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Radar: Myoma, Marya Bravo, Pélico e Catto, e mais sons novos nacionais

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Radar: Myoma, Marya Bravo, Pélico e Catto, e mais sons novos nacionais

O Ministério do Pop Fantasma adverte: ouvir sons novos faz muito bem à saúde. O Radar, seção do site que se dedica a separar músicas que estão saindo agora, permanece saudável e vai muito bem, obrigado. Nesta sexta, ele abarca do shoegaze expandido do Myoma ao xote de metrópole de Eugenia Cecchini. Aumenta o som aí.

(Foto Myoma: Divulgação)

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MYOMA, “WARM SAND AND SUNSET”. Lá de São João de Meriti, Baixada Fluminense, vem Myoma — artista solo que funde camadas de shoegaze com pulsos de synthwave e um sol generoso iluminando tudo. Os vocais não se escondem: são abertos, diretos, quase explosivos, num contraste curioso com o costumeiro nevoeiro do gênero. Há também um quê de psicodelia tranquila. O primeiro EP vem aí, fruto de uma inusitada campanha de trocas chamada Da palheta ao disco — do gesto mais simples ao som gravado, uma trilha feita à mão.

MARYA BRAVO, “ETERNO TALVEZ”. “Qual de vocês consegue sustentar uma nota alta?”, perguntou Paul McCartney em 1967, diante de um grupo de fãs dos Beatles no portão da gravadora EMI. Lizzie Bravo, então adolescente brasileira, estava lá, e se candidatou. Entrou no estúdio e eternizou sua voz no coral da faixa Across the universe, dos quatro de Liverpool. Eterno talvez, novo single da filha Marya Bravo (cujo pai é o cantor, compositor e multi-homem Zé Rodrix), herda esse sopro de história, e o embala num clima de jazz e trip hop — onde cada nota é alongada com precisão e afeto. A produção é de Nobru (Planet Hemp, Cabeça) e Dony Von (Os Vulcânicos), e o clipe, dirigido pela produtora carioca Oficina do Diabo, parece cinema das antigas: boa parte dele se passa num barco à deriva, com ecos das sequências marítimas do clássico Limite (1931), de Mario Peixoto. Um mergulho no som e na imagem.

PÉLICO E CATTO, “TE ESPEREI”. Pélico compôs Te esperei pensando no drama silencioso de uma amiga, que vivia uma história de afeto não correspondido. A canção teve arranjo repensado por Zé Godoy, ao piano, e logo ganhou corpo — Thiago Faria chegou com o violoncelo, e faltava só uma voz que atravessasse o tempo. Catto, parceira de longa data (ela gravou Sem medida, música de um disco de Pélico lançado em 2007), foi o nome natural. A delicadeza da música é o retrato de uma amizade e de uma entrega mútua.

ZAINA WOZ, “DOMINATRIX”. O pop de Zaina Woz é performance e transformação. Depois de lançar Boneca de porcelana, ela agora apresenta Dominatrix, produzida por Arthur Kunz (Marina Lima) e com teclados de Donatinho. O single remete ao pop noventista – e traz referências assumidas de Kraftwerk, Goldfrapp e Lady Gaga. Mais uma vez, Zaina veste um personagem: a boneca de antes toma as rédeas da narrativa, caminhando firme rumo ao primeiro disco, prometido para junho.

EUGENIA CECCHINI, “RELAMPEIA”. Atriz, cantora e compositora de trilhas, Eugenia Cecchini define seu novo single como um “xote de Sampa”. Relampeia mistura elementos nordestinos com o ruído e o caos poético da metrópole, evocando nomes como Céu e Jorge Mautner. É uma canção de descobertas amorosas, de fascínio pelo feminino, e de amores que quase foram — mas não foram. Em breve, ela lança o EP Ay, amor!, que promete expandir ainda mais esse universo híbrido.

JADSA, “BIG BANG”. Dormir bem. Comer bem. Caminhar sem tropeços pela cidade. Coisas simples que às vezes, são bem complexas de se fazer (pelas mais variadas razões) e que servem de inspiração para Jadsa. O samba-jazz que serve de “amuleto” para a cantora já apareceu em um Radar anterior, mas volta aqui por uma ótima razão: Big bang virou um belo clipe, feito durante um giro da cantora pela Europa – Jadsa aparece passeando pelo distrito de Kreuzberg, em Berlim, onde ela estava hospedada na ocasião.

