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Crítica

Ouvimos: Charly Bliss, “Forever”

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Ouvimos: Charly Bliss, "Forever"
  • Forever é o terceiro álbum da banda novaiorquina Charly Bliss que tem na formação Eva Hendricks z, guitarra, teclados), seu irmão Sam Hendricks (bateria, percussão, backing vocals), Spencer Fox (guitarra solo, backig vocals, teclados) e Dan Shure (baixo, guitarra, teclados, backing vocals).
  • No texto de divulgação do disco, a banda conta que começou a escrever o material para Forever em 2020, na pandemia, com a seguinte ideia: “Tem que ser divertido”. O grupo havia se sentido desgastado demais com a turnê do segundo disco, Young enough (2019) e queria algo diferente. O quarteto passou a compor remotamente, sem ter prazos a cumprir.
  • Antes do disco novo, o grupo lançou dois singles que não saíram em álbum nenhum: I need a new boyfriend e You don’t even know me anymore.

O Charly Bliss volta um pouco diferente nesse Forever, primeiro álbum do grupo depois da pandemia. O que parecia uma espécie de indie rock colorido, ou de power pop mais para power do que para pop – em discos como a estreia Guppy, de 2017 – volta caminhando em direção a um synth pop punk bastante genérico. Era algo inevitável, talvez, e o próprio segundo disco do grupo, Young enough (2019), já indicava um pouco esse caminho em alguns momentos.

Não ficou ruim. Talvez tenha sido um caminho previsível demais. Algo no primeiro disco apontava para uma mescla de Weezer e Daisy Chainsaw – aquela banda indie britânica que estourou em 1992 com o hit Love your money, que tinha uma vocalista sensacional chamada Katie Jane Garside (Eva Hendricks, cantora do Charly Bliss, volta e meia lembra o timbre dela) e depois sumiu do mapa. Mas provavelmente não daria para sustentar essa pose por muito tempo.

O estilo escolhido para o novo álbum do quarteto é bacana (bom, dá para lembrar bastante do Paramore, por exemplo). Mas mesmo para unir power pop e sons sintetizados, é preciso uma mão forte nas composições. O grupo arrisca a se perder no meio de lançamentos de Olivia Rodrigo, Carly Rae Jepsen e até Taylor Swift com músicas como Tragic, Back there now e Nineteen, além da inevitável quedinha para sons acústicos e músicas de Sessão da Tarde que surge em In your bed.

De imperdível em Forever, tem a dramaticidade de I’m not dead e o pós-grunge de FM de I don’t know anything, além do synth pop roqueiro e sinuoso de Calling you out – que poderia bem ser um exemplo a ser seguido em todo o álbum. Mas enfim, a evolução que muita gente gostaria de ver no Charly Bliss provavelmente é outra, já que a contrário do que rolava nos primeiros discos, no novo álbum eles soam como um monte de outras bandas e artistas.

Nota: 6,5
Gravadora: Lucky Number

 

Crítica

Ouvimos: DJ Guaraná Jesus – “Ouroboros”

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Em Ouroboros, DJ Guaraná Jesus funde memórias e beats acelerados em 20 minutos de nostalgia 32-bit, funk, big beat e eletrônica pop multitonal.

RESENHA: Em Ouroboros, DJ Guaraná Jesus funde memórias e beats acelerados em 20 minutos de nostalgia 32-bit, funk, big beat e eletrônica pop multitonal.

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“O álbum é uma homenagem a um passado não tão distante – uma fusão de memórias e futuros imaginados convergindo para o presente”. Criado pelo produtor Julio Santa Cecilia, o projeto solo DJ Guaraná Jesus reúne memórias, música e sons eletrônicos num álbum curto (são nove faixas em menos de vinte minutos!), que voa como se fosse apenas uma faixa dinâmica, evocando desde sons de jogos em 32-bit, até sons como Prodigy e Skrillex.

Não foi à toa que ele escolheu para o disco o título Ouroboros – que nada mais é do que o conceito do eterno retorno, da morte e reconstrução, simbolizado pela serpente mordendo a própria cauda. Na real, não deixa de ser uma maneira construtiva de se referir ao próprio universo pop e à sua mistura de épocas e desenhos musicais, que aqui aponta para sons acelerados como num dia a dia anfetamínico (Vitalwaterxxfly3 e XP), sem descuidar das surpresas melódicas. E prossegue com o batidão quase funk de Mercúrio retrógrado e a viagem sonora de Unidade de medida e D-50 loop – a primeira em tom meditativo, a segunda de volta à aceleração.

