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Festival Levada: de volta ao presencial

O festival carioca Levada completa dez anos, sempre voltado para a vanguarda, o novo. Foram mais de 120 artistas até hoje no evento, e alguns deles, quando tocaram no festival, estavam se apresentando pela primeira vez no Rio, como o BaianaSystem, Silva e o Carne Doce (foto acima). Curador do Festival Levada, o radialista Jorge LZ já havia encarado no começo de 2021 o desafio de, pela primeira vez, fazer uma edição 100% online do festival- mas foi ajudado pelo fato de que, desde 2017, o Levada tem transmissão simultânea pela internet.

Jorge LZ: curador do Festival Levada
Para fechar esse ano bizarro de 2021 com uma notícia bacana, o Levada volta ao presencial entre os dias 8 e 11 de dezembro com shows no Teatro Rival Refit, sempre às 20h30, de Carne Doce (dia 8), Juliana Linhares (dia 9), Foli Griô Orquestra (dia 10) e Maglore (dia 11). A décima edição do evento não acaba aí: mais oito atrações (a serem confirmadas) vão tocar em 25 de janeiro de 2022 no Estúdio LabSonica (laboratório de experimentação sonora do Oi Futuro), numa segunda etapa da edição. E vai rolar ainda uma exposição sobre os dez anos do Levada no Centro Cultural do Oi Futuro, no Flamengo, a partir do dia 2 de fevereiro.
O POP FANTASMA bateu um papo com Jorge LZ, que além do festival ainda cuida de dois programas de rádio, o Na ponta da agulha (na Rádio Graviola, às segundas, 20h) e o Compacto (na Rádio Roquette-Pinto, sextas, às 21h). E ainda está planejando um terceiro programa. Ah, vale lembrar que para não perder o hábito, você pode acompanhar os shows do Levada pelo YouTube.
O Levada já havia feito uma edição 100% digital no começo do ano. Como foi fazer pela primeira vez uma edição sem o público presente?
Inicialmente, me deu uma sensação de tristeza por não ter o público presente. Porém, logo que refleti sobre a situação, percebi que o quanto estava sendo incrível poder manter o Levada ativo e, melhor, poder, de alguma forma, proporcionar momentos tão bacanas durante o isolamento social. Foi e está sendo fundamental o papel da arte nesse momento de pandemia (apesar de decretos, o vírus, que não sabe ler, segue circulando).
O fato de o festival já ser exibido na internet desde 2017 ajudou na transição para o mundo online? Como foi o know how que você foi ganhando esse tempo todo?
Ajudou bastante a experiência que tínhamos nesse tipo de transmissão. Obviamente, alguns ajustes foram necessários, pois, anteriormente, o foco estava nas pessoas que estavam presentes às apresentações. No meu caso particular, o fato de trabalhar com rádio há quase 20 anos facilitou essa adaptação, já que no rádio eu me comunico sem ver as pessoas que me acompanham.
Como tem sido esse período de pandemia pra você, como produtor? Assim que foi decretada a pandemia, como ficaram as coisas pra você em termos de planos A, B, C, etc?
Ficou muito difícil trabalhar, inicialmente como em todas as classes. Mas o setor cultural sofreu um baque maior, levando-se em conta que a dificuldade do público brasileiro entender que cultura é algo essencial e que é preciso pagar por isso. Essa cultura do “pago a cerveja com gosto, mas não reclamo para pagar a entrada de um espetáculo” é muito arraigada por aqui. Para piorar, ainda temos o poder público (principalmente o federal) que tem horror às manifestações culturais. No caso dos nossos planos de ação, o alfabeto não foi suficiente, pois todas as alternativas pensadas esbarravam em entraves difíceis de serem contornados.
Como foi montada a escalação desta edição?
A cada ano é um desafio montar uma curadoria pela quantidade de recortes possíveis numa cultura tão plural como a nossa. Para esta edição, além de trazer algum nome que já tivesse passado pelo Levada e que o festival tivesse impactado de alguma forma essa carreira, pensei em passar longe de algo que acho extremamente nocivo para a nossa a música, que é o “hype”. Não que no “hype” não tenham coisas interessantes, mas, na maioria das vezes, ele funciona de forma monocultural, esgotando um determinado estilo, sem falar na paciência do ouvinte. Tem me chamado a atenção muita gente fazendo rigorosamente a mesma coisa para estar na crista da onda, em alguns casos, violentando o próprio trabalho. Com uma produção tão diversa, não faz sentido ficar preso a uma coisa só.
