Lançamentos
Fleet Foxes lança versões de Joni Mitchell e Strokes, com participações especiais

A banda norte-americana de indie folk Fleet Foxes é, de fato, algo entre, digamos, The Strokes e Joni Mitchell. E foram justamente covers da banda e da cantora que o grupo soltou nesta terça (13) via Bandcamp. A versão de Under control, dos Strokes, apresenta a participação da cantora e compositora Uwade Akhere, que abriu shows da banda em 2022. Já a releitura de Hejira, de Joni, tem participações de Daniel Rossen, guitarrista e vocalista do Grizzly Bear, e de Greg Pecknold, pai do vocalista do Fleet Foxes, Robin Pecknold, tocando baixo fretless. As duas versões foram gravadas ao vivo durante a turnê mais recente da banda e trazem (muito bem, por sinal) as canções pro universo da banda.
A versão dos Strokes já havia sido tocada com Uwade durante a turnê de 2022. “Uma coisa que nos unia nos bastidores foi o amor compartilhado pelos Strokes – ouvir a voz de Uwa ecoando pelos corredores enquanto ela cantava The end has no end ou Reptilia sempre foi um destaque do dia. Considerando isso, pensei que ela poderia se divertir cantando Under control conosco e com os Westerlies no Forest Hills Tennis Stadium no Queens, então nos reunimos na passagem de som e perguntamos a ela – foi incrível!”, conta Pecknold, revelando também que seu pai criou baixos, tocou em bandas entre os 20 e 30 anos de idade e tinha o sonho de tocar na banda de Joni, “como Jaco Pastorius”.
“Logo antes de nosso show surpresa com Joanna Newsom em março, comprei de volta para ele um dos baixos fretless que ele havia feito nos anos 80 e achei que seria legal tocarmos Hejira juntos. Foi também uma honra contar com a companhia de Daniel Rossen, um dos maiores músicos dos últimos 20 anos”, disse.
Crítica
Ouvimos: Suede – “Antidepressants”

RESENHA: Em Antidepressants, o Suede faz um pós-punk sombrio e elegante, evocando David Bowie, Roxy Music, Joy Division e The Cure em faixas intensas.
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Quinto álbum do Suede desde o retorno da banda em 2013, Antidepressants chega a confundir as coisas. Você pode ouvir as onze faixas do álbum e ter a impressão de que o grupo de Brett Anderson veio do começo dos anos 1980 e é uma joia rediviva do pós-punk e do indie rock britânico da época. E pode acabar esquecendo de que se trata do novo álbum de uma pérola do britpop, uma banda que costuma ser meio deixada de lado pelos fãs de Oasis, Blur e Stone Roses. Brett não estava brincando quando disse que Autofictions, de 2022 era um disco “punk” e esse disco novo era o desdobre pós-punk.
O som de Antidepressants, graças às batidas marciais, às linhas de baixo cruas e às guitarras cevadas na economia e na beleza, está bem mais próximo de uma geração anterior à deles. Mas isso já era algo preconizado pelo Suede desde os primeiros anos. Na real Brett e seus companheiros soavam mais como o último grito do glam rock, uma banda punk que nunca tinha deixado de ouvir David Bowie para adorar Sex Pistols, um grupo que conseguia curtir crueza sonora e drama – mais ou menos na tradição dos momentos mais lascados do The Cure, banda que volta e meia surge como citação na estrutura das faixas de Antidepressants.
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Antidepressants faz o Suede funcionar como um bloco sólido de som – destacando baixo, bateria e guitarra na mesma proporção, e dando uma vibe climática para os teclados. Também faz os antigos fãs lembrarem do Suede como um grupo amigo, que provoca identificação imediata com a vulnerabilidade de quem ouve. Unindo quase sempre a elegância de David Bowie e Roxy Music à crueza existencial do Joy Division, eles criam cenários doloridos em faixas como Disintegrate (“seu medo e sua frustração / são como armas em suas mãos”, “desça e se desintegre comigo / somos cortados como as margaridas, como as papoulas altas”), a sombria e ágil faixa-título (“há tantas maneiras de definir / nossos estados infinitos / tribos adolescentes no banheiro de novo / cale a boca ou eles nunca mencionarão seu nome”) e o pós-punk sessentista e beatle Broken music for broken people (“são pessoas partidas que salvarão o mundo”).
Há também Sweet kid, música melancólica e adolescente, com uma letra para acompanhar o/a fã (“todas as maneiras que você mudará então / com cada pele que você troca”). E o clima bowieófilo de Somewhere between an atom and a star, balada blues com herança de discos como David Bowie (o de Space oddity, 1969) e The man who sold the world (1971). De uma forma ou de outra, Brett sempre forjou o Suede como uma banda que fala ao rockstar perdido em cada pessoa, aos sonhos deixados de lado em meio à máquina de moer carne da vida. Um estado de espírito que surge igualmente na vibe viajante e apocalíptica de Life is endless, life is a moment e no peso solar de The sound and the summer. E na atmosfera hipnotizante do single Trance state, repleta de emanações de The Cure e Killing Joke.
Antidepressants escapa da nota 10 por pouco, por causa de um detalhe básico: em busca de um disco conciso, o Suede deixou de esticar e aproveitar as belezas de algumas faixas. Somewhere between an atom and a star encerra tão abruptamente que chega a causar um estado de “ué, só isso?”. O mesmo acontecendo até com o jangle rock certeiro do single Dancing with the europeans, que aposta numa mescla Byrds+ Joy Division, e até com Criminal ways, punk classudo que cita o balanço de London calling, do Clash. Pequenos detalhes, já que o Suede volta com disposição.
Texto: Ricardo Schott
Nota: 9
Gravadora: BMG
Lançamento: 5 de setembro de 2025
Crítica
Ouvimos: The Technicolors – “Heavy pulp”

