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Entrevista: Dave Faulkner (Hoodoo Gurus) fala sobre shows no Brasil, disco novo e independência

Quando parecia que todos os discos do mundo podiam ser escutados nas plataformas digitais (exagero…) faltava uma discografia: a da banda australiana Hoodoo Gurus. O grupo liderado pelo cantor, guitarrista e compositor Dave Faulkner apareceu no Spotify, no Deezer e onde mais você puder imaginar, apenas no ano de 2018. “Não estávamos satisfeitos com os acordos que estavam sendo oferecidos para royalties de streaming, então adiamos”, conta Dave ao Pop Fantasma. A chegada da música do grupo no mundo digital trouxe novidades: houve relançamentos em vinil colorido e até um disco novo, Chariot of the gods (2022). E é o álbum mais recente que traz a banda ao Brasil em abril, depois de 25 anos sem fazer show por aqui.
O quarteto retorna com formação modificada: Dave, Brad Shepherd (guitarra) e Rick Grossman (baixo) têm agora a companhia de Nik Rieth (bateria). Vão passar pelo Rio (dia 14), São Paulo (12), Porto Alegre (13), Curitiba (15) e Florianópolis (19). A mescla de pós-punk e power pop dos Hoodoo Gurus costuma ser chamada de surf music por fãs e críticos – por acaso, o show tem até ingresso “Surfista solidário”, que dá meia entrada para quem levar um acessório de surfe para doação. Mas na conversa com a gente, Dave falou até um pouco das origens da banda no punk australiano, época em que chegaram a ter uma formação bastante peculiar, com três guitarras e nada de baixo. Também revela que a inspiração para compor vem em momentos bem diversos do dia – se você der uma volta pela Austrália e deparar com um sujeito parecido com Dave cantando no microfone do celular enquanto faz compras, é ele mesmo.
(perguntas: Ricardo Schott e Luciano Cirne)
Como foi o processo de criação das músicas de Chariot of the Gods? E por que demorou tanto para um novo disco do Hoodoo Gurus ser lançado?
A maior razão para isso foi ter Nik Rieth como nosso baterista. Depois que Mark Kingsmill se aposentou, tivemos que decidir se queríamos continuar. Sua bateria fazia tanto parte do nosso DNA musical que nem tínhamos certeza de que poderíamos continuar e ainda nos sentir como nós mesmos. Reconhecemos que, embora Mark seja insubstituível, Nik conseguiu trazer um novo sabor ao nosso som, trouxe um caráter ligeiramente diferente à nossa música. Ainda estamos evoluindo como banda.
Todas as músicas são novas, exceto Settle down, que escrevi na época de Mach schau (disco de 2004 da banda). Dito isso, muitas das músicas surgem de riffs ou melodias que acumulei ao longo de muitos anos, às vezes décadas. Ideias musicais aleatórias surgem em minha cabeça em momentos estranhos durante o dia, como quando estou fazendo minha caminhada matinal ou indo às compras. Eu costumo cantar no meu celular usando a função de memorando para não esquecer as ideias. Quando finalmente decido que há um álbum que quero fazer e coloco mãos à obra, volto àqueles pequenos esboços e escrevo canções completas a partir das que ainda “falam comigo”.
Então, algumas músicas podem ter sido formadas pela metade e gestadas por anos, enquanto outras se juntaram muito rapidamente. Por exemplo, pensei no riff de guitarra principal de Answered prayers quando voltava do ensaio para casa. Eu imediatamente parei o carro no acostamento e cantei a melodia no meu telefone. No ensaio do dia seguinte, começamos a desenvolver o arranjo rítmico e, na manhã seguinte, as letras surgiram em uma explosão criativa. Essa música saiu tão rápido que quase me senti como um espectador no processo.
Moro na cidade de Niterói, onde você fez um show em 1996. Estive lá e foi um dos melhores shows que já vi. Você se lembra desse show? Se não, que lembranças você tem da turnê pelo Brasil?
Temos tantas memórias incríveis! As belas paisagens e as pessoas bonitas estão em primeiro lugar, seguidas de perto pela boa comida – gostamos muito das nossas experiências em churrascarias, bem como dos excelentes frutos do mar. Quanto aos shows em si, adoramos a energia e o entusiasmo do público (abaixo, a banda tocando no Rio em 1997).