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Radar: Laufey, Stereolab, Skunk Anansie, Frankie Cosmos e mais sons internacionais novos

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Radar: Laufey, Skunk Anansie, Frankie Cosmos e mais sons internacionais novos

O Radar do Pop Fantasma de hoje dá uma olhada rápida em sons internacionais que andaram saindo nos últimos dias – de alguns a gente tá falando com atraso, de outros a gente conseguiu chegar mais perto da data de lançamento. Ouça no último volume e ponha tudo nas suas playlists.

Foto Laufey: Gemma Warren/Divulgação

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LAUFEY, “SILVER LINING”. Uma balada triste, com evocações de blues, jazz, canções do universo Disney e o som dos girl groups sessentistas – com direito a um arranjo de cordas maravilhoso e uma voz de perder o fôlego. E, bom, a voz é de Laufey, que retorna agora com novo single, Silver lining. O clipe da faixa, filmado em 35 mm e dirigido por Jason Lester, traz um carnaval de figuras embevecedoras e ameaçadoras, tudo junto e misturado, para mostrar em imagens o céu e o inferno de estar apaixonado/apaixonada. Fica difícil não se perder neste cenário – e Laufey, como sabemos, tem essa coisa de fazer o tempo desacelerar. E no dia 31 de maio, tem show dela no Festival Popload, em São Paulo.

STEREOLAB, “AERIAL TROUBLES”. “Você está com problemas de antena na sua TV colorida? Não podemos ajudar com os problemas técnicos, mas podemos distraí-los com a notícia do novo álbum do Stereolab”, diz a banda em um comunicado postado em seu Instagram. A essa altura você já deve saber, mas não custa lembrar: o Stereolab tem em seu radar seu primeiro álbum em 15 anos, Instant holograms on metal film, marcado para sair dia 23 de maio pelo selo Duophonic UHF Disks/Warp Records. O single novo, Aerial troubles, ganhou um clipe retrô, dirigido por Laurent Askienazy, e que é tão hipnótico quanto a própria música.

SKUNK ANANSIE, “LOST AND FOUND”. Sem discos novos desde o excelente Anarchytecture (2016) – que era o terceiro lançamento desde o retorno deles em 2018 – o Skunk Anansie promete o sétimo álbum, The painful truth, para 23 de maio. Lost and found, novo single, tem tudo que marca a banda: drama, tensão, intensidade. O clipe tem a vocalista Skin em modo atriz, ganhando personalidade dupla após esbarrar numa espécie de personificação do demônio. A música foi ao ar primeiro no programa de Steve Lamacq na BBC 6 — porque certos lançamentos ainda pedem ritual.

FRANKIE COSMOS, “VANITY”. Durante um mês e meio, os integrantes do Frankie Cosmos viveram uma experiência que é ao mesmo tempo sonho e pesadelo para qualquer banda: mudaram-se juntos para uma casa no interior de Nova York, onde criaram Different talking, próximo álbum do grupo, com lançamento previsto pela Sub Pop para 27 de junho.

A cantora e compositora Greta Kline, que por muito tempo foi “a” Frankie Cosmos, explica que boa parte do novo disco gira em torno da ideia de “crescer e descobrir como se conhecer”. E completa: “Como seguimos em frente quando somos viciados em um ciclo de assombrar o próprio passado? Compor músicas é apenas o caminho para isso”. Fofo na aparência, mas intenso no conteúdo, Vanity, novo single, encara de frente os traumas dos relacionamentos abusivos: “outro sintoma de insanidade / outra vítima de sua vaidade imprudente (…) / foi o crime perfeito / você me pegou na hora perfeita”.

LORD HURON, “NOTHING I NEED”. “A música questiona se é possível — no curto espaço de tempo que você tem — realmente saber o que você quer, se vale a pena querer alguma coisa e se há algum sentido em ponderar sobre os caminhos que você não tomou”. É assim que Ben Schneider, cantor da banda norte-americana de indie folk Lord Huron, define o novo single do grupo, Nothing I need. É o segundo lançamento do grupo em 2025: em janeiro saiu Who laughs last, single que tem algumas linhas de spoken word feitas pela atriz Kristen Stewart.

LIMIÑANAS, “THE DANCER”. No meio do psicodelismo hipnótico de The dancer, a dupla francesa Limiñanas presta homenagem a um velho amigo: o artista Foulques de Boixo, falecido em 2023, aparece no clipe dançando com ironia e graça, em imagens em chroma-key. A música, entre o shoegaze, o krautrock e o pós-punk, serve de trilha para essa despedida dançante. Um daqueles momentos em que som e imagem se encontram para dizer: seguimos em frente, mas com memória. A música está em Faded, disco mais recente da dupla.