Enfim, olhando para os quatro nomes que já divulgamos e para os oito que ainda serão divulgados, tenho a certeza que são trabalhos verdadeiros e que não foram feitos para durar apenas para duas playlists.
Qual o balanço que você faz desses dez anos e das estreias que já passaram pelo palco do Levada?
Como disse antes, existem muitos recortes possíveis na nossa música. Olhando para quem passou, vejo o quanto essa pluralidade é importante. Para além, de alguma forma, ter contribuído para algumas carreiras que deslancharam, fico orgulhoso do Festival ter dado visibilidade para o que se faz na música em todas as regiões do Brasil e isso impacta na formação de público, que tem a oportunidade de entrar em contato com esse universo.
De certa forma, o Levada foi importante até mesmo na evolução de uma das bandas que está na escalação de 2021, o Carne Doce. Como é, de certa forma, ter um papel formativo na história de certos artistas, já que eles deixaram claro que o convite para tocar no Levada foi determinante para a formação do grupo?
Pois é, o Carne Doce era um nome fundamental na escalação da edição de 10 anos. Não traço uma comparação com outros nomes que passaram pelo Festival, mas sem dúvida é quem mais representa o que a gente queria que o Levada proporcionasse. Saber que a banda, de certa forma, passou a existir por um convite nosso, me dá a certeza que fizemos uma escolha certa quando montamos as diretrizes do Festival
E ainda vai ter uma segunda etapa em janeiro. Fale um pouco como vai ser esta etapa e sobre como vai ser a exposição do evento.
A etapa do LabSonica, espaço incrível do Oi Futuro, é um momento essencial do Levada, mesmo tendo começado há pouco. Lá, além dos shows, batemos um papo com quem se apresenta com a presença do público e essa aproximação é bacana, já que cria uma interação maior entre artista e público.
Quais são os planos para 2022 do seu programa Na ponta da agulha? Como é poder disponibilizar um espaço legal para o artista (especialmente o artista novo) mostrar seu trabalho, e ainda por cima no rádio?
Minha relação com o rádio é forte desde a infância, quando era ouvinte e conheci muita coisa através desse veículo. O Na ponta da agulha começou despretensiosamente e aos poucos foi crescendo e virando dois programas, já que acabou se desdobrando no Na ponta da agulha 10 polegadas. A liberdade que a Rádio Graviola me dá para trabalhar é incrível e possibilitou esse desdobramento. Em 2022 ele voltará a ser um programa só, mas o foco continua o mesmo: o álbum. Tenho bastante interesse na música que é produzida hoje, mas me interessa ainda mais a questão conceitual e o seu desenvolvimento. O programa dará atenção aos “singles”, mas seguirei destacando álbuns inteiros, até para reforçar a ideia de que existem várias maneiras de se apreciar a música para além das playlists.
Recentemente você voltou para a Roquette Pinto para fazer o Compacto. Como tá sendo cuidar de dois programas ao mesmo tempo e como você diferencia os dois?
A volta à Roquette-Pinto foi importante, pois fiquei dez anos por lá fazendo o Geleia Moderna e o Radar. O Compacto é mais um desdobramento do Na ponta da agulha e foi uma maneira que arrumei para levar ao público mais plural da Roquette o que mostro na Rádio Graviola. Em 2022, além do Na ponta da agulha e do Compacto, colocarei no ar, ao lado do Toinho Castro (da Revista Kuruma’tá), o Terça estranha, na Rádio Graviola. Ao contrário dos anteriores, este será um programa que não ficará fechado na música brasileira e será uma oportunidade de explorar um repertório menos convencional.
O Na ponta da agulha recentemente fez um especial em homenagem aos 50 anos do Jardim elétrico, disco dos Mutantes. Existe o projeto do programa investir cada vez mais em edições históricas?
Desde a época do Geleia moderna, quando apresentava o quadro Tirando a poeira, dou atenção ao que já foi produzido na música anteriormente. No Na ponta da agulha além do Jardim elétrico, mostrei alguns outros álbuns históricos, como o Construção, do Chico Buarque e Em pleno verão, da Elis Regina, entre outros. Gosto de pensar na música como uma coisa só, sem delimitar muito o que é de uma época ou de outra. Algumas coisas lançadas há 40 ou 50 anos soam mais atuais que alguns singles lançados ontem. É importante sabermos o que já rolou, até para ter uma compreensão maior do que estamos ouvindo hoje.