Você se tornou crítico musical do jornal Saturday Paper. Sua relação com críticos e jornalistas mudou por causa dessa experiência do outro lado?
Eu definitivamente aprecio a trabalheira que as pessoas têm para ficar por dentro de todas as novas músicas que saem toda semana. Bem como o esforço necessário para escrever algo bem desenvolvido. A melhor parte de fazer isso, foi descobrir a alegria de trabalhar com editores talentosos, que sempre verificavam fatos. É um lado do negócio que quem está de fora não consegue ver. Minha relação com os jornalistas não mudou porque sempre respeitei o trabalho deles. Quando eu era jovem, o jornalismo musical me ajudou a descobrir muitos artistas que me influenciaram para sempre.
Hoodoo Gurus passou por várias gravadoras durante sua carreira. O que você mais aprendeu com as experiências que teve com eles?
Em 1988 tivemos que processar nossa primeira gravadora. Foi uma experiência difícil que nos custou muito tempo e dinheiro, mas que depois nos deu total liberdade e recuperamos a propriedade de nosso catálogo musical. Depois disso, assinávamos com qualquer gravadora por tempo determinado, mantendo a propriedade de qualquer música que gravássemos e lançássemos durante a vigência do contrato. Então poderíamos procurar um acordo melhor com uma nova gravadora quando o contrato expirasse. Isso significa que temos controle absoluto sobre todas as facetas de nossa carreira. Desde o processo, nunca mais cedemos o controle a uma gravadora.
A propósito, o selo Big Time (que lançou LPs clássicos do grupo) havia fechado, mas voltou para seus relançamentos e para o novo álbum do Hoodoo Gurus. Como o selo ressurgiu?
Agora SOMOS a Big Time Fonographic Record Company. Aqui está uma explicação técnica de como isso aconteceu: depois de ganhar nosso processo em 1988, essa empresa foi deixada como uma casca vazia pelo proprietário (portanto, não conseguimos recuperar nenhum dos custos que nos foram atribuídos no julgamento). Ele logo entrou em falência e pudemos comprá-lo do liquidante. Quando assinamos nosso último contrato com a Universal Music, nos tornamos uma gravadora independente e decidimos usar o nome Big Time como uma espécie de vingança depois de todos esses anos.
Os álbuns do Hoodoo Gurus entraram nas plataformas digitais apenas em 2018. Por que a demora? Houve alguma insatisfação com royalties ou algo assim?
Você entendeu exatamente. Não estávamos satisfeitos com os acordos que estavam sendo oferecidos para royalties de streaming, então adiamos. A Universal Music fez um ótimo contrato com a gente e nos fez mudar de ideia, mas acima disso, eles estavam extremamente motivados para trabalhar conosco e foram muito criativos em sua abordagem ao nosso catálogo de músicas. Foi ideia deles relançar todos os nossos álbuns em vinil, alguns dos quais nunca haviam sido lançados em vinil antes, e eles também ficaram muito entusiasmados em promover nosso último álbum. Adoramos trabalhar com eles.
No começo vocês eram uma banda com três guitarras e nenhum baixo, quando gravaram o single Leilani. Era uma formação bastante incomum. Por que a banda tem essa formação? A ideia era fazer uma espécie de música experimental no começo?
Não, não estávamos pensando que estávamos sendo experimentais, apenas não achamos que isso importava. The Cramps e The B-52s não tinham baixistas desde o início e nós adorávamos as duas bandas. Além disso, não estávamos pensando em tentar fazer carreira na música – não foi planejado.
Estávamos apenas nos divertindo. Acontece que nenhum de nós tocava baixo e achávamos que um quinteto era grande demais. Então, três guitarras sem baixo era o jeito que tinha que ser. Foi somente quando Kimble (Rendall, guitarrista) e Rod (Roddy Radalj, também guitarrista) saíram que tivemos que decidir se substituiríamos um deles por um baixo, em vez de preservar nossa imagem de “três guitarras”. O fato é que nossa música precisava de um baixo para dar mais força e ajudar a unir a bateria com as guitarras. Adicionar um baixo foi a peça final do quebra-cabeça.
Quem são os maiores compositores do mundo, na sua opinião? E quem são os maiores influenciadores da música do Hoodoo Gurus?
