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Som

Pronto: acharam um aparelho de som que toca floppy disk

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Falamos outro dia sobre artistas que lançam discos em floppy disk. Sim, tem gente que lança ÁLBUNS em DISQUETE hoje em dia. E isso ainda que o formato permita quase que apenas o uso de música em formato Midi, já que não há muito espaço para bits.

Agora imagina essa turma usando uma máquina dessas. O canal de vídeos Techmoan encontrou o Roland MT-80S. Um aparelho de som lançado pela empresa, que tocava justamente floppy disks.

Pode até não parecer, mas o Roland MT-80S era uma excelente ideia. Ele não era um aparelho de som como outro qualquer, apesar de lembrar uma boombox perneta, com uma só caixa de som. O modelo foi criado para ser um tutor de música, para quem estava aprendendo a tocar um instrumento – piano, em especial. Você inseria um disquete com uma trilha Midi (que podia ser uma amostra de sons de piano, ou de orquestra, ou de qualquer outro instrumento) e saía praticando.

Ele também funcionava como sequenciador, já que você podia alterar a velocidade da trilha a ser tocada, para facilitar seu trabalho. Ou separar cada canal do arquivo de som. E tinha um metrônomo para ajudar o músico em seu treinamento.

Você sabia que nos anos 1990 havia empresas que vendiam samples de Midi em floppy disk? Não? Pois é, tinha isso, e aparece no vídeo.

Pronto: acharam um aparelho de som que toca floppy disk

Esse aqui é o manual do usuário do aparelho, que você ainda encontra à venda em feirões e lojas virtuais.

Lançamentos

Wina: versão maximizada de “Screaming” com participação do The Mönic

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Wina: versão maximizada de "Screaming" com participação do The Mönic

Unplugged nada. A cantora DJ e produtora paulistana Wina (que participou do The Voice em 2011 e é hoje jurada do programa Canta Comigo) curte mesmo é o overplugged – que, diz ela, é o ato de maximizar uma produção. No caso de seu novo single, Screaming, isso significa inserir o máximo de ruídos e guitarras altas numa faixa, sempre transitando entre o metal e o eletrônico.

Screaming, que já ganhou um visualizer 3D assinado por Johnny D’Avila, já havia sido lançada e rendeu um milhão de streams para a artista. E volta agora numa parceria de Wina com a banda The Monic. “Quando ouvi a master final sabia que faltava algo e imediatamente pensei na energia da The Mönic e nos gritos da Dani Buarque. A energia e a mensagem que passam é exatamente o que essa nova versão da música precisava”, comenta Wina. “A faixa é um grito interno de uma mulher que está deixando todas as suas sombras e âncoras para trás, determinada a engolir o mundo. Mundo esse que não para, que implode em piloto automático. Essa música foi inspirada por todos que me motivaram, mas também por todos que me fizeram mais forte e menos inocente”.

O overplugged vai ser o fio condutor do próximo EP de Wina, com produção musical de Niko Kamada e Leticia Meyer. No disco, Wina vai reler dessa forma cinco canções que fazem parte de sua discografia. Uma delas já chegou ao público e é Damage. Wina começou a lançar músicas autorais em 2019, e lançou a versão inicial de Screaming em 2020.

Foto: Alan Silva/Divulgação

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Crítica

Ouvimos: Sly & The Family Drone, “Moon is doom backwards”

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Ouvimos: Sly & The Family Drone, “Moon is doom backwards”
  • Moon is doom backwards é o sétimo álbum da banda de jazz experimental londrina Sly & The Family Drone. O disco foi gravado em 2021 e só está sendo lançado agora.
  • O Bandcamp da banda tem um texto que define o som como “um tipo de silêncio ‘tambores ouvidos através da parede’, ‘zumbido elétrico inquietante’. Um tipo de silêncio ‘inspetor particular bisbilhotando’, ‘sax solo no telhado'”.
  • No álbum, tocam James Allsopp (metais, clarinete baixo), Kaz Buckland (bateria, metais, eletrônicos), Matt Cargill (eletrônicos, voz e percussão), Ed Dudley (voz, eletrônicos) e Will Glaser (bateria, eletrônicos).
  • “Foi a primeira vez que gravamos em um estúdio de verdade. Foi num estúdio residencial na fazenda Larkin, em Essex. Ficamos no local por duas noites e três dias. Todos nós nos hospedamos, cozinhamos e saíamos juntos, e isso significava que podíamos ficar no local e fazer o que quiséssemos. Isso veio de uma pequena onda de atividade de tocar ao vivo novamente”, contou Matt Cargill aqui.