Foto Carne Doce: Macloys Aquino/Divulgação
Lançamentos
Radar: Geese, Bob Vylan, Current Swell, Sonic Dukes, Sky Ferreira, Min Taka, Code 150

Tem porrada séria no Radar de hoje, com a presença do questionador e corajoso grupo Bob Vylan entre as bandas – eles não estão lançando nenhuma música nova, mas fomos ouvir o som e mostramos à turma que lê o Pop Fantasma. Tem a nova do Geese, a descoberta do Current Swell, uma da Sky Ferreira que nos passou batida quando saiu (há alguns meses)… Ouça e leia tudo!
Texto: Ricardo Schott – Foto (Geese): Mark Sommerfield/Divulgação
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GEESE, “TAXES”. O som novo dessa banda experimental norte-americana é percussivo, entre o country e o gospel, soando como um slacker rock feito por um músico folk durante os anos 1970 – e que depois, numa segunda parte, vai apontando para um lado mais pós-punk. Se a salada de estilos ficou confusa para você, esse desnorteio é comum na obra do Geese, que com o single Taxes, anuncia o álbum Getting killed, previsto para 25 de setembro. Já tem turnê agendada: o giro do novo disco começa em 10 de outubro, em Burlington (Vermont), e termina com duas apresentações em casa no Brooklyn Paramount, dias 20 e 21 de novembro.
BOB VYLAN, “MAKES ME VIOLENT”. Nunca tinha escutado o Bob Vylan, banda de rap que vem se destacando pelo seu espírito combativo em shows, e pela mistura azeitadíssima de hip hop, punk, metal, grime, sons eletrônicos em geral, e tudo que puder ser usado para deixar o som mais barulhento e mais guerreiro. Uma ótima introdução ao som do grupo é Makes me violent, faixa do álbum Humble as the sun (2024), por sinal, uma das mais escutadas do Bob Vylan nas plataformas. A letra fala sobre abusos, ódio e “pacifismo” de meia-tigela. “Isso me deixa violento / tão violento / mas por favor, por favor, sem violência / sem violência (…) /alguém sempre me diz: ‘apenas se acalme e deixe estar'”.
CURRENT SWELL, “I GOT MINE”. Vindo de Victoria, no Canadá, esse grupo faz uma mistura bem interessante de indie rock, power pop e música “de raízes” (incluindo referências de blues, soul e vários outros estilos). O EP 10 foot tall acaba de sair e destaca essa faixa, basicamente um country rock com cara indie que lembra tanto o britpop quanto os Rolling Stones da época do disco Sticky fingers (1970). O refrão tem cara de hino.
SONIC DUKES, “HOTTER THAN THE SUN”. Essa banda britânica passou por algumas modificações na formação recentemente, e dedica-se a uma espécie de stoner eletrônico, com vibes psicodélicas, ruídos, synths e batidinhas. Hotter than the sun é um dos singles mais recentes deles, e soa como um hino à lesação na praia, com vocais doidões, letras visionárias e clima de gospel dançante à moda do Primal Scream do disco Screamadelica. Um som ensolarado, mas que pode fazer todo mundo perder os sentidos por alguns minutos.
SKY FERREIRA, “LEASH”. Masochism, segundo álbum de Sky, vem sendo adiado há um bom tempo – ainda não há um mês correto de lançamento, mas ela avisou que o disco sai esse ano ainda. Se sair neste ano, já rola com um atraso considerável – Night time, my time, debute da cantora, é de 2013, e ela vem falando de Masochism há tempo o suficiente para confundir a cabeça dos fãs.
Leash, single lançado em dezembro, tá na trilha do filme Babygirl – thriller erótico de Halina Reijnem em que Nicole Kidman faz uma CEO que é assediada por um estagiário, e a história fica enrolada a ponto de… Bom, veja o filme, que vi há poucas semanas. Vale bastante a citação da faixa nova de Sky, um eletrorock dos melhores, que acabou sendo o primeiro lançamento independente dela, após ela largar a Capitol Records.
MIN TAKA, “EYESIGHT”. Cantora da Turquia, mas radicada na Holanda, Min Taka acaba de lançar o EP I think we should just move in together, e vem se dedicando a um som que pode muito bem ganhar o moderníssimo rótulo de hyperpop: base synthpop, vários gêneros se encontrando, um som rico o suficiente para atrair fãs variados, e um clima indie e cult em torno de todo o conceito. Yasemin Koyuncu (nome verdadeiro de Min Taka) une bossa espacial, batidinhas sintetizadas e pop dançante em uma das melhores faixas do EP, a solar Eyesight.