Essa é uma pergunta impossível de responder. Todos nós temos gostos muito amplos e ouvimos uma grande variedade de músicas. Tudo isso nos influencia como indivíduos, mas, sinceramente, o próprio Hoodoo Gurus (nós quatro juntos) é a maior influência sobre nossa música. Não é algo que você possa estudar ou dissecar – é só que, quando a mágica acontece, todos podemos reconhecê-la.
Livros
Radar: Marta Del Grandi, Blondshell, Bitter Branches, Lemon.,The Radical Deft, Earth Tongue

O Radar internacional de hoje tá cheio de mistérios. Já começa com o imagético single da italiana Marta Del Grandi, mas tem o ruído de Bitter Branches, a introspecção de Blondshell, o terror de Earth Tongue… Todos aqui esperando por sua audição. Ouça e repasse!
Texto: Ricardo Schott – Foto (Marta Del Grandi): Claudia Ferri / Divulgação
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MARTA DEL GRANDI, “ALPHA CENTAURI”. Cantora e compositora italiana, Marta Del Grandi prepara Dream life, seu próximo álbum, para sair em 30 de janeiro pelo selo Fire Records. Alpha centauri, o primeiro single, segue a mesma onda folk, imagética e introspetiva de seu disco anterior, Selva (2023), mas com alguns diferenciais, expostos pela própria Marta no texto de lançamento do disco.
“Enquanto Selva tinha uma natureza poética e bucólica – na minha cabeça, consigo imaginar cada música como uma pintura a óleo – Dream life tem uma abordagem mais contemporânea, com letras que tocam em questões políticas e sociais, uma narrativa pessoal mais explícita e um som pop mais definido. É mais como um fotolivro, mais nítido e detalhado”, conta ela, que se inspirou num livro que leu, e que a fez voltar aos tempos de escola. “De repente, memórias que eu achava que não tinha mais voltaram muito vívidas. Adorei escrever sobre elas e encontrar uma conexão com as estrelas. Também gostei de escrever uma seção de metais ao estilo antigo e grupos vocais que dão um clima de anos 1970”. Fãs de Judee Sill e Joni Mitchell vão curtir.
BLONDSHELL, “BERLIN TV TOWER”. “Essa é a música mais rápida que já escrevi. Ela fala um pouco sobre a cidade, mas principalmente sobre estar sozinho e, pela primeira vez, estar bem com isso… você pode começar, parar e recomeçar quando quiser”, explica a cantora e compositora estadunidense Sabrina Teitelbaum, mais conhecida como Blondshell, sobre seu novo single Berlin TV tower. Ela lançou recentemente Another picture, versão expandida de seu álbum mais recente, If you asked for a picture (resenhado pela gente aqui).
A nova versão tem material inédito, faixas ao vivo, participações especiais de Gigi Perez e John Glacier, e covers de Conor Oberst, Samia e Folk Bitch Trio – e uma das atrações é este single, escrito durante uma estadia em Berlim para alguns shows. Uma balada perdida e tristonha, com ar noventista, e letra irônica, desencantada e (ao mesmo tempo) esperançosa; “Um homem disse que eu fico melhor de lado do que de frente / e é sempre de um duende para um cisne / uma pérola agarrada / e é bom estar sozinho / testemunhando uma chamada cair e o som do tom de discagem”, canta ela.
BITTER BRANCHES, “BASIC KARATE”. Barulho bom daqueles; o Bitter Branches vem da Filadélfia e reúne músicos veteranos da cena hardcore dos anos 1990 – integrantes de bandas como Calvary, Deadguy, Lifetime, Lighten Up, Kiss It Goodbye, No Escape, Paint It Black e Walleye estão na formação. Basic karate, o novo single, é ótima pedida para fãs de todas essas bandas (e ainda rola um aceninho básico ao Nirvana de In utero, disco final do grupo, de 1993).
A letra é lasqueira purinha: “às vezes, só quero chutar um homem quando ele está caído / às vezes, queria que ele tivesse uma mira melhor / às vezes, queria ser um homem violento / às vezes, queria ser um homem mesquinho / às vezes, queria ter o dedo no gatilho / parece tão fácil para eles”.
