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Lançamentos

Radar: Maré Tardia, Freiras de Walkman, Ligia Kamada e outros sons novos

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Radar: Maré Tardia, Freiras de Walkman, Ligia Kamada e outros sons novos

Rumo ao último volume aqui no Radar, a gente fala de gente que lançou disco novo hoje (o Maré Tardia) e de uma turma cujos EPs, álbuns e singles já estão por aí, há algumas semanas, esperando para serem descobertos. Ouça tudo no último volume e ponha tudo nas suas playlists.

Foto Maré Tardia: Divulgação

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MARÉ TARDIA, “NADAVAI”. Essa banda capixaba soltou hoje novo álbum, Sem diversão pra mim, nas plataformas, depois de anunciá-lo com três singles. O último desses compactinhos do Maré Tardia, Nadavai, é uma canção profundamente inspirada pelo indie rock dos anos 2000,e que fala sobre uma luta interna. “É sobre discordar de você mesmo, lutando contra vícios e hábitos ruins. Pode ser o que você faz para outra pessoa ou para si mesmo”, conta o vocalista e guitarrista Gus Lacerda.

FREIRAS DE WALKMAN, “UM ISQUEIRO NO MEIO DA MINHA MENTE”. Tiago Borges, um “obcecado por compor música desde os 14 anos de idade”, é o cérebro por trás do Freiras de Walkman, um projeto que bebe tanto na psicodelia dos Mutantes quanto no rock sofisticado do Radiohead – sem esconder a paixão pelo som de Manchester no final dos anos 1980. Um isqueiro no meio da minha mente, faixa-título do EP do Freiras, é trilha para viagens internas, com letra em clima de câmera-na-mão e “mais synths, menos guitarras; menos a conservadora batida rock, mais groove”, como Tiago gosta de definir.

LIGIA KAMADA feat JHAYAM, “SACODE”. Kamadas, disco novo de Ligia, fala sobre feminismo, ancestralidade e questões pessoais e existencias que marcaram sua vida e seu trabalho. “No meio da pandemia, tive um problema de saúde e precisei retirar o útero. Essa mudança, que não foi apenas física, me fez refletir sobre várias questões da minha vida e da estrutura, desde minha ascendência japonesa, andaluza miscigenada até os enfrentamentos que nós, mulheres, somos obrigadas a encarar todos os dias”, conta ela, que jogou várias dessas experiências recentes no single Sacode, uma música eletrônica com estrutura de samba e letra repleta de questionamentos – além de um rap-ragga do convidado Jhayam.

PEDRO PALMA, “PQP”. “Já me falaram que a expectativa é a mãe da merda / mas eu insisto em me entregar sem nem pensar na queda”, canta Pedro Palma, em um desabafo melódico que começa com a nada otimista (mas bastante sincera) frase: “puta que pariu, ainda sinto que tá tudo errado!”. PQP gira em torno dos tropeços sentimentais de quem se joga de cabeça num relacionamento… e se arrebenta logo depois. O som mistura indie rock, emo e sofrência, tudo isso embalado por uma boa dose de sarcasmo. Pedro, que integrou a banda Congo Blue por dez anos antes de seguir carreira solo durante a pandemia, já lançou dois EPs. Começou a tocar ainda criança, inspirado por Pitty – influência que aparece clara nas letras intensas e diretas, cheias de emoção crua.

ELEFANTE NAUMANN, “CHOVEU”. Essa banda de Guarulhos (SP) é bocuda: no release, reclamam das bandas lançados por um certo selo nacional, que “se omitem num monte de som pau mole e pressão baixa. Somos melhores que todas — mesmo que toquem nos maiores festivais do país”. O material é gravado em casa, as referências vão de Planet Hemp a Cocteau Twins, passando por Frank Ocean. O som é minimalista, com ecos, riffs e acordes tranquilos, e uma bateria “lá atrás” como se a banda tocasse num local bem amplo. “Acreditamos que dá pra ser acessível sem perder o incômodo. Dá pra fazer música sem fingir que está tudo bem”, contam. Choveu, o single mais recente, saiu em novembro, e ganhou um clipe cheio de psicodelia, que está no YouTube.

VOVÔ BEBÊ, “FOREST BABY”. Gravado em inglês e concebido em Minas Gerais com produção de Chico Neves, Bad english — disco novo de Pedro Dias Carneiro, o popular Vovô Bebê — é, segundo ele contou ao site Popload, “um recorte bem específico de uma época: Rádio Cidade, grunge, Gugu, Spice Girls, bandas gringas e o rock nacional com suas misturas inusitadas”. Entre as referências, ele cita Odelay, do Beck. O single Forest baby já dá pistas desse universo particular.

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Ouvimos: Panchiko, “Ginkgo”

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Ouvimos: Panchiko, “Ginkgo”

O 4chan, fórum polêmico repleto de disseminações de ódio, foi responsável pela carreira do grupo inglês Panchiko – um sujeito que frequentava o fórum descobriu em 2020 uma demo descartada deles, que havia sido feita 20 anos antes, e mobilizou uma turma enorme a descobrir quem se tratava daquela turma. Não há relações entre a banda e gente que dissemina discursos escrotos na internet, mas aparentemente a estética quase vaporwave daquelas músicas chamou a atenção da turma.

