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Lançamentos

Radar: Olivia Yells, Marrakesh, Julieta Social, Jonas Sá, Hoze, Rashid, Belchior

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Radar: Olivia Yells, Marrakesh, Julieta Social, Jonas Sá, Hoze, Rashid, Belchior

O Radar do Pop Fantasma, em suas versões nacional e internacional, aposta sempre na mistura de estilos, gerações e proximidades do mainstream. Dessa vez, não estranhe se, ao lado de nomes como Olivia Yells e Julieta Social, houver um nome histórico da MPB – que acaba de ter um vídeo antigo e raro revelado no YouTube. Clipes ótimos, músicas novas e um futuro clássico do rap nacional (a nova de Rashid) brotam hoje por aqui.

Texto: Ricardo Schott – Foto (Olivia Yells): Maju Thome/Divulgação

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OLIVIA YELLS, “DUMB”. “Essa música fala sobre essa ferida de ter internalizado que eu era burra. Eu sempre estive cercada por pessoas que queriam me ensinar tudo, que me colocavam nesse lugar de quem não sabe nada. E essas pessoas, no fim das contas, sempre foram homens”, conta Olivia Yells, sobre seu novo single, Dumb, que usa peso de verdade para voltar ao passado e falar dos momentos em que ela foi inferiorizada por pessoas que estavam à sua volta.

Maju Tohme, que dirigiu o clipe da faixa, focalizou Olivia sozinha no espaço de gravação, fazendo da letra um monólogo e uma performance pessoal, em que versos como “a dor não é a mesma / quando você é preenchida com amor” simbolizam a contradições, falsidades e questões abordadas pela letra.

MARRAKESH, “BRINCOS” (AO VIVO). Nem bem sai o novo disco do Marrakesh (resenhado pela gente aqui), e a banda já lança uma excelente live session com cinco faixas do álbum, tudo gravado no Macro Bar e Pista, em Curitiba. Destaque para a abertura do set, com Brincos, uma das melhores e mais intensas faixas do novo álbum – e também para a coloração azul ciano do cenário (a cor faz parte da nova identidade visual do grupo, e dá um tom mais calmo e meditativo para o repertório).

JULIETA SOCIAL, “NUVEM NUA”. Depois da estreia com o single Casos de Colômbia, a banda-coletivo paulistano Julieta Social volta com música nova. E Nuvem nua é um single calmo, introspectivo, com inspiração no som do Khruangbin, na poesia de Carlos Drummond de Andrade e no surrealismo. A textura das guitarras é psicodélica, o som parece meio “gasto” como numa gravação encontrada numa fita K7, a musicalidade remete tanto a MPB quanto ao post-rock. “É um som que, de perto, parece uma coisa. De longe, é outra. Algo surreal, cru, como uma nuvem no ar”, explica-confunde o baterista Rodrigo Bastos.

JONAS SÁ, “DEUS”. Cantor e compositor com um trabalho tão pop quanto desafiador, Jonas Sá não gravava desde 2018, quando saiu seu último álbum, Puber. Dessa vez, ele se prepara para lançar _MNSTR_, que sai nesse mês pelo selo Risco – e abre os trabalhos com Deus, um gospel animado que mistura referências tanto de Beck (o disco Midnite vultures) quanto de David Bowie (o álbum Young americans), além de Beatles – e tem ainda um Elvis Presley escondido ali no arranjo. Mario Caldato Jr (Beastie Boys, Planet Hemp) fez a mixagem.

HOZE, “PLÁSTICO”. “Acho que todos os sorrisos têm algo a esconder / medo, desejo ou algo pra te vender”, canta a banda Hoze, de Campinas (SP), que mescla punk rock e vibes brasileiras, e costuma chamar seu estilo de brasadelic. E Plástico, o novo single – que já chega com clipe – fala de um universo em que a falsidade toma conta e as pessoas não são de carne e osso: elas são de plástico, não estão dispostas a falar a verdade, e sempre têm algo a tirar de você. Para lançar a faixa, o grupo promoveu uma ação de coleta de lixo plástico pelas ruas de Campinas, transformando o material recolhido em peças de arte feitas por artistas plásticos da cidade.