LEMON., “CEMETERY SHOPPING”. O Lemon. (lemon “ponto”) é um projeto musical canadense criado pelo músico brasileiro Luca Multari – um daqueles sujeitos que gosta de fazer de tudo um pouco: compor, cantar, tocar, gravar, mixar, masterizar, arranjar etc. Cemetery shopping, o single de estreia do Lemon., tem referências que vão de Clairo a Slowdive e My Bloody Valentine – é um dreampop ruidoso, em que ondas sonoras vão se somando para criar a estrutura da canção.
A música foi gravada, segundo Luca, em seu estúdio montado num porão, com um set up bem minimalista. E o objetivo do Lemon. é criar “música emotiva e envolvente que deixa um impacto duradouro”, como ele próprio afirma.
THE RADICAL DEFT, “I WOKE UP HAPPY”. Noel Craig, produtor de rock e de música eletrônica de Los Angeles, é o responsável pelo The Radical Deft – e foi um projeto de pandemia que virou projeto musical de verdade. I woke up happy, um dos singles já lançados pelo TRD, combina elementos de indie dance e dreampop, além de ruídos mais achegados do som de Sonic Youth, My Bloody Valentine e outras bandas.
A gente pretende incutir uma sensação de conforto nostálgico, com uma apreciação de uma era musical passada, ao mesmo tempo que convida os ouvintes a embarcarem numa viagem para um futuro desconhecido e precário”, conceitua Noel.
EARTH TONGUE, “DUNGEON VISION”. Essa dupla de som pesado e lascado é formada por Gussie Larkin (voz e guitarra) e Ezra Simons (bateria), e prepara o terceiro álbum, Dungeon vision, para lançamento pelo selo In The Red em 13 de fevereiro de 2026. A dupla compôs e aprimorou as doze faixas em seu estúdio de ensaio, descrito por eles como uma “caverna sem janelas” – mas a farra rolou mesmo foi em Los Angeles, onde gravaram e mixaram o álbum em apenas dez dias, tendo como produtor ninguém menos que Ty Segall.
Dungeon vision, a faixa-título, já ganhou um clipe de terror, criado pela animadora Neirin Best em 16 mm, e que usa um cenário de masmorra em miniatura de verdade. A dupla só avisa a quem for assistir, para tomar cuidado com o excesso de luzes no vídeo. O som é lasqueira rocker influenciada pelo garage rock, pelo stoner e pela psicodelia, tudo junto e (bem) misturado.
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Lançamentos
Radar: Manger Cadavre?, Luana Fernandes, Punho de Mahin, Zeca Baleiro e Claudio Nucci, Marinas Found, Drama

O Radar agora está mais fácil de ser encontrado no site (já viu o menu superior do Pop Fantasma?). E volta hoje com mais seis sons e clipes nacionais novos – ponha em sua playlist e ouça no último volume. Abrindo com o som pesado do Manger Cadavre?, para ouvir MESMO no volume máximo.
Texto: Ricardo Schott – Foto (Manger Cadavre?): @antimanifesto / Divulgação
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MANGER CADAVRE?, “EFÊMERO”. Como nascem os monstros, o quarto álbum dessa banda pesadíssima de São José dos Campos (SP), já saiu tem alguns meses, mas vai ganhar resenha em breve por aqui. Por enquanto, a gente comenta que Efêmero, uma excelente música do álbum, acaba de virar clipe. O clipe coloca em imagens a “experiência brutal e inesperada de uma crise de pânico, um episódio súbito de medo ou desconforto intenso, que surge mesmo sem a presença de um perigo real”.
A situação do clipe é bem comum, e já aconteceu com muita gente, inclusive com este que vos fala: um trabalhador sai de casa e esbarra com seu pânico pessoal no elevador. Os integrantes do Manger Cadavre? interpretam os demônios internos, que só existem na mente da pessoa.
LUANA FERNANDES, “FERA FERIDA”. No início de 2026, sai Fêmea fera, próximo EP de Luana, que aposta numa sonoridade que ela e sua banda chama de afrogaze – música eletrônica etérea e o encontro com a ancestralidade do tambor. Fera ferida, que puxa o EP fala sobre as (muitas) fragilidades do masculino: “castrou a emoção por medo / trocou o ser feliz pela razão / pobre macho, se perdeu / traiu, mentiu, fugiu, fodido”.