RESENHA: No quinto álbum, Heavy pulp, The Technicolors misturam psicodelia, pós-punk, shoegaze e até synthpop em faixas intensas e variadas.
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A capa é psicodélica, o nome da banda é psicodélico, o nome do álbum mete peso na história – e os Technicolors, uma banda norte-americana que já existe desde 2012, estão bem pouco interessados em definições exatas para sua música. Heavy pulp, quinto disco do grupo, abre com uma espécie de stoner dançante – Gold fang, que na real lembra uma espécie de metal-disco psicodélico, com vocais cansados. Softcore, na sequência, ajuda a pôr a banda no mapa do shoegaze, enquanto uma espécie de encontro entre o punk e a lisergia toma conta de Serotonin.
O que baliza de verdade Heavy pulp é uma oscilação entre climas psicodélicos e vibes pós-punk – como se a estileira do grupo pudesse ser traduzida numa espécie de mostrador de VU que vai parando em diversas gradações conforme a música. Alpha alpha alpha soa como Talking Heads no ácido. Posh Spice (cujo clipe mostra quatro pessoas caindo num golpe que envolve uma referência às Spice Girls) é stoner dançante e pesado na cola do Queens Of The Stone Age. Chump change e Lucky slug são pós-punk + krautrock. Ta ta ta tem vibração no-wave, com teclados psicodélicos e espaciais.
E vai por aí, num resultado bem louco e variado. Agora, de inesperado, tem a bela First class to nowhere, uma rápida lembrança do rock britânico dos anos 1980, com clima doce e viajante, guitarras e violões bacanas, riff ótimo, e emanações de The Cure, Psychedelic Furs e The La’s. No final, nem estranhe dar de cara com o synthpop apodrecido de I miss my friends. O escopo do The Technicolors é bem amplo.
Texto: Ricardo Schott
Nota: 9
Gravadora: Independente
Lançamento: 29 de agosto de 2025.
Crítica
Ouvimos: Pablo Vermell – “Futuro presente”

RESENHA: Em Futuro presente, Pablo Vermell mistura pop adulto e indie folk em canções curtas, íntimas e cheias de melancolia.
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Com participações de Lucas Gonçalves (Maglore), da cantora amazonense Corama e banda norte-americana Valiant Blues, Futuro presente, primeiro álbum do santista Pablo Vermell, aponta basicamente para a mistura de rock e pop adulto de rádio, num efeito que faz lembrar bastante a estreia do The Convenience, Accelerator (2021) – ou coisas mais indie pop, como Clairo.
Com duração curtíssima (19 minutos), o álbum de Pablo joga musicalmente com a noção de um futuro que se descortina a cada segundo – com ou sem ansiedade, com ou sem “vida lá fora”. O álbum abre com Na espera, uma bossa de guitarra e piano, com letra de amor perdido e vocal tranquilo. Uma música que parece balizar todo o clima do disco, ainda que haja em Futuro presente momentos folk que lembram R.E.M. (Falar é fácil demais, Futuro presente, Adeus é para os fracos).
Nas letras de Futuro presente, Pablo tenta cravar uma espécie de estética geracional, que fala de dramas pessoais, amores que se foram e coisas parecidas – como na tristezinha do soft rock Low profile, no soul indie pop de Fran e Frio, e na balada lo-fi Miopia, gravada com voz, guitarra e som de demo.
Texto: Ricardo Schott
Nota; 7,5
Gravadora: Shake Music
Lançamento: 14 de agosto de 2025.
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