Lançamentos
Dadá Joãozinho: samba sobre relações familiares em single novo, “Pai e mãe”

Músico de Niterói vivendo em São Paulo, Dadá Joãozinho aborda em seu novo single, Pai e mãe, as relações amorosas dentro do ambiente familiar, e a dinâmica entre as figuras paterna e materna. O cantor, que lançou faz algumas semanas o single Ô Lulu, diz ter colocado na letra suas percepções como filho, falando das marcas que esses relacionamentos deixam no dia a dia. A música é um samba repleto de efeitos de gravação, com influências assumidas de hip hop e punk.
Na faixa, Dadá (ou João Rocha, seu nome verdadeiro) compôs, produziu ao lado de Matheus Ullmann e Pedro Chabudé, tocou violão e guitarra. Para o clipe, dirigido por João e Rodrigo de Freitas, o cantor convidou seus pais, que fazem uma participação no vídeo.
“A expressão, os gestos, a catarse de tudo que vive dentro do corpo, é meu guia. Eu investigo essas linguagens pra dar vazão ao que precisa sair de mim. E na minha devoção ao que faço, não vejo limites pra essa expressividade. Por algum tempo essa música me gerou desconforto pela crueza dela, por ser tão exposta. Quando recebi meus pais no estúdio, me libertei de muitas amarras que nossa história carregava na minha cabeça, e podiam ser coisas só da minha cabeça”, ressalta.
Foto: Luisa Cerino/Divulgação
Crítica
Ouvimos: Valentim Frateschi – “Estreito”

RESENHA: Valentim Frateschi estreia solo com Estreito, uma espécie de dream-MPB que mistura psicodelia, lo-fi, samba-rock, soul e ecos de Jorge Ben e Marcos Valle.
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Integrante de Os Fonsecas (banda cujo álbum Estranho pra vizinha foi resenhado aqui), Valentim Frateschi estreia solo com Estreito, disco que basicamente pode ser definido como dream-MPB. É música popular brasileira psicodélica, cheia de detalhes lo-fi (especialmente na gravação de voz, que parece vir de um toca-fitas), texturas quase palpáveis e diálogos entre instrumentos. É o que rola na vibe criada pelas cordas, baixo e bateria da faixa-título, nos ecos da vinheta find., na psicodelia e nas surpresas melódicas de Pássaro cinza.
Um lado forte em Estreito é o da experimentação com samba, rock, soul, Jorge Ben e psicodelia – tudo passado num filtro mutante, repleto de efeitos especiais e ideias de estúdio. Mau contato joga na área da balada-blues setentista – à moda da Gal Costa de Fa-tal, e com Sophia Chablau dividindo vocais. Já Falando nisso, Corpo colado e Lokotário são os samba-rocks mais característicos do disco. A primeira, com participação de Nina Maia, tem muito de Jorge Ben e Tim Maia, e mexe com frases irônicas como “quem não se organiza se fode” e “falando nisso, não esqueço do seu aniversário / não te mando parabéns porque não tenho saco”. Já a segunda põe algo de jazz, progressivo e do estilo de João Donato na mistura sonora, a partir do piano e dos sintetizadores.
O outro samba-rock do disco, Lokotário, encerrando Estreito, parece brincar com o tédio e o desespero da pandemia – e de todo o isolamento que veio junto. Mas voa longe, inserindo um clima espacial que lembra Marcos Valle e uma letra que vai tentando buscar um universo amplo num mundo fechado.
Texto: Ricardo Schott
Nota: 8,5
Gravadora: Seloki Records
Lançamento: 3 de setembro de 2025.
- Ouvimos: Camaelônica – Eletrotropical
- Ouvimos: Nina Maia – Inteira
- Ouvimos: Sophia Chablau E Uma Enorme Perda de Tempo – Música do esquecimento
Crítica
Ouvimos: Filarmônica de Pasárgada – “Rua Teodoro Sampaio 1.091” (EP)