“Fera ferida surgiu quando precisei encarar minhas próprias sombras de frente, sem disfarce, sem medo, transformando o caos em catarse e o sofrimento em força criativa”, conta Luana. O visualizer da música, dirigido por Roberta Odara (ânimaLAB), com direção de arte de Audrey Tigre e figurino de Mauricio Mesquita, tem três atos. No primeiro, predomina o vermelho (cor do sangue e da força primordial), no segundo, o verde (simboliza a cura e a reconexão) e no terceiro, surge a mulher que integra suas forças e assume sua potência, com Luana posando ao lado de uma pantera negra criada por inteligência artificial (e, pode acreditar, bem real).
PUNHO DE MAHIN, “GRITO QUILOMBO”. “Não é mais um grito de dor, é um grito de luta e vitória, que vai além do front de combate ao racismo estrutural para expressar a ampla possibilidade de organização e embate” completa Camila Araújo, guitarrista da banda punk Punho de Mahin, que prepara um álbum para 2026, com lançamento pela Deck e produção de Clemente Nascimento (Inocentes / Plebe Rude). Ela se refere a Grito quilombo, novo single da banda, afro-metal com peso nas alturas, cuja letra fala de luta coletiva, racismo, violência estrutural e a arte como forma de enfrentamento. Hardcore e metal unem-se na batida da música, som para escutar no volume máximo.
ZECA BALEIRO E CLAUDIO NUCCI, “MÃE CANÇÃO”. “Imagina um mundo sem música, sem mágica ou ilusão? / que destino cruel, que agonia sem céu, só sofrer / ainda bem que um deus musical deu ao seus tal poder”. Aumentando cada vez mais o círculo de parceiros musicais – e depois de ter feito um disco ao lado de Lô Borges, Céu de giz, resenhado pela gente aqui – Zeca Baleiro lança agora um single, Mãe canção, feito ao lado do veterano Claudio Nucci, ex-Boca Livre. Detalhe: a dupla já tem mais sete canções em parceria, e devem sair novos singles, e quem sabe, um álbum.
Na faixa, Claudio se encarregou dos violões, Zeca do baixo e percussão, e Adriano Magoo tocou acordeom – e Claudio e Zeca dividem os vocais. A referência musical foi a sonoridade das trilhas feitas pelo italiano Ennio Morricone para os clássicos western-spaghetti.
MARINAS FOUND feat RODRIGO LIMA, “CIDADES VIZINHAS”. Saudade, disco novo da banda de hardcore gaúcha Marinas Found, está previsto para janeiro de 2026. É puxado por Cidades vizinhas, um punk rock inspirado na cidade de onde vem a banda, Pelotas (RS), e uma música “sobre amar e odiar onde se vive — sobre viver entre o céu e o inferno no mesmo lugar. É o desejo de sonhar e buscar outros ares, mas sempre querer voltar para o conforto de casa”, contam no texto de lançamento. Rodrigo Lima, cantor do Dead Fish, solta a voz na música.
A luz amarela da capa do single, observa a banda, é uma raridade que está cada vez mais sendo substituída pela modernidade das luzes de led – quase transformando as cidades em shopping centers ao ar livre. “É uma pena assistir à extinção das luzes amarelas que iluminavam nossa relação afetiva com as cidades, e esta música é uma carta sobre o urbano que abriga cada um de nós”, diz o cantor Pedro Soler.
DRAMA, “SURFANDO NO CLONAZEPAN”. Banda carioca que existe desde 2006 – e que voltou em 2023 após uma pausa de sete anos – o Drama integra influências de Rammstein, Nine Inch Nails e Depeche Mode, unindo pós-punk, gótico, industrial e som pesado. Surfando no Clonazepan, nova música do grupo, é pesada não apenas na melodia como na letra, falando de estados de espírito que pedem atenção especial.
“Quando o mundo parece querer te destruir de várias formas, às vezes dropar um comprimido (ou umas gotas) te ajuda a sobreviver ao caos, e pensar que existe um lugar em que não há julgamentos, explica o vocalista e fundador da banda, Eddie Torres, que usou o sedativo como uma maneira de falar dos atropelos da vida real.
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Lançamentos
Radar: Lifeguard, Kate Moth, Fin Key, David Byrne, Raging Lines, Ca7riel e Paco Amoroso

E lá vem o Radar internacional, o primeiro da semana – é sempre terça e quinta. Hoje a gente abre com barulho, já que o Lifeguard, banda bastante ruidosa, tá com lançamento novo. Mas a música pop e o pós-punk também marcam presença. Ouça e repasse.