RASHID, “CONVERSAS QUE NUNCA TIVEMOS”. Esse single lançado de surpresa pelo rapper conta uma história triste, grave e real envolvendo seu relacionamento com seu pai – e falando também sobre os históricos familiares que, muitas vezes, carregamos para a frente sem perceber.

Na letra, Rashid começa falando sobre quando descobriu que o pai, uma figura ausente em sua vida, estava em coma. Prossegue lembrando histórias, e falando sobre raiva e perdão. “É sobre o que fica quando um ciclo se fecha e sobre o turbilhão de emoções que vem para ocupar o lugar do que não foi dito. Se essa faixa te abraçar de algum jeito, já valeu”, conta o rapper.

BELCHIOR, “DO MAR, DO CÉU, DO CAMPO”. O canal Videoteca do Jota recuperou um clipe de Belchior feito em 1983 – segundo o canal, a produção foi feita pela Warner, gravadora do cantor na época – para essa música do disco Paraíso (1982). É um daqueles típicos clipes que o Fantástico fazia nos anos 1980, com situações surreais e um corpo de baile protagonizando. Bancando o professor de escola, Belchior canta a letra da canção na frente de um quadro-negro, enquanto uma turma de alunos dança (!) e joga bolinhas de papel no cantor e numa suposta inspetora-diretora que visita a classe. E Do mar, do céu, do campo é uma espécie de clássico pop-latino-concretista, um verdadeiro lado-B de peso na obra do cearense. Ouça e veja correndo.

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Radar: Lights, Peach Blush, Julie Neff, Visceral Design, Schramm

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Foto (Lights): Warwick Hughes / Divulgação

Tem sons cintilantes, dramáticos, densos e pesados no Radar internacional de hoje, com a variedade de sempre – abrindo com o relançamento do disco de Lights, cantora australiana de eletropop, que surge com uma música nova. Ouça e passe pra frente!

Texto: Ricardo Schott – Foto (Lights): Warwick Hughes / Divulgação

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LIGHTS, “LEARNING TO LET GO”. Com uma turnê pronta para começar em fevereiro de 2026 em Edmonton, na Austrália, e seguindo Estados Unidos adentro, a cantora australiana Lights lança em 30 de janeiro a versão estendida de seu álbum A6. Com um som voltado para o eletropop, ela acaba de lançar a faixa Learning to let go, que vai estar na versão deluxe e também acaba de ganhar clipe, dirigida por ela própria.

“Essa música trata essencialmente da transformação emocional. “A forma como nossa percepção de algo pode mudar dependendo do nosso estado de espírito ou de experiências passadas, a ponto de ser difícil enxergar a realidade em uma situação e inferir a verdade. Às vezes, nosso único caminho a seguir é aprender a deixar ir”, conta ela.

PEACH BLUSH, “ERADICATION OF THE MIND”. Noise rock e pós-hardcore da pesada (e da – literalmente – quebrada, no que diz respeito a ritmos), vindo de Little Rock, Arkansas. O grupo é formado por veteranos da região, que são fãs de bandas clássicas como Hüsker Dü, Dinosaur Jr. e Mission of Burma.

No novo EP, Eradication of the mind, o grupo investe em três faixas que se impõem pelo ritmo feroz e pela intensidade nos vocais e arranjos – a faixa-título é a cara do brain rot, com versos como “observações: a comunicação está lenta / o tempo corroeu seu cérebro / você não é mais o mesmo, apenas uma casca de gênio que envelheceu / a erradicação da sua mente está cobrando seu preço”. O disco, lançado pelo selo Sunday Drive Records, é definido por eles como “uma onda de punk rápido e experimental, com temas de decadência e distorção”. E é mesmo.

JULIE NEFF, “FINE!?” (CLIPE). Uma canadense com fortes laços com o Brasil. O álbum de estreia de Julie Neff, previsto para o ano que vem, tem produção da brasileira Cris Botarelli (Far From Alaska, Ego Kill Talent, Swave). Fine!?, faixa com uma sonoridade que cruza o blues e o pop, e que aborda o esforço de fingir que está bem enquanto se enfrenta uma crise de depressão e ansiedade, já havia aparecido aqui no Radar – e dessa vez retorna para o lançamento do clipe da canção, que foi filmado em São Paulo, com direção de Jader Chahine, e tem bastante inspiração no vídeo de Send my love, de Adèle.

