Cultura Pop
Sascha Konietzko (KMFDM) de papo com o POP FANTASMA

O KMFDM é sem dúvida uma das bandas mais importantes da história da música industrial. O grupo foi fundado e é liderado pelo artista multi-instrumentista alemão Sascha Konietzko, único membro fixo da banda durante todo esse tempo (mais precisamente 35 anos completados agora em 2019). Na verdade,chega a ser difícil acreditar que já estão há mais de três décadas na estrada, pois seu estilo pioneiro de batidas ultra pesadas e letras subversivas sempre pareceu tão fresco, relevante e inovador que parece até que eles acabaram de surgir no cenário.
https://www.instagram.com/p/B4a892DHKZk/
Tendo lançado recentemente Paradise, que acreditem ou não, já é o 21º álbum da banda, nós do POP FANTASMA corremos atrás e conseguimos entrevistar via email o simpático e bem humorado Sascha, sem dúvida uma das pessoas mais gente fina com quem já tivemos a honra de bater um papo. Confiram e divirtam-se!
https://www.instagram.com/p/B3cbCFQHco8/
POP FANTASMA: Quais foram suas primeiras influências e qual foi o primeiro show que realmente te impactou?
SASCHA KONIETZKO (KMFDM): O primeiro álbum que comprei foi o The slider, do T.Rex, inclusive eu ainda o tenho em minha coleção. O primeiro show que realmente causou esse impacto em mim foi quando vi o Sex Pistols em 1976 em Londres, no Marquee. Naquela noite, eu percebi que ser “estrela do rock” tinha apenas a ver com colhões (detalhe: Ele escreveu “colhões” em bom português!), não com nenhuma forma de educação 😉
https://www.instagram.com/p/Byxz2mCnKo_/
Quando o KMFDM começou em 1984, era um projeto de performance art, e sua primeira apresentação em Paris envolveu, entre outras coisas, usar aspiradores de pó como instrumentos e mineiros batendo nas fundações do Grand Palais. Você já pensou que a banda iria na direção que acabou tomando ou que duraria tanto tempo? Eu nem pensava nisso como uma “banda” na época e, na verdade, o KMFDM nunca foi uma “banda” no sentido literal do termo; sempre foi, e ainda é, um projeto de altíssima rotatividade. Houve uma infinidade de colaboradores que passaram pelo KMFDM, alguns permanecendo mais tempo que outros. É claro que na noite de 29 de fevereiro de 1984 eu não fazia ideia de que essa coisa iria a qualquer lugar. E o caminho até hoje se deve inteiramente à coincidência, às oportunidades conquistadas, ao trabalho árduo e, claro, graças a muita sorte!
https://www.instagram.com/p/Bz_WRkBnIg4/
Nina Hagen colaborou no álbum Adios, cantando na música Witness. Como foi trabalhar com ela? Eu era uma grande admirador dela desde sua fase punk, e finalmente estar em um estúdio com ela foi um sonho tornado realidade. Ela estava ao mesmo tempo completamente focada e sendo totalmente ela mesma, o que significa muito louca mas de uma maneira adorável 😉
Eu adoro a arte das capas dos seus discos. Você pode nos contar como conheceu Aidan Hughes (o ilustrador das capas) e como essa colaboração começou? Em dezembro de 1986, o primeiro álbum oficial do KMFDM, What do you know, Deutschland?, foi gravado e lançado apenas em vinil em lojas locais de Hamburgo. Tinha Irina Gorbacheva, filha de Mikhail Gorbachev na capa.
No início de 1987, viajei para Londres e fiz algumas rondas em gravadoras como a Mute Records, Beggars Banquet e 4AD, deixando cópias do álbum na esperança de obter um feedback positivo e, talvez, até um contrato de gravação. Eu estava conversando com muitas secretárias, mas nunca consegui me reunir com um executivo de gravadoras.