Texto: Ricardo Schott – Foto (Lifeguard): Reprodução Bandcamp
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LIFEGUARD, “ULTRAVIOLENCE”. Como vai ficar isso, não temos a menor ideia, mas a ruidosa banda norte-americana Lifeguard anuncia para o ano que vem um maxi-single com 11 faixas e 13 minutos de duração (!). Se a Ethel Cain lançou um EP com mais de uma hora, por que não o Lifeguard? Ultra violence / Appetite teve a faixa Ultra violence já revelada: três minutos de ruído herdado do pós-punk e do dub. Segundo a banda, é “música rápida e automática, livre de imersão, processamentos, excesso de reflexão ou qualquer outra hesitação” (e nós resenhamos o álbum Ripped and torn aqui).
KATE MOTH, “OVERNIGHT SENSATION”. Tá aí uma banda novíssima. O Kate Moth vem da Austrália (a definição deles no Spotify é impagável: “Kate Moss com um problema de dicção”), acaba de lançar seu primeiro single – este Overnight sensation – e faz pós-punk com um algo mais. O tal “algo mais” é um cuidado quase bossanovístico com a melodia, cheia de surpresas, além de um riff ágil de baixo que é quase darkwave. A música já tem clipe.
FIN KEY, “DAYS”. Mais uma banda novíssima da Austrália, que surge unindo pós-punk e estileira indie rock dos anos 2000 – além de guitarras e beats que lembram The Cure. “Fazemos indie rock quando não estamos surfando, acanpando ou perdendo equipamento de turnê na carroceria da caminhonete de alguém”, brincam. Days é a primeira música lançada deles.
DAVID BYRNE feat BRIAN ENO, “T-SHIRT”. A participação de Eno no novo single de Byrne é inegável – ele é co-autor da faixa, e dá para perceber sua assinatura em vários momentos da música. É o primeiro lançamento de Byrne desde o disco Who is the sky?, lançado há alguns meses (e devidamente resenhado pela gente aqui). T-shirt também é uma música que David vem apresentando em sua turnê e que permanecia inédita em disco. O release define a canção como um “electro-pop”, mas musicalmente ela é um rock ligadíssimo ao pós-punk e à estileira dos próprios Talking Heads, banda de Byrne. O clipe traz uma camiseta na qual vão surgindo vários slogans diferentes, dos mais positivos aos mais sarcásticos (eu quero a do “diga talvez às drogas”).
Tom Breiham, no site Stereogum, deu a localização da música no show de Byrne, e fez uma interpretação bem particular de T-shirt. “Durante seus shows ao vivo, Byrne e sua banda tocam em frente a uma montagem de slogans de camisetas”, contou. “A plateia vibra quando vê um verso de que gosta, mas a intenção de Byrne parece ser mostrar que essa é uma forma ridícula de os seres humanos se conectarem uns com os outros. Pelo menos, foi essa a minha interpretação”, continou.
RAGING LINES, “LET ME HAVE THIS MOMENT”. O norueguês Sondre Thomassen Thorvik, 23 anos, é o criador desse projeto musical que vai lançar seu primeiro álbum em fevereiro de 2026, e que combina guitarra, teclados e voz sombria – numa onda tão próxima da darkwave quanto do pós-punk. Na romântica Let me have this moment, a voz de Sondre lembra a de um sujeito bem mais velho – parece uma mescla de Leonard Cohen, Bryan Ferry e Nick Cave.
CA7RIEL E PACO AMOROSO, “GIMME MORE”. O duo argentino teve cinco indicações e papou cinco prêmios no Grammy Latino desse ano. E não foi só isso: os dois apresentaram na premiação um medley em que apareciam em duas montanhas gigantes – cenário inspirado no icônico chapéu azul de Paco e no colete de corações de Ca7riel de sua sessão no Tiny Desk. Gimme more, música nova dos dois, fala de ambição pelo sucesso, festas de arrepiar, gastança de grana e ostentação desmedida, na base do “ah, isso que a gente conquistou não é nada, você vai ver”. No clipe, isso tudo aí se junta à destruição (serinho) do cenário do tal show no Grammy Latino. Irresistivelmente dançante, Gimme more anuncia a chegada do próximo álbum do grupo, Top of the hills.
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