Ouvir o disco de Sly & The Family Drone (excelente nome de banda, por sinal) caminhando ou correndo na rua é garantia de sustos: os ruídos surgem sem muito aviso prévio e o que parecia um barulho à espreita, como se fosse feito no quarto ao lado, ou viesse de algum prédio meio distante, pode se tornar uma música inteira. Esse grupo do Reino Unido faz jazz experimental e meditativo com lembranças de Miles Davis, Charles Mingus e bandas de noise rock, deixa drones rolando enquanto percussões e efeitos de guitarra levam as músicas adiante, e trabalha num limiar em que você pode não reconhecer determinados instrumentos. É o que você já escuta em Glistening benevolence, cujos cinco minutos abrem o disco.

Going in, a segunda faixa, é jazz do outro mundo, lembrando Sun Ra e as viagens “jazzísticas” de pré-punks como MC5 e Stooges – sax ruidoso, percussão apocalíptica à frente, design musical selvagem e psicodélico, encerrando com um final de ruído de transmissão. Cuban funeral sandwich vem devagar, num silêncio cortado por notas de um clarinete baixo, que parece se movimentar como uma cobra no meio da mata – o som lembra algo que se parece até com Letieres Leite & Orkestra Rumpilezz ou Naná Vasconcellos, ganhando um ritmo que soa como algo brasileiro lá pelo final. Joyess austere post-war biscuits abre com um chamado conduzido pelo saxofone, e vai se tornando pura psicodelia, com sons esparsos, percussões com eco, ruídos, distorções e metais que soam como guitarras.

O lado quase industrial do disco aparece nos ruídos eletrônicos da abertura de Guilty splinters, seguidos por percussão, saxofone, bateria e algo que soa como uma transmissão tentando começar. É a música mais “roqueira” do disco, ganhando um ritmo pesado e marcial, e um andamento quase pré-punk. Ankle length gloves soa como Mutantes e Pink Floyd, com ruídos de caixinha de música alterados, vozes distorcidas e clima psicodélico-aterrorizante, escapando um pouco do tom free-jazz total do disco, e dando outros ares ao som do grupo. Isso ao vivo deve ser bem legal.

Nota: 8,5
Gravadora: Human Worth

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Crítica

Ouvimos: Caco/Concha, “Caco/Concha”

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Ouvimos: Caco/Concha, “Caco/Concha”
  • Caco/Concha é o primeiro álbum da dupla de mesmo nome, formada pelos primos André e Felipe Nunes, que moram em São Paulo e Ubatuba (litoral de SP), respectivamente. “Nossa estreia se propõe a acessar as sensações existentes entre o que acolhe e agrada com o que cutuca e tira do eixo”, contam os dois.
  • Entre as influências confessas do trabalho estão David Bowie, Yellow Magic Orchestra, Chico Science & Nação Zumbi, Gilberto Gil, Kraftwerk, Prince e Talking Heads.
  • A capa do disco é assinada pelo ilustrador Kenji Lambert e mostra (segundo o texto de lançamento) “a beleza das conchas e o perigo de seus cacos que ficam espalhados na areia decorando a praia”. “Construímos cada detalhe da ilustração juntos, pensando em todas as cores, ângulos dos vidros e relação da água com a areia da praia, o que foi fundamental para chegarmos em um resultado que traduz em traços cada nota do álbum”, explica Kenji.

Um dos e-mails enviados pela Cavaca Records, a gravadora do Caco/Concha, classificava o álbum epônimo dessa dupla bastante inventiva como “estranhamente pop”. O estranhamento e os contrastes são quase dois outros integrantes no projeto de André e Felipe Nunes, começando pela diferenças entre cidade grande e praia (“caco” e “concha”) e pela mescla de grooves de funk anos 70, boogies oitentistas, letras enigmáticas e gravações “de campo”, com vozes ao acaso e ruídos do dia a dia.

Cassis cornuta, um dos singles do álbum, é um funk que resume essa sonoridade trazendo metais, clavinet e uma letra que basicamente tem fundamento rítmico dentro da melodia. A sonoridade do álbum volta e meia remete a Tim Maia na segunda metade dos anos 1970,  Gilberto Gil no começo dos 1980, ou a discos como o Sábado/domingo do Som Nosso de Cada Dia (1977), em faixas como Chit/Chat, um funk aberto com conversas sobre vida no litoral e na cidade grande, e repleto de efeitos e solos de guitarra. Ou Modo avião, que em meio a ruídos de viaturas, valoriza as linhas de baixo bem na frente.

O jogo de contrastes do disco permite experimentações até mesmo quando os modelos parecem ser Stevie Wonder e Rufus & Chaka Khan (o funk lento de Babel) e o Michael Jackson de Wanna be startin’ somethin’ (em I wonder). Diádromo soa mais próxima do boogie nacional dos anos 1980, São Sebastião leva o Caco/Concha mais perto do samba e do afrobeat e Divino amor, um eletro funk, é a faixa mais tranquila de ser definida como “dance music”, num disco que beira a psicodelia em vários momentos.

Nota: 8
Gravadora: Cavaca Records

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