O grupo já estava fora de atividade há tempos, e os integrantes nem sequer imaginavam que um projeto abandonado (e repleto de estranhices eletrônicas) fosse ser reativado e fazer sucesso. Mas o Panchiko voltou, passou a gravar discos e excursionar, e Ginkgo, o segundo disco feito em tempo real, sai tendo lá suas expectativas. Em especial a expectativa de soar mais uma vez como um disco que poderia soar como uma mensagem na garrafa, jogada no mar há tempos, e que brotou agora (enfim, a graça da coisa).

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Ginkgo, de certa forma, mantém essa mística, unindo eletrônica viajante e um “pé no chão”, às vezes, quase grunge. Logo no começo, tem o pop “antigo” e ambient, com voz tranquila, de Florida; o som celestial e quase ternário da faixa-título; e um soul-lounge com fitas ao contrário em Shandy in the graveyard.

Honeycomb é rock dream pop, com teclados cintilando (piscando quase como se fosse um videogame musical) e clima doído de tão “feliz”. Shelled and cooked tem guitarra e bateria surgindo como lufadas de vento – é uma balada quase anos 80, mas um 80’s com cara 60’s, vamos dizer assim. O mesmo clima toma conta de Rise and fall, um trip hop de quarto, que tem algo da psicodelia beatle.

Vinegar é slacker rock arrumadinho, e Macs omelette sugere um encontro entre Pink Floyd e Pavement. Tons eletrônicos e quebrados, além de um ou outro elemento de city pop, dão as caras em faixas como Lifestyle trainers (que depois vira um quase shoegaze), Formula e Innocent, enquanto Chapel of salt parece um Jesus and Mary Chain luminoso e explosivo.

O Panchiko às vezes ameaça parecer com mais um projeto maluco de Thom Yorke, ou com a senha musical psicodélica de bandas como Pond. Mas tem uma cara própria que faz todo mundo ouvir o som experimental do grupo como se fosse uma grande novidade – mesmo que artistas juntando guitarras, teclados, programações e paisagens sonoras não sejam novidade desde os anos 1970. Dá até para usar clichês batidos como “música do futuro” para se referir a eles, mas Ginkgo é só uma boa surpresa.

Nota: 9
Gravadora: Nettwerk Music Group
Lançamento: 4 de abril de 2025.

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Crítica

Ouvimos: Shape, “A way out” (EP)

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Ouvimos: Shape, “A way out” (EP)

Banda francesa com design sonoro pós-punk, o Shape interessa bastante a quem tem saudades do rock britânico do fim dos anos 1970, e do começo dos anos 1980. A way out, EP de estreia, é basicamente uma carta de amor a bandas como Smiths, Buzzcocks, The Cure e The Sound, com o acréscimo de um baixo “gordo” à frente, disputando espaço com os vocais, em faixas como Paranoia e Hangover, marcadas por um vocal que oscila entre a gravidade de Ian Curtis (Joy Division) e a melancolia de Michael Stipe (R.E.M.).

A way out chega perto da darkwave, por causa da ambiência de Guts, e dos teclados de Inner me e Recovery. Também lança mão de um pós-punk sombrio e nostálgico em Urban theater – basicamente uma música sobre passear, sair por aí, e se distrair dos problemas, mas que mesmo assim, não abre mão do lado sorumbático que marca o EP da banda.

Nota: 8
Gravadora: Independente.
Lançamento: 14 de março de 2025.

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Crítica

Ouvimos: La 126, “Te enteras?” (EP)

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Ouvimos: La 126, “Te enteras?”

“Nunca tenho clareza sobre nada, vamos ver como explico”, dizem Elia Sempere (bateria e vocal); Laura Giner (guitarra e vocal); e Lucía De Bunder (vocal principal e guitarra), as três espanholas do La 126. Te enteras?, EP novo delas, investe num punk pop que faz lembrar tanto de Spice Girls e Shakira quanto de Blondie, No Doubt e Green Day. Segundo o release do EP, a ideia do “você entende?”, do título, vem da ideia de “colocar em palavras o que às vezes nem mesmo a gente entende, reviver um turbilhão emocional tendo o tempo como única bússola”.

Entre guitarras e batidas rápidas, as três enfiam o dedo nas caras de pessoas falsas em geral, e machos escrotos em particular, nas faixas No va contigo, QTHCQE (“¿Quién te has creído que eres?”, em português: “quem você pensa que é?”) e Mis amigas te odian, uma carta de ódio a algum sujeito falso. Te vas, pop punk do final, é que fala sobre a dor da despedida, quase no clima dramático de uma canção que George Shadow Morton faria para as Shangri-Las.

Nota: 7
Gravadora: Pink Flamingos
Lançamento: 14 de março de 2025.

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