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Crítica

Ouvimos: Sam Fender, “People watching”

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Ouvimos: Sam Fender, “People watching”

Sam Fender é um cantor e compositor da região de Newcastle, no Norte da Inglaterra – dá para perceber tanto pelo sotaque mastigado da cidade, quanto por sua preferência por um som que tangencia o folk. People watching, seu terceiro disco, deixa no entanto a impressão de que Sam é norte-americano, não inglês.

Isso porque as referências mais encontráveis no álbum são R.E.M. (o pop delícia da faixa-título), Byrds (junto com R.E.M na reflexiva Nostalgia’s lie, que se pergunta: será que o passado foi bom mesmo ou será que eu inventei tudo?), soft rock setentista (Arm’s lenght, com um riff de guitarra que é puro country). E em especial, Bruce Springsteen soa como um quase pai espiritual de Fender em todo o álbum, em melodias e letras. Não custa lembrar que o produtor é Adam Granduciel, da banda norte-americana de rock-de-raiz The War On Drugs.

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Há outras referências, na verdade. Chin up traz um lado mais britpop para o disco, com linhas vocais funkeadas e um belo arranjo de cordas no final. Crumbling engine e Wild long lie lembram os flertes do rock inglês oitentista com o pop romãntico e as paradas de sucesso. Os vocais de TV dinner têm balanço de quem já ouviu muito hip hop, mas a abertura da música tem algo de Supertramp, por causa do piano e do synth.

No final, Remember my name, uma homenagem ao falecido avô de Sam Fender, tem uma tristeza solene que, por vezes, lembra Queen. Mas tudo operando debaixo de um chapéu springsteeniano: mesmo quando fala de amor, Sam assume o lugar de um jovem duro da classe trabalhadora da Inglaterra e mira um público ferrado, que possivelmente vai economizar dinheiro para vê-lo cantar em estádios lotados.

Uma das maiores demonstrações disso é Something heavy, que poderia ser gravada tanto por Bruce Springsteen quanto por Patti Smith, e cuja letra fala sobre a miséria humana do dia a dia, assombrada pelos destroços do capitalismo (“carregando um ao outro pela avenida / a cidade nunca esteve tão cansada / metade dos bares bombardeados depois da Covid”).

Nota: 8,5
Gravadora: Polydor
Lançamento: 21 de fevereiro de 2025

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Crítica

Ouvindo: Craig Finn, “Always been”

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Ouvindo: Craig Finn, “Always been”

Always been, sexto disco solo de Craig Finn – vocalista do The Hold Steady, banda que sempre operou entre o pós-punk e o rock clássico – é longo, e cheio de assunto. Às vezes se torna um álbum meio complicado de digerir de primeira, especialmente se você não entende 100% de inglês – acompanhar as letras caudalosas de Craig como quem lê um livro ou uma crônica, é parte da experiência. Finn tem um vocal que deve tanto a Bob Dylan quanto a Phil Lynott (Thin Lizzy), encaixando várias frases nas melodias.

As letras são narrações com começo, meio e fim. Bethany, balada entre os anos 1960 e 1970, fala sobre um padre que está a fim de (digamos) pecar, com um final inesperado e bem estranho – quase como num filme ou num conto inconclusivo. People of substance é uma história de álcool, brigas, afastamento, solidão e ressaca amorosa. Luke & Leanna, por sua vez, é uma new wave sintetizada e triste, que fala sobre um casal que é quase um Eduardo e Mônica às avessas – em vez de companheirismo e espera, uma existência marcada por tédio, desejos não realizados, sorrisos amarelos e traições.

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Os personagens do disco, geralmente, são pessoas que estão fugindo de alguma coisa, nem que seja de si próprias – o que gera, em vários momentos, narrativas bem trágicas. I walk with a cane, soft rock legítimo, é sobre gente que não aguentou a barra. Shamrock é folk com alma punk sobre gente que vive na marginália. The man I’ve always been é uma balada com ar country sobre dúvidas, pessoas deixadas para trás e, talvez, drogas pesadas (“quando eu deixei Seattle / eu estava assombrado pela agulha / que a cidade sempre segurou acima da minha cabeça”).

Mas se você começou a ouvir o disco e já começou a sentir necessidade de dar uma parada porque é muita informação, vale citar que Always been tem uma música longa e falada. É Fletcher’s – uma canção sobre dureza, falta de oportunidades e dia a dia rueiro, com clima tecnobluesreggae que lembra Pink Floyd e tom ambient que remete a Brian Eno. Uma faixa que ajuda a dar mais ainda a impressão de que Always been é um livro que virou disco – e que provavelmente precisa ser escutado como uma coletânea musicada de contos.

Nota: 8
Gravadora: Tamarac/Thirty Tigers
Lançamento: 4 de abril de 2025

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