Lançamentos
Joana Castanheira: amores líquidos no single “Caso quebrado”

Conhecida por sua passagem no programa The Voice, da Globo, Joana Castanheira lança outro single para anunciar seu terceiro disco, Desapreço, que está programado para sair em outubro. Caso quebrado tenta enxergar as relações líquidas, que muitas vezes terminam sem nem começar, por outros aspectos. A música teve início com um poema de Cacau Corrêa e Léo Marelua, e fala “sobre um amor que está se equilibrando por um fio, andando na beirada do precipício”. O single sai pelo selo Baila Records. Antes, ela tinha lançado o single Ferida aberta.
“Eu achei uma coisa genial demais isso de usar um vaso quase caindo como uma alusão a um caso que fica em um vai-e-vem. Nós tentamos trazer isso pra parte musical também, essa tensão de um vaso que está para cair, uma relação que está para acabar, essa coisa cíclica de algo que fica rodando ali na sua frente, por isso as repetições.”, destaca Joana, que tentou dar um ar de musical para a execução da canção.
“O meu cantar sempre foi a minha expressão, e dessa vez ele vem com força, até uma certa violência. Eu sinto que sempre fui associada a uma voz doce, tranquila, e essa música traz um outro lado da minha personalidade, que é vibrante e vigorosa, então esse é um momento muito importante pra mim, é uma virada de chave na minha carreira”, diz, acrescentando que a música “fala sobre uma relação que está pra acabar, que todo mundo tá vendo e ninguém faz nada. Eu acho que talvez a gente possa relacionar com a superficialidade das relações que têm se estabelecido nos últimos tempos”.
Crítica
Ouvimos: Superchunk – “Songs in the key of yikes”

RESENHA: Superchunk une power pop, punk e heartland rock em Songs in the key of yikes, disco radiante sobre crises, guerras e novos tempos sombrios.
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Por alguma razão que só os anos 1990 explicavam, a banda norte-americana Superchunk sempre foi vista no Brasil como sendo mais “alternativa” do que era de fato. Na real, guitarras pesadas, vocais doloridos e sons que os aproximavam de bandas como Hüsker Dü e Replacements mostravam que o grupo criado em 1989 era uma espécie de convidado atrasado na festa do college rock oitentista. E um convidado atrasado que estava longe de ter a esperteza comercial do Weezer, por exemplo – tanto que a carreira do Superchunk sempre girou em torno de selos indie como Merge Records e Matador, e o grupo nunca entusiasmou as grandes gravadoras.
Décimo-terceiro álbum de estúdio do grupo, Songs in the key of yikes mostra que o Superchunk, com o tempo, foi seguindo um caminho parecido com o do Guided By Voices. Ou seja: tornou-se a banda indie boa de melodias que, com o tempo, foi ganhando ares de heartland rock, aquele tipo de som que exprime orgulho e memória, além de uma certa relação com sua própria terra e sua gente.
O radiante novo álbum do Superchunk une power pop, rock de garagem e punk herdado de bandas como Ramones, Hüsker Dü, Wire e Blondie para cantar os novos tempos de Trump, guerras, mortes, falta de sensibilidade, um mundo sem arte, e coisas do tipo. Abrem até com Is it making you feel something, uma canção cantarolável que, segundo o vocalista e guitarrista Mac McCaughan, fala sobre dilemas e crises do impostor quando se cria algo.
Essa mistura de melodias alegres e brabeiras emocionais, que volta e meia deixa o Superchunk meio parecido com grupos como Big Star e Teenage Fanclub, é a base do disco. Dá as caras também no powerpop de Bruised lung, no mal-estar de No hope (cuja traz a frase-título, “sem esperança”, repetida várias vezes, além de versos como “quando tudo está perdido e não pode ser encontrado / e cada palavra de amor é apenas um som cortante”, além de um riff de guitarra que se transforma em explosão emocional) e na vibe sixties de Climb the walls.
Musicalmente, o Superchunk volta fazendo lembrar Pixies no começo (no pós-punk com riff doce Some green), trazendo uma vibe pós-punk trevosa (Cue) e até arriscando algo próximo de bandas como T.S.O.L. e Joy Division (em Everybody dies, parecendo um relato sobre como os telejornais, hoje em dia, são feitos de morte, sangue e guerra e ninguém parece mais se importar). Já Stuck in a dream traz tristeza e despedida na letra, e distorção doce na melodia. Songs in the key of yikes é um disco cheio de beleza e barulho.
Texto: Ricardo Schott
Nota: 9
Gravadora: Merge Records
Lançamento: 22 de agosto de 2025.
Crítica
Ouvimos: Terminal Guadalupe – “Serenata de amor próprio”

