que ninguém se conhece verdadeiramente. Sempre há coisas em que pensamos, coisas que não dizemos e aparências que mantemos em meio à automação da vida cotidiana moderna”, diz Valentino Valpa, cantor da banda.
Lançamentos
Urgente!: Hüsker Dü ressurge em caixa gravada ao vivo em 1985

Se você estranhou essa quantidade de discos ao vivo do Hüsker Dü surgindo nas plataformas – já são dois EPs e um álbum, incluindo as partes 1 e 2 de um show dado no mitológico First Avenue, em Minneapolis, em 30 de janeiro de 1985 – existe uma explicação para isso. O selo Numero Group anunciou que esse material todo, além de alguns discos que estão para sair nas plataformas, vai virar um box chamado The miracle year, com gravações ao vivo do grupo feitas há 45 anos. O material sai em 4 discos de vinil em 7 de novembro e já tá em pré-venda.
Por sinal, 1985 foi um dos anos mais produtivos da história do grupo: o Hüsker Dü lançou os discos New day rising e Flip your wig – e tudo pouco tempo depois de soltar o álbum clássico Zen arcade (1984). Foi também a época em que o Hüsker Dü, em definitivo, se tornaria uma banda mais melódica, fazendo a transição definitiva do hardcore original para sons que influenciariam estilos como o grunge, o emo e o punk pop dos anos 1990.
Também foi um período em que Bob Mould, Grant Hart e Greg Norton não apenas se tornaram uma banda super independente em estúdio (Flip your wig foi inteiramente produzido por Bob e Grant) como também chamaram a atenção da Warner. Tanto que Flip, por muito pouco, não acabou lançado pela multinacional, que assinou com a banda ainda em 1985 – a banda acabou decidindo deixar o álbum com a independente SST e entregou o excelente Candy apple grey para a nova gravadora.
Vale dizer que em 2011, uma parte considerável do acervo do Hüsker Dü se perdeu por causa de um incêndio. “É preciso considerar como uma espécie de milagre secundário que as fitas da First Avenue de 1985 tenham sobrevivido. Elas entregam o auge do Dü a todo vapor, através de material já amado, ainda a anos de consolidar totalmente seu status como um modelo para o futuro arranha-céu do rock alternativo”, afirma a própria Numero Group no texto de lançamento. Por sinal, o release tem apenas uma fala de Greg Norton – aparentemente, Bob Mould não se importou, liberou, mas não se envolveu.
Olha aí a lista de faixas de The miracle year aí. Além das faixas ao vivo, o set vem com um livro de luxo de 36 páginas detalhando o 1985 do Hüsker Dü. “Qual é o som de uma lenda sendo escrita?”, se pergunta o selo (e, ei, temos um episódio do nosso podcast sobre a fase Warner no trio).
SIDE A
1. New day rising
2. It’s not funny anymore
3. Everything falls apart
4. The girl who lives on heaven hill
5. I apologize
6. If I told you
7. Folklore
SIDE B
1. Every everything
2. Makes no sense at all
3. Terms of psychic warfare
4. Powerline
5. Books about UFOs
6. Broken home, broken heart
7. Diane
SIDE C
1. Hate paper doll
2. Green eyes
3. Divide and conquer
4. Pink turns to blue
5. Eight miles high
SIDE D
1. Out on a limb
2. Helter skelter
3. Ticket to ride
4. Love is all around
More Miracles
SIDE E
1. Don’t want to know if you’re lonely
2. I don’t know for sure
3. Hardly getting over it
4. Sorry somehow
5. Eiffel tower high
SIDE F
1. What’s going on
2. Private plane
3. Celebrated summer
4. All work and no play
SIDE G
1. Keep hanging on
2. Find me
3. Flexible flyer
4. Sunshine superman
5. In a free land
6. Somewhere
SIDE H
1. Flip your wig
2. Never talking to you again
3. Chartered trips
4. The wit and the wisdom
5. Misty modern days
Crítica
Ouvimos: The Stargazer Lilies – “Love pedals”

RESENHA: Shoegaze lisérgico e groovy: em Love pedals, o The Stargazer Lilies entrega guitarras densas, psicodelia e experimentos brilhantes.
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Provavelmente nenhum site vai escolher Love pedals, sexto disco da banda novaiorquina The Stargazer Lilies, como disco do ano. Azar de quem não ouvir e de quem não reconhecer neles uma banda mais do que excepcional. Criada pelo casal John Cep e Kim Field, essa banda – que surgiu de um quinteto de dream pop chamado Soundpool – faz um som que parece vir de dentro do/da ouvinte, tamanha a intensidade das guitarras e dos baixos. Tudo gravado como paredões de som e, mais do que isso, como vendavais sonoros que carregam os sentidos de quem ouve o disco para todos os lados.
The Stargazer Lilies costuma ser definido como shoegaze, por aí. Não exatamente: trata-se de uma banda que faz psicodelia e som groovy na base das guitarras altas e distorcidas. Em Love pedals, eles unem peso, lisergia e distorções na guitarra e no baixo em Ambient light, quase um nevoeiro sonoro. A faixa-título é soul + psicodelia + shoegaze, num efeito fantástico. Parece realmente um hit de rádio AM jogado num triturador junto com guitarras, pedais de distorção e pastilhas de LSD.
O grupo vai dosando sabedoria musical e experimentações em faixas como Perfect world, um tema de girl group, com violão, eco, distorções e obnubilações. By your side é uma balada com um paredão de ruídos que afina e desafina à medida que a música segue – chega a parecer uma transmissão sonora. Shining yellow é uma balada que até poderia ser uma canção do Swing Out Sister – mas é uma porradaria psicodélica e dissonante, aquele tipo de beleza no qual se vê algo estranho e talvez, tenebroso. Heaven knows poderia ter saído nos anos 1970 caso não fosse uma barulheira groovy.
O Stargazer Lilies deixou os momentos mais declaradamente rocker do disco para o final. Trans med é blues psicodélico, o som mais eminentemente sixties do álbum. Hold tight soa como um shoegaze hendrixiano – tem a dramaticidade de uma canção de Jimi Hendrix, mas tem a cabeça ligada em outras esferas. Um caleidoscópio sonoro de primeira.
Texto: Ricardo Schott
Nota: 10
Gravadora: Shore Dive Records
Lançamento: 22 de agosto de 2025.
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