  • Ouvimos: Skrillex – FUCK U SKRILLEX YOU THINK UR ANDY WARHOL BUT UR NOT!! <3
  • Ouvimos: Papatinho – MPC (Música Popular Carioca)

Ouroboros parte também para o heavy samba eletrônico e ágil de Brsl, o batidão-de-caixinha-de-música de Hauss_hypa_vvvv e o big beat de Firenzi dolce vitta, encerrando com um batidão que remete ao samba-funk aceleradíssimo (Campari Devochka). Algumas faixas rendem mais do que apenas poucos minutos – ou até segundos – e poderiam ser esticadas. Mas Julio, com o DJ Guaraná Jesus e Ouroboros, quis aparentemente fazer um disco que pudesse acompanhar um passeio rápido no dia a dia.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 8,5
Gravadora: Seloki Records
Lançamento: 16 de maio de 2025

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Crítica

Ouvimos: Jonabug – “Três tigres tristes”

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No álbum Três tigres tristes, Jonabug mistura noise rock, grunge e pós-punk com letras em inglês e português, guitarras ruidosas e identidade forte

RESENHA: No álbum Três tigres tristes, Jonabug mistura noise rock, grunge e pós-punk com letras em inglês e português, guitarras ruidosas e identidade forte

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Vindo de Marília, interior de São Paulo, o Jonabug vem sendo incluído no rol do “emo caipira”, de bandas vindas de cidades pequenas, e que são influenciadas pela cena emocore do Centro-Oeste norte-americano. É isso, mas não só isso: o grupo de Marília Jonas (guitarra, vocal), Dennis Felipe (baixo) e Samuel Berardo (bateria) é um dos melhores exemplos atuais do noise rock brasileiro. Misturando inglês e português, fazem em Três tigres tristes, álbum de estreia, um som que está mais para grunge do que para shoegaze – mesmo que invista em paredes de guitarra e ruídos.

  • Ouvimos: Anika – Abyss
  • Ouvimos: Guandu – No-fi

Esse é o som de faixas como Mommy issues, Além da dor, Look ate me e At least on paper my mistakes can be erased, misturas de vocal provocativo, guitarras cheias de riffs, certo balanço na batida e vibe sombria e confessional. Músicas como Fome de fugir e You cut my wings levam o esquema do Jonabug para algo mais próximo do pós-punk. A sua voz é o motivo da minha insônia e Taste everybody’s tears dispensam rótulos e lembram a vocação ruidosa e melódica dos anos 1990. E Nº 365 é um guitar rock falado, soando quase como uma trilha de filme.

No fim, Brown colored eyes traz mais um diferencial para o som do Jonabug: é quase uma balada guitar rock, com clima tranquilo e solo de guitarra com design sonoro oriental. O Jonabug escapa de qualquer caixinha e entrega um disco coeso, intenso e cheio de identidade própria.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 8,5
Gravadora: Independente
Lançamento: 15 de junho de 2025.

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Crítica

Ouvimos: Monchmonch – “Martemorte”

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Ouvimos: Monchmonch - "Martemorte"

RESENHA: Monchmonch lança Martemorte, disco punk-eletrônico gravado no Brasil e Portugal, com HQ, vinil exclusivo e vibe no-wave psicodélica.

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Lucas Monch, criador do projeto musical experimental Monchmonch, pensa grande: Martemorte, disco novo do projeto, teve sessões de gravação em Brasil e Portugal, e sai junto com uma HQ que transforma o disco em projeto visual. Também vai sair em vinil, com um lado B exclusivo da mídia física. Lucas também criou duas formações do Monchmonch, uma no Brasil e outra em Portugal.

Martemorte é um bom exemplo de punk experimental e eletrônico – tendendo para algo bem próximo da no-wave às vezes, ou da zoeira misturada de punk, funk e eletrônicos do Duo Chipa (por sinal, Cleozinhu, do Duo, participa do disco com produções, samples e ruídos). Efeitos de guitarra e sons que parecem videogames ou trilhas de desenho animado marcam Bolinha de ferro, Vala lava, o punk espacial de Jeff Bezos paga um pão de queijo e a psicodelia lo-fi de Prédios. Rola até um clima psico-krautrock em City bunda e Coisa linda.

O disco vai ainda para o punk-country sacana em Velhos brancos jovens carequinhas e para uma perversão dos Beach Boys do disco Smiley smile (1966) em Rasga céu, tema espacial-psicodélico apavorante, em que milionários e donos de big techs são fatiados sem dó.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 8
Gravadora: Seloki Records
Lançamento: 17 de junho de 2025.

  • Ouvimos: Ultrasonho – Nós nunca vamos morrer
  • Ouvimos: Duo Chipa – Lugar distante
  • Ouvimos: Vovô Bebê – Bad english

 

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