CODE 150, “HYPNOTIZED”. As misteriosas Stella (voz e guitarra) e Delphine (synths) comandam essa dupla de darkwave vinda da França, com influências assumidíssimas de Siouxsie and The Banshees e do Skeletal Family (banda britânica de rock gótico, surgida em 1982 e que, após idas e vindas, está oficialmente de volta desde 2012). Com mais um EP para sair em breve, elas oferecem em Hypnotized, seu novo single, um clima tão cativante quanto sombrio. O clipe da faixa, que elas avisam que é só uma demo-vídeo da música, amplia a vibe aterradora.
Notícias
Urgente!: The Beths faz chorar em música nova; Animal Collective volta na psicodelia fofa

RESUMO: The Beths lançam a dolorida e acústica Mother, pray for me; Animal Collective volta com o tema psicodélico e quase infantil Buddies on the blackboard.
Texto: Ricardo Schott – Foto (The Beths): Divulgação
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Introspectiva por natureza, a banda The Beths dá uma entristecida amiga no novo single, Mother, pray for me, cantada com ar cândido pela vocalista Elizabeth Stokes – uma música, aliás, que ela confessa ter chorado o tempo todo enquanto escrevia. Não foi á toa: a letra tem versos como “mãe, você está por perto?”, “quis machucar você pela dor que causou em mim / e sei que sou o motivo pelo qual você chorou / mãe, reze por mim”.
“A música não é sobre a minha mãe, é sobre mim – sobre o que espero que o nosso relacionamento seja, o que eu acho que é, o que talvez seja de fato, e o que posso ou não esperar dele”, conta Elizabeth. “Minha mãe é imigrante indonésia de primeira geração e muito católica. Nasci em Jacarta e nos mudamos para Auckland (Nova Zelândia) quando eu tinha quatro anos. Acho que essa música é uma tentativa minha de entender meu relacionamento com minha mãe, e o relacionamento dela com sua fé e com a própria mãe”.
Apesar da banda inteira ter tentado trabalhar na canção, no fim das contas Elizabeth e seus colegas acharam que ficaria mais bonito deixar só ela e o violão, além de um som de órgão no fundo. “Foi difícil compor”, revela. Mother, pray for me vai estar ao lado dos outros singles recentes do grupo, Metal e No joy, no álbum novo dos Beths, Straight line was a lie, previsto para o dia 29 de agosto pelo selo Anti-.
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Quem tá também com música nova é o Animal Collective – ainda que os projetos paralelos dos integrantes tenham se tornado mais presentes no universo pop do que a própria banda. De qualquer jeito, há um mês saiu o single Love on the big screen e dessa vez, sai o lado B, Buddies on the blackboard, uma espécie de tema psicodélico de desenho animado (cujo vídeo mostra vários desenhos feitos com giz e lousa) que é a cara do grupo. No dia 1º, as duas faixas saem em um single de 7 polegadas pela Domino Recordings.
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VIU ESSA? Damon Albarn (Blur/Gorillaz) admite pela primeira vez que havia, sim, uma baita rivalidade entre Oasis e Blur nos anos 1990 – e ainda diz que, com os shows hiperlotados, a turnê extensa, e a atenção da mídia, o Oasis ganhou a parada.
Lançamentos
Radar: Audrey Hobert, Naima Bock, Sistema Nervioso, Messiness, Almareas, Matías Roden, Ark Identity

E lá vem mais um Radar internacional – como sempre, unindo nomes pop que com certeza estão próximos do estouro, e outros que fazem sons com os quais as paradas precisam ainda se acostumar. Aubrey Hobert talvez seja uma das próximas sensações do pop com seu primeiro álbum, Messiness volta à psicodelia do rock britânico dos anos 1990, Almareas mete bronca no rock ruidoso, Naima Bock faz folk dolorido e realista quanto aos sentimentos do dia a dia, e vai por aí. Ouça tudo no volume máximo.
Texto: Ricardo Schott – Foto Aubrey Hobert: Divulgação
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AUDREY HOBERT, “BOWLING ALLEY”. Essa cantora e compositora norte-americana segue firme no pop confessional com Bowling alley, seu segundo single. Numa pegada acústica e divertida, a faixa fala sobre inseguranças sociais e o incômodo de ser notada só quando algo seu viraliza. É pop de quarto com alma de diário: sincero, direto e cheio de charme. Audrey já compôs com Gracie Abrams, sua amiga de infância, e começa a marcar presença com um som que mistura vulnerabilidade e sagacidade na medida.