RESENHA: Terminal Guadalupe retorna com Serenata de amor próprio, disco que mistura Beatles, britpop, folk e psicodelia em hinos cheios de energia.
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Para quem fica de olho nos términos, retornos, sístoles, diástoles, tapas e beijos do rock britânico – com suas bandas que começam, terminam, voltam e etc – a história da banda curitibana Terminal Guadalupe é um prato cheio. Não tem brigas de fechar o comércio (ao que consta), mas tem discos espaçados, sucesso de crítica, separação, projetos individuais, retomada de trabalhos, e uma e outra atividade para deixar os fãs felizes em meio a tudo isso.
Uma dessas “atividades” recentes foi um disco ao vivo de gravações do baú do grupo – o irônico Como despontar para o anonimato, com gravações entre 2006 e 2008, e lançado ano passado. Agora, Dary Jr (voz e letras) e Allan Yokohama (vários instrumentos) voltam com o novo disco de inéditas, Serenata de amor próprio. O TG usa sua sonoridade para abrir espaço tanto aos novos tempos quanto para obsessões musicais antigas: músicas como Foi por pouco, Vá ser feliz, Sonho não faz curva e Sara misturam Beatles, britpop, powerpop, climas ligados ao rock argentino e uma certa noção – talvez herdada de Oasis e Stone Roses – de que hinos do rock são compostos para serem cantados em clima de torcida.
No disco, Vá ser feliz faz isso ao ironizar os haters, enquanto Sara acrescenta micropontos de reggae e Nordeste à receita, e Sonho não faz curva adiciona muito de Beatles e Lô Borges. Já Volta soa como um Weezer menos punk e indie, trazendo clima esperançoso numa faixa que prega coisas como “quero todas as cores pra mim” e “bora ser feliz de novo”. Esse mesmo clima surge também no folk-rock Além da glória, nas emanações de Simon & Garfunkel de Black Jesus, no pós punk tranquilo e sombrio de Cuando me extranas e Calma, e na psicodelia de Amor, eu vou embora (com Ana Cascardo nos vocais). No final, o momento de chorar de rir com a faixa-bônus Não desanime, uma resposta bisonha a um candidato a emprego.
Texto: Ricardo Schott
Nota: 8
Gravadora: Independente
Lançamento: 8 de agosto de 2025
Crítica
Ouvimos: Sir Chloe – “Swallow the knife”

RESENHA: Sir Chloe, pseudônimo-projeto de Dana Foote, une noise rock, grunge e pós-punk em Swallow the knife, com dramas vocais e ecos 90s que brilham mais nos momentos pesados.
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Tem algo em Dana Foote, a popular Sir Chloe, que aponta para uma espécie de Chappell Roan do noise rock. Isso porque, ainda que Dana tenha um vocal grave e forte, tem um clima dramático que surge aqui e ali em letras e músicas de seu segundo disco, Swallow the knife. Mas vale também apontar que o rock alternativo feminino dos anos 1990, embebido em referências do country, também bate ponto em vários momentos do disco – o que já garante o diálogo entre fãs de barulho e fãs de sons mais acessíveis.
Sir Chloe, cujo vocal lembra às vezes uma Dolores O’Riordan (Cranberries) mais controlada e blasé, faz punk com cara triste (The hole), sons grunge entre Concrete Blonde e Julianna Hatfield (Forgiving, com texturas trevosas e peso nas guitarras) e canções quase no mesmo esquema loud-quiet-loud dos Pixies (Kiss, dos versos “não quero amor / eu quero vingança”, e a ótima Passenger). O típico pós-punk de bom refrão dá as caras em Forget it, Holy e Complicated – esta, com certo ar de New Order.
Take it, punk melódico que fala sobre amores e lembranças amargas, marca uma espécie de final antes do final em Swallow the knife – já que depois disso, o álbum vai desacelerando, e vai deixando saudades de quando era mais acelerado. Eyes vai pra próximo do folk meditabundo, Too much (Enough) é uma balada em tom tristinho (de versos como “tudo que tive que te dar não foi o suficiente”) e Candy já dá uma aumentadinha na pressão, com voz, guitarra e algo meio velvetiano. Quando fala alto e bota pressão, Sir Chloe manda melhor.
Texto: Ricardo Schott
Nota: 7,5
Gravadora: Independente
Lançamento: 22 de agosto de 2025
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