“Para o clipe, eu quis incorporar elementos dourados e referências do Kintsugi presentes na capa, mas com um visual mais dramático. A ideia é que você pode usar toda a maquiagem ou roupas sofisticadas que quiser, mas isso não apaga a dor que está acontecendo internamente”, conta Julie.

VISCERAL DESIGN, “GIVE IT TIME”. Projeto dividido entre EUA, Inglaterra e França, criado pelo músico Tyler Kaufman, o Visceral Design faz pop eletrônico com clima denso e meio deprê. Give it time, novo single, traz as perspectivas de um ex-casal sobre o fim do relacionamento de longa data que unia os dois – os versos trazem frases de ambos, abrindo com a perspectiva da mulher, e partindo para as visões do homem. A mensagem é de superação (“seguimos em frente sem parar”), mesmo com a tristeza.

SCHRAMM, “DON’T CALL ME”. Projeto de um alemão só, o Schramm (é justamente o nome do cara) é definido por ele de forma bem interessante: “Eu escrevo músicas muito divertidas e um pouco tristes em inglês e alemão. Eu chamo de indie rock lo-fi e energético com influências de pós-punk e new wave, mas muito bom. Algumas pessoas chamaram de ‘nova new wave alemã’, mas na verdade não é muito alemão. E também não é muito ‘neu’, mas é muito legal”. Seja lá que definição você queira dar, o pós-punk viajante e deprê do single Don’t call me, com recordações de Japan e The Cure, é realmente muito legal – e o EP novo do Schramm, Something smelling funny, sai em fevereiro.

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Crítica

Ouvimos: Buckingham Nicks – “Buckingham Nicks” (relançamento)

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Buckingham Nicks ressurge como pérola do soft rock setentista: um disco intenso, country-rock e pré-Fleetwood Mac, cheio de tensão, charme e ótimas canções.

RESENHA: Buckingham Nicks ressurge como pérola do soft rock setentista: um disco intenso, country-rock e pré-Fleetwood Mac, cheio de tensão, charme e ótimas canções.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 8,5
Gravadora: Rhino Records
Lançamento: 19 de setembro de 2025

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Daria até para dizer que Buckingham Nicks, único disco do casal Lindsey Buckingham e Stevie Nicks, lançado em 1973 – dois anos antes da dupla se juntar ao Fleetwood Mac – é o típico disco “pouco ouvido e muito falado”. Nem tanto: à medida que o FM ia fazendo sucesso, o álbum ganhava reedições em alguns países durante os anos 1970 e 1980. Nos últimos anos, era bastante baixado na internet e ouvido no YouTube. Só não tinha saído em CD nem estava disponível nas plataformas digitais.

O álbum de Stevie e Lindsey pertence a um limbo dos discos feitos por antigos casais e que hoje habitam uma espécie de cantinho da vergonha – consigo lembrar também do bizarro Two the hard way, gravado pelo então casal Greg Allmann e Cher em 1977, e nunca (nunquinha mesmo) reeditado. A diferença é que se Buckingham Nicks não fosse um puta disco, Mick Fleetwood, baterista e co-fundador do FM, não teria achado nada demais quando um produtor chamado Keith Olsen lhe apresentou à ótima música Frozen love. Em busca de uma liga nova para o grupo, Mick acho que aqueles dois desconhecidos eram a solução (e eram, diga-se).

  • Mais Fleetwood Mac no Pop Fantasma aqui.
  • Recentemente, Madison Cunningham e Andrew Bird regravaram todo o disco Buckingham Nicks como… Cunningham Bird. Resenhamos aqui.

Olsen tinha produzido Buckingham Nicks, lançado sem repercussão alguma pela Polydor em 1973. Mais que isso: foi ele quem conseguiu o contrato com a gravadora, numa época em que ele até hospedava o casal. O som do disco era um soft rock afirmativo e dramático, enraizadíssimo no country, em faixas como Crying in the night, a blues-ballad Crystal, o belo country-rock Long distance runner (marcado pelos vocais fortes de Stevie) e a curiosa Don’t let me down again, que além da referência beatle no título, tem ecos de Get beck, do quarteto de Liverpool.