Alguns meses depois, recebi um cartão postal de alguém que possuía uma pequena gravadora na área de Liverpool, escrevendo para mim que havia encontrado uma cópia do álbum KMFDM no lixo de alguma gravadora em Londres. Por que ele estava (aparentemente) vasculhando a lixeira é e sempre foi um mistério pra mim! De qualquer forma, ele propôs um encontro em Londres para falar sobre um relançamento de What do you know, Deutschland? em sua gravadora, com o objetivo de licenciar o álbum para outros países. Para isso entretanto ele disse que seria melhor ter uma capa nova e que ele conhecia um grande artista que poderia nos fornecer uma.
Então, voltando a Londres, nos encontramos em um Pizza Hut, assinamos um contrato de uma folha, comemos um pouco de pizza e depois nos encontramos com um certo Aidan Hughes, um jovem punk que se autodenominava BRUTE!. Não me lembro agora exatamente se nos encontramos em um pub ou em algum armazém, mas nos demos bem, tanto quanto possível entre um britânico e um alemão, hahahaha! Desde então, com muito poucas exceções, as capas do KMFDM ostentam uma arte BRUTA!. É a identidade visual do KMFDM que, como qualquer outra marca, é instantaneamente reconhecível e combina perfeitamente com a idéia de continuidade conceitual que adotei de Frank Zappa (também outra graaaaaaaaande influência para mim).
https://www.instagram.com/p/By0Qdckn5r3/
O seu último álbum Paradise foi lançado há pouco tempo e a recepção tem sido extremamente positiva. Você está satisfeito com o feedback que recebeu de fãs e da crítica até agora? Honestamente, sem querer desdenhar, presto muito pouca atenção ao feedback seja lá de quem for. Uma vez lançado, pronto e se for elogiado ou detonado, é o mesmo para mim de certa forma, porque já estou de saco cheio dele!
Depois de lançar um álbum, estou tão cansado de tê-lo ouvido um milhão de vezes no processo de produção, que preciso de alguma distância dele. Dito isto, é importante frisar que eu não o lançaria a menos que sentisse que fiz o melhor possível e, que então, está pronto para o mundo!
https://www.instagram.com/p/Blsn-iGFp3B/
Qual a sua opinião sobre a livre troca de arquivos em MP3 na internet? Você acha que pode ser um problema para você e/ou sua gravadora? Ou a internet é uma aliada? Com o tempo, todos nos ajustamos às realidades do compartilhamento de arquivos e a todas as implicações que vieram com a tecnologia mp3: toda a pirataria, streaming e tudo mais.
https://www.instagram.com/p/BlTHyMWFAo7/
O único ponto negativo sobre isso é que acho que os formatos de compressão pra mim soam todos uma merda! Eu não percebo muito isso com a música de outras pessoas, mas com a minha própria eu posso segura e definitivamente dizer a diferença entre uma versão compactada e a versão real, do jeito que deveria soar.
https://www.instagram.com/p/BkfJWRZln12/
Como vocês foram parar na trilha sonora do filme Mortal kombat? Você curte esse jogo ou outros games? Quais seus jogos favoritos? A trilha sonora do MK foi lançada pela nossa gravadora na época, a TVT Records, e foi assim que paramos lá Eu, pessoalmente, não ligo para videogames, quando eles começaram a ficar tão reais eu já era um pouco mais velho do que a primeira geração que foi exposta a eles. Não é minha praia.
Naive, Angst, Attak, Xtort, UAIOE, Nihil, Retro, Money, Adios, Blitz, Kunst… Por que quase todos os seus discos só têm cinco letras no título? Novamente, faz parte da “continuidade conceitual” acima mencionada, um lance meio dadaísta no nosso caso. Isso cria uma grande simetria na arte da capa: KMFDM na parte superior, uma imagem de BRUTE! no meio e um título de cinco letras na parte inferior.
https://www.instagram.com/p/BhDaXmiBbv7/
Não tem como não perguntar: Qual a sua opinião sobre tudo que tem acontecido no mundo ultimamente? Tem acompanhado o cenário político brasileiro? Sim, embora não tão de perto. O crescimento do populismo e do fascismo é algo que precisa ser observado e contra-atacado cuidadosamente, não só no Brasil como também nos EUA e aqui na Europa.
