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Lupe De Lupe: álbum novo e single curtinho, “Letícia”

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Lupe De Lupe: álbum novo e single curtinho, "Letícia"

Na terça (29) sai Um tijolo com seu nome, disco novo da banda mineira Lupe de Lupe (Balaclava Records/Geração Perdida de Minas Gerais). O quarteto de Belo Horizonte, formado por Gustavo Scholz, Jonathan Tadeu, Renan Benini e Vitor Brauer, retorna com um álbum de 24 músicas e, logo depois do lançamento, sai em turnê para divulgar o disco nas regiões centro-oeste, sudeste e sul do país.

O grupo é conhecido pelo som ligado ao experimentalismo (que às vezes transforma o quarteto num correspondente nacional da antiga no-wave novaiorquina) e pelo discurso repleto de referências políticas – o álbum anterior da banda, lançado em 2021, se chama Lula e o repertório é repleto de nomes de cidades e capitais brasileiras nos títulos das faixas, como Fortaleza, Pelotas, Cabo Frio, Porto Velho, encerrando com Brasil novo.

Para anunciar o novo álbum, o Lupe evidenciou uma faceta mais sucinta no single Letícia, bem curtinho (um minuto e uns quebrados), e com guitarras lembrando as guitar bands dos anos 1990, mas num esquema menos distorcido e mais acessível.

Confira aí embaixo. E, ah, tanto o grupo quanto Jonathan Tadeu foram indicações do nosso podcast Pop Fantasma Documento.

Foto: Tiago Baccarin/Divulgação

Crítica

Ouvimos: Destroyer, “Dan’s boogie”

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Ouvimos: Destroyer, “Dan’s boogie”

Aos 52 anos, Dan Bejar, criador do Destroyer, considera que está ficando velho – foi ele mesmo quem usou esse termo em uma entrevista reveladora à newsletter Last Donut of the Night. “No showbiz, você nem deveria mencionar sua idade, porque a pior coisa que você pode fazer é ser velho”, afirmou. Bejar acrescentou que Dan’s Boogie, novo álbum do Destroyer, foi bastante influenciado por essa percepção: a de alguém que começa a ver amigos morrerem, prédios que faziam parte de sua rotina desabarem e jovens falando um idioma novo repleta de gírias desconhecidas.

Lidar com o etarismo no mercado já é complicado para quem é famoso, rico e extremamente bem-sucedido – que o digam Madonna e Keith Richards. Para artistas do meio indie, que não têm a mesma fama nem os mesmos recursos, e muitas vezes precisam acumular funções (são “empresários” de dia e artistas à noite, isso quando não precisam equilibrar a agenda com um trabalho que pague os boletos), a situação é ainda mais desafiadora. Por sinal, um detalhe sobre Dan’s boogie: desta vez, diferentemente dos álbuns anteriores do Destroyer, Dan Bejar precisou lutar para compor. Ele teve que se disciplinar, sentando-se diariamente para escrever novas músicas, como um funcionário de escritório que precisa entregar relatórios toda tarde.

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Curiosamente, e talvez por causa disso, Dan’s boogie é um disco absolutamente sonhador, escapista, bolado como se fosse uma continuação do David Bowie de Hunky dory e Diamond dogs, ou como um rock referenciado em Burt Bacharach e Serge Gainsbourg. O tom de grandiloquência cool de Dan’s boogie pede cordas, piano, corais e evocações de música orquestral dos anos 1960 e 1970 em faixas como The same thing as nothing as all, Hydroplane off the edge of the world e a valsa pop e espacial de I materialize e da faixa-título. Tudo isso parece pop de outro mundo, ou de outros tempos.

Dan’s boogie faz uma espécie de pop voador, que parece vir em alguns momentos do espaço sideral – é o som das baladas Travel light e Ignoramus of love, do quase trip hop Bologna, das gotas sonoras da jazzística e quase clássica Sun meet snow e dos quase oito minutos de Cataract time, pop meditativo, que abre como uma espécie de post rock dançante, e que a maior parte do tempo, soa como uma versão paralela do Roxy Music, mais voltada para os experimentalismos musicais.

Em termos de letras, fica quase impossível não enxergar o próprio autor em cada momento do álbum, nos mais felizes e nos mais tristes. É só esbarrar em versos como “essa é a vida, muitos quase acertos / alguns erros”, “os tolos entram correndo / mas eles são os únicos com coragem”, “a quem eu recorro? / para onde eu corro? / o que fiz para merecer esta sensação de felicidade?” e na destruição amorosa de Sun meet snow. Dan’s boogie não necessariamente conta uma história com começo, meio e fim, mas joga fibras de vida na cara do/da ouvinte.

Nota: 9
Gravadora: Merge Records
Lançamento: 28 de maio de 2025.

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Crítica

Ouvimos: Backxwash, “Only dust remains”

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Ouvimos: Backxwash, “Only dust remains”

Backxwash é o nome artístico de Ashanti Mutinta, um rapper nascido na Zâmbia e radicado no Canadá. Sua história de vida não foi nada fácil, e basicamente seus discos falam de coisas que ele viu ou viveu, com uma prosódia que lembra os clássicos do zamrock (o heavy metal feito na Zâmbia) somada à vibe ágil que o rap pratica nos dias de hoje, com flows e ritmos incomuns.

