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Som

Rádio KEXP bateu um papo com Jack Endino. Leia trechos.

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Rádio KEXP bateu um papo com Jack Endino. Leia trechos.

A KEXP, rádio clássica de Seattle, tem feito entrevistas – que podem ser lidas no site da emissora – com personalidades da música. Aproveitando os 30 anos da gravadora Sub Pop, eles foram bater um papo com ninguém menos que Jack Endino, um dos criadores do som local.

Jack se recorda de ter produzido os 75 primeiros singles da Sub Pop – uma lista que inclui clássicos como Touch me, I’m sick, primeiro single do Mudhoney (1988) e Sliver, do Nirvana (1990). Toda a experiência inicial de Jack veio do trabalho no estúdio Reciprocal, que logo fez parceria com a gravadora. Antes, o produtor só tinha à disposição muita força de vontade e as experimentações que vinha fazendo desde bem cedo em casa, usando dois tape decks.

“O ponto de virada na minha vida foi quando deixei meu emprego no Estaleiro Naval, em julho de 1983, e mudei para uma cabana no Tiger Lake, no Sul do Condado de Kitsap”, contou. “Montei todos os meus equipamentos de gravação na sala de estar com alguns amplificadores e uma bateria e, vivi sozinho durante todo o inverno. Eu me gravava tocando todos os instrumentos e estava tentando descobrir o que eu faria com a minha vida. Na primavera de 1984, eu estava pronto para voltar à civilização, daí me mudei de volta para Seattle, montei um estúdio de quatro canais no porão de um amigo, comecei aa banda Skin Yard com Daniel House em janeiro de 1985, e comecei a trabalhar em um estúdio “real” Julho de 1986. Era o Reciprocal, de Chris Hanzsek”.

Um termo geralmente usado para definir a obra de Endino como produtor é “áspero”. Muito embora Jack tenha chegado a resultados bem próximos do que se pode entender como música pop até mesmo na produção de discos dos Titãs (Titanomaquia e A melhor banda de todos os tempos da última semana, respectivamente de 1993 e 1997), ele ainda é lembrado como sendo aquele sujeito que você precisa ter por perto quando quer tirar um som pesado, sinistro e distorcido.

Bom, nem use a palavra para conversar com Jack. Ele detesta. O produtor lembra que recorre sempre a soluções diferentes para dar sonoridades diferentes aos discos que produz, e que nada é feito na base do rascunho.

“Isso faz parecer que estou apenas fazendo demos. Mas eu especificamente não faço demos. Trato tudo como se fosse lançado em um disco. E 98% de tudo que eu gravei foi feito assim. Eu penso nisso como ‘não esterilizado’. Meu objetivo número 1 é preservar o sentimento e a emoção dos artistas, capturar magia na gravação e ainda ter um som bom. E embora seja importante ter uma variedade de ferramentas na minha caixa de ferramentas, algumas ferramentas de produção ou metodologias, quando usadas descuidadamente, tendem a trabalhar contra esse objetivo. Por exemplo, se você tem um grande martelo ‘autotune’, cada sílaba de uma performance vocal começa a parecer um prego. Logo você está tentando tornar tudo ‘perfeito’ e, nesse ponto, você pode se matar também. ‘Perfeito’ é sinônimo de ‘chato'”, diz Jack Endino.

Você tem curiosidades sobre as recordações que Endino tem das gravações da estreia do Nirvana, Bleach (1989)? Pode esquecer. Ele diz que não se lembra de nada. Do período entre 1987-1989, quando a história da Sub Pop começou, ele só lembra que sabia estar no centro de algo importante.

Rádio KEXP bateu um papo com Jack Endino

Até rimou: Jack Endino e seu Grammy Latino por Jardim Pomar, de Nando Reis

“Sabia que algo estava acontecendo, mas eu não tinha certeza do que era, só que importava, e que precisava prestar atenção e fazer o melhor trabalho que pude”, recorda. Também lembrou do Grammy Latino que recebeu por causa do disco Jardim Pomar, de Nando Reis, que produziu. “Só queria que mais pessoas nos EUA pudessem ouvir o disco dele. Eu tenho trabalhado com ele e outros brasileiros desde 1993”, diz.