“Bowling alley é sobre achar que ninguém quer que você vá à festa deles, mesmo tendo sido cordialmente convidado (um sentimento egocêntrico). E também sobre pessoas que você conhece há anos só te reconhecerem quando você faz algo artisticamente empolgante e aos olhos do público. Eu já passei pelas duas coisas e pensei: ‘Caramba, bota música, garota!”, conta ela. Confira abaixo o clipe da faixa, feito por ela própria, e um daqueles vídeos que você vai querer assistir várias vezes na vida. Who’s the clown?, primeiro álbum de Audrey, sai dia 15 de agosto e traz os três singles: Bowling alley, Sue me e o mais recente, Wet hair.
NAIMA BOCK, “ROLLING”. Saiu single novo dessa cantora britânica de vocais extensos e cheios de variações melódicas. Rolling é uma doce balada folk, que se sustenta na voz e no violão durante quase toda a sua duração (outros instrumentos só aparecem no final) e que, segundo ela, não se encaixou bem em seu álbum anterior, Below a massive dark land (2024), mas valia lançar.
A canção foi escrita durante uma viagem de trem de Glasgow para Londres e Naima tem certeza “de que a letra vai ressoar com algumas pessoas”. Não é por acaso: Rolling é um recado direto para quem não tem compromisso algum com os sentimentos alheios. “Tentar caber num coração quebrado / só faz com que eu mesma seja esquecida”, conta ela na letra.
SISTEMA NERVIOSO, “NUNCA NADA”. Pós-punk direto da Espanha, com riffs distorcidos, vocal falado e tecladeira suja. O Sistema Nervioso fala em Nunca nada sobre a relatividade das escolhas diante do fim, e sobre os caminhos duvidosos da vida (olha o refrão, que fazemos questão de não traduzir: “nunca nada es suficientemente bueno o malo / todo lo horizontal lo verás en vertical /¡ gira la cabeza !”). Bloc Party, Vampire Weekend e ecos da banda espanhola Perro aparecem como referências num som urgente e direto, com menos de três minutos. Um labirinto emocional embalado por um groove tenso e inteligente. E o clipe é um primor de videoarte das antigas.
MESSINESS, “FATALLY”. No fim do ano sai o primeiro álbum desse grupo indie-psicodélico, que une rock, krautrock, hip hop, lisergia, escalas arábicas e ciganas, e coisas que lembram a turma de Madchester, nos anos 1980/1990. E dessa vez, eles voltam numa vibe musical que une power pop grudento, britpop e sons herdados do pop feminino sessentista. Mas o tema de Fatally é grave e sério: dependência química, rehabs e toda a desfragmentação que vem na sequência das internações e recaídas. “É uma introspecção dolorosa sobre o vício, a reabilitação e o peso esmagador do tempo que avança sem parar”, diz Max Raffa, criador do grupo.
ALMAREAS, “ANDY”. Uma banda argentina de shoegaze e rock ruidoso em geral – e que canta em inglês, e é contratada por um selo londrino especializado em bandas do barulho, o Shore Dive. Almareas acaba de lançar o EP One day, e encerram o trabalho com a lenta e sufocante Andy, uma música que abre numa calma quase fúnebre, com guitarra e vocal baixo, até partir para os decibéis altos e para as paredes de guitarra. Tem algo de Velvet Underground e de My Bloody Valentine espalhado na melodia e no arranjo.
MATÍAS RODEN, “ANGELS IN THE NIGHT”. De origem peruana, Matías vive em Vancouver, Canadá, e faz um som que pode entrar tranquilamente na gavetinha do tecnopop, ou daquela junção entre climas oitentistas e rock progressivo que marcou trabalhos de Marillion e Peter Gabriel – ele cita nomes como Depeche Mode e Pet Shop Boys como algumas de suas grandes influências, e suas letras lidam com temas como alienação, saúde mental e sexualidade. Momentos de depressão e dias de glória depois da luta marcam o sensível single Angels in the night, cujo clipe mantém o foco em Matías, sempre iluminado por um spot.
ARK IDENTITY, “STILL IN LOVE”. O som de Noah Mroueh, produtor e compositor canadense que esconde atrás do nome Ark Identity, mistura dream pop, indie e R&B alternativo. E o single Still in love (que adianta o EP Deluxe nightmare, previsto para 14 de outubro) une esses estilos musicais em torno de uma letra que narra o impasse emocional de um amor que não vai embora – mesmo quando já devia ter ido. O clipe da faixa tem o mesmo aspecto vintage e oitentista da música.
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