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Crítica

Ouvimos: King Hannah, “Big swimmer”

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Ouvimos: King Hannah, "Big swimmer"
  • Big swimmer é o segundo álbum do King Hannah, formado por Hannah Merrick (vocal) e Craig Whittle (guitarra). Os dois vêm de Liverpool e compuseram juntos todas as músicas do álbum. O disco foi produzido por Ali Chant.
  • Craig e Hannah se conheceram quando trabalhavam juntos em um bar. “Mas eu tinha visto Hannah se apresentando em uma noite de banda da universidade alguns anos antes e ela me surpreendeu com o quão boa ela era”, contou Craig ao site Get In Her Ears.
  • Hannah diz que a dupla nunca se sentiu parte da cena de sua cidade. “Sempre fizemos nossas próprias coisas silenciosamente, trabalhando em direção a isso”, diz a cantora.

A personagem da capa de Big swimmer mal pode crer que está no meio do mar? Parou um pouco para descansar no meio da travessia? Ou se deu conta de que ainda falta muito para chegar no destino? Ou cansou de demonstrar energia e bravura num mundo que só faz sugar o máximo possível dos outros? O novo disco do King Hannah traz um diferencial nessa era de plataformas digitais e capas mínimas: uma foto que já levanta um monte de questionamentos e que insere de verdade o ouvinte no universo da dupla formada por Hannah Merrick e Craig Whittle.

Inclusive porque o material de Big swimmer é bastante confessional e, em alguns casos, bastante biográfico ou pelo menos autoficcional, com Hannah narrando histórias de viagens, como em Somewhere near El Paso e Milk boy (I love you) – essa última cita o filme Clube de compras Dallas. Ela também relembra causos pessoais vividos por ela ao lado do parceiro Craig, como a busca pela sobrevivência na megalópole (em New York, let’s do nothing), ou as noites assistindo a documentários sobre crimes e pensando sobre a frieza dos criminosos (Suddenly, your hand).

Produzido por Ali Chant (Soccer Mommy, Yard Act), Big swimmer soa como um disco concebido por Steve Albini, ou mesmo por um dedicado seguidor do saudoso produtor norte-americano. O som traz guitarras meio calmas, meio desesperadas, e alguns tons acústicos, mas com aquele design sonoro típico de algo que está para sair do controle a qualquer momento. Mesmo que não saia: faixas como a música-titulo ganham guitarras aqui e ali, mas são puramente som quase folk e agridoce. The mattress chama mais atenção pela sensualidade e pelo clima lembrando uma mescla de PJ Harvey e Portishead. A lenta Suddenly, your hand, ao ganhar guitarras lá pela metade (a faixa tem mais de sete minutos), soa mais como a aventura em alto-mar da capa.

Com uma sonoridade lembrando mais o rock e o folk alternativos dos EUA do que o som da terra da dupla (Liverpool), Big swimmer ganha paredões de guitarra a la Pixies em Lily pad, um tom indie e dançante em Davey says, sons acústicos e lúgubres em John Prine on the radio, e algo a ver com a música do Dry Cleaning em New York, let’s do nothing. Para não dizer que não há nada de britânico no som deles, uma angústia análoga à de uma pouco conhecida banda do rock britânico oitentista, The Sound, paira aqui e ali, em alguns momentos. E dá o diferencial no som do King Hannah.

Nota: 8
Gravadora: City Slang.

Crítica

Ouvimos: John Fogerty – “Legacy: The Creedence Clearwater Revival years (John’s version)”

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John Fogerty, aos 80 anos, recupera direitos das músicas de sua ex-banda Creedence Clearwater Revival e relança vinte clássicos em versões idênticas às originais.

RESENHA: John Fogerty, aos 80 anos, recupera direitos das músicas de sua ex-banda Creedence Clearwater Revival e relança vinte clássicos em versões idênticas às originais.

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Aos 80 anos, John Fogerty, ex-vocalista, guitarrista, compositor e déspota do Creedence Clearwater Revival, conseguiu ganhar finalmente todos os direitos sobre suas composições da época do grupo – sim, porque todos os hits autorais da banda foram compostos por ele. Para comemorar, o músico decidiu regravar 20 canções do CCR na base da “versão do John”.

Na prática, são substituições, e não versões. Em Legacy: The Creedence Clearwater Revival years (John’s version) Fogerty revisitou canções como Have you ever seen the rain, Born on the bayou, Proud Mary, Lodi, Who’ll stop the rain, Green river e Fortunate son em leituras quase 100% iguais aos originais – em timbres, arranjos, detalhes e até gritos e uivos. Facilita o fato da voz de John estar igualzinha a antigamente. Detalhe: até no Bandcamp as músicas novas estão – visão, o cara tem.