Lançamentos

Urgente!: Lançamentos da semana (14 a 18 de abril de 2025)

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Urgente!: Lançamentos da semana (14 a 18 de abril de 2025)

Um sobrevoo rápido por alguns dos lançamentos que movimentaram a semana. Nada de esgotar o assunto – a ideia nessa edição semanal e especial do Urgente! é fazer um recorte, destacar o que chamou a nossa atenção. Então anota aí:

(lembrando que tem mais lançamentos e músicas recentes no nosso Radar)

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ÁLBUNS E EPS:

Não ouvimos ainda, mas um disco que está deixando a gente bem curioso é o da dupla formada por Julien Baker & Torres, Send a prayer my way, que saiu nesta sexta (18). Um disco que demorou quase uma década para ser feito, já que a ideia surgiu em 2016. A ideia das duas é que o disco sirva, mais do que tudo, de companhia e de demonstração de que a música sempre tem força. Três singles já foram lançados e o último deles, Bottom of a bottle, saiu nesta semana (Julien e Torres estão na foto acima, tirada por Ebru Yildiz).

Nenhuma estrela, disco novo do Terno Rei, saiu na terça (15), três dias antes da “data de lançamento oficial” de álbuns (sempre valorizam a sexta, enfim). Lô Borges participou de Relógio (“a faixa mais elegante do disco”, diz a banda) e o repertório está mais próximo da melancolia dos anos 1980, em várias faixas. Os próprios clipes liberados pela banda já davam essa cara mais sorumbática e – por que não dizer? – experimental.

Longo, e pelo que já se sabe, bem variado, A study of losses, disco novo do Beirut, saiu também nesta sexta (18) – e é uma jornada de 18 faixas encomendadas pela companhia de circo sueca Kompani Giraff, para um show com o mesmo nome. Temas como desaparecimento, envelhecimento, preservação e impermanência estão no disco.

Thunderball, novo disco do Melvins, saiu nesta sexta (18) pela gravadora Ipecac, e é definido por Buzz Osborne, vocalista e guitarrista do grupo, como um disco “bombástico” – mas melódico, como ele próprio confirmou ao site Scream & Yell. Mike Dillard, baterista original do grupo, voltou para gravar as baterias, e a  banda volta  a ter dois bateristas, ao lado de Dale Crover, titular do instrumento.

E tem o disco solo de Tunde Adebimpe, vocalista do TV On The Radio, Three black boltz – um álbum que, afirma o site Pitchfork, foi gravado antes da eleição de Donald Trump e está repleto de presságios sobre o que iria acontecer. Um outro álbum que está deixando a gente bastante curioso.

SINGLES:

Daqui do Brasil, um lançamento bem instigante: Humberto Gessinger levou às plataformas no dia 17 (quinta) Paraibah, parceria com Chico César. A música, segundo Chico, “é um louvor a importância do outro, do diferente, que tem muito a acrescentar a nós mesmos. Quando a gente se abre para o outro, renascemos”.

Tem mais um single do décimo álbum de Lana del Rey, que sai em maio, rolando – é Bluebird, mais uma investida no country, e uma música sobre uma mulher que encerra um ciclo de abuso. Saiu nesta sexta (18).

Na quinta (17) saiu mais um vislumbre da caixa Tracks II: The lost albums, de Bruce Springsteen. É Blind spot, gravada por Bruce no começo dos anos 1980, e que traz o cantor se metendo na área do rap (ele passou um bom tempo interessado em estilos como rap e trip hop, e isso se reflete MUITO na faixa).

E temos o prazer de anunciar que em 30 de maio sai mais um EP do Illuminati Hotties, projeto punk pop da cantora, compositora e produtora Sarah Tudzin, Nickel on the fountain floor. O single 777 já saiu, e agora chega às plataformas o compactinho Wreck my life, com participação de Stefan Babcock (da banda Pup).

 

 

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Crítica

Ouvimos: Jimi Hendrix, “Electric Lady Studios: A Jimi Hendrix Vision”

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Ouvimos: Jimi Hendrix, “Electric Lady Studios: A Jimi Hendrix Vision”

A morte mais lamentável da história do rock? A de Jimi Hendrix. Sem discussão. Hendrix não foi apenas um gênio da guitarra — ele redefiniu o próprio som do rock, trazendo uma visão futurista e tecnológica para um instrumento que virou símbolo do estilo. Deixou um legado vasto, criativo e barulhento: uma verdadeira biblioteca de riffs e invenções sonoras que continua sendo explorada desde 1970, ano de sua morte. Do rock clássico ao punk, do grunge ao indie dos anos 1980, passando pelo pós-punk e por tudo que veio depois, não houve quem ficasse imune à sua influência.

Como sempre aparece algo novo no baú de Hendrix, nada relacionado a ele parece definitivo. Por isso, é arriscado classificar Electric Lady Studios: A Jimi Hendrix Vision como o guia definitivo das gravações feitas pelo músico nas únicas dez semanas em que usou o Electric Lady, estúdio que ele começou a construir em 1968. O espaço enfrentou inúmeros percalços até ser concluído — e acabou sendo inaugurado pouco antes da morte de Jimi. O box, lançado em cinco LPs de vinil ou três CDs, reúne 39 faixas gravadas por Hendrix ao lado de sua última banda, a Band of Gypsys, com o baixista Billy Cox e o baterista Mitch Mitchell.