https://www.instagram.com/p/Be5y-9Shr3o/
O que você conhece de música brasileira (Sepultura não conta!)? Eu amo a variedade de estilos da música brasileira: Axé, samba, bossa nova e, claro, o funk carioca, sons feitos com alma e cheios de vida!
https://www.instagram.com/p/BaQJfCvhhRW/
Essa é uma pergunta de fã: Por favor, quando vocês virão ao Brasil?? Oh, eu espero um dia conseguir!
https://www.instagram.com/p/BaCul4chAf_/
Deixe uma mensagem final aos fãs brasileiros. Obrigado pela oportunidade, ótimas perguntas, me diverti muito respondendo! KMFDM TE AMA (frase final também em bom português) !
https://www.instagram.com/p/BZjaVLzHrpJ/
BATE BOLA JOGO RÁPIDO:
Cor favorita: PRETO, hahahaha!
Filmes favoritos: Difícil, essa resposta muda o tempo inteiro… hoje eu assisti Café society do Woody Allen e adorei! Apocalypto do Mel Gibson também é um dos meus favoritos. Sem destino eu já vi umas vinte vezes e Ex-Machina: Instinto artificial é maravilhoso também, Alicia Vikander é uma das minhas atrizes favoritas.
Disco favorito do KMFDM: O mais novo, sempre!
Prefere estúdio ou tocar ao vivo? Cada qual a seu tempo!
Coisas que gosto: Extremos
Coisas que odeio: Extremos
“Arte” para mim significa: Ser independente; do contrário, não seria arte!
Cultura Pop
Urgente!: E agora sem o Ozzy?

Todo mundo que um dia se sentiu meio estranho e ouviu Ozzy Osbourne na hora certa, foi levado para um universo bem melhor, e para sempre. Tudo começou com uma banda, o Black Sabbath, que já era um verdadeiro errado que deu certo – um ET musical que fazia som pesado quando mal havia o termo “heavy metal” e que falava de terror na ressaca do sonho hippie. E prosseguiu com a lenda de um sujeito que gravou álbuns clássicos como Blizzard of Ozz (1980), Diary of a madman (1981) e No more tears (1991) – eram quase como filmes.
Ozzy pode ser definido como um cara de sorte – e também como um cara que abusou MUITO da sorte, mas pula essa parte. A depender daqueles progressivos anos 1970, não havia muito o que explicasse o futuro de Ozzy Osbourne na música. Em várias entrevistas, Ozzy já disse que não sabia tocar nenhum instrumento quando começou – na verdade nunca nem chegou a aprender a tocar nada. Tinha a seu favor uma baita voz (mesmo não ganhando reconhecimento algum da crítica por isso, Ozzy sempre foi um grande cantor), um baita carisma, ouvido musical e a disposição para encarnar o estranho e o inesperado no palco em todos os shows que fazia.
Imortalizada em livros como a autobiografia Eu sou Ozzy, a história de Ozzy Osbourne é um daqueles momentos em que a realidade pode ser mais desafiadora que a ficção. Afinal, quem poderia imaginar que um garoto da classe trabalhadora britânica se tornaria o que se tornou? Talvez tenha sido até por causa das dificuldades, que também moveram vários futuros rockstars ingleses da época – ou pelo fato de que o rock e a música pop do fim dos anos 1960 ainda eram quase mato, universos a serem desbravados, com poucos parâmetros. Seja como for, se hoje há artistas de rock que se dedicam a discos e a projetos que parecem ter saído da cabeça de algum roteirista bastante criativo, Ozzy teve muita culpa nisso.
Fora as vezes que o vi no palco, estive frente a frente com Ozzy apenas uma vez, numa coletiva de imprensa do Black Sabbath – da qual Tony Iommi não participou, por estar se recuperando de uma cirurgia (havia tido um câncer). Seja lá o que Ozzy pensasse da vida ou de si próprio, me chamou a atenção o clima de quase aconchego da sala de entrevistas (acho que era no hotel Fasano): um lugar pequeno, com ele e Geezer Butler (baixista) bem próximos dos repórteres. Que por sinal não eram inúmeros.