Um detalhe: se em Rumours, disco de 1977 do Fleetwood Mac, o casal ficava se alfinetando nas músicas, Buckingham Nicks parece igualmente um ótimo espaço para a dupla fazer comentários sobre como andava a vida por aqueles tempos – a vida profissional e a vida íntima. Races are run, balada bittersweet abolerada e folk – na onda de You’ve got a friend, de Carole King – parece uma ode ao fracasso: “corridas são disputadas / algumas pessoas vencem / algumas pessoas sempre têm que perder”.

Provavelmente nem Stevie devia se iludir de que quem mandava ali era o então namorado – ainda que, conversando com Mick Fleetwood, ele exigisse levá-la junto com ele para o Fleetwood Mac, alegando que o casal formava um time de criação. Lindsey ainda protagoniza dois instrumentais (que, na boa, desandam bastante o disco). A balada soft rock Frozen love, que abre com a voz solo de Lindsey, parece um hino de ódio mútuo, que depois ganha uma bela e extensa parte instrumental, com cordas e solos de violão.

Stevie também teve que engolir a exigência da gravadora de que o casal posasse sem roupa (nada explícito) para a foto de capa. Enfim, tempos difíceis, mas o que aguardava o casal – Stevie, em particular – eram períodos bem melhores e de mais autoafirmação.

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Crítica

Ouvimos: Anika, Jim Jarmusch – “Father, mother, sister, brother” (trilha sonora do filme)

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Sai trilha de filme Father, mother, sister, brother, de Jim Jarmusch. As músicas são feitas pelo cineasta com Anika e o material revisita Nico e mistura versões sombrias e ambients estranhos.

RESENHA: Sai trilha de filme Father, mother, sister, brother, de Jim Jarmusch. As músicas são feitas pelo cineasta com Anika e o material revisita Nico e mistura versões sombrias e ambients estranhos.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 7,5
Gravadora: Sacred Bones
Lançamento: 14 de novembro de 2025

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Já anunciado pela plataforma Mubi para estreia em breve no Brasil, Pai, mãe, irmã, irmão, novo filme de Jim Jarmusch tem nomes como Tom Waits, Adam Driver, Mayim Bialik, Charlotte Rampling e Cate Blanchett no elenco, e é repleto de reencontros entre pais, mães e filhos – além de descobertas e recordações estranhas. Uma curiosidade pré-filme (a não ser que você já o tenha baixado da Torrentflix ou Nettorrent, ou o tenha visto na Mostra de Cinema de São Paulo há poucas semanas) é a trilha dele, feita pela cantora e compositora alemã Anika ao lado do próprio diretor.

Aqui mesmo no Pop Fantasma eu cheguei a afirmar que Anika soava como uma filha perdida de Nico e Iggy Pop, só que criada por Lou Reed e tendo Ian Curtis como padrinho. Isso com certeza não passou despercebido a Jim, que conheceu a cantora em 2022, na celebração do 15º aniversário do selo Sacred Bones. O primeiro convite feito a ela foi para que regravasse These days, música tristíssima de Jackson Browne que Nico havia gravado em seu primeiro disco solo, Chelsea girl (1968). Duas versões da mesma música estão no disco – a melhor delas é a “Berlin version”, gravada em Berlim, com Anika acompanhada pelo quarteto de cordas Kaleidoskop.

These days é cheia de versos depressivos, que já dão a entender o clima da “comédia-drama” de Jim (“ultimamente, tenho pensado em como todas as mudanças aconteceram na minha vida / e me pergunto se verei outra estrada”, “por favor, não me confronte com meus fracassos / eu não os esqueci”). Além desse clássico da tristeza musical, a única outra música não-autoral do disco é uma versão do jazz divertido Spooky, imortalizada por Dusty Springfield – a releitura é cevada na experimentação, com voz, baixo, estalar de dedos e teclados.

O restante da trilha de Father, mother, sister, brother (nome original) são momentos sonoros do filme transformados em vinhetas ou faixas instrumentais, com Anika e Jim dividindo teclados e guitarras com efeito. Daí surgem ambients assustadores (as duas versões de Skaters), temas tranquilos (as duas The lake), pura psicodelia (The world in reverse) e sons meditativos (Jet lag, com teclados e cítara). Nem tudo se sustenta longe do filme, mas vale bastante pela referência história a Nico.

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