Não são histórias fáceis ou tranquilas de ouvir: a guerra que ficou na mente de Backxwash ganha às vezes clima de filme de terror – com direito a influências até de punk e heavy metal na sonoridade. Only dust remains, o álbum novo, continua a tradição, com letras sobre depressão, morte, suicídio, busca de identidade e momentos em que ele olhou em volta e não viu deus ao lado dele.

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A faixa de abertura, Black Lazarus, lida com uma tristeza tão imensa que dá para imaginar Ashanti chorando no estúdio, em meio a uma argamassa de blues pesado (“não há ninguém aqui me salvando / e a única morte que temo é sem dor”). Wake up traz recordações de violências, gritos, abusos e pessoas sendo usadas, com um batidão quase industrial e um clima de gospel antigo do meio para o fim. E a revolta toma conta de Undesirable, um rap sombrio e sonhador ao mesmo tempo, com letra falando sobre solidão e sobre traidores do meio do caminho (“agora é irônico, mas vou te dar um pensamento preocupante / eu me pergunto se você já pensou nos manos que perdeu / porque cada compasso é só um sintoma de quão falso você é”, vocifera).

A vibe de Backxwash é a depressão que vem da pressão social, dos fantasmas carregados pelos antepassados, e de temas como racismo, homofobia – e a solidão que surge do atendimento de expectativas da sociedade (“estou tão afastado da minha alma / que provavelmente terei que reconectá-la por uma espécie de proxy”, diz ele em Black Lazarus). É uma onda que dá para sentir até nos beats e nas melodias, como na emocional e pesada 9th heaven e no metal hip hop de Dissociation. O mesmo rola no rap pesado de History of violence, uma música sobre guerras – a guerra do dia a dia, as disputas entre países e as batalhas em nossa própria mente (“do rio ao mar, a Palestina será livre / pensando em todas as pessoas mortas na rua / quão jovem era esse garoto, tipo onze ou três? / enquanto os presidentes sentam e sorriem nos assentos da embaixada”).

Em faixas como Stairway to heaven, a vinheta Love after death e Only dust remains, o tema é o fim de tudo, o que resta depois disso, quais questões pessoais e sociais lembraram isso – sempre com peso e tom dramático. Sendo que em Stairway, o clima é de bluesão de FM, com guitarra lembrando Eric Clapton, e letra parecendo evocar uma reportagem sobre os últimos minutos de alguém (“não tema a perda e as emoções que vêm com ela / porque você não tem controle / sobre como eles vão se lembrar de você. “). Ouça num momento em que nada poderá te entristecer.

Nota: 8,5
Gravadora: Ugly Hag Records
Lançamento: 28 de março de 2025.

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Crítica

Ouvimos: Ryan Adams, “Another wednesday”

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Ouvimos: Ryan Adams, “Another wednesday”

Wednesdays, disco de 2020 de Ryan Adams, foi um lançamento problemático – aliás um lançamento problemático de um cantor (bastante) problemático, para não dizer outra coisa. Foi anunciado em 2019 e adiado assim que surgiu um vendaval de acusações de abuso e má-conduta sexual em cima de Adams. O álbum saiu finalmente no ano da pandemia, com as edições físicas chegando as lojas apenas em 2021.

Como resultado, muita gente ignorou o disco. Já as poucas resenhas publicadas não separaram a conduta de Adams do material de Wednesdays, descrito por muita gente como um lançamento repleto de autopiedade, pés na bunda e toxicidades mil. Adams sempre demonstrou todos esses sentimentos bisonhos ao compor, e a própria seleção de canções de Blackhole – disco “perdido” dele, lançado oficialmente há poucos meses, com várias faixas feitas entre 2003 e 2006 – tem muito desse clima aí.

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Especificamente no caso de Wednesday, Adams parecia antever que o karma iria pegá-lo na esquina: as letras relembram paixões não-correspondidas, amores que se foram, épocas em que o mundo parecia mais risonho e, mesmo que tudo seja bem bonito, quem não gosta de chororô deve passar longe desse disco. Another wednesday por sua vez, é uma maneira de fazer os fãs redescobrirem o álbum. O cantor mudou a ordem das faixas, gravou tudo ao vivo com um público animado e deu uma baixada de bola até em Dreaming you backwards e I’m sorry and I love you, as músicas “com bateria” do álbum original.

Quem ama Ryan Adams já deve ter até uma cópia física de Another wednesday em casa, daí o papo é com quem tem 300 discos na fila das plataformas. E lá vai: mesmo tendo canções legais, Wednesdays já podia ser visto como uma emulação meio piorada de artistas como John Denver, Jim Croce, James Taylor e outros – portanto não era um disco que apresentava nada de novo. Another wednesdays vai na mesma onda, só que na frente de um público, com Adams exorcizando histórias de amor e desamor que foram originalmente lançadas em má hora.

No disco, Ryan insere terror, tristeza e morte em Mamma, descreve um amor que evanesce em Wednesdays, lembra dias mais venturosos em Birmingham e emula Elton John e Supertramp em I’m sorry and I love you, além de incluir covers de músicas como Moon river (sucesso de Frank Sinatra) na lista. O resultado tem beleza, mas ao mesmo tempo tem muita egolatria, e muitas lágrimas de crocodilo, que saem bem na frente – e dão uma estragada na audição.

Nota: 6
Gravadora: Pax AM
Lançamento: 14 de fevereiro de 2025

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