Já havia feito entrevistas internacionais antes mas nunca imaginei estar tão perto de uma lenda do rock que eu ouvia desde os doze anos. Fiz uma pergunta, ele respondeu, e eu, que sempre fiquei nervoso em entrevistas (imagina numa coletiva com o Black Sabbath!) voltei pra casa como se tivesse ido cobrir um buraco que apareceu numa rua no Centro. Não que não tenha me dedicado à pauta, mas era o Ozzy e eu estava… numa tranquilidade inimaginável.
Ozzy também já me deu uma entrevista por e-mail, em 2008, em que reafirmou sua adoração por Max Cavalera, disse que não tinha ideia se a série The Osbournes havia levado seu nome a um novo público, e reclamou da MTV, “que virou uma versão adulta da Nickelodeon”. Também disse que nunca diria nunca a seus então ex-companheiros do Black Sabbath (“nos falamos por telefone e quando as agendas permitem, nos encontramos”).
Nesse papo, Ozzy só se irritou quando fiz uma pergunta que envolvia o Iron Maiden, que tinha passado recentemente pelo Brasil, ou estaria vindo – não lembro mais. “Bom, não sei te responder, pergunta pro Iron Maiden!”, disse, em letras garrafais (todas as respostas foram em caixa alta). Lembro que ri sozinho e fui bater a matéria.
Até hoje só acredito que isso tudo aí aconteceu (e não é nada perto do que uns colegas viveram com Ozzy e o Black Sabbath) porque vi as matérias impressas. Mas acho que antes de tudo, consegui humanizar na minha mente um cara que eu ouvia desde criança. Ozzy era de carne e osso, respondia perguntas, tinha lá seus momentos de irritação e, enfim, mesmo tendo o fim que todo mundo vai ter, viveu bem mais do que muita gente. E mudou vidas.
Texto: Ricardo Schott – Foto: Divulgação
Crítica
Ouvimos: Justin Bieber – “Swag”

RESENHA: Swag, novo disco-surpresa de Justin Bieber, mistura lo-fi, trap e synth pop com vibe indie e desleixo calculado. Musicalmente rico, mas com letras rasas.
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Justin Bieber opera hoje num universo de, vamos dizer assim, venda fácil e compreensão difícil. Ser um cantor branco de r&b significa basicamente que você vai ter que fazer shows, gravar discos e existir no show business, de modo geral, no limite da polêmica. Afinal, tanto r&b quanto rap são áreas de artistas negros, ligadas a um histórico que se estende ao soul, e a vivências pessoais – e o mundo mudou o suficiente para que o mercado quase entenda o peso de certas coisas.
Por quase entenda, leia-se que, na maioria dos casos, tudo pode ser resolvido por uns posts nas redes sociais e uma tour pelos lugares certos, com as pessoas corretas. Mas pra piorar um pouco, nos últimos tempos, Justin andava brotando mais no noticiário de fofoca do que nos cadernos de cultura. As notícias eram sobre cancelamentos de shows, brigas com a mulher Hailey, relacionamentos supostamente mais do que íntimos com o rapper P. Diddy e supostos abusos de substâncias.
E, bom, o que faz um astro como Justin Bieber numa hora dessas? Para calar a boca de uma renca de gente durante um bom tempo, ele simplesmente lança um disco novo do mais absoluto nada – e este disco é Swag, uma epopéia de quase uma hora, com 21 faixas. E antes de mais nada, Swag consegue colocar de vez Justin numa espécie de “espírito do tempo” pop no qual artistas como Taylor Swift, Rihanna, Beyoncé e Miley Cyrus já se encontram há um bom tempo.
Esse tal (hum) zeitgeist significa que tais artistas – seguindo uma linhagem que inclui de Beatles a Marvin Gaye – decidiram se libertar de amarras para fazerem o que bem entendem. Ou seja: discos de protesto, álbuns com design musical troncho, feats que os fãs vão estranhar, projetos com produtores pino-solto, singles com referências que o fã-clube vai ter que buscar no Google, lançamentos com fotos de divulgação distorcidas – ou capas no estilo meu-sobrinho-fez.
