Cinema
Relembrando Linda Blair e Rick James

Tem quem não lembre disso, mas Linda Blair não fez só a assustadora menina possuída de “O exorcista”. Viveu outros dramas em outros filmes feitos para a TV, como “Inocência ultrajada” (1974, no qual fazia uma adolescente que ia presa) e “Drama de uma adolescente” (1975, no qual caía no álcool antes de completar 18 anos).
Em 1979, o chororô acabava: Linda botava patins e vivia no filme “Roller boogie” uma menina que, com o namorado, lutava para manter aberto um rinque de patinação. Esse filme (em que a atriz fazia todas as cenas de patinação sem dublê) fez relativo sucesso, passou no Brasil e chegou a virar atração comum da “Sessão da tarde” em algumas ocasiões. Só que – e aí vai um trocadilho horroroso – a carreira de Linda vinha patinando havia tempos. De qualquer jeito a atriz continuou fazendo tudo o que aparecesse, desde a continuação de “O exorcista” (a indesejável “O exorcista II – O herege”, de 1977, da qual o diretor William Friedkin tentou escapar, mas um contrato o obrigou) até a paródia da série de filmes, “A repossuída”, com Leslie Nielsen (1990). Também fez produções em que chutava para longe a imagem de menininha, como “Correntes do inferno” (1983).
E durante dois anos, entre 1982 e 1983, Linda fez, a seu modo, parte da história da música pop graças a um namoro com ninguém menos que Rick James, rei da mistura entre rock e funk, influenciador de toda uma galera que mexia com Miami-bass (origem do funk carioca). Desde 1978 James vinha gravando uma série de discos para o selo Gordy, da Motown, e fazia bastante sucesso. Quando o casal se uniu, começaram a pipocar fotos dos dois nos tabloides, já que Rick fazia sucesso e Linda ainda estava muito presente na mídia. Em 1983, se você não se lembra, Rick lançou até uma música em homanegam a Linda, “Cold blooded”. Olha aí.
Rick era um ser humano repleto de histórias complicadas. Nos anos 60 chegou a morar no Canadá e a tocar numa banda chamada Mynah Birds, de cuja formação fazia parte ninguém menos que Neil Young. O grupo tinha contrato assinado com a Motown e estava gravando um disco, quando a polícia apareceu e levou James – que era desertor da marinha americana e ninguém sabia. No fim dos anos 1960, ficou brother do “cabeleireiro das estrelas”, Jay Sebring, que pretendia investir em sua carreira musical. No dia 8 de agosto de 1969, Sebring convidou James e sua namorada para uma festa na casa de uma amiga, a atriz Sharon Tate, dizendo que o amigo “não poderia perder”.
James lembrou em sua autobiografia “Glow”, escrita com David Ritz, que nem ele nem a namorada acabaram indo a festa alguma. Sorte deles: naquela noite, os pupilos do maníaco Charles Manson passaram na casa que Sharon dividia com o marido, o diretor Roman Polanski, e assassinaram todo mundo que estava lá.
Para piorar, em 1981 um ingrediente explosivo entrava na vida bizarra de James, a cocaína. James chegou a fazer músicas em que falava claramente ou não tanto sobre drogas, como o hit “Superfreak” e “Give it to me baby”. O nível de maluquice aumentou – em “Glow” ele contou que chegou a pedir conselhos a um ex-viciado famoso, Ray Charles, sobre como deixar as drogas (e ouviu dele algo como: “Não sei o que dizer. Tive todos os meus grandes hits quando estava doidão”). Foi nesse clima que ele estava quando passou a namorar com Linda. O namoro começou bem, mas Linda acabou saindo fora, assustada com os hábitos cocainômanos do namorado.
O assunto ocupa alguns minutos do documentário “I’m Rick James”, lançado há alguns anos. Linda, num programa de rádio chamado Sway In The Morning, chegou a lembrar o começo do namoro. Em 1982 não havia Instagram, nem Tinder nem Facebook, e quando um famoso queria conhecer outro, só dando a sorte de estar no mesmo lugar que ele, ou mandando recados em entrevistas e torcer para o destinatário ficar sabendo. Linda era fã de James, e deu uma entrevista falando que o cantor era o “homem mais sexy do mundo”. Um dia o astro conseguiu seu telefone e ligou. E tudo começou. “Ele era uma pessoa incrível. Muita gente não tinha noção do quanto ele era engraçado, e montes de comediantes estavam em volta dele”, contou Linda.