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Trinta e oito dessas gravações são inéditas, e trazem primeiras versões de músicas que sairiam em discos póstumos como The cry of love (1971) e First rays of the new rising sun (1997). No geral, são faixas que traziam uma pista de como Hendrix soaria nos anos 1970, caso tivéssemos sido poupados da morte dele. O criador do disco duplo Electric ladyland (1968) estaria provavelmente fazendo rock rajado de soul e jazz, e seguindo por um caminho que grupos como Lynyrd Skynyrd e até Neil Young & Crazy Horse pegariam: country rock estradeiro e igualmente influenciado por soul e gospel.

Muitas canções que estão em Electric Lady Studios trazem fragmentos que, anos depois, seriam chupados por outros artistas, de Robin Trower a Lenny Kravitz (o riff de Are you gonna go my way deve muito a Ezy ryder). Valleys of Neptune é hard rock com cara soul dada pelo piano Rhodes. A extensa The long medley (26 minutos!) parece contar com antecedência toda uma história posterior da guitarra, que passa por Herbert Vianna, Eddie Van Halen e Joey Santiago (Pixies) entre outros. Quem tiver interesse em ouvir uma música tão longa, ganha de Hendrix um “depois que eu partir, vai ficar assim!”.

Do repertório de Electric Lady Studios constam também os primeiros templates de músicas que mostravam o poder de Hendrix como criador de melodias, como Room full of mirrors, Drifting e a balada sonhadora Angel. Além do progressivo motorbiker (lembrando Blue Cheer) de Earth blues, e do blues voador de Night bird flying. Tire um dia inteiro para escutar, nem que seja só nas plataformas digitais.

Nota: 10
Gravadora: Sony
Lançamento: 4 de outubro de 2024

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Crítica

Ouvimos: David Longstreth, Dirty Projectors e Stargaze, “Song of the Earth”

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Ouvimos: David Longstreth, Dirty Projectors e Stargaze, “Song of the Earth”

Beach Boys, Stereolab, Crosby Stills Nash & Young, Moody Blues, Mutantes e até os Beatles do álbum Abbey Road (1969) residem em Song of the Earth, projeto do músico David Longstreth com seu grupo Dirty Projectors e a orquestra de câmara berlinense Stargaze. É um disco de música clássica feito por quem tem os dois pés no universo do rock e da música pop, com sonoridade luminosa e, às vezes, psicodélica.

Trazendo uma lista de colaboradores que inclui Phil Elverum, Steve Lacy, Patrick Shiroishi, Anastasia Coope, Ayoni, Portraits of Tracy e até o brasileiro Tim Bernardes (que surge na “voz de rádio”, gravada como se fosse um registro antigo, da vinheta Appetite), Song of the Earth tenta pôr em música e letra os problemas que surgiram de incêndios florestais na Califórnia em 2020. São 24 faixas, que somam 64 minutos de audição, abertas pela felicidade de Summer light e Gimme bread. E prosseguidas pelo contraste entre luz e sombra de At home, que soa como luz entrando num ambiente escuro, Circled in purple, Opposable thumb (com “piano preparado” e tom de trilha de programa de rádio) e Our green garden – essa última faz lembrar discos orquestrais antigos.

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Muita coisa em Song of the Earth, já que falamos em trilhas, lembram aqueles desenhos animados antigos que usavam música clássica para sublinhar travessuras de personagens ou voos de pássaros. Unhabitable Earth, paragraph one mescla orquestra, reggae e pós-punk “espacial” para falar dos perigos do aquecimento global. E surge quando o conteúdo de Song of the Earth começa a ficar mais tenso – os metais rangendo de So blue the lake dão a impressão de que uma coisa perigosa pode acontecer, Armful of flowers e Twin aspens são belas peças musicais que soam como algo provocativo. Algo que opera entre os Electric Prunes de Mass in F minor (1968), Tom Jobim e Clube da Esquina surge em More mania e Spiderweb at water’s edge.

Com produção feita de 2020 em diante, Song of the Earth acabou, por coincidência, sendo finalizado quando a Califórnia vive problemas causados por outros incêndios. É um disco que também exige tempo do ouvinte, e exige uma atenção não apenas à música, mas também às questões levantadas por ele. Na parte final, Raven ascends encapsula a sensação de perigo do disco, Blue of dreaming leva a linguagem do álbum para um soft rock orquestrado, e Raised brow é uma vinheta vertiginosa em que cordas vão “levantando” aos poucos. Um disco de fôlego.

Nota: 10
Gravadora: Trangressive Records
Lançamento: 4 de abril de 2025

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