De modo geral, são artistas que podem se dar ao luxo de perder alguns fãs, em nome de verem seus álbuns se tornarem (vá lá) pretensos barômetros do nosso tempo, ou pelo menos crônicas pessoais-autoficcionais. Alguns exemplos: Brat, de Charli XCX, trouxe a zoeira da noite de volta. Hit me hard and soft, de Billie Eilish, foi importante na onda de música sáfica. GNX, de Kendick Lamar, explora misérias existenciais e brigas no showbusiness. Vai por aí. Fazer disco com “desencucação” virou, mais do que nunca, coisa de roqueiro – aposto que você se divertiu muito com Cartoon darkness, de Amyl and The Sniffers, e ficou assustado/assustada com as teorias geradas por Brat.
Se a essa altura do meu texto você já está prestes a desistir de ler, por eu ainda não ter dito se Swag vale seu tempo precioso, aqui vai: vale, e muito. Justin já vinha de uma tradição de álbuns ligadíssimos na atualidade – o melhor deles é Purpose, de 2015. Swag tem um subtexto de “libertação”, já que Bieber acaba de dar adeus a seu empresário de vários anos, Scooter Braun (um adeus que vai lhe custar mais de 30 milhões de dólares, por sinal). E traz o cantor investindo em climas lo-fi, sons texturizados, vibes derretidas e muita coisa que virou moda de uma hora para a outra.
O G1 disse que Swag é um disco chato. Eu discordo bastante, mas o The Guardian chegou perto da realidade ao dizer que as letras prejudicam o novo álbum – de fato, a poética de Swag tem a profundidade de um pires. Já musicalmente, a diversão é garantida até para quem nunca ouviu nada do cantor. Bieber e sua turma de produtores e parceiros transformam trap e sons lo-fi em pop adulto, em faixas muito bem feitas e bem acabadas, como All I can take, a estilingada Daisies, o bedroom pop Yukon e a viajante Go baby.
O design musical de Swag é minimalista, e boa parte das músicas têm aquele clima de desleixo estudado do indie pop atual. Things you do tem guitarras decalcadas do The Police e silêncios entre vozes e sons, Butterflies é uma gravação quase caseira que vai crescendo, e faixas como First place, Way it is, Sweet spot e Walking away unem synth pop, modernidades, sons derretidos e tentativas de emular Michael Jackson.
Já Dadz love, com o rapper Lil B, evoca Prince, com tecladeira dos anos 1980 e texturas de 2025. A vibe dos Rolling Stones, e das voltas do grupo britânico em torno do soul e do r&b, dáo as caras em Devotion e na vinheta Glory voice memo. Uma curiosidade é o trap da faixa-título, com participações de Cash Cobain e Eddie Benjamin, e um verso proscrito sobre cocaína (“seu corpo não precisa / de nenhuma linha prateada”) que aparentemente só o Spotify transcreveu.
Vale dizer que, tentando tomar de volta o controle da própria narrativa, Justin derrapa feíssimo ao decidir colocar em Swag três diálogos com o comediante negro norte-americano Druski. Num deles, o humorista diz a ele que “sua pele é branca, mas sua alma é negra, Justin” (o cantor só responde um “obrigado” desajeitado) – em outro, o assunto inclui paparazzi e redes sociais. No final, quem ouve o disco inteiro é “premiado” com a estranhíssima presença do cantor gospel Mavin Winans ocupando sozinho a última música – o cântico religioso Forgiveness.
Enfim, é Bieber buscando legitimidade para o autoperdão e para a própria carreira de cantor branco de r&b – e mandando recados de maneira tão desajeitada que Swag, um excelente disco, quase rola escada abaixo. Swag não resolve todas as questões em torno de Justin Bieber – mas quando acerta, lembra que, às vezes, é melhor fazer do que explicar.
Texto: Ricardo Schott
Nota: 8,5
Gravadora: Def Jam
Lançamento: 11 de julho de 2025
Cultura Pop
Urgente!: Nova do Hot Chip, “DVD” do Oasis em Cardiff, The Rapture de volta com turnê

RESUMO: Hot Chip (foto) anuncia coletânea e lança single e clipe. Fã produz vídeo do primeiro show do Oasis em Cardiff só com imagens feitas por fãs. The Rapture anuncia turnê pelos Estados Unidos e Canadá.