RESENHA: Filarmônica de Pasárgada relê a Vanguarda Paulista em Rua Teodoro Sampaio 1.091, EP de quatro faixas cheias de imagens sonoras e cenas urbanas.
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Rua Teodoro Sampaio 1.091 era o endereço do Teatro Lira Paulistana, lugar que durante quase dez anos, abrigou a Vanguarda Paulista e deu espaço para artistas de vários outros estilos – até mesmo Cólera e Ratos de Porão gravaram um álbum split ao vivo lá. Como uma brincadeira séria entre um álbum e outro, a Filarmônica de Pasárgada usa seu estilo brasileiro, pop e clássico para reler quatro músicas do movimento, num EP que se chama justamente Rua Teodoro Sampaio 1.091.
O EP inclui apenas quatro faixas – que, em comum, têm o efeito “câmera na mão”, usando sons para narrarem cenas, além de frases que criam imagens nas letras. Ladeira da Memória (do grupo Rumo, com a convidada Ná Ozzetti no vocal) narra uma cena do dia a dia de São Paulo, com sua fauna urbana e seus moradores “vagando pelas ruas sem profissão, namorando as vitrines da cidade”. O trabalho, do Premeditando o Breque, traz os vocais de Wandi Doratiotto, e atualizações na letra, que passa a falar de influencers e de Tik Tok, mas mantém o discurso de subemprego e exploração.
No final, o lado mais experimental do disco: Fim de festa, de Itamar Assumpção, tem vocais de Suzana Salles, e usa vibes folk-samba para falar de um amor que acaba de maneira repentina e estranha (“meu amor por você / chegou ao fim / é tudo que tenho a dizer / também não precisa sair assim / espere o dia amanhecer”). Instante, de Arrigo Barnabé, com participação do próprio autor, tem tensão e desaparecimento criados com sons, vibrações e poucas palavras.
Texto: Ricardo Schott
Nota: 9
Gravadora: YB Music
Lançamento: 28 de agosto de 2025.
Crítica
Ouvimos: Gabriel Araújo – “Lugar”

RESENHA: Gabriel Araújo, em colaboração com Vita Evangelista, lança Lugar, EP visual que mistura folk, jazz e psicodelia para refletir sobre lixo, racismo ambiental e futuro do planeta.
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Gabriel Araújo é um músico fluminense que já viveu em João Pessoa (PB) e participou de uma banda chamada Glue Trip. Lugar é um disco que, na verdade não é apenas dele, mas também do cineasta Vita Evangelista – já que se trata de um EP visual que gira em torno de temas como o futuro do planeta Terra e das comunidades marginalizadas, usando o lixo, os mares e os excessos do capitalismo como “personagens” paralelos.
O ator e bailarino Jota Z, no decorrer do filme, surge como um incorporador de todas essas questões, seja vestindo-se de lixo, posando na areia da praia em meio à sucata ou saindo de uma caçamba. Não se trata apenas de um comentário sobre ecologia ou natureza – temas como racismo ambiental e o destino de tudo que a gente descarta fazem parte de todo o processo.
Musicalmente falando, o material de Lugar oscila entre o folk e algo próximo de um jazz infernal, com efeitos, alguns sustos sonoros, e climas que, às vezes, lembram até bandas como King Crimson, Neu! e Pink Floyd. Yby – Terra começa com percussão e baixo fortes, e vai ganhando vibes psicodélicas aos poucos. Etê – Verdadeiro, faz o mesmo com percussão, baixo, violões e ruídos. O tom fica mais ambient e progressivo em Ekó -Ser, e espacial em Celestial é a comunicação e Espiritual é o movimento.
Pelo bem de todos, única faixa com letra, resgata os vocais de Humberto Mendes, cantador de São Luiz do Maranhão, e leva invocações de equilíbrio a um disco-filme que dá música e imagem a sistemas cada vez mais desequilibrados.
(o áudio está no Bandcamp da gravadora).
Texto: Ricardo Schott
Nota: 8,5
Gravadora: Hominis Canidae Rec
Lançamento: 8 de agosto de 2025.
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