Cinema
Ouvimos: Lady Gaga, “Harlequin”

- Harlequin é um disco de “pop vintage”, voltado para peças musicais antigas ligadas ao jazz, lançado por Lady Gaga. É um disco que serve como complemento ao filme Coringa: Loucura a dois, no qual ela interpreta a personagem Harley Quinn.
- Para a cantora, fazer o disco foi um sinal de que ela não havia terminado seu relacionamento com a personagem. “Quando terminamos o filme, eu não tinha terminado com ela. Porque eu não terminei com ela, eu fiz Harlequin”, disse. Por acaso, é o primeiro disco ligado ao jazz feito por ela sem a presença do cantor Tony Bennett (1926-2023), mas ela afirmou que o sentiu próximo durante toda a gravação.
Lady Gaga é o nome recente da música pop que conseguiu mais pontos na prova para “artista completo” (aquela coisa do dança, canta, compõe, sapateia, atua etc). E ainda fez isso mostrando para todo mundo que realmente sabe cantar, já que sua concepção de jazz, voltada para a magia das big bands, rendeu discos com Tony Bennett, vários shows, uma temporada em Las Vegas. Nos últimos tempos, ainda que Chromatica, seu último disco pop (2020) tenha rendido hits, quem não é 100% seguidor de Gaga tem tido até mais encontros com esse lado “adulto” da cantora.
A Gaga de Harlequin é a Stefani Joanne Germanotta (nome verdadeiro dela, você deve saber) que estudou piano e atuação na adolescência. E a cantora preparada para agradar ouvintes de jazz interessados em grandes canções, e que dispensam misturas com outros estilos. Uma turminha bem específica e, vá lá, potencialmente mais velha que a turma que é fã de hits como Poker face, ou das saladas rítmicas e sonoras que o jazz tem se tornado nos últimos anos.
O disco funciona como um complemento a ao filme Coringa: Loucura a dois da mesma forma que I’m breathless, álbum de Madonna de 1990, complementava o filme Dick Tracy. Mas é incrível que com sua aventura jazzística, Gaga soe com mais cara de “tá vendo? Mais um território conquistado!” do que acontecia no caso de Madonna.
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O repertório de Harlequin, mesmo extremamente bem cantado, soa mais como um souvenir do filme do que como um álbum original de Gaga, já que boa parte do repertório é de covers, e não necessariamente de músicas pouco conhecidas: Smile, Happy, World on a string, (They long to be) Close to you e If my friends could see me now já foram mais do que regravadas ao longo de vários anos e estão lá.
De inéditas, tem Folie à deux e Happy mistake, que inacreditavelmente soam como covers diante do restante. Vale dizer que Gaga e seu arranjador Michael Polansky deram uma de Carlos Imperial e ganharam créditos de co-autores pelo retrabalho em quatro das treze faixas – até mesmo no tradicional When the saints go marching in.
Michael Cragg, no periódico The Guardian, foi bem mais maldoso com o álbum do que ele merece, dizendo que “há um cheiro forte de banda de big band do The X Factor que é difícil mudar”. Mas é por aí. Tá longe de ser um disco ruim, mas ao mesmo tempo é mais uma brincadeirinha feita por uma cantora profissional do que um caminho a ser seguido.
Nota: 7
Gravadora: Interscope.
Agenda
Rock Horror Film Festival: cinema de terror em setembro no Rio

O Rock Horror Film Festival, festival carioca de filmes de terror, está de volta na praça – e vai rolar de 19 de setembro a 02 de outubro no Cinesystem de Botafogo (Zona Sul do Rio). Dessa vez, o evento vai trazer uma seleção de mais de 50 filmes de 17 países em seis categorias: Longas Sinistros, Médias Bizarros, Docs Estranhos, Curtas Macabros, Brasil Assombrado e Pílulas de Medo.