Texto: Ricardo Schott – Foto Hot Chip: Louise Mason/Divulgação
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Vai sair pela primeira vez uma coletânea do Hot Chip, Joy in repetition, prevista para 5 de setembro. Vale até a pergunta que muita gente já se fez: qual a importância de coletâneas nessa época de playlists e aplicativos de música com poucas infos? Bom, a importância de uma boa coletânea de hits é enorme, vale por uma setlist bem montada e pode contar uma história. E elas eram as playlist de duas décadas atrás.
No caso de Joy, ela traça o caminho do Hot Chip do tempo dos cachês baixos até a época em que jornais como The Guardian já estavam classificando Alexis Taylor, Joe Goddard, Owen Clarke, Al Doyle e Felix Martin como o maior grupo pop de seu tempo. E entre hits como Ready for the floor, I feel better e Look at where we are, ainda tem uma música nova de altíssimas proporções de grude: Devotion, já lançada em single, que é uma mescla de pop adulto, eletrônica psicodélica e futuro hit de pista, com clipe gravado no Japão.
Taylor rasga seda: Devotion é “uma celebração da devoção a este projeto coletivo”. E ele ainda faz um baita elogio ao colega Joe Goddard: “Penso no Joe como alguém parecido com o Brian Wilson, com uma dedicação enorme em descobrir como criar a música pop mais incrível possível”. Errado não está.
***
Alguém com (felizmente, não estamos julgando) muito tempo livre pegou varias imagens diferentes do primeiro show do Oasis em Cardiff, feitas por fãs da banda, e compilou um (digamos) DVD do show.
O registro tá o mais fiel possivel, apesar das imagens à distância e do som nem sempre maravilhoso – vale como um belo bootleg das antigas. Tem ate o som da fitinha de Fuckin in the bushes na abertura, e a voz do apresentador do show. Detalhe: quem botou o video no ar tentou se livrar de problemas avisando que o video nao é monetizado. Pode ser que não ganhe strike do YouTube. “É de um fã apenas para fãs”, avisa.
***
E ainda Oasis: vale ler o texto de Liv Brandão, fera do jornalismo musical brasileiro recente, sobre como a setlist do show do Oasis não foi apenas uma setlist. Foi uma aula de storytelling daquelas – como numa (olha aí) coletânea daquelas que vinham com textos contextualizando tudo.
“Muito se falou da escolha das canções, que privilegia os dois primeiros álbuns, como se só eles importassem (…). Mas tão especial quanto a seleção das 24 músicas que compõem o set, idêntico nos dois dias, é a ordem em que elas aparecem, montada para contar a história de quando o Oasis foi a maior banda do mundo – justamente na época desses discos – e tudo o que aconteceu desde então”. Leia o restante na newsletter dela
***
Banda importante do dance punk dos anos 2000, The Rapture voltou, mas não há ainda nenhuma novidade a respeito de disco novo – nem de shows no Brasil, já avisamos. Na real, esse grupo novaiorquino já está de volta desde 2019, com o cantor Luke Jenner como único membro fixo, mas não havia retornado de fato. Fizeram alguns shows, mas pararam as atividades por conta da pandemia, e foi só. Dessa vez, o grupo tem uma turnê de verdade pela frente, que começa dia 16 de setembro no mitológico First Avenue, em Minneapolis, e passa por várias cidades dos EUA e Canadá até novembro.
“Anos atrás, quando me afastei da banda, eu precisava de tempo e espaço para reconstruir minha vida”, conta Jenner sobre a volta, sem comentar diretamente sobre as brigas intermináveis que a banda tinha lá por 2014. “Eu precisava consertar meu casamento, estar presente para meu filho e, por fim, trabalhar em mim mesmo. Esta turnê marca um novo capítulo para mim, moldado por tudo o que vivi e aprendi ao longo do caminho. Conquistei tudo o que esperava alcançar através da música e agora posso usá-la para ajudar qualquer pessoa que talvez precise, como eu precisei naquela época”.
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