  • Ouvimos: The Doobie Brothers – Walk this road
  • Ouvimos: Faces – Faces at the BBC: Complete BBC concert and session recordings 1970-1973

Alguma diferença do original? Bom, Long as I can see the light teve uma pequena mudança de tom, Have you ever seen the rain teve mudanças discretas nas linhas vocais do refrão, e de modo geral todas as músicas ganharam mais peso na bateria e nas guitarras – mas praticamente tudo soa como os originais dos anos 1960 e 1970 remixados ou remasterizados.

De modo geral, não é um lançamento dos mais úteis para fãs antigos – serve mais como um demarcador de independência, já que John oferece aos fãs as versões gravadas por ele. O complicado é entender como se comportar diante de um lançamento que reembala o material oldies e apenas isso. Acaba tendo mais graça ouvir os antigos álbuns do Creedence.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 7
Gravadora: Concord
Lançamento: 22 de agosto de 2025

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Crítica

Ouvimos: Thistle. – “It’s nice to see you, stranger” (EP)

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Thistle., da Inglaterra, une grunge e shoegaze em It’s nice to see you, stranger, EP coeso que ecoa Nirvana, Dinosaur Jr e My Bloody Valentine.

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Vindo de Northhampton, Inglaterra, o Thistle. (sim, existe um ponto após o nome do grupo) tem uma onda grunge + shoegaze séria no seu som – a ponto de, numa audição inicial, ser possível imaginar que a banda vem dos cafundós dos Estados Unidos. Num papo com a newsletter First Revival, eles citam o Nirvana como sua banda grunge favorita, e um dos integrantes diz não ter se entusiasmado especialmente com o shoegaze quando descobriu o estilo.

Um outro detalhe sobre o EP It’s nice to see you, stranger é que o grupo precisou de quase um ano para gravá-lo, já que cada integrante tem seu trabalho e ninguém pediu folgas. “Por isso é que ele é um EP, e não um álbum”, afirmam. Soa estranho descobrir isso, já que as cinco faixas do disco têm peso, coesão e emanações que vão de Nirvana e Dinosaur Jr a Idlewild e The Cure. Cobble/mind funde barulho, melodia e vocais doces, enterrados na música. A faixa-título volta aos anos 1990 e faz lembrar My Bloody Valentine e Sonic Youth. Fleur rouge abusa da beleza triste, com guitarras melódicas e passagens bem ruidosas, do meio para o fim.

No final, o Thistle. adere a um punk repleto de guitarras emparedadas e sensações turvas, em Holy hill, e faz a melhor fusão grungegaze do EP, com Wishing coin. Ouça.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 8,5
Gravadora: Venn Records
Lançamento: 4 de julho de 2025.

  • Ouvimos: Water From Your Eyes – It’s a beautiful place
  • Ouvimos: Superchunk – Songs in the key of yikes

 

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Ouvimos: Camaelônica – “Eletrotropical”

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Camaleônica mistura samba, rock, macumba e psicodelia em Eletrotropical, disco pesado e cheio de invocações.

RESENHA: Camaleônica mistura samba, rock, macumba e psicodelia em Eletrotropical, disco pesado e cheio de invocações.

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“Rock, macumba e samba”, trio de referências que embandeira o som do Camaleônica, pode querer dizer muita coisa – pode afirmar inclusive que a banda apenas revisita sons dos anos 1990 (Planet Hemp, Chico Science, O Rappa) e mais nada. Eletrotropical, primeiro disco de Felipe Dantas e Fernando Reis – os dois do grupo-dupla – faz qualquer ideia preconcebida cair por terra quando se percebe que a vocação do grupo é para um experimentalismo que faz tudo soar bem palpável e pesado no som deles.

A música de Felipe e Fernando soa mais como um retropicalismo pesado e turbinado, que une samba, umbanda e rock psicodélico na faixa-título, além de jazz, rock e afrosambas em Capoeira. Rola uma mescla de samba, reggae e grunge em Maravilhoso e Caprichoso. Nessa última, a percussão é forte e os tambores são tocados com raiva. E falando nisso, Língua e revolta é axé, MPB e ódio pulsando contra apagamentos históricos (“quem é você pra me dizer aqui / que eu não sou ninguém?”).

Muito de Eletrotropical são invocações – canções em que melodia, letra, percussão e indignação (e guitarras) unem-se quase numa mesma massa. No samba psicodélico e pesado de Boa noite, por exemplo, coaches, big techs e exploradores do trabalho alheio são cozidos no mesmo caldeirão a partir de raízes e histórias (“toda malandragem será perdoada/ tudo que delira, toda vadiagem”). Geral abre com vocal solitário pedindo “muita luz, saúde e axé pra geral”, e vai seguindo com tristeza herdada do blues, guitarras e percussões.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 8,5
Gravadora: Fliperama Lab
Lançamento: 27 de junho de 2025.

  • Ouvimos: Vandal – Vidah (EP)
  • Ouvimos: Jangada Pirata – Sal de casa

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