O objetivo do festival é unir terror, cultura pop e rock, e juntar os públicos das três coisas. Entre os filmes selecionados, há produções como The history of the metal and the horror, documentário de Mike Schiff repleto de nomões do som pesado (EUA), Tales of babylon, de Pelayo de Lario (Reino Unido), The Quantum Devil, de Larry Wade Carrell (EUA). Há também Death link, dirigido por David Lipper (EUA), com um time de astros e estrelas que inclui Jessica Belkin (Pretty little liars), Riker Lynch (Glee), David Lipper (Full House) e outros.
O evento também vai ter mesas redondas com diretores, atores e outros profissionais da indústria para o público do festival, comandadas pela criadora do Rock Horror Film Festival, Chrys Rochat (Sin Fronteras Filmes), e que vão rolar no hall do Cinesystem. Entre os convidados já estão confirmados diretores da Polônia, EUA, Canadá e Brasil. Happy hours cinéfilas, shows de rock e oficinas estão no programa também, além da exibição de um filme inédito no Brasil na abertura.
Lista completa dos filmes que participarão da edição no site do festival: www.
Agenda
Parayba Rock Fest: filme que será exibido no evento relembra história de fotógrafo morto por covid

Marcado para este domingo (28) na Areninha Cultural Hermeto Pascoal (Lona Cultural de Bangu, na Zona Oeste do Rio de Janeiro), o Parayba Rock Fest, do qual você ficou sabendo aqui, vai ter shows, DJs, exposições e várias outras atrações. E Michael Meneses, criador do selo Parayba Records e realizador da festa (que também comemora seus 50 anos de idade), vai exibir seu primeiro filme, Ver + – Uma luz chamada Marcus Vini. Michael, que é fotógrafo e professor de fotografia, iniciou o filme como trabalho de conclusão de curso de sua faculdade de Cinema.
“O que eu vou exibir no evento são os 50 minutos que já estão prontos do filme e que apareceram na apresentação do meu TCC. Ainda estou inclusive fazendo pesquisas para ele”, conta Michael, que com o filme, homenageia Marcus Vini, seu melhor amigo (“o irmão homem que eu não tive”, conta), morto por covid. Marcus era fotógrafo e, como Michael, foi professor universitário e cobriu festivais de música como o Rock In Rio.
“Marcus contraiu covid naquela época mais braba da doença, e morreu no dia em que ele deveria estar tomando a primeira dose”, lembra Michael. “Ele foi fotojornalista e curiosamente fazia aniversário no dia 19 de agosto, que é o Dia Mundial da Fotografia. E só soube disso depois que virou fotógrafo. Ele inclusive fez uma foto super importante numa enchente, que foi publicada no jornal Le Monde. A ideia do filme é focalizar o lado humanitário dele, um cara que estava sempre pensando em fazer doação de alimentos, coordenou um curso de fotografia em Madureira (Zona Norte do Rio)“. Antes do evento de Michael, o filme foi exibido também em lugares como a livraria carioca Belle Epoque.
O Pop Fantasma é um dos apoiadores do evento, ao lado de uma turma enorme. Para saber mais e comprar seu ingresso, confira o serviço abaixo.
SERVIÇO:
SHOWS COM AS BANDAS:
Netinhos de Dna Lazara, Benkens, NoSunnyDayz, New Day Rising (NDR) e Welcome To Tenda Spírita.
ALÉM DOS SHOWS:
Exibição do Documentário: VER+ – Uma Luz Chamada Marcus Vini – Direção: Michael Meneses
DJs: Explica e Chorão 3
Expo de fotos dos fotógrafos da Rock Press
Feira Cultural com: Disco de vinil, CDs, DVDs, roupas, livros, fanzines, artesanato, acessórios de moda rock, cultura geek e muito mais
Gastronomia Vegana: Vegazô – A Feira Vegana da Zona Oeste/RJ
DATA: 28 de julho 2024, às 14h.
LOCAL: Areninha Cultural Hermeto Pascoal – Praça 1 de Maio S/N – Bangu/RJ
INGRESSOS: antecipados aqui, na bilheteria da Areninha e na loja Requiem (Camelódromo de Campo Grande).
Foto: reprodução Instagram
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